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Capa

Civilização Egípcia


O rio Nilo e seu delta vistos do espaço


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Localização geográfica

Localização geográfica
África, mapa do Nilo

Situado ao nordeste da África, o Egito, ao norte, é cercado pelo mar Mediterrâneo, ao sul pelas cataratas do rio Nilo na Núbia (Sudão), a oeste pelo deserto da Líbia e ao leste faz fronteira com o Mar Vermelho.

Esta é a localização que temos atualmente, mas, se conseguirmos imaginar que na antiguidade não havia fronteiras demarcadas, as principais regiões do Egito formavam oásis fluviais no deserto. Essas regiões eram o vale do Nilo, o delta e o Fayum. As outras regiões sofreram mudanças de acordo com o período e os governos.

Observando a localização descrita acima, podemos verificar que o Egito ficava num local bem protegido e provavelmente esse foi um dos motivos que permitiu seu desenvolvimento. O isolamento geográfico permitiu que o país se estabilizasse e fortalecesse.

Ao voltarmos no tempo, podemos imaginar, há mais de 10 000 anos, os homens, nômades, vagando pelas terras africanas e encontrando um vale fértil, ao longo de um grande rio.

Havia barreiras naturais, desertos, para protegê-los dos inimigos e esses homens, provavelmente caçadores, aproveitaram as terras férteis e trocaram a caça pela agricultura.

O contraste da vegetação da margem do Nilo

Com toda certeza, muitas vezes se assustaram com a violência das cheias do rio, mas, quando as águas retornavam ao leito, nossos ex-nômades caçadores encontravam uma terra preta onde podiam plantar pois iriam colher com abundância.

Nas áreas distantes das margens, que as águas não alcançavam, a terra era vermelha. Lá, era o deserto, mais tarde conhecido como o reino dos mortos (onde foram construídos os túmulos e as pirâmides).

E foi assim que as tribos se fixaram naquelas terras, vivendo em relativa segurança graças à geografia local e com abundância de alimentos, mantendo-se distantes das bordas hostis e ameaçadoras do deserto.

Podemos então dizer que o rio, o deserto e as montanhas moldaram profundamente o povo egípcio.

O clima e o rio

O clima e o rio
rio Nilo entre Luxor e Assuã

Sendo o Egito cortado pelo rio Nilo no sentido sul-norte, observa-se a formação de duas regiões: o Vale, estreita faixa de terra cultivável, apertada entre desertos denominada Alto Egito; e o Delta, em forma de leque, com maior extensão de terras aráveis, pastos e pântanos, denominado Baixo Egito.

A queda de chuvas no vale do Nilo é quase nula, portanto, se dependesse das chuvas, ali não poderia haver agricultura, mas é por causa rio Nilo que o Egito ficou fértil e mais desenvolvido.

Talvez o Egito não tenha sido sempre uma terra tão quente, mas, mesmo assim, o calor seria predominante, o clima é quente e seco. É possível que no período de formação do Egito, ainda houvesse facilidade de contato com as regiões vizinhas porque a desertificação do Saara ainda não estava completa. No terceiro e quarto milênios, o deserto se expandiu e de alguma forma protegeu o povo que vivia no vale do Nilo.

O rio que nutre o solo egípcio e permite as plantações e a vida foi determinante para seu desenvolvimento.

O rio Nilo é formado por três rios: o Nilo Branco, o Nilo Azul e o rio Atbara. Considera-se que o rio Nilo tem origem no Lago Vitória no Grande Vale do Rift (África Oriental). De lá ele sai com o nome de Nilo Branco.

O Nilo Azul nasce na Etiópia e se encontra com o Nilo Branco em Cartum (capital do Sudão). Ao norte de Cartum ele recebe seu último grande afluente: o rio Atbara.

Assim ele segue atravessando a Núbia e o Egito. Nos tempos antigos havia sete bocas do rio no delta, desaguando no mar Mediterrâneo.

O Nilo e seu delta terras férteis em meio ao deserto

Esse era o portentoso rio, que, para os povos que viviam às suas margens, era um verdadeiro deus, por eles chamado Hapi.

Na realidade, da junção entre o sol e o rio Nilo é que nasce a prosperidade e por isso ambos eram vistos como deuses.

O rio enche e inunda as terras com as águas carregadas de aluviões e o sol se encarrega de secar o excesso para que a vegetação possa renascer luxuriante.

Por esse motivo, o vale do Nilo era chamado de terra negra ou kemet. O oposto era o deserto, a terra vermelha ou deshret.

Nilômetro de Kom Ombo

Afinal os egípcios não precisavam pedir aos deuses pela chuva, o rio-deus proporcionava a água e o adubo necessários para as plantações e a terra negra era a alegria dos deuses e dos homens. Já a terra vermelha deveria ser evitada, era o deserto com um vento abrasador que secava os campos e era consagrada ao deus Set.

As terras fertilizadas pelas cheias do Nilo eram usadas para plantar, principalmente linho, cevada e trigo.

E aqui entram as tão famosas palavras de Heródoto, o grande historiador grego:

O Egito é uma dádiva do Nilo.

Se a cheia anual fosse muito grande, causava destruição. Se fosse muito baixa, alagaria pouca extensão de terras, pouca terra para semear é sinônimo de pouco alimento. Se por vários anos a cheia fosse baixa, havia fome.

Então, embora sendo de fato uma dádiva, o Nilo não prescinde da mão do homem.

No momento em que os homens começam a dominar o rio, controlando a cheia anual, construindo diques, os nilômetros que serviam para medir o nível das cheias e reservatórios, pondo em prática o trabalho comum para o bem de todos, com a cooperação e a organização são lançadas as bases da grande civilização egípcia, o povo que construiu um império que dominou sua época e que até hoje desperta curiosidade e paixão.

Período pré-dinástico

Período pré-dinástico


4500-3000 a.C.
estatueta de cachorro

Nomos[editar | editar código-fonte]

Como foi visto no capítulo anterior, por volta de 4500 a.C. já existiam pequenas aldeias nas margens do rio Nilo. Afinal, o local era protegido, as terras eram férteis e o clima quente.

Essas pequenas comunidades ficaram conhecidas como Nomos (palavra grega) ou Spats.

Essas tribos primitivas ao se unirem em grupos maiores e estáveis, os Nomos, se fixaram definitivamente à terra e passaram a ter chefes governantes, chamados Nomarcas.

Religião[editar | editar código-fonte]

recriação de um sepultamento pré-dinastico

Como a maioria dos povos primitivos, esses habitantes dos nomos possuíam um grande respeito pelas forças da natureza (que eram incompreensíveis para eles) e pelos animais. Já vimos que o rio Nilo era tido como Hapi, um deus, e o sol era o deus Ra. Assim, a maior parte dos seus deuses era representada por algum animal, isso inclusive ocorreu durante a maior parte da história do Egito.

Os deuses primitivos eram zoomórficos (tinham forma de animais).

As formas dos deuses começam a mudar quando os homens percebem que já compreendem e estão aptos a enfrentar os fenômenos da natureza. Então, eles passam a fundir num só deus, o homem e o animal (antropomorfismo).

Desde os primórdios, os egípcios deveriam crer numa vida após a morte porque, foram descobertas sepulturas da era neolítica, já com instrumentos e víveres para servir ao morto, se presume. Se assim for, esta era uma crença já arraigada profundamente no povo egípcio. Essas sepulturas, eram cobertas de pedras, para proteger o corpo dos chacais e das intempéries.

escada de acesso ao nilômetro

Trabalho[editar | editar código-fonte]

Quanto a agricultura, já havia um certo desenvolvimento agrícola, de modo que o cultivo de cereais como o trigo e a cevada, além do linho se tornou uma fonte de riqueza. Todo o excedente era trocado entre os nomos.

Havia trabalho coletivo em prol da comunidade de acordo com as necessidades, como a construção de reservatórios de água e um primoroso trabalho de irrigação, que levava as águas do rio para as regiões mais distantes do seu curso. Também construíram diques para controlar as cheias do Nilo e os nilômetros para medir as cheias.

Os habitantes dos nomos já criavam animais, teciam o linho, trabalhavam pedra e cobre, fabricavam cerveja e construíam casas de adobe (espécie de tijolo cru, feito com argila e palha).

Organização política[editar | editar código-fonte]

Ao longo do tempo, já havia um grande número de nomos que foram se reunindo, através de tratados e conquistas. Acredita-se que as crenças tiveram papel preponderante para unir as comunidades sob determinado deus assim evitando guerras.

objetos de marfim, Naqada

Alguns estudiosos dividem esse período em outros quatro períodos, chamados de Primitivo, Naqada I, Naqada II e Naqada III. Este último pode ser chamado também, por alguns de Dinastia 0.

Naqada II é o início do desenvolvimento de centros populacionais, os nomos mais organizados , como, Tinis, Naqada, Buto (associada a Per-Wadjet) e Nekhen, começaram a se destacar dos demais. É o começo da organização do Egito como estado e a definição de uma fronteira política.

O período chamado Naqada III é o embrião do futuro país unificado e existem registros de governantes e de alguns eventos específicos.

Parece que, nesse período houve governantes que controlaram partes significativas do território, esses governantes podem ter sido chamados de reis.

Na realidade, chamar esse período de Dinastia 0 não parece muito apropriado, uma vez que, como veremos mais tarde, as dinastias agrupavam uma família de governantes, ou pelo menos aqueles que reinavam de um local específico. E, no período Naqada isso não ocorreu. Não há como estabelecer uma linha sucessória nessa fase.

figura em osso, Naqada I

O povo egípcio[editar | editar código-fonte]

Por volta de 3400 a.C. registra-se a entrada de outros povos na região, especialmente no delta. Na verdade não sabe ao certo qual a etnia do povo egípcio e aqui vamos fazer um parêntese para além da época pré-dinástica.

Através da região em foco, passaram os núbios, judeus, líbios, fenícios, acadianos, hititas, assírios, hicsos, persas, árabes, gregos, romanos, que com toda certeza de alguma forma deixaram sua marca nos genes do povo. Assim, não vamos presumir que os egípcios tivessem essa ou aquela característica porque não há consenso.

Porém, esses povos estrangeiros tanto podem ter trazido novas idéias, como também podem ter parecido uma ameaça futura, tornando mais urgente a unificação dos nomos.

Nessa altura o povo egípcio já possui uma aritmética simples, usada para medir as terras e calcular as colheitas. Sabiam o movimento de algumas estrelas e calculavam as cheias do Nilo. Já possuíam um calendário bem sofisticado. Sua escrita foi desde o ínicio baseada nos hieróglifos (grafia sagrada) e nunca mudou.

Os egípcios já haviam superado a infância e adolescência de um povo e estavam preparados para entrar na idade adulta com um grande futuro!

Reis de Naqada III[editar | editar código-fonte]

Reinaram nos anos de formação do Egito, antes que o país fosse unificado.

Embora até hoje não se tenha decifrado com exatidão os nomes desses reis de Naqada III, é possível pesquisar partindo de pequenos detalhes e supor que determinadas peças ou túmulos pertenceram a esses reis.

paleta com relevos de hienas, girafas e íbis. Naqada III

Já foram encontradas diversas pistas, ainda por serem compreendidas, serekhs (cartuchos com o nome Hórus do rei encimados por um falcão) gravados em vasos e pedras, alguns com inscrições muito destruídas, outros com a grafia dos primórdios, ainda não decifrada.

Um dos artefatos mais conhecidos desse período que precede a Primeira Dinastia, é a cabeça de uma maça (arma de guerra) que pertenceu a um rei geralmente chamado de rei Escorpião. É possível que este rei tenha existido e reinado antes de Narmer. Embora nada se tenha encontrado sobre esse possível rei em Abidos, há especulações de que uma tumba de quatro aposentos encontrada sem nenhuma inscrição possa ter pertencido a ele.

Embora, também a existência de um rei “Crocodilo” não seja aceita pelos egiptologistas em geral, a cabeça da arma do Escorpião é um argumento forte para, pelo menos, se discutir sua existência como um rei do final da era pré-dinástica.

Através dos estudos das camadas da terra nas tumbas reais de Abidos, e das peças de cerâmica encontradas, é provável que o antecessor de Narmer como governante em Abidos tenha sido um rei chamado Ka. Seu nome Hórus mostra um par de braços. Ele foi sepultado numa tumba dupla (B7/9) que está localizada entre as sepulturas de outros reis da época pré-dinástica, no cemitério U.

Antes de Narmer ele é o rei mais bem registrado e pode até ser que tenha reinado sobre um Egito unido.

Seu nome foi encontrado tanto no alto quanto no baixo Egito, inclusive em Helwan, que era a necrópole de Mênfis. Portanto é possível que Mênfis tenha sido fundada até mesmo antes de Narmer e de Aha.

De acordo com Jimmy Dunn (e fontes citadas por ele em ligações externas), é preciso ter atenção com as listas que existem dos reis da Dinastia 0, como: rei Crocodilo, Iry-Hor, Ka, Escorpião e Narmer. Esses nomes e a ordem em que governaram não estão comprovadas e Narmer é considerado da 1ª dinastia.

Alto e Baixo Egito[editar | editar código-fonte]

Hedjet
Deshret
Sejemty

No final do período pré-dinástico, o Egito possivelmente já possuía ligações comerciais com outros povos, foram encontradas provas disso no Sinai e no sul da Palestina. Se a escrita também foi influenciada por outros povos não se sabe, podem ter havido invasões, talvez imigração, tudo aquilo que não deixa vestígios arqueológicos é suposição.

Portanto o que se tem é que da união dos nomos primitivos surgiram dois reinos:

  • O reino do Alto Egito, no Sul, tinha por capital Nekhen, como era chamada pelos egípcios, em grego o nome é Hieracômpolis, a cidade do falcão, seu soberano usava uma coroa branca, Hedjet.
  • O reino do Baixo Egito, no delta, fixou sua capital em Buto, seu soberano usava uma coroa vermelha, Deshret.
  • E quando o soberano dominava os dois reinos, ele usava a coroa dupla, Sejemty.

O mais provável é que esses dois territórios, alto e baixo Egito, tenham se unificado de maneira gradual devido até mesmo à uniformidade cultural do país, não há informação histórica precisa a esse respeito.

Da união entre o Alto e Baixo Egito é que vai surgir o grande império.

Faraós e como listá-los

Faraós e como listá-los
desenho das insígnias dos faraós, bastão, mangual, uraeus

Os nomes dos faraós[editar | editar código-fonte]

Vamos começar pelo fato dos reis do Egito serem chamados de faraós, apenas pelos gregos e pelos hebreus. Os antigos egípcios não os chamavam assim.

O título Faraó se origina do egípcio Per-aa, que significa Casa Grande, palavra que designava o palácio. Durante muito tempo a palavra para designar o rei no antigo Egito era nesu, além dos muitos títulos que eles possuíam.

Por volta de 2500 a.C. os reis do Egito tinham cinco nomes. Os cinco títulos reais consistiam em quatro nomes que eram dados ao rei quando este subia ao trono e um quinto nome que era escolhido quando do nascimento do futuro rei.

Três desses nomes se referem ao papel do rei como um deus. Dois deles dão ênfase à divisão do Egito em duas terras, ambas sob o controle do rei.

O nome Hórus, desde os reis pré-dinásticos, era escrito dentro de um serekh, um retângulo que representava a fachada do palácio real, encimado pelo deus falcão Hórus. Ele aparece inclusive nas tumbas mais antigas feitas de adobe. Isso representa a crença de que o rei era o deus Hórus em forma humana na Terra. Os egípcios acreditavam que Osíris havia sido rei do Egito antes de morrer, portanto seu filho Hórus herdou seu reino.

a sua esquerda está Wadjet e a sua direita Nekhbet
as duas senhoras

O segundo nome é Nebty ou o nome das “Duas Senhoras”, é uma referência às deusas do alto e do baixo Egito, Nekhbet (representada pelo abutre) de El-Kab no alto Egito e Wadjet (representada pela cobra naja), de Buto no delta. As duas mais importantes cidades da fase pré-dinástica. O nome das Duas Senhoras ou “Ele que pertence às Duas Senhoras” colocavam o rei sob a proteção de Nekhbet e Wadjet, assim representando a união das duas regiões do Egito e a harmonia geográfica das duas terras na pessoa do rei.

O terceiro nome, o Hórus Dourado. As origens desse nome podem ser seguidas nas inscrições reais da primeira e terceira dinastias e também na Pedra de Palermo. Era simplesmente inscrita com o hieróglifo que significava ouro, Quando foi introduzida no período dinástico antigo, talvez simbolizasse a divindade do rei (o ouro era considerado eterno e se acreditava que a pele dos deuses era de ouro; o ouro portanto, era a representação da divindade). O ouro também simbolizava o sol nascente.

Pela metade do Médio Império, o nome Hórus, o título Nebty e o nome Hórus Dourado já não eram usados tão comumente quanto os dois últimos, o nome de trono e o nome de nascimento.

No Egito Dinástico, os reis foram distinguidos pelo uso do nome de trono, também chamado de nesu-bity.

O quarto nome, nome de trono ou nesu-bity, era “Senhor das Duas Terras” ou Rei do Alto e Baixo Egito, como foi usado mais tarde.

Esse titulo, literalmente, “Ele do caniço e da abelha” ou o aspecto dual do rei, deve ter simbolizado a natureza dupla, humana e divina que residiam no poder real. O caniço é o símbolo do Alto Egito e a abelha simboliza o Baixo Egito. Era usado quando da subida do rei ao trono e por volta da quarta dinastia foi invariavelmente incorporada ao nome do deus-sol Ra.

O quinto nome ou nome de nascimento, era usualmente precedido pelos títulos Sa-re ou Filho ou Ra, ou Neb-khau ou Senhor das Coroas.

  • Nome: Titulo
  • Nome de Hórus: Hórus
  • Nebty ou Duas Senhoras: Ele que pertence às Duas Senhoras(Wadjet e Nekhbet)
  • Hórus Dourado: Hórus Dourado
  • Nome de trono: Ele do caniço e da abelha (Rei do Alto e Baixo Egito)
  • Nome de nascimento: Filho de Ra
Filho de Rá

Por exemplo:

Ramsés III

  • Nome de Hórus: Kanakht Aanesyt
  • Nebty ou Duas Senhoras: Werhebusedmitatjenen
  • Hórus Dourado: Userrenputmiatum
  • Nome de trono: Usermaatre-meryamun
  • Nome de nascimento: Ramesses Heqaiunu
serekh do faraó Raneb, 2ª dinastia

O Serekh[editar | editar código-fonte]

É um retângulo estilizado que contém o nome Hórus dos faraós. É dividido em dois compartimentos, o de baixo representa a vista frontal do palácio, o de cima representa uma vista do pátio do palácio. Era, em geral encimado pelo falcão, que representa o deus Hórus, patrono da monarquia, embora dois dos reis da segunda dinastia (Peribsen e Khasekhemwy tenham incluído o deus Set ou trocado o deus).

Os modernos historiadores se referem aos reis do Egito por seus nomes e para distinguir aqueles que possuem o mesmo nome, colocam um algarismo romano. O Serekh foi usado, especialmente nos tempos pré-dinásticos e durante as primeiras três dinastias, depois foi substituído pelo cartucho (cartouche).

cartucho de Tutmósis III

O Cartucho[editar | editar código-fonte]

É a representação de uma corda oval que circunda o nome do faraó e é amarrada nas pontas. Dentro estão os hieróglifos que formam os nomes reais do faraó. Começou a ser usado na quarta dinastia sob o faraó Snefru. O antigo nome para o cartucho era shenu.

O cartucho substituiu o serekh, durante a quinta dinastia, Neferirkare começou a usar um segundo cartucho. O primeiro trazia seu nome de trono e o segundo seu nome de nascimento.

A palavra cartucho, usada em português, foi traduzida do francês cartouche, porque os soldados de Napoleão Bonaparte, quando invadiram o Egito acharam que aquele símbolo e os cartuchos de balas de suas armas, eram parecidos.

Como listar os faraós[editar | editar código-fonte]

Não sabemos quantos foram os faraós egípcios porque algumas vezes, quando o país ficou dividido houve vários reis ao mesmo tempo.

Nem sequer sabemos exatamente quantos foram os faraós e nem por quanto tempo cada um governou. Algumas dinastias foram descritas com precisão pelos escribas e as suas listas foram encontradas, enquanto que outras listas, sofreram danos que tornam difícil decifrá-las.

Algumas dessas listas sobreviveram até nosso tempo e são usadas para dirimir dúvidas. São elas:

pedra de Palermo

A Pedra de Palermo e outros fragmentos[editar | editar código-fonte]

A pedra de Palermo é um pedaço de parede com inscrições em ambos os lados, onde mostra eventos, na maior parte rituais, que ocorreram durante as primeiras cinco dinastias.

A parte maior desta parede é justamente a chamada Pedra de Palermo porque está na cidade do mesmo nome, na Itália.

Um segundo pedaço em tamanho e mais quatro pequenos fragmentos estão no Museu do Cairo (Egito) e há um pequeno fragmento na Universidade de Londres (Inglaterra). Não se sabe se todos os fragmentos são da mesma parede original. Nenhum dos pedaços contem partes ou uma cópia completa dos outros.

A parede original onde ficava a Pedra de Palermo devia medir aproximadamente 2,2 m. de comprimento por 0,61 m. de altura.

Em ambos os lados da pedra está inscrita uma lista de faraós do período pré-dinástico até o meio da quinta dinastia.

Acredita-se que ela foi inscrita justamente no meio da quinta dinastia. Alguns estudiosos acham que ela pode ter sido feita por partes em épocas diferentes e até mesmo ter sido atualizada regularmente (por causa do estilo dos hieróglifos). Outros acreditam que, pela maneira de inscrever na pedra, ela tem ligação com o estilo usado na vigésima-quinta dinastia, o que poderia indicar uma cópia, portanto quem copiou teria acesso aos arquivos originais.

Cânone Real de Turim[editar | editar código-fonte]

Também conhecida como Lista Real de Turim, é um papiro único, escrito em hierático, que hoje está no Museu de Turim na Itália.

Este papiro está fragmentado em, mais ou menos, cento e sessenta pequenos pedaços e muitos deles se perderam. Ele foi descoberto na necrópole de Tebas pelo viajante italiano Bernardino Drovetti em 1822 e quem primeiro percebeu sua importância foi o egiptólogo francês Jean François Champollion.

Presume-se que o papiro tenha sido escrito no reinado do faraó Ramsés II e não se sabe quantas páginas tinha, com uma lista de pessoas e instituições, tendo ao lado uma estimativa de impostos.

Mas, o que ele tem de realmente valioso é o verso, que na época não deve ter sido lá de grande importância para o escriba. Talvez tenha sido apenas um exercício para quem o escreveu, talvez fosse um estudante.

Acontece que, nos legou uma lista de deuses, semi-deuses, espíritos, reis míticos e humanos, que reinaram no Egito desde o início dos tempos até quando ele escreveu a lista.

De onde copiou, não se sabe. Aonde está o original, também não. Talvez ele tivesse acesso aos arquivos dos templos. Se esta listagem foi criada pelo próprio escriba então, ela é única.

Esta é uma lista especial porque agrupa os faraós mencionando a duração dos seus reinados com dia, mês e ano. Também inclui os nomes de faraós efêmeros e daqueles que reinaram sobre pequenos territórios. A lista menciona inclusive os governantes hicsos, indicando serem estrangeiros.

Lista de Mâneton[editar | editar código-fonte]

Não se sabe muita coisa a respeito de Mâneton, apenas que ele foi um sacerdote egípcio ou greco-egípcio, nascido em Sebenitos no delta do Nilo, e que viveu no Egito durante a trigésima dinastia (reinados de Ptolomeu I e II).

A importância de Mâneton vem do fato de ter escrito Aegyptiaca, uma coleção de três livros sobre a história do Egito antigo patrocinada por Ptolomeu II, que queria unir as culturas egípcia e grega.

Mâneton, sendo sacerdote, com certeza teve acesso aos arquivos do templo onde servia. É possível que nesses arquivos tenha encontrado desde tratados científicos até histórias mitológicas e assim muitas vezes temos uma grande mistura.

Contudo, seu trabalho deve ser considerado muito importante para o estudo da história do antigo Egito. Difícil é descobrir algo do trabalho original de Mâneton, porque este foi copiado e falsificado com intenções políticas e ou religiosas.

Autores como Josephus, Africanus, Syncellus e Eusebius fizeram listas que não combinam, seja na quantidade de faraós, seja na duração de seus reinados.

lista real de Abydos

Lista Real de Abydos[editar | editar código-fonte]

No templo de Abydos, na Sala dos Registros, Seti I e seu filho, o futuro Ramsés II, mostram os nomes de setenta e seis ancestrais, em cartuchos.

Não é uma lista tão confiável porque exclui governantes como Hatshepsut e Akhenaton. Também não lista os reis do segundo período intermediário.

Lista Real de Karnak[editar | editar código-fonte]

Uma lista de faraós desde os primeiros até Tutmósis III. Registra os nomes de muitos reis obscuros do segundo período intermediário. Hoje está no Museu do Louvre, em Paris.

Lista Real de Saqqara[editar | editar código-fonte]

Descoberta na tumba real do escriba Thunery em Saqqara. Originalmente possuía cinqüenta e oito cartuchos mas só restaram quarenta e sete. Registra de Anedjib, na primeira dinastia até Ramsés II e também omite os nomes do segundo período intermediário.

Papiro Westcar[editar | editar código-fonte]

O Papiro Westcar é chamado assim por causa do colecionador britânico Henry Westcar. Foi adquirido pelo egiptólogo alemão Richard Lepsius quando este visitou a Inglaterra por volta de 1838/39 e depois de sua morte foi doado ao Museu de Berlim.

cartucho do faraó Snefru

Este papiro contém uma coleção de contos que foi supostamente contada ao faraó Queóps pelos seus filhos. O estilo e a linguagem são típicos da décima segunda dinastia embora, o papiro seja da décima quinta dinastia. Esta é a única cópia que se conhece.

Através dele muitos se baseiam na ordem dos faraós da quinta dinastia. Infelizmente o inicio e o final do papiro se perderam, de modo que, não sabemos quantas histórias faziam parte do original.

A primeira história parece ser sobre um mago cujo nome se perdeu, e se passa no reinado de Netjerikhet, que no papiro é chamado Djoser. Alguns sugerem que esse mago poderia ser Imhotep (o arquiteto da Pirâmide de Degraus).

Da segunda história temos poucos pedaços, mas ela é passada no reinado de Nebka (seria ele Senakhte, o primeiro faráo da terceira dinastia?)

O fato desta história vir depois daquela de Netjerikhet é interessante porque tanto Mâneton como o cânone de Turim marcam Nebka como antepassado direto de Netjerikhet. No papiro Westcar ele está colocado entre Netjerikhet e Snefru (o primeiro faraó da quarta dinastia).

A terceira história é passada durante o reinado de Snefru, pai de Queóps; a quarta história se passa na própria corte de Queóps.

E a quinta e última história preservada é um conto sobre um mago, Djedi, que prediz as origens dos faraós da quinta dinastia : Userkaf, Sahure e Neferirkare Kakai. Eles seriam filhos de Raddjedet, a esposa do sumo sacerdote de Ra, Sakhebu, e se tornariam faraós, todos os três, um depois do outro.

Embora sejam contos, misturados com magia, os estudiosos também costumam usá-lo como fonte de pesquisa, por isso é citado.

Período dinástico antigo

Período dinástico antigo


3000-2650 a.C

É um período marcado por muitas dúvidas, por ser muito remoto e por não haver textos escritos ou povoamentos preservados, os estudiosos se debatem em teses e aguardam escavações que possam servir para adicionar algumas peças ao quebra-cabeças. Não há consenso, inclusive, com relação ao primeiro rei, àquele que deu inicio a 1ª dinastia.

Demarcar um período histórico é complexo e nesse caso, a única fonte de estudo são as necrópoles, infelizmente saqueadas durante incontáveis milênios, ainda são o que resta para estudo do período.

Para início do período dinástico antigo vamos partir da 1ª dinastia que tem como marcos a difusão da escrita e a fundação da cidade de Mênfis.

tumba de Narmer

As dinastias[editar | editar código-fonte]

Existem muitas controvérsias a respeito do fato de Narmer ter sido o rei que unindo os nomos fez do Egito um só país. É provável que Menés e Narmer tenham sido a mesma pessoa, as dúvidas que persistem são relacionadas às escavações feitas nas necrópoles U e B em Abidos.

Também existe a possibilidade de que esse faraó, chamado Menés ou Meni, ou Narmer, possa ter sido o rei Aha. É preciso que se entenda que os reis eram, sobretudo, conhecidos pelos seus nomes de Hórus e não pelos nomes de nascimento (que são utilizados nas listas de governantes, todas feitas posteriormente).

Como o solo, fértil em história, do Egito ainda poderá nos surpreender com novos conhecimentos, devemos apenas citar que é possível que antes de Narmer, algum outro rei possa ter sido soberano de um Egito unido. Mas, enquanto isso, o que temos é baseado num dos mais velhos registros conhecidos do Egito antigo, chamado Paleta de Narmer, mostra o Rei Narmer usando a coroa do Alto Egito de um dos lados (sujeitando um vencido ao que parece) e do lado oposto o mesmo rei marcha, em triunfo, portando a coroa do Baixo Egito. De onde se presume que é ele o unificador.

Paleta de Narmer,parte de trás
Paleta de Narmer,frente

Esse período engloba as duas primeiras dinastias, cujos reis veremos mais adiante, e foi para o antigo Egito uma fase de grandes conquistas, onde o país se afirma e adquire sua face conhecida através dos tempos.

Cidades importantes[editar | editar código-fonte]

Como já foi mencionado, a história egípcia é mais facilmente estudada através de seus túmulos, suas necrópoles. Assim pela riqueza e beleza das tumbas, se pode deduzir quais as cidades importantes em cada período, assim como inferir em que fase começou a decadência de um local e o crescimento de outro.

Não há consenso entre os historiadores a respeito do faraó que seria o responsável pela transferência da capital para Mênfis, mas independente da cidade de onde eles governavam , o fato é que após a unificação, nos primeiros séculos, o crescimento do Egito foi espantoso.

Mênfis, tenha sido ou não, fundada por Menés (Meni, Narmer, Aha), foi uma idéia inteligente porque foi construída no vértice do delta, próximo ao ponto onde o Baixo Egito e o Alto Egito se encontram. A partir dessa cidade, uns dezoito reis de duas dinastias consecutivas governaram, por cerca de quatrocentos anos.

Estátua do faraó Khasekhemwy
  • Naqada - Era a necrópole da cidade de Nubt, a cidade do ouro, assim chamada porque Nub deriva do termo egípcio para ouro e a cidade ficava próxima das minas de ouro.

Sua localização permite deduzir que era uma cidade importante pelo fato de ficar no final da rota de comércio do deserto oriental. Através do estudo de suas sepulturas é possível perceber que a cidade entrou em decadência mais tarde perdendo seu posto para Nekhen.

A cidade era devotada ao deus Seth de Nubt, nos Textos das Pirâmides inscritos nos blocos encontrados em Naqada, ele é chamado Nubty. O povo acreditava que Seth havia nascido em Naqada e estava ligado aos reis do período antigo, aparecendo inclusive na cabeça da maça do rei Escorpião. As rainhas da primeira dinastia recebiam o titulo de aquela que vê Hórus e Seth e o rei Peribsen da segunda dinastia enfatizou que Seth era seu protetor.

Foi ao norte da aldeia de Naqada que foi encontrada em 1895, uma mastaba primitiva, uma grande estrutura de tijolos que trazia em cada lado, uma fachada de palácio (como um serekh). Ali foram encontradas tabuinhas de marfim, selos de argila com os nomes dos reis Aha e da rainha Neithotepe.

Através do estudo dessas tumbas é possível saber o nível sócio econômico da cidade. Devemos acrescentar a descoberta de um fragmento, que hoje está no Ashmolean Museum de Oxford, que mostra o que foi interpretado como a representação da coroa vermelha do rei. O fragmento foi encontrado em Naqada e é um pedaço de um vaso grande vermelho com o acabamento superior em preto. Vermelho era a cor associada a Seth, o desenho lembra muito a representação da coroa vermelha que Narmer usa, tanto em sua maça como na paleta.

  • Buto – originalmente era duas cidades, Pe e Dep, que se transformaram numa só, a qual os egípcios deram o nome de Per-Wadjet.

A deusa Wadjet, protetora local, era representada por uma serpente e considerada padroeira de todo o Baixo Egito.

Serpente Wadjet

Desde o período paleolítico foi uma cidade muito importante e só começou a decair lentamente depois da unificação do país. As evidências arqueológicas mostram que a cultura do Alto Egito foi substituindo a cultura de Buto no Delta e isso é uma prova importante da unificação das duas terras formando uma só entidade, um só país.

Nessa fase, Wadjet se juntou a Nekhbet, que era representada como um abutre branco e tinha a posição de padroeira no Alto Egito, assim, juntas, elas se tornaram as padroeiras do Egito unificado. A imagem de Nekhbet se juntou à de Wadjet no Uraeus que circunda a coroa dos faraós do Egito unificado.

O templo de Wadjet, o Per-nu ou Per-neser significa Casa da Chama e a cidade ficou conhecida como Per-Wadjet que significa Casa de Wadjet (Uto) de onde deriva o nome Buto. (grego).

Hórus
  • Nekhen e Nekheb – Em geral essa área é chamada El Kab, mas na verdade são duas cidades muito antigas, Nekheb ou El Kab na margem leste do Nilo, e a velha Nekhen, agora chamada Kom El Ahmar (o Monte Vermelho) na margem oposta.

Nekhen, que ficou conhecida como Hieracômpolis seu nome grego, fica no Alto Egito, é a Cidade do Falcão. O deus principal da cidade era Nekheny, um falcão com duas grandes plumas na cabeça, que mais tarde foi assimilado a Hórus. As imagens mais antigas de Hórus (Her ou Har em egípcio) vêm dos hieroglifos e serekhs do período pré-dinástico.

Nekhen/Hieracompolis No local foram encontradas casas, templos, prédios administrativos e áreas dedicadas aos artesãos. Nekhen deve ter sido uma cidade muito importante nesse período e o local foi escavado por Quibell e Green de modo pouco adequado, afinal a arqueologia engatinhava. Não há grande documentação a respeito mas, eles encontraram uma espécie de sinal hieroglífico primordial com que se escrevia Nekhen.

Também foi em Nekhen que foram encontradas a Paleta de Narmer e a cabeça de maça, além da cabeça de maça do Escorpião. A maior parte dos artefatos foram descobertos num local chamado de Depósito Principal que deve ter sido um esconderijo, além dos objetos mencionados acima, havia paletas, objetos votivos, vasos de pedra.

Outro achado significativo e que depois foi perdido e até hoje não foi encontrado novamente é a Tumba 100 do cemitério pré-dinástico. Essa foi, ao que parece a primeira tumba egípcia a ser decorada com pinturas nas paredes mas sua localização hoje (2010) é desconhecida.

As escavações de 1970 e 1980 revelaram locais no deserto, fora da cidade inclusive um templo pré-dinástico.

As almas de Pe e Nekhen

As almas de Pe e Nekhen simbolizam as almas dos primeiros reis das duas cidades. São desenhados usando a máscara de Hórus por Nekhen e a máscara de Anubis por Pe. Eram venerados como espíritos ancestrais, possuindo grande poder. Ambos, Pe e Nekhen são respeitados como estrelas que, juntos formam uma escada que será usada pelo rei que acaba de falecer para subir aos céus.

Nekheb A deusa abutre Nekhbet pertencia a esta cidade e o seu templo era Per-wer, que significa Casa Grande. Provavelmente por causa da proximidade de Nekhen e sua ligação com o poder real, Nekhebet se tornou uma das deusas tutelares do Egito, junto com Wadjet. Ela passou a representar a Coroa Branca do Alto Egito, enquanto que Wadjet de Buto simbolizava a Coroa Vermelha do Baixo Egito. Não se sabe datar a origem desse conceito mas há evidências nos Textos das Pirâmides de que elas eram consideradas as mães do rei.

a deusa Nekhebet
  • Abidos ou Abedjou

Este local deve ter sido usado para agricultura e comércio no dinástico antigo, provavelmente a população era mais concentrada na parte norte e a fundação da cidade de Abedjou data de Naqada III.

É possível que houvesse vilas espalhadas pelo local e sua segurança e oferta de empregos, atraísse muita gente. A cidade se expandiu e se desenvolveu durante as primeiras seis dinastias.

A grande fama de Abidos vem do fato de ter sido a necrópole mais importante deste período e contem vestígios de todos os períodos da história do Egito. Foi o centro de culto de Osíris, senhor do mundo inferior. Na entrada do canyon em Abidos, que os egípcios acreditavam ser a entrada do submundo, uma das tumbas de um rei da 1ª dinastia foi confundida, milhares de anos mais tarde com a própria tumba de Osíris, e peregrinos deixaram ali suas oferendas para o deus durante outros milhares de anos. A área é chamada de Umm el Qa´ab, Mãe dos Potes.

porque Umm el-Qa´ab é chamada Mãe dos Potes

As necrópoles do pré-dinástico e do dinástico antigo estão localizadas no deserto e consistem de três partes: pré-dinástica cemitério U ao norte, cemitério B no meio, com as tumbas reais da dinastia 0 e do início da 1ª dinastia e ao sul o complexo de tumbas de seis reis e uma rainha da 1ª dinastia e dois reis da 2ª dinastia. Muitas tumbas da 1ª dinastia mostram as marcas de incêndios, outras foram saqueadas inúmeras vezes.

Em 1977 foi descoberto um pequeno selo de marfim que trazia a palavra nar, talvez o nome de Narmer.

As tumbas do período em questão, foram localizadas em Umm El Qa´ab, no total devem ter sido dez túmulos reais, mas apenas oito foram localizados, a saber: Djer, Djet, rainha-mãe Merneith são da 1ª dinastia; Den, Peribsen e Khasekhemwy são da 2ª dinastia.

A tumba do rei Khasekhemwy é dentre essas a mais elaborada, chamada Shunet Es-Zebib, também foram encontrados os restos de barcos ancestrais, datando da 1º dinastia.

Abidos foi usada como necrópole durante diversos períodos até mesmo no período Greco-romano.

mapa onde se vê Mênfis
  • Mênfis

Originalmente a cidade era chamada Ineb-Hedj, que significa Os muros brancos, Mênfis é seu nome grego. Durante o Médio Império foi chamada de Ankh-Tawy que significa Aquela que liga as duas terras.

No início Mênfis era uma fortaleza, de onde Menés (ou seja lá o rei que fundou a cidade) controlava as rotas terrestres e fluviais, entre o Alto Egito e o Delta. A história conta que Menés fundou Mênfis ao construir diques para proteger a área das enchentes do Nilo.

Os estudos sugerem que por volta da 3ª dinastia a cidade já era bastante grande. Ao longo da história do Egito, Mênfis se tornou centro administrativo e religioso, além de uma das cidades mais importantes do mundo antigo.

Hoje, é impossível imaginar como a cidade foi em tempos tão antigos, está completamente descaracterizada, talvez a antiga Mênfis esteja enterrada sob os campos cultivados, sob a lama do Nilo e as vilas que se espalham no local.

Através das necrópoles de Mênfis, textos e papiros de outras partes do Egito e mesmo relatos de Hérodoto que visitou a cidade, é que temos um pouco de uma história que deve ter sido muito rica. Como exemplo, os papiros do tempo de Akhenaton que relacionam Mênfis como local das padarias. Sabemos também que o decreto real rejeitando o culto de Akhenaton, editado por Tutankhamon, após a morte do primeiro, teve origem em Mênfis.

Na realidade a decadência da cidade que foi sempre tão importante para a história egípcia, se deu com a chegada dos gregos e com a crença no cristianismo.

Maat

Religiosidade e Poder[editar | editar código-fonte]

É importante compreender a base da religião egípcia para poder enxergar com um olhar egípcio, toda a grandeza dessa civilização.

Quando o Ser Divino cria o universo, emite o primeiro raio solar que afasta as trevas. Essa força é o casal divino Shu (deus da luz, sopro da vida) e Tefnut (deusa que encarna o calor).

Shu e Tefnut tem dois filhos: Nut a deusa do céu e Geb o deus da terra.

Geb se torna o primeiro rei do Egito, engravida sua irmã e nascem: Osíris, Isis, Seth e Néftis.

Osíris se torna rei do Egito e tem um filho com sua irmã Isis, chamado Hórus.

Osíris é assassinado por seu irmão Seth. Hórus cresce e vinga a morte do pai, assassinando seu tio Seth e tomando o trono do Egito.


Essa é a história dos reis divinos, depois dela, começa a história dos homens.

Dessa forma podemos compreender porque o rei do Egito é a encarnação do deus. Cabia a ele manter, no mundo real, o Maat, que são os princípios encarnados por Maat, a deusa da verdade e da justiça. Ela representava a harmonia do cosmos e da sociedade humana.

Portanto, sobre os ombros dos faraós, repousava a imensa responsabilidade de manter a prosperidade do país, protegê-lo dos perigos, zelar pelo bem estar e pela paz de seu povo, pois, ele era o deus!

Todas as artes e conquistas, em todos os aspectos da vida diária no Egito, temos bem marcada a ligação com os deuses. Na verdade, esses deuses eram muitos, tanto em forma de animais como uma mistura entre a forma humana e animal.

Com o advento da unificação dos nomos, alguns deuses prevaleceram sobre outros. Os sacerdotes tiveram que usar muita diplomacia e não se sabe que pressões mais, para agradar todas as tribos (isso não exclui guerras internas em alguns períodos).

É interessante notar que, embora Hórus e Seth sejam inimigos que lutam pela herança do país, o nome Hórus passou a ser o nome dos faraós, talvez apenas depois da segunda dinastia porque Peribsen usou em seu serekh o símbolo de Seth. Já o faraó Khasekhemwy se refere aos dois poderes, Hórus e Seth e usa os símbolos dos dois deuses com a inscrição Os dois senhores descansam nele. Poderia talvez significar um símbolo da paz entre os dois deuses.

deus Ra com cabeça de falcão

Para os egípcios, a morte significava um novo nascimento, mas não a reencarnação e sim uma nova vida num outro mundo, provavelmente celeste, onde o faraó seria recebido pelo deus sol depois de passar por certas provas. Assim também ocorria ao homem comum, que deveria cumprir uma série de condições para chegar à nova vida.

Considerado como criador do universo, o deus Ra talvez seja o deus mais famoso do panteão egípcio.Em algum momento houve uma sobreposição entre Ra e Hórus, de modo que temos incontáveis exemplos de Ra com cabeça de falcão.

hieroglifos, tumba de Seti I

Escrita[editar | editar código-fonte]

O fator primordial para o desenvolvimento de qualquer povo é a escrita, a criação de símbolos para registrar idéias.

A invenção da escrita deve ter ocorrido primeiro na Mesopotâmia, mas logo chegou ao Egito, onde podia ser considerada como uma arte. A forma primitiva de escrita egípcia, o hieróglifo ou escrita sagrada, jamais foi abandonada.

É importante lembrar que os egípcios já possuíam um tesouro chamado papiro, planta que além de decorativa servia para fazer desde velas de barco até sandálias, e principalmente a folha de papiro, base da escrita. As hastes de papiro chegavam a 3 metros de altura e bastava cortá-las e prepará-las para obter a folha perfeita para escrever.

No inicio, quase toda escrita era entalhada nas pedras, especialmente nos templos. Depois, com o papiro, a cultura egípcia se expandiu dando vazão a uma rica literatura.

Havia duas formas mais fluentes de escrita:

Papiro Edwin Smith em hierático
  • hierática – era uma forma simplificada da escrita hieroglífica e podia ser feita com rapidez, usando um pincel sobre a madeira ou uma pena de junco sobre o papiro.
  • demótica – ou escrita popular, que é um aperfeiçoamento da escrita hierática e é apropriada para ser escrita sobre papiros. Essa forma surgiu por volta de 700 a.C.

Graças à escrita a história do Egito foi preservada e hoje, o grande tesouro, o mais esperado em qualquer escavação é a possibilidade de encontrar novos textos, novas pistas para aprimorar o conhecimento.

exemplo de escrita demótica numa réplica da Pedra de Roseta

Não é possível deixar de mencionar aqui a famosa Pedra de Roseta, que permitiu que os hieróglifos fossem finalmente decifrados. Essa Pedra, é um bloco de granito negro e foi encontrado por um soldado do exército francês, no Egito em 1799. Gravado no ano de 196 a.C., no bloco há uma homenagem emitida pelos sacerdotes egípcios ao faraó Ptolomeu V Epifanes. A grande importância da Pedra de Roseta, é o fato desta homenagem ter sido escrita em três escritas diferentes: na hieroglífica, em demótico e em grego. Mesmo assim, Jean François Champollion levou 23 anos ainda, para decifrar a escrita egípcia.

Artes[editar | editar código-fonte]

Todas as manifestações artísticas no Egito surgiram por causa da religião, e estavam a serviço do faraó e do estado.

Acredita-se que a escultura surgiu em decorrência da necessidade de representar o morto para a eternidade. Muitas estátuas foram encontradas nos túmulos diante de uma porta falsa na parede, talvez para dar passagem à alma do morto.

A escultura também foi usada para representar os deuses

É claro que com o decorrer do tempo, os egípcios foram aprimorando essa arte até construírem os colossos que veremos mais tarde.

estela de Intef II

Ainda na primeira dinastia os egípcios já dominavam a arte de trabalhar com madeira, fabricavam arcos, flechas, dardos, bengalas e cetros de toda espécie e ainda instrumentos musicais, o clima quente e seco do país preservou esses trabalhos para os estudos atuais.

O stilo artístico do povo egípcio sofreu muito poucas mudanças ao longo de mais de 3000 anos de história, possuíam um grande respeito pelo equilíbrio e pela ordem que podiam vislumbrar na natureza.

Alguns complexos funerários de Abidos e Saqqara foram construídos durante as primeiras dinastias e os hieróglifos já os enfeitavam e contavam para a posteridade as histórias em que hoje os estudiosos se baseiam para estudar a civilização egípcia.

A pintura não tinha profundidade, o tronco da pessoa representada ficava sempre de frente para o observador enquanto a cabeça, as pernas e os pés eram vistos de perfil. Usavam cores e representavam as pessoas mais importantes em tamanho maior, as figuras iam diminuindo de acordo com a sua importância. As figuras femininas eram pintadas de ocre e as masculinas de vermelho.

Deste período temos poucos exemplos de jóias mas sabemos até mesmo pelos afrescos que a ourivesaria já era uma arte de muita importância. Na tumba de Khasemkhemwy foram encontrados potes para bálsamo com tampas de ouro trabalhadas, uma pulseira de ouro laminado e um cetro trabalhado de pedras e ouro.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Período dinástico antigo/Dinastias do Período dinástico antigo

Dinastias 1 e 2


Faraós da primeira dinastia[editar | editar código-fonte]

A lista abaixo certamente não está completa, nem da primeira nem das outras dinastias, longe disso, porque há muitas controvérsias a respeito.

Na listagem de faraós, Narmer, chamado o unificador do Egito, surge como rei do período pré-dinástico ou dinastia 0 ou dinastia de Naqada. Mas, ele também pode ser o primeiro rei da primeira dinastia. Vamos colocá-lo então na primeira dinastia, uma vez que, do período pré-dinástico não temos uma lista de reis confiável.

Muitas vezes a grafia dos nomes dos faraós é diferente, depende da fonte até mesmo pelo desconhecimento da pronúncia, alguns estudiosos usam os nomes gregos retirados da lista de Mâneton.

estátua de babuíno com o nome Narmer
  • Narmer
  • Aha
  • Hórus Djer
  • Hórus Djet
  • Hórus Den
  • Hórus Anedjib
  • Hórus Semerkhet
  • Hórus Qaa


  • Narmer (Narmeru, Merunar, Meni)

Esse rei é tido como o unificador do Egito, se tornando o verdadeiro faraó. Também é possível que Narmer tenha começado a unificação e Menés (?) a tenha terminado. Para confundir mais um pouco, alguns estudiosos acreditam que o rei Escorpião pode ter sido Narmer, mas não há nenhuma evidência ou prova para essa teoria.

A teoria mais comum é de que Narmer na verdade, seria Hor-Aha, embora a lista de antigos reis encontrada nas tumbas dos faraós Den e Qa´a, da primeira dinastia registre Narmer como fundador da dinastia e registre também Hor-Aha. Menes não é mencionado em nenhuma lista.

Acredita-se que ele casou com uma princesa do Baixo Egito chamada Neithotep, cujo nome aparece em inscrições nas tumbas que se presume sejam de Hor-Aha e de Djer. De onde se deduz que ela poderia ser a mãe ou mesmo a esposa de Hor-Aha, nada está definido, até pela antiguidade e dificuldade de pesquisa.

Alguns objetos de seu reinado já foram encontrados, como fragmentos de cerâmica e selos na tumba de Den em Abidos. O nome de Narmer e do seu possível antecessor, Escorpião, foram encontrados em cerâmicas descobertas em Minshat Abu Omar ao leste do Delta. Também foi recuperada uma estátua de um babuíno com o nome nome de Narmer, a cabeça de maça e a paleta.

São atribuídas a esse faraó, as tumbas B17 e B18 (são ligadas entre si) em Umm El-Qa´ab, Abidos.

Heródoto o nomeia Min, mas isso é passível de dúvida.

Antes de falar sobre o faraó Aha vamos fazer um comentário sobre Menes:

Menes pode ter sido o próprio Narmer ou seu successor. Talvez filho da rainha Neithotep, que tomou como segundo nome real Men, que significa estabelecido, o que deu origem ao nome Menes. O fato é que existe um selo de marfim vindo da tumba da rainha Neithotep em Naqada, que mostra o nome Hor-Aha com o nome Men na frente. Afinal é impossível ter certeza porque se está discutindo o nome de um homem que viveu por volta de 5 000 anos atrás. É preciso ter em mente que a maior parte da história que sabemos a respeito de Menes foi escrita mais de 250 anos depois de sua morte.

Pode ser que novas descobertas nos permitam saber mais, porém é praticamente impossível acreditar que um dia, vamos descobrir quem foi, de fato, Menes.

fragmento de vasilha de faiança com o nome Aha
  • Hor-Aha (o falcão lutador)

Pode ter sido o filho de Narmer e sua rainha Neithotep. Na tumba da rainha, ele está representado, num fragmento de marfim, fazendo a cerimonia de união do Alto e Baixo Egito.

Tomou o nome de trono de Men (estabelecido) e fragmentos encontrados em tumbas de reis do período, se referem a rebeldes na Núbia e campanhas militares fora do Egito.

É possível que tenha erigido o Templo da deusa Neith (parte do nome de Neithotep sua provável mãe) em Sais. Também pode ter sido ele quem fundou Mênfis (Men Nefer que significa estabelecida e bela).

Lendas contam que ele morreu atacado por um hipopótamo. Foram encontradas tumbas para o rei Hor-Aha tanto em Saqara quanto em Abidos e, embora não fossem decoradas e tivessem sido saqueadas e destruídas pelos ladrões e pelos escavadores (não havia ainda nada que lembrasse a arqueologia de hoje), alguns selos e fragmentos foram recuperados.

Acredita-se hoje que Hor-Aha foi sepultado em Abidos, que é considerado o local real. Numa pequena tumba próxima foram encontrados selos onde estava escrito Berner-ib (querida) que talvez fosse referência a sua rainha e que também aparecem na tumba da rainha Neithotep.

Alguns estudiosos sugerem que Neithotep poderia ter sido sua esposa, e que eles casaram para cimentar a aliança entre o Alto e Baixo Egito. Certamente Hor-Aha veio do Alto Egito e Neithotep veio do Baixo Egito, mas não há provas de seu relacionamento familiar. De qualquer maneira o filho desse faraó, seu sucessor, Djer, era filho de uma outra esposa secundária.

Nomes:

  • Mâneton o chama Menes o primeiro rei ou Athothis, na lista dele o segundo rei.
  • Heródoto o chama Min (há dúvidas)
  • Nome de Hórus - o falcão lutador
  • Listas de reis – Men, Meni, Teti, Ity
  • Djer (Hórus que socorre)

Era, provavelmente, o rei que Mâneton chama de Athothis e descreve como sendo um grande estudioso, porque escreveu textos de anatomia que ainda eram usados na época do domínio grego.

Fragmentos de selos em marfim vindos de Abidos relatam viagens a Sais e Buto, no Delta.

Presume-se que sua tumba seja a de número 0 em Abidos, que é uma das maiores e mais complexas da 1ª dinastia. No inicio do século XX, Flinders Petrie descobriu tumbas das primeiras dinastias e, na tumba de Djer foi encontrado um braço de mulher cortado e envolvido com panos de linho, decerto abandonado por um ladrão. Dentre as bandagens havia quatro pulseiras de ouro, ametista e turquesa, um magnífico trabalho de ourivesaria que deveriam pertencer a uma rainha ou princesa.

O faraó Djer também construiu duas mastabas em Saqqara e um templo para a deusa Neith em Sais.

Inscrições em Wadi Halfa registram uma campanha military na Núbia e talvez ele tenha feito também campanhas na Libia e no Sinai. Talvez tenha feito até mais, militarmente pois um dos anos de seu reinado foi chamado de O Ano da Destruição da Terra de Setjet (Siria-Palestina). Essa atividade militar torna Djer, o primeiro faraó a registrar campanhas militares fora das fronteiras egípcias.

Poderoso e inteligente, Djer, infelizmente está ligado a sacrifícios humanos. Um selo de madeira encontrado em Saqara traz seu nome, junto de uma cerimônia que parece estar ligada a sacrifícios humanos e sua tumba em Abidos está rodeada de sepultamentos de trezentos serviçais que foram enterrados ao mesmo tempo que o faraó.

Não se pode afirmar mas também não há outras explicações para o fato.

Nomes:

  • Mâneton o chama de Athothis (embora alguns digam que ele era Kentekenes)
  • Listas de reis – Meni, Teti, Iti.
Estela de Djet no Louvre
  • Djet (Hórus cobra ou Hórus que ataca)

É muito provável que fosse o filho de Djer, embora não existam evidencias de que a rainha Merneith tenha sido sua esposa, é praticamente certo que ela foi a mãe de seu sucessor, Den.

Este faraó deixou poucos registros de sua existência, a não ser por sua tumba em Abidos, onde foi encontrado um belo serekh trazendo o nome do rei. Parece que sua tumba (juntamente com outras da mesma dinastia) foi queimada intencionalmente em algum ponto da história do Egito e mais tarde foi recuperada por causa da associação ao culto de Osíris.

Nomes:

  • Mâneton o chama Wenefes
  • Nome de Hórus - Hórus que socorre
  • Listas de reis – Itiu, Itiui, Ata, Iti

*Rainha Merneith (a amada de Neith)

Uma das personagens mais discutidas do período dinástico antigo. De certo ela foi a mãe de Hórus Den, conforme se vê num selo encontrado na tumba T de Umm El Qa´ab. Seu nome está ao lado do nome de Den e é possível que ela fosse a esposa de Djet.

Sua tumba em Abidos (Y) fica perto da de Djet (Z), do lado de fora desta tumba foi encontrada uma estela, em 1900 por Fliders Petrie, que, a principio se acreditou fosse de um governante masculino.

A mastaba 3503 em Saqqara é a única que pode ser, de fato, atribuída a ela, os selos trazem o nome de Den.

Se de fato ela reinou, foi a primeira mulher a governar o Egito, não se sabe se governou sozinha ou se junto com Djet (caso ele fosse seu marido) e depois da morte dele ficou como regente do filho Den.

Seu nome não consta das conhecidas listas de reis, além da lista de Den, mas Mâneton registra oito faraós na 1ª dinastia, o que confere se adicionarmos Merneith, mas não fica correto se Narmer for o primeiro rei da 1ª dinastia.

De qualquer maneira não há um serekh que possa atestar sua posição como governante, se ela está na lista de Den, uma lista similar datada do reinado de Qa´a omite a rainha.

  • Den (Hórus que golpeia)

Foi um dos governantes mais importantes deste período. Seu reinado é marcado por um grande desenvolvimento na arquitetura funerária e pelo progresso do estado, na administração, economia, artesanato, religião. Mais de 30 mastabas foram erguidas em Saqqara e Abu Rawash durante o seu reinado, por funcionários de todos os tipos, isso é sinal de uma administração próspera e forte.

Hórus Den

Assim como Djer, parece que Den também foi médico e um dos estudos que se acredita seja de sua autoria, versa sobre o tratamento de fraturas.

Den está registrado em numerosos objetos e fragmentos. Um selo de marfim encontrado em Abidos, mostra Den atacando um prisioneiro asiático. Seu nome aparece no serekh encimado por Hórus, mas há na frente da cena a representação de Seth como animal (chacal).

Este faraó foi o primeiro de uma série de eventos como, o primeiro a adotar o nome Nebty ou Duas Senhoras, o primeiro a ser representado usando a coroa dupla, o primeiro a incorporar uma longa escadaria em sua tumba e foi o criador da posição de vizir para o Baixo Egito (ocupada por um homem de nome Hemaka, cuja tumba, muito rica, está em Saqqara). Também é creditado a ele o primeiro censo no Egito, contando todas as pessoas do norte, leste e oeste para determinar os impostos.

Nomes:

  • Mâneton o chama Usaphaidos
  • Listas de reis - Septi, Semti, Kenti, Udimu
  • Nome de Hórus - Hórus que golpeia
  • Nome Nebty - Nebty Khasti, Nebty Chasti, Nebty, o homem do deserto
  • Anedjib (valente é o seu coração)

Assim como seu pai, Den, este faraó também usou a coroa dupla que representa o poder sobre as duas terras, o Alto e o Baixo Egito. Porém, há dúvidas se ele de fato controlou o norte do país, há evidencias de rebeliões.

Como maneira de legitimar seu poder, ele começou a usar o título Os Dois Senhores, talvez para reforçar o fato de reinar sobre todo país ainda que o povo se dividisse entre Hórus e Seth. Esse título reúne os dois antagonistas na pessoa do rei.

Anedjib casou com a rainha Betrest que era descendente da linha de reis menfitas, o que deu a ele a legitimidade. Pode ser que ele não fosse filho legítimo de Den, então precisasse casar com uma princesa de sangue real. Há teorias de que ele foi um usurpador e por esse motivo, seus monumentos tiveram seus títulos e nome raspados pelo seu sucessor.

Nomes:

  • Mâneton o chama Meibidos, Neibais, Miebis, Miebidos
  • Nome de Hórus - Valente é o seu coração
  • Nome Nebty - Nebty Mer... ou Mer-spt-bja
  • Listas de reis – Merbap, Mer-bja-pen, Mer-bja-pe
selo em marfim de Semerkhet
  • Semerkhet (amigo considerado ou companheiro dos deuses)

De acordo com as anotações de Mâneton, Semerkhet deve ter enfrentado muitos problemas, mas ele alega que isso ocorreu porque este faraó era um usurpador. Não existem indícios de que isso seja verdade porque ele consta da lista de reis, mas o certo é que ele raspou nomes anteriores e mandou inscrever seu próprio nome no lugar.

Sua tumba é bem maior que a de seu antecessor, Anedjib, e é o único dos primeiros reis que não tem uma mastaba correspondente em Saqqara (ou pelo menos ela ainda não foi encontrada), pode ser porque seus ministros e oficiais sobreviveram a ele e permaneceram servindo ao faraó seguinte.

Nomes:

  • Mâneton o chama Semempses, Mempses
  • Nome de Hórus - amigo considerado, companheiro dos deuses
  • Nome Nebty – Iri (não confirmado) um símbolo que pode ser lido como Aquele que guarda ou ainda Aquele a quem as duas senhoras guardam (ele pode ter sido sacerdote antes de ser faraó).
  • Listas de reis - Semsem, Hu, Semsu
Estela de Qaa
  • Qa´a (seu braço está erguido)

É considerado o último rei da 1ª dinastia e como já se sabe existem poucas informações a seu respeito. O que temos vem de sua tumba em Abidos e sepultamentos em Saqqara. Um selo com uma lista de todos os reis da 1ª dinastia (não consta Merneith) foi encontrado em 1990 e ajudou a ratificar os reis desta dinastia.

As escavações feitas por alemães em 1990 também foram bem sucedidas em encontrar objetos que haviam passado despercebidos pelas buscas mais antigas. Na tumba havia duas estelas funerárias com o nome do rei. Dentro da tumba encontraram o nome de Hotepsekhemwy o rei seguinte, de modo que, se acredita que tenha sido ele a terminar o túmulo após a morte de Qa´a.

Este faraó foi o último a ser sepultado junto com serviçais, em sepultamentos conjuntos.

Nomes:

  • Mâneton o chama Bieneches
  • Nome de Hórus - seu braço está erguido
  • Nome Nebty – sn nb.tj, Sen-Nebti, Irmão das Duas Senhoras
  • Listas de reis - ...beh (incompleto), Qebeh, Qebehu

Faraós da 2ª dinastia[editar | editar código-fonte]

É estranho descobrir que há menos registros sobre os reis da 2ª dinastia do que sobre os reis mais antigos. Os primeiros reis dessa dinastia são praticamente desconhecidos, conhecemos seus nomes e nada mais do seu reinado. Os nomes Hotepsekhemwy, Raneb e Ninetjer foram inscritos na parte de trás de uma estátua (hoje no Museu de Antiguidades Egípcio) de um sacerdote chamado Hotep-dif (ou talvez Redjit).

Os mais tardios já são mais bem documentados, mas além de Peribsen e Khasekhemwy, não temos túmulos, nenhum grande sepultamento e não há fontes confiáveis, um dia talvez, uma nova descoberta nos apresente a esses reis que mal conhecemos.

É possível que durante essa dinastia, no reinado de Ninetjer, o Egito tenha novamente se dividido, assim haveria dois ou mais reis no Alto e Baixo Egito. Pode ser que a rivalidade entre Hórus e Seth tivesse continuado, com os seguidores de cada deus lutando entre si, partindo o país. Há indicações de que assim ocorreu e de que tenha sido Peribsen, o rei a unir novamente o Egito, como veremos abaixo.

pote da tumba de Khasekhemwy
  • Hotepsekhemwy
  • Raneb ou Nebra
  • Ninetjer
  • Peribsen
  • Khasekhemwy


  • Hotepsekhemwy (os dois poderosos estão em paz)

Não se sabe como ele chegou ao poder, é possível que através do casamento, portanto ele seria genro de Qa´a.

Dentre as histórias a respeito de Hotepsekhemwy, através de seu nome de Hórus já se pode deduzir que os dois poderosos (Hórus e Seth) ainda dividiam a sociedade e a política, mas deveriam ter se acalmado. Além disso, ele teve problemas com um terremoto em Bubastis, no Delta e com seu irmão, que estava liderando uma revolta para se apropriar do trono (caso se confirme que o sucessor tomou o poder graças a um golpe militar, seria o irmão).

Foi esse rei quem mudou a tradição dos sepultamentos, abandonando a necrópole de Abidos e construindo seu túmulo em Saqara, afinal Saqara era uma grande necrópole de Mênfis, a capital. A mudança pode ter sido uma jogada política mas, de fato, ele construiu um novo tipo de tumba, um complexo de galerias subterrâneo cortado na rocha, com mais de vinte câmaras. Sua tumba foi encontrada por acaso em 1902, estava praticamente vazia mas, o nome do rei foi encontrado em diversos lugares. Não se sabe se havia alguma edificação sobre a tumba uma vez que foi encontrado somente o complexo subterrâneo. Imagina-se que não havia nada em cima, porque uma parte das galerias fica sob a Pirâmide de Unas (5ª dinastia) portanto é de crer que os construtores da pirâmide não sabiam que havia algo embaixo.

Na tumba de seu antecessor Qa´a foi encontrado o nome de Hotepsekhemwy, poderia ter sido ele a terminar a tumba do pai ou do sogro.

cilindro de osso com o serekh de Hotepsekhemwy

Foram encontrados selos de Hotepsekhemwy e de seu successor Raneb, não se sabe se os selos de Raneb foram ali colocados quando do fechamento do túmulo ou se a tumba foi usurpada por Raneb.

A tumba foi medida, depois fechada e assim permanece.

Nomes:

  • Mâneton o chama Boethos, Bochos, Bochus
  • Nome de Hórus – Os dois poderosos estão em paz
  • Nome Nebty – As duas senhoras estão satisfeitas
  • Hórus dourado - desconhecido
  • Nome de trono - Hotepsekhemwy
  • Nome de nascimento - Bedjatau
  • Listas de reis - Bedjataw, Bedjaw, Baw-netjer, Neter-Bau
  • Raneb ou Nebra (o senhor do sol)

Não sabemos se o antecessor era seu pai ou seu irmão, mas parece que Raneb deu um golpe militar e tomou o poder, nesse caso ele poderia ser o irmão de Hotepsekhemwy.

Podemos observar que ele foi um dos primeiros, senão o primeiro, a incorporar o nome do deus sol Ra ou Re em seu nome, tradição que seria seguida pela maioria dos faraós. O nome Nebra ou Raneb significa Ra é meu senhor ou o senhor do sol, em qualquer um dos casos ele começou a cultuar o deus sol Ra ainda que, como conta Mâneton, ele tivesse introduzido o culto ao sagrado bode de Mendes.

Uma estela de granito encontrada em Mit Rahina (perto de Mênfis) faz com que a maioria dos pesquisadores acreditem que seu túmulo está em Saqara. A estela deveria ter ficado do lado de fora de sua tumba, que deveria ficar nas grandes galerias sob o complexo funerário de Djoser. Seu nome

estela de Raneb

apareceu numa tumba muito complexa, que pertence ao faraó anterior e também foi registrado na estatueta do sacerdote comentada anteriormente e até num grafiti próximo a Armant, no deserto, perto de uma rota de comércio que ligava o Nilo ao oásis do oeste.

Nomes:

  • Mâneton o chama Kaiechos, Kaichoos, Choos, Chechous
  • Nome de Hórus - o senhor do sol, Ra é o senhor
  • Nome Nebty - desconhecido
  • Hórus dourado - desconhecido
  • Nome de trono – deve ter sido Raneb, Reneb ou Nebra, Nebre
  • Nome de nascimento - Kakaw, Kakau
  • Listas de reis - Kawkaw, Kaukau
  • Ninetjer (aquele que pertence ao deus)
serekh de Ninetjer

É um faraó bastante conhecido e atestado. Reinou a partir de Mênfis. A maior parte dos registros a seu respeito estão gravados na Pedra de Palermo.

O nome de Ninetjer está escrito sobre os eventos anuais, festivais e cerimônias a que ele compareceu, mas também é encontrado em diversas mastabas de Saqara, que provavelmente pertenceram a seus funcionários.

Três belas tumbas na necrópole da elite, no norte de Saqara, contêm selos de Ninetjer, assim como na necrópole de Heluã (Helwan). Foram encontrados cinco tipos diferentes de tampas de jarras com o símbolo do rei numa grande mastaba perto de Giza.

Em Abidos, foi encontrado o nome de Ninetjer, num fragmento de pedra, na tumba de Peribsen (um rei que veio mais tarde). Também seu serekh está inscrito num vaso de pedra, ao lado de Hotepsekhemwy encontrado na Pirâmide de Degraus.

É possível que um rei de nome Weneg e Ninetjer sejam a mesma pessoa, Weneg não poderia ter reinado antes dele, porque na estátua do sacerdote os nomes dos três faraós são os três primeiros da dinastia.

Sua tumba em Saqqara é pequena e parece que não foi terminada, foi como se o trabalho tivesse parado quando o faraó morreu e então, foi selada. Essa tumba é próxima à de Hotepsekhemwy e continha centenas de múmias que devem ter sido colocadas lá por falta de outro local. Não há certeza de que seja a tumba de Ninetjer.

No final de seu reinado houve problemas sérios, talvez uma guerra civil. A Pedra de Palermo registra o ataque de várias cidades, incluindo uma, cujo nome significa terra do norte ou Casa do Norte (outra cidade era Shem-Re). Alguns interpretam isso como um registro de que Ninetjer tenha debelado uma rebelião no Baixo Egito, no norte.

Infelizmente a Pedra de Palermo termina no 19º ano do seu reinado, mas há evidencias de que ele governou por mais tempo. Na Coleção Georges Michailides há uma estátua de alabastro do faraó Ninetjer que não se sabe a procedência mas é uma bela obra de arte, o primeiro exemplo de estátua com três dimensões, completa.

É possível que o sucessor de Ninetjer não tenha sido diretamente Peribsen, talvez tenha havido alguns outros governantes entre os dois (Weneg, Sened and Nubnefer), que podem ter governado todo o Egito ou dividido o poder.

Nomes:

  • Mâneton o chama Binothris, Tlas, Biophis
  • Nome de Hórus - aquele que pertence ao deus
  • Nome Nebty - Ninetjer Nebti
  • Hórus dourado - Ren Nebu
  • Nome de trono - desconhecido
  • Nome de nascimento - desconhecido
  • Listas de reis - Ba-en-Netjer , Ba-netjeru, Banteru, Netern
  • Peribsen (esperança de todos os corações)
o nome de Per-ib-sn no serekh com o chacal

Como já foi visto, havia uma batalha constante entre os adoradores de Hórus e de Seth, era algo como a batalha entre o Bem e o Mal com a intenção de governar o Egito. Mas Seth não deve ter sido assim tão terrível, é que no curso da história, Hórus venceu e o perdedor é sempre visto de maneira ruim.

Em diversas etapas da História do Egito vamos ver conflitos entre o norte e o sul, representados pelos dois deuses e sempre uma batalha para manter ou tornar o Egito um só país. Isso torna Peribsen notável, porque foi provavelmente, o primeiro faraó a quebrar uma das regras religiosas mais importantes do Egito – ele trocou o nome Hórus por Seth, e talvez tenha sido o primeiro reformador da religião no país.

É possível que ele tenha se tornado rei após uma guerra civil, talvez mesmo contra Sened e seus sucessores (que constam em algumas listas de reis mas não são confiáveis). Assim Peribsen teria unido novamente o país e se tornado o único governante.

estela de Peribsen

Ele subiu ao trono como Sekhemib, que significa poderoso é o seu coração. Depois ele associou seu nome ao deus Seth e se tornou Seth-Peribsen. Há dúvidas se houve uma reforma religiosa, se houve uma guerra interna que os aliados de Seth venceram ou se apenas esse faraó mudou seu nome como jogada política no intuito de assegurar a ordem e a paz no país.

É quase certo que tenha havido conflitos que foram pacificados pelo successor Khasekhemwy, porque este traz em seu serekh ambos os deuses, o chacal de Seth e o falcão de Hórus.

Este faraó não deve ter governado imediatamente após Ninetjer, talvez tenha havido outros reis entre eles. Sabemos que ele governou as terras até Elefantina graças a selos encontrados com seu nome, aparentemente foi erguido um templo dedicado a Seth nessa ilha. A pequena tumba (P) em Abidos atribuída a Peribsen é uma construção quadrada e tradicional, não há sepultamentos em volta, apenas duas estelas com o nome do rei.

Peribsen foi o primeiro rei a inscrever seu nome num cartucho que foi encontrado num selo cilíndrico em Saqara.

Nomes:

  • Mâneton o chama Sethenes, Sened
  • Nome de Hórus - Sekhemib coração poderoso, Hórus Sekhemib, Per-en-maat Hórus, coração poderoso, aquele que vem da ordem cosmológica

Mudou o nome Hórus para Seth Peribsen – esperança de todos os corações

  • Nome Nebty - Nebti Sekhemib Per-en-maat e depois Nebti Peribsen
  • Hórus dourado - desconhecido
  • Nome de trono - desconhecido
  • Nome de nascimento - Sekhemib
  • Listas de reis - Peribsen
Khasekhemwy, serekh com os dois animais
  • Khasekhemwy (os dois poderosos surgiram)

Este faraó é colocado como o sucessor de Peribsen, embora Mâneton registre três reis entre eles, Sendji, Neterka e Neferkara. O fato é que não há nenhuma evidencia que comprove a existência desses reis. Assim também, há quem pense que Khasekhem foi um antecessor de Khasekhemwy.

Na verdade, este é um faraó bastante bem registrado e, na falta de provas a respeito de reis anteriores vamos partir do fato que, Peribsen (seu antecessor) enfrentava revoltas, talvez uma guerra civil. Parece que ele não conseguiu controlar o país por inteiro, porque Khasekhemwy enfrentou e debelou uma grande rebelião. Portanto foi ele quem terminou o trabalho de Peribsen em unir o Egito.

Após reunir o país outra vez, talvez ele tenha mudado o seu nome de Khasekhem para Khasekhemwy que significa os dois poderosos surgiram. Pela primeira e única vez na história do Egito temos um serekh ostentando os dois animais sagrados: o falcão de Hórus e o chacal de Seth.

O faraó deve ter usado os dois deuses como um ato político, um ato de reconciliação e de união do país, ele não escolheu nenhum dos lados escolheu os dois.

É provável que ele tenha casado com uma princesa do norte chamada Nemathap (Nimaatapis) para selar a união do Egito. Esta princesa está registrada em tampas de jarras como, aquela que gesta o rei. É possível que ela tenha sido a mãe dos três primeiros reis da 3ª dinastia, incluindo Djoser.

Foi encontrado um vaso de pedra onde está gravado o ano da luta contra o inimigo, direto da cidade de Nekhet. Parece que houve uma batalha feroz e dramática entre as duas terras (o norte e o sul). Na base de duas estátuas de Khasekhemwy há uma inscrição dizendo que 47 209 pessoas do norte foram mortas, considerando a pequena população do Egito na época, podemos imaginar uma luta terrível.

Depois da unificação o faraó mudou a capital para Nekhen (Hieracômpolis) e esta foi a primeira e única vez em que o Egito foi governado a partir desta cidade.

Khasekhemwy deve ter sido um grande comandante militar porque há registros de campanhas suas até Biblos na Síria, é o primeiro faraó a ter seu nome registrado nesse local.

No Egito ele fez obras que ainda existem, logo após a unificação. Foram muitas construções em pedra em Nekhet, Nekhem e Abidos.

Sua tumba, em Abidos foi a última tumba real construída nessa necrópole (tumba V). Ela é uma mistura entre as mastabas do norte e as construções quadradas do sul, seria uma diplomática mistura de ambas. Sua área é dividida em 58 câmaras e nela foram encontrados alguns objetos esquecidos ou abandonados pelos ladrões de tumbas. O cetro real feito de coralina negra e ouro, belos potinhos com tampa de ouro em formato de folha. Flinders Petrie fez um inventário do número de objetos que foram removidos da tumba durante as escavações de Amelineau (definitivamente a arqueologia na época não era nada séria). Havia ferramentas e vasos de cobre, vasos de pedra e de cerâmica cheios de grãos e frutas, objetos vitrificados, contas de cornalina, trabalhos de cestaria e uma grande quantidade de selos.

Próximo a Nekhen (Hieracômpolis) fica uma imensa construção chamada A Fortaleza que embora destruída hoje em dia, deve ter sido impressionante, não se sabe para que o faraó a construiu. A oeste, em Saqqara há uma área delimitada muito grande e retangular chamada Gisr El-Mudir, que já foi escavada nos anos 90, não há registros de prédios em seu interior e nem se sabe para que foi delimitada.

Finalmente temos Shunet el-Zebib, não muito longe de Abidos, que foi construído sobre uma área delimitada mais antiga. É uma espécie de palácio com um muro duplo de tijolos e parece ter sido o precursor da pirâmide de degraus, porque há no centro uma espécie de elevação. Não se sabe para que foi construído, pode ter sido como túmulo, mas em escavações mais recentes (1991) foram encontrados em volta do muro 14 buracos contendo barcas. Devido ao seu estado muito frágil, por serem de madeira e muito antigas foram novamente cobertas.

As ligações entre Khasekhemwy e Djoser, seu sucessor devem ter sido de pai e filho, uma vez que foram encontrados muitos selos de Djoser no túmulo de Khasekhemwy e foi Djoser o responsável pelos ritos mortuários do faraó.

Nomes:

  • Mâneton não menciona esse rei
  • Nome de Hórus - Khasekhem , Hórus o poderoso surgiu;

*Este é o único rei a possuir um nome Hórus-Seth - Khasekhemwi, Nebwi-hetep-imef Hórus e Seth, os dois poderosos surgiram e os dois senhores estão em paz nele

  • Nome Nebty - Nebti Khasekhemwi, Mebwi-Hetep-Imef, também Nebti Khasekhemwi Nebu-khet-sen, as duas senhoras, os dois poderosos surgiram, seus corpos são de ouro
  • Hórus dourado – desconhecido
  • Nome de trono - desconhecido
  • Nome de nascimento - desconhecido
  • Listas de reis - Djadjay, Bebi, Bebti

Antigo império

falsa porta de Shespy, sexta dinastia
Antigo Império


2650-2150 a.C

Dinastias 3-6[editar | editar código-fonte]

O início do Antigo Império é demarcado pela quarta dinastia. Esta foi uma fase de grande prosperidade para o Egito. Foram por volta de duzentos anos de paz e segurança, pois os faraós dessas dinastias, de modo geral, governaram de maneira firme e o governo se manteve forte pelo menos até a quarta dinastia. Essa foi a fase das pirâmides,onde se incluiu que em todos os campos de conhecimento houve um salto sem igual e que a economia ia mal.

Expansão[editar | editar código-fonte]

O Egito estava dividido em províncias e os faraós colocaram como governadores dessas províncias, seus parentes ou pessoas de máxima confiança. Desse modo garantiam a fidelidade dos súditos, a paz e a união firme do país.

O que ocorre quando tudo caminha bem dentro de um país é o desejo natural de expansão. E foi o que aconteceu com o Egito, os olhos dos faraós se voltaram para outras terras, onde poderia haver riquezas para aumentar seu poder.

Ao norte estava a Núbia (atual Sudão) onde havia minas de ouro e que não resistiu ao assalto egípcio.

O Sinai, que fica ao sul do mar Vermelho, foi outro dos objetivos expansionistas porque lá havia turquesas e pedras preciosas que os egípcios apreciavam, e também o ferro para fazer armas.

Dominando o Sinai, os egípcios criaram portos no Mar Vermelho de onde saíram para outras expedições. Tendo o ferro, puderam fazer armas mais sofisticadas de modo que o poderio do exército aumentou.

Mapa do Antigo Egito

O Egito possuía um exército regular, os homens recebiam treinamento militar e era assim que partiam para as expedições de conquista. Pelo que se sabe da história, os faraós (que eram praticamente deuses) eram os comandantes das tropas, o que inspirava os homens a lutar com mais disposição.

Além da Núbia e do Sinai, a outra região que estava próxima era a Líbia. Essas regiões não possuíam um governo organizado como o egípcio, então se tornavam presas fáceis para um povo tão avançado.

Também era importante aumentar o comércio, criando assentamentos e rotas seguras para as caravanas. O Egito já possuía contatos com a Fenícia porque precisava do cedro, que não possuía e era básico para construir os barcos, além de outras utilidades. Para isso era necessário pacificar os nômades e ocupar os oásis, tornando as estradas seguras e foi isso que foi feito.

Existem relatos de que na sexta dinastia o Egito fazia comércio até com Creta, o que nos faz presumir que a navegação estava bem adiantada.

Pelo que pudemos estudar até aqui, o Egito não anexou territórios formando um grande império. Mas, usou as riquezas conquistadas, fez contato com outros povos cujos homens acabaram se incorporando ao exército egípcio, se dedicou à defesa de seu território, armou seus soldados com artefatos de cobre e inclusive formou um verdadeiro exército.

Religiosidade[editar | editar código-fonte]

Deus-sol, Ra

No inicio do antigo império havia muitos deuses, cada cidade queria fazer valer o seu deus como o mais importante. Os sacerdotes, nessa época começaram a organizar e desenvolver teologias individuais, sendo que cada uma delas colocava seu deus como o criador do universo.

A sociedade estava mudando, aos poucos ficava para trás a vida tribal, a vida de comunidades e o Egito se transformava num país governado por um rei absoluto, um sistema teocrático, onde o deus vivia na pessoa do rei.

Para organizar todos aqueles deuses, de cada cidade, do norte, do sul, os sacerdotes passaram a agrupá-los em Eneadas (grupos de nove) e Ogdoadas (grupos de oito) e os apresentavam como famílias.

Em Iunu (Heliópolis) o deus mais importante era Atum que misturado a Re ou Ra, aparecia como Ra-Atum e Re-Horakhte (homem com cabeça de falcão). Os mitos da criação mais importantes vinham de Iunu, assim como os Textos das Pirâmides.

O mito da criação de Iunu possui nove deuses – a Grande Eneada (Pesdjet): Atum, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Osiris, Isis Neftis e Seth.

O culto a Ra-Atum cresceu a partir da 2ª dinastia e alcançou seu ápice na 5ª dinastia. Foi o período em que o poder dos sacerdotes cresceu enquanto o do rei diminuía, embora o faraó fosse ainda divino e sendo herdeiro dos deuses representasse, na terra, o Ma´at, que seria uma mistura de ética, moral e da lei que deveria se manter equilibrada. Na realidade, parece que o faraó deixou de ser o deus para se tornar o filho do deus.

De acordo com a teologia de Mênfis, Ptah criou o universo usando seu coração e sua língua. Foi dizendo o nome de cada coisa que elas tomaram vida, porque os egípcios acreditavam que a essência de cada ser ou de cada coisa, estava no seu nome. Assim sendo, ele teria criado inclusive os outros deuses de modo que, havia grande rivalidade entre o culto a Ptah e o culto a Ra-Atum.

Pirâmides e Templos[editar | editar código-fonte]

Alguns estudiosos acreditam que as pirâmides, que surgiram logo no início da terceira dinastia, com a chamada Pirâmide de Degraus tenham sido criadas com o simbolismo de uma escada para o céu. Isso está sendo mencionado porque essas construções maravilhosas surgiram dentro de um contexto religioso muito forte.

Na verdade há muitas especulações e com relação às pirâmides vamos nos ater ao que diz a história tradicional.

Na fase das pirâmides, a capital do Egito era Mênfis e seu patrono o deus Ptah, ele era o patrono da realeza. Por volta da quarta dinastia, vamos observar modificações, porque a influência de Heliopolis (lunu ou Annu ou On) se tornou dominante tanto religiosa como politicamente.

Naturalmente essas obras portentosas são decorrência da paz reinante no país, das riquezas trazidas pela sua expansão e sem a menor dúvida, da capacidade de seus arquitetos.

O segundo faraó da terceira dinastia, Djoser (ou Zózer) mandou que seu vizir Imhotep construísse para ele um túmulo que fosse superior àquelas mastabas que já existiam. Conta a lenda que Imhotep era, além de arquiteto, escritor e médico. Sem dúvida ele foi um homem a frente do seu tempo, o que o tornou tão famoso quanto o faraó imortalizado pela sua obra. Nessa fase, os egípcios já estavam construindo em pedra e o que Imhotep fez, foi construir de inicio, uma mastaba superposta a outra de modo que a obra se transformou na Pirâmide de Degraus de Saqqara.

Ela foi construída em Saqqara numa elevação perto de Mênfis e era um monumento gigantesco perto das mastabas já existentes. Além de câmaras subterrâneas, tinha ainda pátios e capelas externos. Toda decorada, das paredes ao teto, foi um monumento marcante.

A Pirâmide de Djoser

Como uma idéia puxa outra, depois que surgiu a primeira pirâmide, vários outros faraós fizeram construir túmulos mais e mais grandiosos, porém nada tão sensacional quanto a pirâmide de Imhotep para Djoser. Temos então diversas construções a guisa de pirâmides, num prenúncio do que viria a acontecer.

Ao lado da construção das pirâmides, temos a Esfinge de Gizé, um monumento tão fabuloso e grandioso, quanto belo. Há muitas controvérsias a respeito de sua data e sua construção, portanto, na versão dos arqueólogos, ela representa o faraó Quefrém.

O primeiro faraó da quarta dinastia, Snefru, foi um dos grandes construtores de pirâmides. Durante seu reinado, mandou erguer duas enormes pirâmides, em Dashur, que chamou de Pirâmide Refulgente do Sul e Pirâmide Refulgente. Elas estão lá até hoje. A primeira delas é conhecida pelo fato de ter ficado torta, de modo que é chamada de pirâmide inclinada ou pirâmide torta e a segunda é conhecida como pirâmide vermelha.

A pirâmide torta de Snefru

Esse faraó foi o responsável pela construção de templos com calçadas e pirâmides menores junto das principais.

A construção de pirâmides atingiu o seu ápice com as três mais famosas, dos três faraós: Keóps (Khufu), Quefrém (Kafre) e Miquerinos (Menkaure). A grandiosidade e a fama dessas pirâmides dispensam mais explicações.

O fato é que essas construções foram o reflexo do poder e da riqueza dos faraós durante a terceira e quarta dinastias.

Depois das três grandes pirâmides, outros faraós ainda ergueram esse tipo de estrutura mas, na quinta dinastia elas foram construídas em menor escala porque começaram as construções de templos dedicados ao deus-sol.

Na verdade esses templos começaram a ser construídos na quarta dinastia com o faraó Djedefre se intitulando Filho de Ra, mas, essa tendência aumentou durante a quinta dinastia quando o culto ao deus-sol ficou mais forte. Userkaf, o primeiro faraó da quinta dinastia, construiu o primeiro templo do sol em Abusir.

Artes[editar | editar código-fonte]

A escultura é rígida, sempre com o modelo de frente. O faraó tem uma postura imponente. Os faraós, nessa fase, vistos como deuses, eram sempre representados fisicamente jovens e musculosos, seus rostos serenos e confiantes.

É do final da sexta dinastia a estátua de metal mais antiga que se conhece no Egito, uma imagem de cobre de Pepi I.

Estátua de cobre de Pepi I

A arte de um modo geral, permanecia voltada para a glorificação do faraó, a vida após a morte e os deuses.

Antes da quarta dinastia, os egípcios combinavam pintura e escultura nas paredes. Pintavam, às vezes, com pressa, sobre reboco, porque era preciso finalizar um túmulo com rapidez, deixando de usar o alto relevo. Usavam as cores com sabedoria, representavam peles com pontilhados, tudo isso usando uma mistura de pigmento e água, com cera ou cola.

Se havia um limite imposto pela tradição para retratar o faraó, sua família e os deuses, isso não existia com relação às figuras comuns. Então, os artistas aproveitavam para pintar em movimento as dançarinas, os pescadores, os músicos. De modo que, deixaram cenas de caçadas, trabalho nos campos, jogos e dança. São trabalhos que permanecem até hoje encantando estudiosos e leigos, com cores ainda vivas e cenas que nos permitem apreciar um pouco da vida no Antigo Egito.

Também há que se mencionar a fabricação de vasos e tigelas de calcário, alabastro, basalto, diorito, obsidiana e quartzo. Algumas dessas pedras são incrivelmente duras e é curioso imaginar como eles as trabalhavam.

Na literatura temos a figura do escriba. De suma importância, muito admirado e respeitado, era indispensável para anotar os impostos, os tesouros, as mensagens, as orações dos templos. A literatura dessa época mostra comentários mundanos, além de conselhos. A obra A Instrução do Vizir Ptahhotep é um exemplo.

Escriba sentado, quinta dinastia, Saqara

Mais importante é o conjunto de Textos das Pirâmides, datado do final da quinta dinastia. Eles foram escritos para assegurar ao faraó ou à rainha, uma vida feliz depois da morte. São constituídos por 759 fórmulas mágicas, hinos, rituais e listas de oferendas mescladas com histórias mitológicas.

Nenhuma pirâmide contém o conjunto completo dos 2291 parágrafos que formam os Textos das Pirâmides.

Na cerâmica, as peças possuem a superfície lisa, várias formas ou modelos, e são feitas para servirem no dia a dia.

As jóias, de ouro e pedras preciosas, imitavam o desenho de animais e vegetais.

Conhecimento[editar | editar código-fonte]

Os egípcios eram um povo mais prático do que científico, portanto desenvolveram as ciências de acordo com sua necessidade.

Já vimos que, na arquitetura fizeram obras que, além de absolutamente inovadoras se tornaram eternas.

Na astronomia, fizeram um mapa do céu, com estrelas fixas e sabiam calcular o movimento das outras. Determinavam a localização dos templos e mesmo das pirâmides pelas estrelas. Usavam a observação das estrelas também para a navegação.

Médico egípcio

Criaram o calendário solar com 365 dias.

Sabiam misturar pigmentos para pintura, assim como fazer poções variadas que serviam como remédios, isso é química.

Na medicina não havia povo tão avançado. O estudo do corpo humano avançou de maneira espetacular até pelo uso da mumificação.

Através de estudos já se sabe que antes dos primeiros médicos gregos, havia uma medicina avançada no Egito, desligada das crenças religiosas. Duas das receitas incluídas no,papiro de Georg Ebers remontam à sexta dinastia.

Na época do Antigo Império, o faraó já tinha em seu palácio, um corpo de médicos até mesmo especialistas em determinadas doenças. Também usavam plantas medicinais e sabiam dosá-las.

Final do Antigo Império[editar | editar código-fonte]

Depois da quarta dinastia, os faraós já não controlavam como antes os governadores das províncias, que se tornavam cada vez mais poderosos. A economia passava por uma recessão por causa dos gastos absurdos para se construir e manter as pirâmides e os templos. Os sacerdotes também, se libertaram do pagamento de impostos e já não obedeciam ao faraó como antes.

No início da quinta dinastia começou uma inquietação generalizada.

No reinado de Pepi II, o último faraó da sexta dinastia, a tensão estava no auge e, com a morte deste faraó, o governo centralizado se dissolveu, levando junto a paz e a prosperidade.

E assim termina a fase das pirâmides, chamada de Antigo Império.

Antigo império/Dinastias do Antigo Império 3 e 4

Dinastias 3 e 4

Faraós da Terceira Dinastia[editar | editar código-fonte]

faraó Nebka, fragmento originario de Serabit, Sinai
  • Nebka (Sanakhte)
  • Netjerykhet (Djoser)
  • Sekhemkhet (Djoser Teti)
  • Khaba
  • Huni
  • Nebkha (Hórus o vitorioso protetor)
  • Mâneton o chama Necherophes, Necherochis, Mesochris
  • Lista de reis – Nebka O senhor do Ka.

Algumas listas se referem a ele como Nebka, outras como Sanakhte então é possível que os dois nomes sejam da mesma pessoa ou pode ser que Sanakhte tenha sido outro governante. Sua posição entre os governantes é complicada porque o nome Sanakhte não pertence a nenhum dos reis das listas.

De acordo com a tradição, ele é considerado o fundador da 3ª dinastia e irmão mais velho de Djoser, mas, isso não é afirmado pois não há comprovação, afinal não se sabe quase nada do período de seu reinado. Sua tumba não foi identificada, os restos mortais encontrados numa mastaba em Beit Kallahf, perto de Abidos, conferem com a descrição de Mâneton de um homem alto e forte, portanto há possibilidades de que ali tenha sido o local de sepultamento deste faraó. Não foi encontrado nenhum monumento funerário, pirâmide ou templo com seu nome.

Já o nome de Sanakhte foi encontrado nos restos de uma pequena pirâmide em Elefantina. Ele também é representado golpeando um inimigo, na pose tradicional dos faraós, num fragmento de relevo encontrado no Sinai.

  • Netjerikhet Djoser (Hórus,divino corpo)
estátua de Djoser em Saqqara
  • Mâneton o chama Tosorthros, Sesorthos, Sosorthus. Soyphus
  • Lista de reis - Djoser Sa, Djoser, Djoser-it, Djeser Nebu, Netjerikhet Djoser

Na Lista de Reis de Turim o nome de Djoser está inscrito em vermelho.

Ele é mais conhecido por sua Pirâmide de Degraus em Saqqara. O complexo mortuário (pirâmide, templos, câmaras de sepultamento e as tumbas) é um dos grandes passos para a evolução da pirâmide verdadeira que vai surgir logo depois.

Esse faraó foi conhecido pelo nome Netjerikhet e somente no Novo Império ele é mencionado como Djoser. As referências à Pirâmide de Degraus é que confirmam que Netjerikhet e Djoser são a mesma pessoa.

É possível que ele tenha sido filho de Nimataap e Khasekhemwy.

Durante o seu reinado enfrentou sete anos de fome que maltratou o povo do Egito. O sacerdote Imhotep o aconselhou a ir até Elefantina e lá erigir um templo para Khnum, o deus que controlava o Nilo. Assim o faraó fez e logo em seguida voltaram as cheias e a fome acabou. As inscrições que contam essa história são da dinastia dos Ptolomeus, o que prova que Djoser era lembrado e venerado mais de dois mil anos depois de sua morte.

No reinado de Djoser a capital passou a ser Mênfis e a necrópole passou para Saqqara.

Foi um tempo de grande progresso, nas artes, literatura, organização do governo, na religião e principalmente tempo de grandes obras.

Imhotep, que era o vizir, sacerdote, arquiteto, poeta, médico e cuja origem não se conhece, muitos argumentam que ele seria filho do faraó, foi o responsável pelo legado de Djoser. Ele foi venerado como um deus e até 2500 anos após sua morte, na fase romana ainda era visto dessa forma, coisa inédita no antigo Egito.

A Pirâmide de Degraus e o complexo de Saqqara, foram construções erigidas numa escala nunca vista antes, de onde se deduz que o governo era firme e próspero. Foi a engenhosidade de Imhotep que abriu caminho para as obras magníficas que veremos posteriormente.


  • Sekhemkhet, (Hórus, poderoso corpo)
  • Mâneton o chama Tyreis, Tyris, Tosortasis
  • Lista de reis - Teti, Djoser-Teti, Djoser-ti, Djeser-Teti, Iteti

Sekhemkhet era um faraó totalmente desconhecido até que, em 1951 foi descoberta em Saqqara uma pirâmide interminada e enterrada. Fotografias aéreas da área próxima da Pirâmide de Degraus de Djoser, mostravam que havia um muro sob a areia, e de fato, os restos de uma pirâmide inacabada que seria maior do que a de Djoser lá estavam.Talvez ela fosse duas vezes mais alta antes que abandonassem o trabalho e esse local fosse usado como canteiro de obras para outras construções.

É possível que esse faraó tenha reinado durante pouco tempo e quando morreu, o trabalho em seu túmulo tenha parado. Dentro de uma câmara na pirâmide, foi encontrado um sarcófago de alabastro selado, mas, para tristeza dos arqueólogos, estava vazio, não havia múmia. O misterioso Sekhemkhet não foi encontrado.

Houve um meticuloso planejamento para a construção dessa pirâmide, havia 132 depósitos conectados entre si e local do sepultamento estava colocado exatamente sob o centro da pirâmide. Lá dentro foram encontradas centenas de potes quebrados, trabalhos em ouro e joalheria. Nos potes havia a inscrição com o nome de Sekhemkhet e outras inscrições de Djoser-ti.

O sarcófago de alabastro não possuía tampa, era fechado por uma cobertura que corria a partir dos pés e que estava fechada e completamente selada. Muitos acharam que era uma tumba inviolada mas ao ser aberto, o sarcófago estava vazio.

Acredita-se que, na antiguidade a sepultura foi violada e bem mais tarde tanto o caixão quanto a tumba foram consertados.

Ao sul da pirâmide inacabada, foi encontrada uma pequena mastaba que continha um caixão de madeira com o corpo de uma criança de 2 ou 3 anos, não se sabe se seria filho do faraó.

Como registro deste rei há um relevo em Wadi Maghara que mostra a tradicional figura do faraó golpeando seu inimigo com a maça.

  • Khaba (Hórus, surge o Ba)
vasilha com serekh de Khaba
  • Mâneton o chama Mesochris
  • Lista de reis - Hudjefa, Neferkare Bela é a alma de Ra, Nebkare Senhor das Almas, Ra

É possível que Khaba e Nebka (o primeiro da dinastia) sejam a mesma pessoa, porque praticamente nada se sabe sobre esse rei.

Seu nome está apagado na Lista de Turim, talvez por problemas dinásticos ou porque o escriba não conseguiu ler o nome em escritos antigos.

Ele está registrado na tumba de Sahure com uma inscrição e poucos vasos de pedra, a sua própria tumba não foi encontrada. Acredita-se que o monumento funerário, uma pirâmide de degraus inacabada em Zawyet el-Aryan, próximo a Saqqara seja de Khaba.

  • Huni (?)
  • Mâneton o chama Kerpheris, Aches
  • Lista de reis – Huni

Não se conhece seu nome de Hórus ou outros, mas ele está registrado na lista de reis de Saqqara e de Turim, mas não na de Abidos.

Foi encontrada uma inscrição com seu nome em Assuã e na Pedra de Palermo há uma outra forma de seu nome. Além disso nada foi encontrado, nem uma estátua, um relevo, inscrição ou algum desenho que seja comprovadamente deste rei.

Acredita-se que ele seja o responsável por várias pequenas pirâmides espalhadas através do Egito, em áreas remotas. Nem sequer se sabe para que foram construídas, se como marcos de fronteira, de estados ou qualquer outra coisa, elas são pequenas e não contêm câmaras internas, não são tumbas.

É possível que a pirâmide de Abu Rawash, ao norte de Gizé seja deste faraó porque os tijolos usados para sua construção são típicos da 3ª dinastia.

Faraós da Quarta Dinastia[editar | editar código-fonte]

pirâmides de Gizé
  • Sneferu
  • Khufu (Queóps)
  • Djedefre
  • Khafre (Quefren)
  • Menkaure (Miquerinos)
  • Shepseskaf


  • Sneferu (Hórus, Senhor da ordem cosmológica)
  • Mâneton o chama Soris
  • Lista de reis - Snofru

Ele foi o primeiro rei a ter seu nome de nascimento, Sneferu, colocado dentro de um cartucho, num oval no alto a esquerda. Depois dele, foi sempre pelo nome de cartucho que os faraós ficaram conhecidos.

Sneferu deve ter sido filho de Huni, seu antecessor embora haja controvérsias, sua mãe deve ter sido Meresankh I, uma esposa menor ou concubina.

pirâmide de Meidum

Ele quase certamente casou-se com Hetepheres I para legitimar o poder, já que sua mãe não era de sangue real, e Hetepheres I foi a mãe de seu filho e sucessor Khufu (Queóps).

Sneferu foi um dos mais renomados construtores de pirâmides não só pela quantidade de obras, mas pela escala de construções e as formas revolucionárias. Ele foi o primeiro a construir uma pirâmide verdadeira, a evolução é a seguinte: a pirâmide de Maidum é uma pirâmide de degraus modificada, a pirâmide torta é a primeira tentativa e a pirâmide vermelha é a versão final.

Sneferu fez um governo forte e todo poder estava centralizado em suas mãos. Suas campanhas militares contra os núbios e os líbios estão registradas na Pedra de Palermo.

Aparentemente alguns de seus filhos se tornaram vizires e Sneferu dividiu as terras entre os nobres, de modo a impedir que se tornassem muito poderosos. Em seu governo houve comércio com os países do Mediterrâneo e também com o Líbano.

Não há certeza de onde ele foi enterrado, alguns acreditam que foi na Pirâmide Vermelha em Dashur, porque lá foi encontrada uma múmia de um homem de meia idade que poderia ser o faraó.

  • Khufu (Hórus que fere)
  • Mâneton o chama Suphis II
  • Lista de reis - Khufu, Khufuf
  • Ele se tornou conhecido entre nós como Queóps seu nome grego

Embora seu avô Djoser Netjeriket e seu pai Sneferu, sejam lembrados como governantes benevolentes e misericordiosos, Heródoto registra Queóps como um governante cruel e tirânico.

Heródoto, que escreveu histórias e comentários sobre o Egito, por volta de 450 a.C. séculos após o reinado de Queóps, diz que o faraó, arrastou o país a todo tipo de sofrimento, fechou os templos, obrigou a todos a trabalharem para si. Diz que os egípcios nem gostavam de mencionar o nome do faraó, tão grande era seu ódio por ele. No papiro Westcar ele também é mencionado como cruel. .

Queóps

Escritos contemporãneos rotulam Queóps como um rei mau. Escritos mais tardios citam-no como alguém que ignorava os deuses, o que é uma acusação muito séria de acordo com os padrões egípcios, afinal o faraó era a divina presença do deus na terra. .

Pode ter sido por isso que todas as representações do rei foram destruídas, ele foi deliberadamente apagado para a posteridade após a sua morte.

É curioso observar, que apesar da magnífica pirâmide que construiu e das maravilhosas mobílias fúnebres descobertas, pertencentes à mãe do faraó, rainha Hetepheres, a única figura que temos de Queóps é uma pequenina estatueta esculpida em marfim. .

Essa pequena estátua foi encontrada por Flinders Petrie em 1903 em Abidos e pertenceu a Queóps porque possui o nome Hórus do faraó inscrito ao lado de sua mão direita. Apesar de seu tamanho, os detalhes tão nítidos tornam fácil reconhecer a expressão do rei. Ele usa a Coroa Vermelha (do baixo Egito) e segura o mangual na sua mão direita. .

Também foi encontrada uma grande cabeça de granito que alguns acham pode ter pertencido a uma estátua de Queóps. As datas conferem (final da 3ª dinastia e inicio da dinastia 4), os olhos apertados, o nariz protuberante e a boca realmente se parecem com os da pequena estátua de marfim. Porém não há nada que a identifique com segurança, ela pode ter pertencido a Huni, o último rei da 3ª dinastia. .

O vizir de Queóps Hemiunu foi o arquiteto da grande pirâmide. A esposa principal de Queóps foi Merityotes. Ela e duas outras esposas foram sepultadas em uma das três pirâmides subsidiárias, que ficam ao sul do templo mortuário da grande pirâmide. Queóps teve muitos filhos, de acordo com o papiro Westcar, e embora, como se acredita que ele tenha construído o maior e mais duradouro dos monumentos, não temos quase nada sobre o seu reinado. .

Parece que houve poucas ameaças durante na fase em que reinou, embora a presença egípcia no Sinai e na Núbia fosse mantida. Queóps prosseguiu com a política expansionista iniciada por seu pai e estendeu as fronteiras do Egito de modo a incluir o Sinai e o alto Egito, além de manter o comércio com a Síria ao norte e a Núbia ao sul. .

Sua múmia nunca foi encontrada e não se sabe se algum dia o sarcófago localizado na câmara do rei da grande pirâmide foi usado. .

  • Djedefre (Hórus se transformou)
  • Mâneton o chama Ratoises
  • Lista de reis – Djedefre
cabeça de Djedefre, Abu Rawash

Ele foi o terceiro faraó da quarta dinastia e é considerado filho de Queóps com uma esposa menor, vinda da Líbia.

Quem o sucedeu foi seu meio-irmão mais novo Khafre (Quefrén) e ninguém sabe porque não foi um de seus próprios filhos (temos a indicação de Setka). É possível que nenhum deles estivesse vivo quando o faraó morreu.

Sabe-se que ele foi o primeiro rei a adotar junto ao seu nome o complemento, Filho de Ra, o que talvez seja indicação de que o culto ao deus solar Ra estava crescendo. Antes dele, o único faraó que fez referência a Ra foi Raneb (Nebra) da 2ª dinastia.

Os fatos sobre Djedefre ainda estão sendo avaliados, não se discute que ele era filho de Queóps mas sua mãe ainda é tema de discussão para alguns estudiosos.

Sabemos os nomes de duas das esposas de Djedefre; Hetepheres II e a irmã do rei, Khentetenka.

Permanece um mistério, o fato do faraó ter escolhido Abu Rawash para construir sua pirâmide. Existem evidências de que Djedefre não seguia a religião de acordo com sua família. Sua pirâmide possui muitos elementos que remetem aos tempos antigos e sua adoção do nome Filho de Ra, pode sugerir que novidades religiosas estavam por vir.

Muitas estátuas do faraó foram descobertas e recuperadas de sua pirâmide, inclusive cabeças, sendo que uma delas possivelmente pertenceria à primeira criação de uma esfinge. Se essas estátuas seguem o modelo, Djedefre se parecia bastante com seu meio-irmão mais novo, Khafre (Quefrén).

  • Khafre (Hórus cujo coração é forte)
  • Mâneton o chama Suphis II , Sophis II
  • Lista de reis - khafre
  • Ele se tornou conhecido entre nós como Quefrén, seu nome grego
estátua de alabastro de Quefrén

Não se sabe por que Quefrén subiu ao trono em lugar de algum dos filhos do faraó anterior, Djedefre. Talvez eles não tivessem sobrevivido ao pai, que também reinou por pouco tempo e era meio irmão de Quefrén. Há suspeitas de assassinatos e tomada de poder mas, isso tudo não passa de especulação, não há provas.

Este faraó é mais conhecido como o construtor da segunda maior pirâmide em Gizé e da grande esfinge. Na verdade, sua pirâmide parece maior do que a de Queóps mas é apenas porque ela foi construída no terreno mais alto. Todo o complexo mortuário está relativamente bem preservado dando uma boa idéia de como era belo e majestoso.

A esfinge é uma história diferente, porque há diversas teses a respeito e nenhuma confirmação. Alguns dizem que a cabeça é a cópia da cabeça do faraó Quefrén, mas acham que pode ter sido esculpida mais tarde pois é menor do que o corpo. Outros acreditam que a esfinge já estava naquele local há muitos milênios, mesmo antes da civilização egípcia surgir. Tudo isso é mera especulação porque nada se pode provar.

O faraó Quefrén provavelmente era o filho mais novo de Queóps (Khufu) com sua esposa Henutsen, Quefrén casou com Hetepheres III, neta de Queóps, certamente para confirmar sua subida ao trono. Foi uma fase próspera para o Egito, poucas campanhas militares, a arte e a cultura florescendo, belos exemplos de arquitetura nas tumbas. Foram encontrados objetos do reinado de Quefrén em Biblos, ao norte de Beirute, como também em Tell Mardikh na Síria, portanto se presume movimentos de comércio ou diplomáticos.

O culto a Ra se tornou cada vez mais forte, Quefrén manteve o nome Filho de Ra, que começou com seu pai e irá prosseguir por outro milênio.

Ao contrário de Queóps, existem inúmeras estátuas de Quefrén sendo que uma das mais famosas e das mais belas estátuas já encontradas no Egito, é aquela que mostra Quefrén sentado, com o falcão Hórus abraçando a cabeça do faraó com as asas abertas e está no Museu do Cairo.

  • Menkaure (Hórus cujo corpo é o de um touro)
  • Mâneton o chama Mencheris, Mykerinos
  • Lista de reis - Mankaure
  • Ele se tornou conhecido entre nós como Miquerinos
tríade com Miquerinos

Miquerinos era filho de Quefrén com sua rainha Khamernebi I e casou-se com Khamernebi II, sua irmã para confirmar sua ascensão ao trono, com ela teve o filho Khunre, que morreu ainda jovem e foi sepultado numa tumba de pedras ao sul da pirâmide do pai.

Miquerinos teve outras esposas, uma delas foi a mãe de seu sucessor Shepseskaf e outra lhe deu uma filha de nome Khentkawes, que casou-se com Userkaf, o primeiro rei da 5ª dinastia.

A pirâmide de Miquerinos, embora seja a menor das três, é a mais sofisticada e era coberta com granito de Assuã. O interior e a câmara funerária foram mais elaborados e ainda existem partes do granito externo, de modo que se pode ter idéia de como foi colocado.

Em 1910, o arqueólogo americano Reisner encontrou seis estátuas de Miquerinos, elas representam uma tríade cada. O faraó é acompanhado de deusas e de sua esposa, embora se acredite que ele era um homem de meia idade a essa altura, nas estátuas podemos ver um homem jovem e atlético.

Outros objetos foram encontrados em Biblos ao norte de Beirute com data do reinado de Miquerinos, o que indica atividades diplomáticas ou comerciais.

Heródoto confirma a lenda que diz que o reinado de Miquerinos foi benevolente e próspero. Ele diz que, de todos os reis do Egito foi Miquerinos quem teve a reputação de ser mais justo, e que os egípcios erguiam mais preces a ele do que a qualquer outro rei.

  • Shepseskaf (Hórus cujo corpo é nobre)
  • Mâneton o chama Sebercheres , Severkeris
  • Lista de reis – Shepseskaf

Conta a história que ele era o filho mais velho de Miquerinos (Menkaure) que sobreviveu. Sua esposa Bunefer foi a mãe de sua filha Khamaat que casou-se com o alto sacerdote menfita Ptah-shepses.

De acordo com a Lista de reis de Turim, após o reinado de Shepseskaf houve outro governante durante dois anos, no Egito. Mâneton o registra como Thamphthis mas nada foi encontrado para dar crédito a esse possível governante.

O faraó Shepseskaf teve muitos problemas durante seu reinado. Províncias declarando independência, sacerdotes e nobres em conflito. Embora não chegasse a enfrentar uma rebelião, o rei teve trabalho para restaurar a ordem. Isso demonstra que o tempo do poder centralizado que marcou os faraós anteriores havia terminado.

Mastaba Faraoun, Gizé

Shepseskaf não construiu uma pirâmide, e sim um enorme sarcófago em formato de mastaba, em Saqqara. É uma mastaba totalmente diferente de qualquer outra no Egito – é conhecida como Mastaba el-Faroun. Alguns dos blocos de pedra usados para construí-la são até maiores do que os usados nas pirâmides, o primeiro piso (ou degrau) é de granito vermelho e o resto feito em pedra calcária branca. A mastaba foi restaurada na 20ª dinastia pelo príncipe Khamewere.

É provável que ele não tenha construído uma pirâmide porque seus antepassados já haviam exaurido o tesouro com suas obras monumentais, também pode ser que a situação política do país não o permitisse.

Assim, termina a 4ª dinastia, a fase mais famosa do Egito por causa de suas pirâmides que se tornaram o símbolo de uma civilização.

Antigo império/Dinastias do Antigo Império 5 e 6

Dinastias 5 e 6

Faraós da Quinta Dinastia[editar | editar código-fonte]

estátuas de dignitários, 5ª dinastia
  • Userkaf
  • Sahure
  • Neferirkare Kakai
  • Shepseskare Ini
  • Neferefre
  • Niuserre Izi
  • Menkauhor
  • Djedkare Izezi
  • Unas

*Userkaf (Hórus, aquele que põe em prática o Maat)

  • Mâneton o chama Usercheres , Ogserkeris
  • Lista de reis – Userkaf , Weserkef
Userkaf

Os pais de Userkaf provavelmente foram, o filho do alto sacerdote de Mênfis e Neferhetepes (que era filha de Djedefre). Para assumir o trono ele casou-se com Khentkawes I, que foi sepultada em Gizé e que era filha do faraó Shepseskaf, assim assegurando a linhagem real.

Estranhamente, na tumba de Khentkawes I não há menção a Userkaf.

Alguns crêem que Neferhetepes fosse sua esposa ao invés de sua mãe, enquanto outros dizem que Khentkawes I era a mãe do faraó.

É possível que este faraó seja o irmão de seus dois sucessores, Sahure e Neferirkare.

Userkaf construiu uma bela pirâmide em Saqqara, pequena e simples mas com uma capela e o templo mortuário. Ele também ficou conhecido pelo novo estilo de monumento funerário – o Templo do Sol, que construiu em Abusir.

Seu governo foi tranqüilo, e não houve grandes mudanças. O culto solar estava se tornando cada vez mais importante, e as artes, especialmente os entalhes e esculturas, atingiram uma qualidade excepcional.

Ele tem o crédito de estabelecer o primeiro contato do povo egípcio com as populações do mar Egeu. Um vaso de pedra de seu templo mortuário foi encontrado em Kithera (Grécia).

Userkaf é mencionado nas tumbas de Sekhemkare e Nisutpunetjer, ambas em Gizé.

Sahure e uma deusa provincial

*Sahure (Hórus, o senhor das aparições)

  • Mâneton o chama Sephris
  • Lista de reis – Sahure

Seu complexo de pirâmides foi o primeiro a ser construído em Abusir. Esse complexo foi escavado no inicio de 1900 e a qualidade dos relevos impressionou a todos. Algumas das peças em granito vermelho ainda estão no local e são consideradas obras primas da arte egípcia.

É a partir de Sahure que começa o declínio na construção de pirâmides.

O que se sabe sobre esse faraó é o que ele deixou inscrito em sua pirâmide. Sua mãe deveria ser Khentkawes I e seu pai Userkaf.

De acordo com o papiro Westcar, Khentkawes I era Redjedet, que, como conta o mago Djedi, estava destinada a dar à luz aos filhos de Ra e primeiros reis da quinta dinastia. Se Khentkawes I era a mãe do faraó, então ela deve ter sido regente, pois na tumba onde foi sepultada, em Gizé, ela aparece usando o Uraeus Real e a barba cerimonial.

Não há esposa ou filhos registrados para Sahure, de modo que Neferirkare, seu irmão o sucedeu.

A marinha egípcia parece ter sido criada por Sahure. Numa cena, em sua pirâmide, temos grandes navios com egípcios e asiáticos a bordo. Acredita-se que estão retornando do porto de Biblos no Líbano trazendo toras de cedro. Outras inscrições dizem que Sahure fez expedições a Punt e a Núbia.

Menções a este faraó estão na estátua da foto ao lado, numa biografia encontrada nas tumbas de Peribsen em Saqqara e na porta falsa de Niankhsakhment em Saqqara. Ele também é mencionado nas tumbas de Sekhemkare e Nisutpunetjer em Gizé.

Neferirkara
Kakai

*Neferirkare (Hórus, poderoso das aparições)

  • Mâneton o chama Nephercheres, Neferkeris
  • Lista de reis – Kaikai

Foi o primeiro faraó a usar nome e prenome separados (ele possuía dois nomes e dois cartuchos) um hábito que outros faraós seguiriam. Seu cartucho era inscrito Neferirkare Kakai.

Seu nome de trono era Nefer-ir-ka-re que significa Bela é a alma de Ra, enquanto que seu nome de nascimento era Kakai.

Provavelmente era filho de Userkaf, e da rainha Khentkawes I cuja pirâmide fica próxima à de Neferirkare em Abusir, e irmão de Sahure.

Como na pirâmide de Queóps, foram encontradas barcas de madeira enterradas na entrada da pirâmide de Neferirkare. Dentro, foram encontrados papiros escritos com tinta e são os documentos mais antigos conhecidos, escritos em escrita hierática, uma forma cursiva dos hieróglifos. Os papiros foram descobertos em 1893 e consistem de trezentos fragmentos. São a maior contribuição para o estudo da egiptologia porque são arquivos bastante completos e detalhados de tudo o que diz respeito à administração. Além disso, mencionam o templo mortuário de um faraó pouco conhecido, Raneferef, cuja tumba ainda não foi encontrada. Quem melhor soube aproveitar estes arquivos foi uma missão Tcheca, que explorou esse sítio arqueológico em 1976.

*Shepseskare (Hórus o poder surgiu)

  • Mâneton o chama Sisires
  • Lista de reis – Shepseskare

Do reinado deste faraó sabemos muito pouco, apenas que ele governou entre Neferirkare e Neferefre.

De acordo com o Cânone de Turim e Mâneton ele reinou por sete anos. Seu nome também consta da lista de Saqqara. Foram encontrados apenas, selos com seu nome em Abusir e são os únicos registros de seu reinado.

Não sabemos se ele construiu uma pirâmide ou templo solar, alguns creditam a Shephseskare uma pirâmide inacabada, localizada entre a pirâmide de Sahure e o templo solar de Userkaf. A referência ao seu nome foi encontrada no templo mortuário de seu sucessor Neferefre.

Essa pirâmide inacabada fica ao norte do complexo de Sahure e foi descoberta nos anos 1980.

Neferefre

* Neferefre (Hórus belo das aparições)

  • Mâneton o chama Cheres, Chaires
  • Lista de reis – Neferkhare

O reinado deste faraó gera controvérsias. Alguns o colocam após Neferirkare, outros colocam o pouco conhecido Shepseskare entre eles. .

Um bloco encontrado próximo de Abusir mostra Neferirkare, sua esposa Khentkawes II e um filho pequeno que pode ser Neferefre. Mas de acordo com a maioria dos historiadores, que o colocam após Shepseskare, talvez este fosse um irmão mais velho (embora isso não explique a presença de uma só criança no bloco de Abusir). .

Sabemos que Neferefre significa Ra é sua beleza. Sua esposa era provavelmente, Izi ou Isi.

Não foram encontrados documentos, nada que pudesse esclarecer mais sobre seu reinado, a lista de Turim está muito despedaçada. .

Apenas nos anos 1980, foi encontrada em Abusir, uma pirâmide inacabada reconhecida como pertencente a Neferefre. O complexo contém um templo mortuário feito de tijolos mas bem elaborado. .

Dentro da pirâmide havia papiros, vasos de pedra e selos que indicavam pertencer a Neferefre. Também foram encontradas estátuas que mostram um homem muito jovem, por volta de seus vinte anos. A câmara mortuária foi saqueada em tempos antigos, mas foram encontrados fragmentos de um sarcófago de granito vermelho e pedaços de tecido da mumificação, assim como ossos. Foram achados também os vasos canopos (para os órgãos internos) de modo que se pode crer que o faraó foi sepultado nesse local. .

Sem dúvida era a múmia de um jovem, e isso confere com o que se sabe, mas é impossível identificar os fragmentos que sobraram. Há indícios de que ele construiu também um templo solar Hetep-Re, que ainda não foi descoberto.

* Niuserre (Hórus, o favorito das duas terras)

Provável estátua de Niuserre
  • Mâneton o chama Rathures, Rathoris
  • Lista de reis – Ini

Niuserree era provavelmente o segundo filho de Neferirkare e Khentkawes II. Casou-se com Reput-nebu (uma estátua de sua esposa foi encontrada em sua pirâmide) nada se sabe sobre filhos.

Há inúmeras controvérsias sobre seu tempo de reinado, até porque o Cânone de Turim está danificado no local onde está seu registro.

Este faraó construiu não só um complexo mortuário, mas também um Templo Solar em Abu Ghurab, próximo de Abusir, que é um dos maiores e mais completos do Egito, bem como o único totalmente construído em pedra. Através das inscrições ali encontradas se deduz que o culto ao deus sol Ra estava no auge no reinado de Niuserre.

Na câmara mortuária de sua pirâmide se pode observar as campanhas militares do faraó no Sinai e na Líbia.

Foram encontrados objetos de seu reinado em Biblos e fragmentos de uma estela da quinta dinastia, ao norte de Abu Simbel, trazendo seu nome e cartucho.

Menkauhor

*Menkaukor (Hórus, eterno nas aparições)

  • Mâneton o chama Mencheres, Menkeris
  • Lista de reis – Menkahor

Não se sabe quais as ligações entre este faraó e os anteriores ou os seguintes. Provavelmente ele era irmão ou filho de Niuserre. No caso de ser filho de Niuserre, deveria ser com a esposa principal, a rainha Neput-Nebu. É possível que fosse o pai de Djedkare, que governou em seguida.

Consta do Cânone de Turim e seu templo solar bem como sua pirâmide são mencionados em textos em alguns túmulos embora não tenham sido identificados com certeza.

Alguns estudiosos acreditam que sua pirâmide seja a Pirâmide sem cabeça (sem o topo), localizada no norte de Saqqara, a leste do complexo de Teti. Essa pirâmide foi chamada de, divinos são os locais de Menkauhor, em alguns textos.

Infelizmente não temos quase nada para servir de estudo sobre esse faraó. Há uma pequena estátua de Menkauhor, feita de alabastro no Museu Egípcio do Cairo e um relevo de Tjutju adorando o faraó (detalhe da estela do médico Tjutju) e outras divindades. Também existem alguns selos com seu nome encontrado em Abusir e uma inscrição no Sinai, para onde ele enviou tropas em busca de materia prima para sua tumba.

*Djedkare (Hórus constante nas aparições)

  • Mâneton o chama Tancheres , Tankeris
  • Lista de reis – Maatkare, Isesi
nomes e títulos de Djedkare

Era provavelmente filho de Menkauhor. Sua esposa principal seria Meresankh IV, mas a tumba dela está localizada na necrópole principal de Saqqara.

Em seu reinado o culto solar começou a entrar em declínio, provavelmente isso espelhava o declínio do poder centralizado no Egito. Nas províncias os administradores ficavam mais poderosos.

De acordo com o papiro de Abusir, Djedkare deveria viver ao sul de Saqqara perto de onde está sua pirâmide, chamada Pirâmide sentinela. A múmia que foi encontrada nesta pirâmide, e que se acredita ser do faraó pertenceu a um homem de mais ou menos cinqüenta anos. A pirâmide está bastante danificada e as escavações realizadas nos anos 1980 tiveram dificuldades para entrar nela. É possível que sua esposa fosse Meresankh V cuja pirâmide está completamente integrada ao complexo de Djedkare.

A pirâmide foi originalmente investigada por Perring e Lepsius, e Maspero (Gaston Maspero 1846–1916, egiptólogo francês) entrou nela em 1880 para procurar os Textos das Pirâmides. Não tendo encontrado abandonou a pirâmide que ficou esquecida até o século 20.

O nome de Djedkare foi encontrado no Sinai, em Assuã, em Abidos e na Núbia. Ele também é mencionado em várias cartas, incluindo uma de Pepi II, ainda encontramos seu nome numa inscrição para Niuserre encontrada em Abusir. Há inscrições também em Wadi Maghara e Wadi Halfa que atestam seu reinado.

É dito que Djedkare foi um rei muito enérgico e esperto. Manteve relações diplomáticas com a Síria, e fez expedições ao Sinai e a Punt.

*Unas (Hórus, aquele que floresce nas duas terras)

  • Mâneton o chama Onnus, Jaumos, Onos
  • Lista de reis – Jaumos

Provavelmente Unas teve duas esposas chamadas, Khenut e Nebet. Elas foram sepultadas em mastabas próximas ao complexo da pirâmide de Unas. O estranho é que, em geral, as rainhas são sepultadas em pirâmides subsidiárias dentro do próprio complexo e não se sabe o motivo desse fato tão diferente.

A mastaba de Nebet é pequena e contém relevos dela no harém do palácio. A mastaba de Iput, que fica próxima, e foi provavelmente sua filha e mais tarde esposa de Teti é maior (10 câmaras) e bem decorada com cenas interessantes de plantações, sua múmia foi encontrada ali.

Unas nos deixou cenas variadas em seus templos, mercadores asiáticos chegando ao Egito de barco, cenas em mercados, caçadas no deserto. Parece que o faraó tinha uma política com contatos diplomáticos em Biblos e na Núbia.

estela com o nome de Unas

Em Elefantina, uma inscrição mostra uma girafa e outros animais exóticos que podem ter sido levados ao Egito durante seu reinado.

Embora sua pirâmide seja a menor das pirâmides reais construídas no Antigo Império, ela foi a primeira a trazer em suas paredes internas vários dos encantamentos (128) que compõem o Texto das Pirâmides. Esses famosos textos, que ajudariam a alma do faraó em sua jornada para o próximo mundo, ainda iriam adornar muitas das futuras pirâmides e túmulos.

Também há muitas cenas de batalhas mas, parecem ser cenas rituais porque consta que o reinado de Unas foi pacífico.

Acredita-se que Maspero (Gaston Maspero 1846–1916, egiptólogo francês) descobriu partes da múmia de Unas em 1880, que hoje estão no Museu do Cairo.

Não se sabe se Unas deixou herdeiros, embora ele tenha tido pelo menos um filho chamado Wenisakh que morreu antes dele. Sem um herdeiro reconhecido para o trono parece ter havido um período de instabilidade antes de Teti (6ª dinastia) assumir o controle.

Possivelmente a esposa de Teti, Iput, fosse filha de Unas. Um portal de granito rosa no templo mortuário de Unas traz as inscrições dos nomes e títulos de Teti, o que significa que parte do templo foi terminado após a morte de Unas, o que sugere não ter havido interrupção entre a quinta e a sexta dinastias.

Faraós da Sexta Dinastia[editar | editar código-fonte]

A sexta dinastia é um período de decadência que vai desaguar no primeiro período intermediário. De modo que, alguns dos faraós abaixo são de alguma forma obscuros, temos pouca informação.

  • Teti
  • Pepy I (Meryre)
  • Merenre (Nemtyemzaf)
  • Pepy II (Neferkare)
  • Merenre II (Nemtyemsaf)?
  • Nitocris?
Um sistro com o nome de Teti

*Teti (Hórus, aquele que pacifica as duas terras)

  • Mâneton o chama Othoes, Othius, Othones
  • Lista de reis - Teti, amado de Ptah

Após a morte de Unas, não se sabe bem o que aconteceu, aparentemente houve alguma espécie de instabilidade política e isso se pode observar no nome de Hórus do faraó.

O Cânone de Turim dá a ele um reinado de menos de um ano mas, os estudiosos acreditam que ele reinou por mais tempo. É baseado nesse Cânone que Teti dá inicio à 6ª dinastia.

Sua esposa Iput I, provavelmente era a filha do rei Unas, o que garantia a Teti o direito ao trono.

Essa esposa foi a mãe do herdeiro de Teti, o faraó Pepi I. Ela foi sepultada em sua própria pirâmide, próximo à de Teti em Saqqara. Ele teve uma filha, Sesheshet que deve ter sido a esposa do vizir Mereruka.

A maior parte dos funcionários da corte do rei Unas permaneceram sob o reinado de Teti, incluindo seu outro vizir chamado Kagemni.

A politica interna de Teti deve ter sido direcionada a estabelecer um governo forte e centralizado. Ele manteve relações comerciais e diplomáticas com Biblos, Punt e com a Núbia.

Também sabemos que ele é o rei mais antigo a ser associado ao culto de Hathor em Dendera.

De acordo com Mâneton, o faraó foi assassinado por seus guarda-costas.

Teti construiu sua pirâmide em Saqqara, chamada atualmente de Pirâmide prisão, que é relativamente pequena mas foi decorada com os Textos das Pirâmides. Egiptólogos descobriram uma estátua do faraó feita em granito rosa, que hoje está no Museu Egípcio.

Estátua de Pepi I

*Pepi I (Hórus, aquele que ama as duas terras)

  • Mâneton o chama Phiops, Phius
  • Lista de reis -

É possível que Pepi I não tenha assumido o trono logo após a morte de seu pai, Teti. Algumas listas incluem o nome de um faraó Userkara, entre Teti e Pepi I.

Pepi I era provavelmente filho de Teti com a rainha Iput I.

Existem muitas teorias a respeito de uma possível conspiração, da morte por assassinato do faraó Teti, de um faraó usurpador Userkara, e de uma conspiração no harém de Pepi I.

Aparentemente ele casou tardiamente com Ankhnesmerire I e Ankhnesmerire II. Da primeira teve Merenre e da segunda esposa teve Pepi II, que reinariam no Egito até o final da sexta dinastia. O casamento com as irmãs deve ter sido por motivos políticos porque elas eram filhas de um nobre de Abidos, chamado Khui.

Pelo menos quatro estátuas deste faraó sobreviveram, inclusive uma feita em cobre (ver em Artes), junto com esta estátua foi encontrada também feita em cobre, uma estátua de seu filho e futuro faraó Merenre.

Pepi I ergueu monumentos em Bubastis, Abidos, Elefantina e Dendera onde havia uma estátua do faraó, hoje perdida, adorando Hathor.

Temos indicações de que no reinado de Pepi I, houve uma crescente influência e enriquecimento dos nobres. Pelas tumbas bem decoradas destes nobres e suas inscrições, sabemos que eles ostentavam privilégios advindos da sua amizade com o faraó.

Durante seu governo houve as tradicionais expedições ao Sinai e a Núbia. As relações comerciais com o Oriente Próximo foram dificultadas pelas invasões de povos nômades na Palestina.

Pepi I construiu sua pirâmide ao sul de Saqqara e os Textos das Pirâmides encontrados nas paredes, surpreenderam os egiptólogos porque foi a primeira vez que foram encontrados. Porém não foram os primeiros a serem gravados numa pirâmide.

Pepi I também está registrado por seus decretos encontrados em Dashur e Coptos. Ele foi mencionado nas biografias de Weni em sua tumba em Abidos, por Djaw na tumba também em Abidos. Por Ibi em sua tumba em Deir el-Gabrawi, por Meryankhptahmeryre em sua tumba em Gizé, por Qar em sua tumba em Edfu e pela biografia numa tumba em Saqqara de uma pessoa não identificada.

Caixa com o nome de Merenre I

*Merenre I (Horus, vive nas aparições)

  • Mâneton o chama Methuspuphis
  • Lista de reis - Merenre

Ele era o filho mais velho, vivo, de Pepi I e sucedeu seu pai. Deve ter subido ao trono muito jovem e provavelmente morreu inesperadamente ainda jovem, talvez entre seu quinto e nono ano de reinado.Sua mãe era Ankhnesmerire II. É possivel que tenha sido o pai de uma menina chamada Iput II.

Embora ele tenha deixado poucos monumentos, os estudiosos sabem que ele viajou até Assuã e também até a Primeira Catarata, no quinto ano de seu reinado para receber tributos de chefes núbios. Merenre continuou a proteger as fronteiras e procurou consolidar o governo central, além de prosseguir no comércio e relações diplomáticas como seus antecessores.

Este faraó possui muitos registros, na tumba do governador de Assuã, há um registro de que ele foi responsável por quatro expedições à Núbia e ainda mais longe, ao sul, durante o reinado de Merenre e de seu irmão.

Seu nome também foi encontrado em Wadi Hammamat e nas minas de alabastro em Hatnub.

Há uma estátua de cobre de Merenre (já mencionada acima) com seu pai Pepi I e também uma pequenina esfinge do faraó no Museu Nacional da Escócia em Edimburgo. Merenre também tem seu nome numa caixa (de marfim de hipopótamo) que está no Museu do Louvre.

Além disso, há inscrições em pedra perto de Assuã, decretos do faraó encontrados no templo de Menkaure e nas biografias de Uni (Weni) e Djaw em Abidos. Na tumba de Harkhuf em Elefantina, na tumba de Ibi em Deir-el-Gabrawi, na tumba de Qar em Edfu e na de um desconhecido em Saqqara.Merenre I também é mencionado em inscrições na tumba de Maru em Gizé, numa parede de pedra em Deir-el-Bahari em Luxor (antiga Tebas).

Merenre deve ter sido sepultado em sua pirâmide ao sul de Saqqara, que talvez nem tenha sido completada, dado que ele morreu repentinamente e jovem.

O sarcófago de granito negro foi encontrado em 1881 por Maspero(Gaston Maspero 1846–1916, egiptólogo francês) e a múmia em seu interior, se era mesmo a de Merenre, é a múmia real completa, mais velha já encontrada. Na verdade é a múmia de um jovem que ainda tinha a madeixa de cabelo lateral que representava a juventude. Pode ser que esta múmia, pelas características, seja da 18ª dinastia, mas ela ainda não foi examinada com as técnicas mais modernas, está no Museu Egípcio do Cairo.

Pepi II e sua mãe

*Pepi II (Hórus, divinas aparições)

  • Mâneton o chama Phiops
  • Lista de reis – Neferkare

Pepi II era o filho de Pepi I e Ankhenesmerire I. Ele era meio irmão do faraó anterior, Merenre I.

Casou-se com Neith, sua meia irmã e também com Iput II, filha de seu irmão. Também consta um casamento com uma mulher de nome Udjbeten.

Seu herdeiro e sucessor foi seu filho Merenre II com a esposa Neith.

Quando seu meio irmão morreu, aparentemente sem deixar herdeiros, Pepi II era uma criança. É possível que tenha subido ao trono com seis anos de idade e há registros de que reinou por noventa e quatro anos, embora alguns egiptólogos acreditem que foi por sessenta e quatro anos.

Ele não foi o último faraó, mas o foi o último faraó importante do Antigo Império.

Sua mãe provavelmente foi a regente durante a sua juventude. Há uma estátua dela segurando Pepi II quando criança (ele já usa o nemes e o uraeus, símbolos do poder).

Prosseguiu na mesma linha política de seus antecessores, desenvolvendo ligações também com o sul da África. Manteve as relações comerciais com Biblos.

Como seu reinado deve ter sido muito longo, talvez a idade tenha dificultado em muito seu governo. Pela tumbas descobertas, está evidente o poder e a riqueza dos nobres e altos oficiais. Enquanto que a tumba de Pepi II é bem inferior àquelas dos faraós que o antecederam.

A administração do pais estava comprometida, Pepi II escolheu um vizir para o alto Egito e outro para o baixo Egito, descentralizando o poder. À medida que o faraó envelhecia, O poder dos governantes das províncias aumentava.

Talvez em alguns anos de seu governo, as enchentes não tenham sido suficientes para manter a agricultura, gerando com isso períodos de escassez e fome.

Pepi II deve ter sido seguido no trono, por seu filho Merenre II, mas talvez, por apenas um ano.

Seu complexo mortuário e sua pirâmide estão ao sul de Saqqara, bem como as pequenas pirâmides de suas esposas. O faraó está registrado na estátua com sua mãe, num decreto encontrado em Abidos e em três decretos em Coptos. Também é mencionado nas tumbas de Djau em Abidos e na de Ibi em Deir el-Gabrawi. Também há pequenos itens encontrados em Biblos.

*Merenre II (Merenre Nemtyemsaf II)

  • Mâneton o chama Mentusuphis
  • Lista de reis -

Este faraó é registrado apenas nas listas de reis. O Cânone de Turim confirma apenas menos de um ano de reinado e Mâneton concorda.

Merenre II é conhecido historicamente como filho de Pepi II e de sua rainha Neith (filha de Pepi I e Ankhenesmerire I) mas não há mais nada que o registre. O único documento que data de seu reinado é um decreto protegendo o culto às rainhas Ankhesenmerire e Neith, no complexo da pirâmide de Neith ao sul de Saqqara.

Baseado em documentos, seu possível sucessor foi sua irmã e esposa Nitocris. De acordo com Heródoto, Merenre II foi assassinado, sua esposa se vingou dos assassinos depois se matou. Na verdade, é possível que Nitocris nem sequer tenha existido.

*Nitocris

  • Mâneton a chama
  • Lista de reis -

Não é mencionada em nenhuma inscrição no Egito e talvez nem tenha existido. Foi dito que seu nome aparecia no Cânone de Turim (feito da 19ª dinastia) sob o nome egípcio de Nitiqreti(nt-ỉqrtỉ).

É possível que o fragmento onde está esse nome pertença ao pedaço dedicado à 6ª dinastia e isso confirmaria Heródoto e Mâneton. Porém, análises microscópicas do Cânone de Turim, sugerem que o fragmento pode ter sido colocado fora do lugar ao montarem o texto e que o nome Nitiqreti é uma transcrição errada do nome de um rei (masculino),Netjerkare Siptah I que, na lista de reis de Abidos aparece como sucessor do rei da 6ª dinastia Nemtyemsaf II.

Na lista de reis de Abidos Netjerkare Siptah está colocado no local que Neitiqreti Siptah ocupa no Cânone de Turim.

lista de reis de Abidos,cartuchos de 34-39

Nota

No final da 6ª dinastia existem nomes de reis não registrados oficialmente ou sobre os quais não há consenso, de modo que vamos aqui apenas colocar seus possíveis nomes.

Neitiqerty Siptah que pode ter sido o successor de Merenre II.

Neferkara I ou Netjerkare que podem ter reinado ou não após Siptah.

Constam ainda Neferka, Nefer (que devem ser os mesmos acima) e Aba.

Primeiro período intermediário

Primeiro Período Intermediário
2150-2040 a.C.
O chanceler Méketrê observa a contagem de seus animais, 11ª dinastia

Dinastias 7-11[editar | editar código-fonte]

Oficialmente o Antigo Império termina com a morte de Pepi II, após um longo reinado.

Aparentemente, no decorrer do seu reinado e dada sua idade avançada, o faraó já vinha perdendo o controle sobre os governadores das províncias (nomarcas) e seus oficiais, cada vez mais poderosos.

É possível que a esta situação tenha se juntado o fator clima. Talvez as enchentes do Nilo, nessa época tivessem sido insuficientes, causando pouca colheita e em conseqüência trazendo a fome. Sem um poder centralizado, que controlasse a crise, a fome, com toda a certeza gerou doenças, insatisfação e desordem.

Alguns governadores (nomarcas)conseguiram resolver melhor do que outros, os problemas de irrigação e alimentação em seus territórios. Assim, uns se fortaleciam enquanto outros enfrentavam crises mais sérias.

O Egito dividido[editar | editar código-fonte]

O país estava dividido em três, o delta, o médio Egito (Heracleópolis ou Henen-nesw) e o alto Egito (Tebas ou Waset).

Os reis da sétima e oitava dinastias, se proclamaram reis por conta própria.

Lista real de Abidos 40-47

Em Heracleópolis (ou Henen-nesw, próximo ao Fayum), alguns nomarcas fundaram as próprias dinastias, nove e dez. Esses governantes expulsaram os invasores líbios e asiáticos que haviam invadido o delta em busca de alimento. Eles eram famosos pela sua crueldade, mas fortificaram as fronteiras e retomaram o comércio.

As dinastias[editar | editar código-fonte]

No período intermediário estão as dinastias sete, oito, nove e dez. A décima primeira dinastia é que vai trazer o novo unificador do Egito, mas parte dela pertence a esse período.

Os reis da sétima dinastia, um grupo de dez reis, estão registrados na lista de reis de Abidos, mas não estão no Cânone de Turim. De todos, apenas três são chamados pelo seu nome de trono, Neferkare II, Sekhemkare e Wadjkare. A seqüência dos reis, portanto, é desconhecida.

Entre a sétima e a oitava dinastias, temos o nome de dezessete reis mas os registrados são Wadjkare, Sekhemkare, Iti, Imhotep, Isu e Iytenu. E deles mais nada se sabe.

A nona dinastia também é bem confusa. Como nas anteriores, havia muitos chefes locais querendo assumir o trono e o título de faraó.

Achthoes (Akhtoy) que governava Heracleópolis e tinha o controle do médio Egito, assumiu o trono e fundou a nona dinastia. Parece que temos quatro reis na nona dinastia mas conhecemos apenas dois e não sabemos a seqüência, Merybre Akhtoy, Neferkare V e dois ou mais reis desconhecidos.

Paleta de escriba do chanceler real Ourkaoukhéty, 10ª dinastia

Durante a décima dinastia, os reis de Heracleópolis mantiveram o norte do Egito sob seu controle. Houve quatorze reis heracleopolitanos, que governaram o norte do país e tiveram que dividir seu poder com a décima primeira dinastia de Tebas. Existem seis reis registrados, Meri... re Akhtoy, Nebkaure Akhtoy, Mereikare, Meri-Hathor, Wahkare Akhtoy, Khui.

O Egito em guerra[editar | editar código-fonte]

Os governantes de Tebas (Waset), que fundaram a décima primeira dinastia, não reconheceram e nem aceitaram os governantes de Heracleópolis. Os nomarcas menos poderosos se dividiam entre uns e outros.

Nesse período, o baixo Egito (Heracleópolis), estava mais fortalecido em termos de união do que o alto Egito (Tebas ou Waset).

Os governantes de Heracleópolis usavam o título de faraó, mas, quem realmente começou a unir o país foi Inyotef de Tebas, reunindo o alto Egito em torno de sua autoridade, ele assumiu o título de Grande Chefe do Alto Egito.

Conforme seu poder aumentava, esses governantes também assumiram o título de faraó e após submeterem todo o sul, resolveram conquistar o norte do Egito.

É um período de anarquia e recessão econômica. As dinastias rivais, então, partiram para o conflito armado, desencadeando uma guerra civil.

Um novo poder[editar | editar código-fonte]

Miniatura funerária 11ª dinastia

A vitória coube à dinastia tebana, ou à décima primeira dinastia.

  • Inyotef I (Sehertawy)
  • Inyotef II (Wahankh)
  • Inyotef III (Nakhtnebtepnefer)

Depois, essa dinastia fica dividida porque o faraó Mentuhotep II é quem dá inicio ao Médio Império. Mas, ele pertence ainda à décima primeira dinastia.

A décima primeira dinastia tinha uma nova capital, Waset a cidade de Tebas. Em Tebas, o deus patrono era Amon e se tornou o principal deus do Egito.

O culto ao sol, o deus-Ra, prosseguia e Amon passaria a ser associado a Ra e inclusive conhecido como Amon-Ra.

Durante o primeiro período intermediário, os nomarcas e outros nobres e oficiais, adotaram os direitos funerários que antes, eram permitidos somente ao faraó e sua família, ter seu corpo mumificado, templos e túmulos preparados para a outra vida. Ou seja, o faraó perdeu o direito de ser o divino. Todos os que pudessem pagar, poderiam ter os mesmos direitos.

Foi um período difícil para as artes, porque, quando há poucos recursos, o importante é alimentar o povo e mantê-lo saudável, assim fortalecendo o governo.

Décima primeira dinastia[editar | editar código-fonte]

*Inyotef I Sehertawy (Hórus, aquele que agrada as duas terras)

  • Mâneton o chama
  • Lista de reis Antef

É considerado o fundador da 11ª dinastia. Reinando a partir de Tebas ele conseguiu reunir uma boa parte do país mas, os reis heracleopolitanos ainda estavam no poder e isso resultou numa guerra civil.

Seu pai era um líder local chamado de Mentuhotep I, o velho. Quando assumiu o poder, Inyotef I também usou todos os símbolos faraônicos, incluindo escrever seu nome num cartucho. Acreditamos que ele não teve opositores porque o poder estava tão dividido que ninguém reclamou.

Inyotef I conseguiu reunir algumas cidades sob seu governo, como Coptos e Dendera no norte até el-Kab no sul, mas isso foi o máximo de expansão no seu governo.

sarcófago de Herishefhotep

Ele é mencionado como o Príncipe - no hall dos ancestrais da 18ª dinastia, Thutmose III se refere a ele como Conde e Príncipe Hereditário; uma estela com o nome do faraó traz escrito O Príncipe Hereditário, Conde do Grande Senhor do Nomo Tebano, e outra estela, em Dendera o chama de O Grande Príncipe do Sul.

É possível que ele tivesse parentesco com a antiga linhagem real e isso fosse parte de sua campanha para assumir o trono.

Inyotef I era um homem de meia idade ao falecer e foi sepultado numa tumba encravada na rocha. O desenho de sua tumba é considerado único, porque possui um grande pátio que entra pela montanha adentro e tem diversas tumbas dentro das paredes laterais. Certamente essas tumbas adicionais seriam para as pessoas da família.

*Inyotef II Wah-ankh (Hórus que prolonga a vida)

  • Mâneton o chama
  • Lista de reis Antef, Intef

Ele era o irmão mais novo de Inyotef I. Sua esposa foi a rainha Neferukayet.

Inyotef II manteve a capital em Tebas e embora tenha reinado durante quase cinqüenta anos, pouco se sabe sobre ele além de suas campanhas militares.

Em seu reinado a guerra civil continuava a debilitar o Egito e ele liderou seus exércitos contra os reis de Heracleópolis em Assiut. Os heracleopolitanos destruíram Tinis e profanaram os túmulos.

Embora Inyotef II tenha conseguido capturar toda a província, ele preferiu assinar a paz com Heracleópolis em troca de manter a segurança no sul do Egito.

Ao norte ele conquistou terras até depois de Abidos e no sul estendeu as fronteiras até a primeira catarata.

Inyotef II foi sepultado numa tumba cortada na rocha em Tebas, próximo à do seu irmão Inyotef I. Na sua capela mortuária foi encontrada uma estela que mostra o rei com seus cães. Essa estela ficou famosa (parte dela está no Museu Egípcio do Cairo) porque é provavelmente a mais antiga representação de cães com seus nomes.

Ali vemos os cães favoritos do rei com seus nomes não egípcios acompanhados da tradução egípcia. Eles são, Behekay (egípcio Mahedj) que significa gazela; Abaqer que significa galgo; e Pehetez (egípcio Kemu) que significa negro.

Inyotef II está registrado no Papiro Westcar.

arte do 1º período intermediário

*Inyotef III Nakhtnebtepnefer (Hórus o vitorioso, Senhor dos bons começos)

  • Mâneton o chama
  • Lista de reis Antef, Intef

Sua esposa principal foi a rainha Aoh, mãe de seu herdeiro Mentuhotep II.

Em seu reinado manteve a capital em Tebas e defendeu a cidade de Abidos dos ataques dos heracleopolitanos.

Não há registros de que ele tenha conquistado e nem perdido território durante seu reinado para os reis da 9ª e da 10ª dinastias, que reinaram ao mesmo tempo que ele. Mas, consta que Inyotef III reinou apenas por 8 anos e portanto não teve tempo para deixar sua marca na história.

O mais importante com relação a esse rei é que ele foi o pai de Mentuhotep II, que unificou novamente o Egito.

Ele foi sepultado numa tumba em Tebas próxima à de Inyotef II, perto de Deir el-Bahri. Foi próximo a esse local que seu sucessor construiu seu templo mortuário.

Com esses três faraós termina o primeiro período intermediário, porque o próximo faraó, Mentuhotep II, que ainda pertence à essa dinastia, vai dar início ao período conhecido historicamente como Médio Império.

Médio Império

Médio Império


Portadores de oferendas, 12ª Dinastia
2040-1640 a.C

Dinastias 11-13[editar | editar código-fonte]

O Médio Império começa, historicamente, com a reunificação do Egito por Mentuhotep II (Não confunda Mentuhotep I com o II certamente não são o mesmo rei).

Nesta fase, vamos voltar a ver o Egito como um país inteiro depois de quase um século de caos e guerra civil para com a 13ª dinastia, voltar a se dividir.

Reunificação[editar | editar código-fonte]

Os reis e monarcas da 11ª Dinastia que antecederam a Mentuhotep, já vinham lutando contra Nekhen (chamada de Hieracômpolis que é seu nome grego)e se saindo vitoriosos. Já haviam unido os nomos do sul sob sua autoridade até a Primeira Catarata e chegaram a conquistar terras do norte, até Abidos.

Portanto, quando Mentuhotep II subiu ao trono como rei da 11ª Dinastia, governando a partir de Tebas, ele sofreu ameaças e ataques dos reis de Nekhen (9ª e 10ª Dinastias), inclusive na província de Thinis, onde ficava Abidos.

A resposta de Mentuhotep foi reunir os exércitos e atacar os reis rivais para forçá-los a sair de Abidos. Foi assim que ele conquistou Asiut, o médio Egito e finalmente a própria Nekhen.

Mentuhotep II

Assim Mentuhotep II conseguiu reunir todas as regiões em que o Egito estava dividido sob seu governo. Portanto o país tinha novamente um faraó (rei do Alto e Baixo Egito).

È preciso assinalar que, embora o faraó tivesse voltado a ser o soberano de um pais reunificado, alguns nomarcas eram tão poderosos que continuaram a manter seus próprios exércitos e um grande poder mesmo sob o governo do faraó. Nunca mais um governante foi como um deus, absolutamente poderoso. Para manter os nomarcas sob seu controle era preciso aceitar e usar de diplomacia, pois era a maneira de manter o país unido. Quando o faraó precisava das forças militares, todos lutavam sob seu comando.

Nesse período a capital do Egito passou a ser Tebas, de onde se originou a 11ª Dinastia.

O deus Amon[editar | editar código-fonte]

A partir da fundação do Médio Império, vamos ver com clareza como a fama de um deus, dependia do seu lugar de origem. Isso foi o que ocorreu com o deus Amon, de Tebas.

Estátua de Amon no templo em Karnak

Antes do advento do Médio Império e dos faraós tebanos, Amon era um deus obscuro. Com a vitória dos tebanos, a reunificação do país foi atribuída ao deus local, e a cidade de Tebas, bem mais tarde quando deixou de ser capital, continuou a ser importante.

Amon significa oculto. Era um deus invisível, como um sopro ou um espírito, que estava presente em todos os lugares.

Pela tradição religiosa egípcia, era difícil aceitar um deus sem forma, então, Amon passou a ser representado ora como um ganso, um carneiro, uma serpente primitiva, ou até mesmo como um rei coroado.

Quando, mais tarde, Amon se fundiu ao deus-sol Ra, a coroa de Amon passou a ser representada com os raios do sol. O grande templo de Karnak, na região de Tebas, foi erguido em sua homenagem.

Amon guiava os exércitos, governava a exploração das minas e recebia sua parte em oferendas. Assim, os templos e conseqüentemente os sacerdotes, estavam ficando muito ricos e poderosos, eles eram um poder paralelo ao do faraó.

Cataratas do Nilo

Paz e riqueza[editar | editar código-fonte]

O Médio Império foi um tempo de paz para o povo egípcio, embora os exércitos tenham estado sempre em ação. Muitas expedições militares foram feitas para expandir mais e mais as fronteiras do Egito. Senusret I extendeu as fronteiras do Egito até a Segunda Catarata e exerceu controle sobre a Núbia até a Terceira Catarata, na verdade,inscrições com o nome deste faraó existem até na ilha de Argo, ao norte da atual Dongola.

Houve lutas contra os líbios no Delta e contra os asiáticos no Sinai. Na Núbia, ocorreram muitas batalhas.

Com tantas conquistas, o país recuperou suas fontes de riqueza. A mineração que sempre havia sido importante na península do Sinai e na Núbia voltava a fornecer a matéria prima para os artistas.

As relações comerciais com outros países voltaram a florescer, como com a Síria, o Líbano e a Palestina. É provável que também tenha havido comércio com países do mar Egeu. As rotas comerciais, por terra foram retomadas.

Amenemhet I o fundador da 12ª Dinastia, reorganizou a administração e retirou o poder dos nomarcas, algumas vezes até mesmo dividindo os nomos. Aqueles governadores que mantinham um poder paralelo ao do faraó e não respeitavam os governantes tebanos perderam a força. O faraó mudou o centro administrativo para Itjtawyamenemhet (Amenemhet é o chefe das duas terras) cidade que ficava perto do Faiyum, enquanto Mênfis voltava a ser novamente a capital oficial. Este faraó também criou a primeira co-regência no governo egípcio, de modo que, seu filho sendo o co-regente asseguraria o trono com mais facilidade.

No Faiyum as lavouras de grãos se alastravam, as minas produziam ouro e as pedreiras eram exploradas para dar conta dos projetos de construção.

Senusret III jovem, 12ª Dinastia, encontrado no templo de Madamud

Na 12ª Dinastia sob o governo de Senusret III, o Egito do Médio Império atingiu o clímax político, econômico e cultural. Foi este o faraó que eliminou totalmente o poder que os nomarcas ainda retinham desde o primeiro período intermediário.

A paz no Egito significava o país unido e próspero. Os exércitos lutaram contra outros povos, a própria região do Faiyum foi desocupada à força das armas, quando os exércitos de Amenemhet expulsaram os líbios e os assentamentos egípcios foram restabelecidos.

Construções[editar | editar código-fonte]

No Médio Império o Egito voltou a atravessar uma fase de prosperidade, com as campanhas militares e muita matéria prima houve um renascimento da arquitetura. Templos, fortificações, pirâmides, obras para a eternidade.

Com o primeiro faraó, Mentuhotep II, começou a construção de templos em todo o sul do Egito, seu complexo mortuário foi construído nas escarpas de Deir el-Bahari.

Amenemhet I que expandiu as fronteiras do Egito até a Terceira Catarata na Núbia, ergueu no Sinai o Muro do Príncipe, fortificações para proteger as fronteiras egípcias.

Senusret I construiu uma série de treze fortalezas a partir da Segunda Catarata, através da margem oeste do Nilo, essa região das minas era muito importante pois ali estavam o ouro, gnaisse e pedras preciosas.

Capela de Senusret I, 12ª Dinastia, Karnak

Além das fortalezas, muitos templos foram construídos ou restaurados. O templo de Amon em Karnak é digno de nota, porque foi um santuário construído na 12ª Dinastia que, sob o governo de vários faraós se tornou um conjunto de grandes proporções que está preservado até hoje. É provável que tenha sido Senusret I a construir o primeiro estágio desse templo, erguendo a Capela Branca. Esse faraó é responsável pelo embelezamento de muitos outros templos.

O Médio Império também marca a volta das pirâmides, ao invés dos túmulos escavados nas rochas. Muitas pirâmides foram construídas em Dashur, em Itjtawyamenemhet, em Hawara no Faiyum. A maioria era feita com tijolos de argila e revestimento em calcário de Tura. A pirâmide notável foi a Pirâmide Negra de Amenemhet III construída com basalto e por isso, negra.

Artes[editar | editar código-fonte]

Apesar de toda a convulsão que o Egito sofreu durante o período de guerra civil, parece que a habilidade artística sobreviveu e voltou a florescer no Médio Império.
Os templos foram decorados com relevos que vão ficando mais sofisticados da metade para o fim da 12ª Dinastia.

Com o enriquecimento de uma camada da população e com a nova visão de que não só o faraó tinha direito a uma vida além-túmulo, a procura por artistas para decorarem os túmulos cresceu muito. Nesse período, a pintura era o principal veículo artístico. Algumas tumbas eram decoradas com relevos, mas muitas foram decoradas apenas com pinturas.

Sarcófago do vizir Nakhti, em madeira, 12ª Dinastia, Asyut

A pintura também decorava os sarcófagos retangulares de madeira, típicos deste período. Os desenhos eram minuciosos.

Nas estátuas, podemos notar que, quando os nomarcas ainda limitavam o poder do faraó, os artistas passaram a representá-lo de uma forma mais personalizada, tanto como um deus quanto como um homem. Não havia mais aquele ar majestoso dos faraós divinos. Nas estátuas dos faraós que lutaram e unificaram o país, podemos ver um ar de arrogância dos conquistadores. No final do Médio Império, os faraós são caracterizados pelo semblante cansado e severo. Desse modo, podemos admirar a capacidade artística do escultor egípcio, unindo a técnica à intuição.

Hipopótamo, Tebas, Médio Império

A arte decorativa, como as jóias em metais preciosos, com incrustações de pedras coloridas, eram magníficas, além dos amuletos e pequenas figuras.

Na literatura, um conjunto de textos da 12ª Dinastia se tornaram muito populares e incluíam instruções e narrativas. Um manuscrito chamado Instruções de Khety, também conhecido como Sátira das Profissões é um texto em que o narrador acompanha seu filho à escola de escribas. Ele dá conselhos sobre o valor da educação para ter uma boa carreira e uma vida melhor e aproveita para comparar as dificuldades de outras profissões com bom humor.

No Médio Império houve um grande número de escritores e pensadores que deixaram muitos trabalhos que refletem a cultura da época. Uma dessas obras é a história O marinheiro e a ilha maravilhosa que narra como um marinheiro idoso se salva de um naufrágio, encontra um tesouro numa ilha e quando volta para casa a ilha misteriosa afunda no mar após sua partida.

A outra obra já no campo do romance histórico, é A história de Sinuhe, um retrato do amor do egípcio por sua pátria. Conta como Sinuhe, um cortesão, foge para a Síria após o assassinato do faraó, embora não fosse culpado de nada. Fora do Egito ele prospera, mas não é feliz enquanto não retorna a seu amado Egito, o único lugar em que vale a pena viver.

Amenemhet III

Declínio[editar | editar código-fonte]

O fim da 12ª Dinastia marca o inicio do declínio do Médio Império. Como já observamos, no final do Antigo Império, o último faraó Pepi II, governou por um período muito longo. O mesmo ocorreu no final da 12ª Dinastia. Amenemhet III fez um longo governo, seu filho, Amenemhet IV já era velho ao assumir o trono e não teve herdeiros homens. O último faraó conhecido do Médio Império foi uma mulher Sobekneferu, que é o último governante do Médio Império a aparecer nas listas de Abidos e Saqqara, embora outros possíveis faraós com pequenos governos tenham surgido depois dela, não foram mencionados.

Novamente se instaurou o caos na sociedade egípcia. Não de maneira tão radical quanto no final do Antigo Império, mas era uma ruptura na paz e na prosperidade que o povo vinha vivendo.

Aparentemente houve problemas também, relacionados com as cheias do Nilo, o que nos faz presumir poucas colheitas e a fome que é a arma principal contra qualquer governo ou governante.

Durante o domínio da 13ª Dinastia houve uma série faraós com governos curtos. Os vizires eram mais duradouros do que os faraós, vários deles serviram a mais de um governante. Esses faraós voltaram a capital para Mênfis, mas não tinham pulso para governar. Esse foi o pano de fundo para a ruptura da unidade do país.

  • Os estrangeiros

Com um governo centralizado e poderoso, o Egito começou a crescer tanto em riqueza como em população. Uma grande parte da população era de não-egípcios que migraram para o Vale do Nilo com a intenção de aproveitar a prosperidade.

Na época, tanto no antigo Egito como no Oriente Médio, não havia nada que pudesse lembrar uma naturalização; não importava onde vivia um cidadão, o importante era a que tribo ou a que nação ele pertencia. Jamais alguém se tornava egípcio apenas por lá viver, esse cidadão seria sempre um estrangeiro.

A vida de um estrangeiro no Egito não era ruim, eles deveriam pagar seus impostos e não criar problemas. Tinham a possibilidade de viver em comunidades com seus líderes e suas leis.

O fato dos egípcios não se misturarem aos estrangeiros, permitirem que vivessem em comunidades e que continuassem chegando ao país em grande quantidade, mudou o curso da história egípcia. À medida que cresciam e se multiplicavam, as comunidades de estrangeiros seus líderes ficaram poderosos, se intitularam reis e os reis de direito, caíram no esquecimento e abandono.

Esse período de desordem é o Segundo Período Intermediário, nele o Egito volta a se dividir em alto e baixo Egito.

Uma nova linhagem de faraós, de acordo com Mâneton consistia em setenta e seis reis de Xois (cidade antiga, hoje Sakha no Delta central). Esses reis passaram a governar paralelamente à 13ª Dinastia.

Aqui termina mais uma fase de esplendor num país que, como já vimos e vamos ver mais adiante, caiu em períodos de grande dificuldade e soube se reerguer para viver novas glórias.

Médio Império/Dinastias do Médio Império

Dinastias 11 e 12

Dependendo da cronologia é possível encontrar datas totalmente diferentes e os números dos faraós (em algarismos romanos) também, uma vez que os egípcios não usavam esse tipo de identificação.

estátua de crocodilo, 12ª dinastia

Se a 11ª dinastia tebana começa com Mentuhotep o Velho, então esse faraó que veremos abaixo é o segundo a usar o nome Mentuhotep.

Faraós da Décima Primeira Dinastia[editar | editar código-fonte]

(Tebana)

  • Mentuhotep II
  • Mentuhotep III (Sankhkare)
  • Mentuhotep IV (Nebtawyre)
  • Mentuhotep II

Embora ele tenha reunificado o Egito, isso não ocorreu de imediato, de modo que ele teve alguns nomes de Hórus.

  • Antes da guerra – Hórus que alimenta o coração das Duas Terras
  • Depois da guerra – Hórus o deus da coroa branca
  • Depois da unificação – Hórus, aquele que uniu as Duas Terras
  • Mâneton o chama
  • Lista de reis - Nebhepetre, Mentuhotep

Após a guerra civil que arruinou o primeiro século da 11ª dinastia, Mentuhotep tomou a cidade de Nekhen (Heracleópolis) e colocou um ponto final no domínio dos reis (9ª e 10ª dinastias) que tentavam assumir o trono egípcio. Foi uma fase bastante confusa porque havia governantes em diversas regiões, todos ao mesmo tempo.

Este faraó manteve a cidade de Tebas como o centro do poder, nunca antes Tebas foi tão importante, porque ele estabeleceu um poder centralizado e pode ser visto como o primeiro governante do Alto e Baixo Egito, depois de muito tempo.

Mentuhotep II, estátua, Museu do Cairo

É provável que ele seja o filho ou herdeiro de Inyotef III. Alguns estudiosos acreditam que ele pode não ter sido herdeiro legítimo do trono, por isso seus esforços para unir o país.

Sua esposa principal foi Tem, mas ele teve diversas outras. Foi de sua segunda esposa, Neferu que nasceu o herdeiro do trono, Mentuhotep III.

Nas inscrições mais tardias ele está ao lado de Menés como o segundo fundador do Estado Egípcio.
Após o 14º ano de seu reinado os reis de Nekhen (Hieracômpolis) voltaram a criar problemas e novas revoltas surgiram na província de Thinis (onde está Abidos). Os reis de Nekhen tomaram Abidos e destruiram sua necrópole durante as lutas. Assim a resposta foi voltar à luta e eliminar esses reis rivais, reconquistar as regiões e reestabelecer o controle sobre o país.

Mentuhotep também se voltou para a Núbia e houve muitas batalhas. Os soldados encontrados sepultados em sua tumba devem ter participado das campanhas na Núbia.

Além disso houve outras campanhas, contra os líbios no Delta e os asiáticos no Sinai.

Ao final de tudo Mentuhotep II era de fato e de direito o faraó, rei das Duas Terras e governava do Mediterrâneo até a Núbia.

Parece que Mentuhotep II teve um reinado de pelo menos cinqüenta anos, então, podemos imaginar que após a unificação, a paz retornou ao país e junto com ela, a prosperidade.O faraó iniciou muitas construções impressionantes, entre elas muitos templos dedicados a Montu (o principal deus de Tebas e deus da guerra) em Medmud, Armant e Tod.

Mentuhotep construiu um grande complexo mortuário em Deir el-Bahari e uma grande pirâmide de pedras. Ele foi sepultado numa tumba cortada na rocha, atrás e sob o templo. No complexo foram construídas as tumbas para suas esposas e membros da corte. Próximo dele ficam os corpos de mais de 60 soldados mortos em batalhas, suas mortalhas trazem o nome e cartucho de Mentuhotep II.

Há poucas estátuas do faraó mas, alguns relevos dos vários templos que ele construiu, mostram inclusive Mentuhotep usando a coroa branca do Alto Egito.

Existem dúvidas a respeito do herdeiro legítimo do faraó, mas consta como sucessor seu filho, que recebeu o trono de um país unido e próspero.

  • Mentuhotep III Sankhkare (Hórus que alimenta as Duas Terras)
  • Mâneton o chama
  • Lista de reis - Seneferkare

Seu pai provavelmente era Mentuhotep II e sua mãe a rainha Neferu. Ele é conhecido como O filho mais velho do rei, baseado nas inscrições do templo mortuário de Mentuhotep II.

Mentuhotep III, Museu Boston

Este faraó foi beneficiado pela paz que tomou conta do país após o governo glorioso de seu pai, que reinou durante muitos anos. Mentuhotep III deveria estar na meia idade quando subiu ao trono e reinou durante mais ou menos uns doze anos.

Manteve a política de seu antecessor, defendendo as fronteiras e evitando invasões. Em seu reinado o comércio se expandiu para além da Primeira Catarata. Construiu fortalezas no norte, através das fronteiras orientais do Delta.

Além dos muitos templos que construiu, a arte em seu reinado foi muito sofisticada. Os entalhes em pedra, a sutileza dos retratos, os detalhes das roupas nos relevos, a estatuária, tudo demonstra a elegância e habilidade dos artistas.

Embora pareça que seu reinado foi muito positivo, e preciso registrar que, um homem chamado Hekanakht, que foi sacerdote de cultos funerários em Tebas, conta, em sua correspondência que houve fome naquela região.

Mentuhotep III foi sepultado, provavelmente, ao sul do monumento de seu pai em Deir el-Bahari. Ao que parece, seu templo mortuário não foi terminado e não há inscrições. Ele foi sepultado numa tumba próxima ao monumento de seu pai. É um mistério porque um faraó que deixou tantas construções monumentais não terminou seu templo mortuário.

É possível que tenham existido dois outros reis entre Mentuhotep III e seu filho Mentuhotep IV, se for o caso, esse filho não era o herdeiro e pode ter usurpado o trono.

  • Mentuhotep IV Nebtawyre (Hórus o Senhor das Duas Terras)
  • Mâneton o chama
  • Lista de reis -

Mentuhotep IV foi o ultimo rei da 11ª dinastia, ele era, provavelmente o filho de uma mulher chamada Imi, esposa secundária de Mentuhotep II ou III.

Este faraó não é encontrado na maioria das listas de reis. No Cânone de Turim, ele consta como tendo reinado apenas sete anos no final da dinastia, logo após Mentuhotep III.

Infelizmente não existem imagens desse faraó em relevos ou em estátuas. Durante o segundo ano do seu reinado, ele organizou uma expedição às minas de Wadi Hammamat, que fica a nordeste de Tebas, entre Coptos e o Mar Vermelho. Ali existem 19 inscrições deixadas pelos membros da expedição, que são o único registro do reinado de Mentuhotep IV.

Esta expedição foi comandada pelo vizir chamado Amenemhat e muitos estudiosos acreditam que ele possa ter sido o rei Amenemhat I. Foi encontrado um prato de pedra em Lisht que traz os nomes de Amenemhat I e Mentuhotep IV, o que pode ser indicativo de que o faraó já tinha a intenção de que Amenemhat fosse seu sucessor.

Ao faraó Mentuhotep IV é creditada a fundação da cidade de Kuser na costa do Mar Vermelho, que funcionava como um porto para a construção dos navios que seriam enviados a Punt. A maior parte das obras foi vistoriada pelo mesmo Amenemhat, o vizir do faraó.

Como ele não consta da maioria das listas dos reis, alguns presumem que ele foi um usurpador, até porque nada se sabe sobre sua família. Mas, alguns estudiosos acreditam que o templo de Tebas, próximo ao da rainha Hatshepsut, que sempre foi creditado a Amenemhat I pode ter pertencido a Mentuhotep IV (seria então a única construção creditada a ele).

O fato é, que parece que este faraó morreu sem deixar herdeiros ou foi destronado por seu vizir Amenemhat. Pode ter ocorrido uma guerra civil com a tomada do poder por Amenemhat ou ele pode apenas ter assumido o trono, indicado pelo faraó e sido aceito pelo povo.

Faraós da Décima Segunda Dinastia[editar | editar código-fonte]

Algumas informações históricas sobre a 12ª Dinastia nos chegaram através de um conjunto de registros oficiais chamado Genut, ou O Livro dos Dias.

Eles foram encontrados num templo em Tod. Esses textos descrevem o dia a dia no palácio real. Um conjunto extremamente importante deles foi encontrado em Mit Rahina (Mênfis), que descreve as doações aos templos, lista as estátuas e prédios, registra as expedições militares e as comerciais. Registra até mesmo atividades como as caçadas, feitas pela família real.

barca, Médio Império
  • Amenemhet I (Sehetepibre)
  • Senusret I (Kheperkare)
  • Amenemhet II (Nubkaure)
  • Senusret II (Khakheperre)
  • Senusret III (Khakaure)
  • Amenemhet III (Nimaatre)
  • Amenemhet IV (Maakherure)
  • Neferusobek (Sobekkare)
  • Amenemhet I Sehetepibre (Hórus que satisfaz o coração das Duas Terras)
  • Mâneton o chama Ammanemes, Ammenemes
  • Lista de reis -

Amenemhet I foi o primeiro faraó da 12ª Dinastia. Com certeza ele não era de linhagem nobre, afinal é mais provável que ele fosse o vizir do faraó Mentuhotep IV. Pode ser que o faraó não tenha tido herdeiros e que seu vizir de alguma forma tenha assumido o trono, talvez ele fosse uma espécie de co-regente.

Ele era filho de um sacerdote chamado Senusret e de uma mulher de nome Nefret, de Elefantina próximo à moderna Assuã de acordo com uma inscrição em Tebas, portanto, suas origens remontam ao sul do Egito.

Ele é considerado o primeiro rei da dinastia porque, com a morte de Mentuhotep IV, acabou a dinastia dos reis tebanos.

relevo que pertenceu ao templo funerário do faraó

Em seu reinado ele transferiu o centro administrativo do governo para Itjtawyamenemhet (Amenemhet o chefe das duas terras), provavelmente como uma das medidas para retirar dos nomarcas todo poder adquirido desde o primeiro período intermediário. A cidade ficava próxima do oásis de Fayum, ao sul de Mênfis, foi neste local que ele construiu sua pirâmide.

Politicamente, ele prosseguiu a guerra contra os líbios e asiáticos. No Sinai ergueu o Muro do Príncipe, para defender as fronteiras egípcias.

Talvez por ter subido ao trono sem ter sangue real, Amenemhet criou a co-regência, ou seja, seu filho sendo o co-regente assegurava o direito ao trono e também estava aprendendo enquanto governava junto do pai.

Suas obras foram muitas em Tanis, Coptos, Abidos, Mênfis, Dendera e outros lugares. Pelo fato de ser do sul, acredita-se, que o culto a Amon prevaleceu no seu reinado.

Embora fosse um rei sábio, que protegeu as fronteiras, corrigiu os problemas políticos, assegurou a sucessão, parece que ele foi morto numa conspiração do harém enquanto seu filho liderava os exércitos na Líbia. Isso é contado em dois trabalhos literários, O conto de Sinuhe e As instruções de Amenemhet I.

*Senusret I Kheperkare (Hórus vivendo nos nascimentos)

  • Mâneton o chama Sesonchosis, Sesonchosis
  • Lista de reis -

Subiu ao trono após o assassinato de seu pai, Amenemhet I. Não se sabe porque o faraó foi assassinado, uma vez que, a sucessão estava garantida por Senustret, que foi feito co-regente no vigésimo ano de reinado de Amenemhet I. Quando da morte de seu pai, ele estava firmemente estabelecido como herdeiro e subiu ao trono sem dificuldades.

Muitas vezes veremos grafado o nome desse faraó, em grego, como Sesóstris.

Sua mãe era, provavelmente Neferytotenen, uma das esposas principais de Amenemhet I.

Senusret I casou-se com a rainha Nofret, que foi a mãe de seu herdeiro Amenemhet II. O faraó tornou seu filho co-regente apenas três anos antes de sua morte. Há uma estela que registra o fato e está no Museu Britânico (estela de Simontu).

Senusret I deve ter sido co-regente de seu pai, pelo menos, por uns dez anos e governou o Egito numa fase em que a literatura e as artes estavam em grande desenvolvimento. Foi um período de riqueza e podemos avaliar pelas jóias encontradas nas tumbas das mulheres nobres em Dashur e Lahun, que a ourivesaria atravessava uma fase de grande sofisticação. Deve ter havido muita mineração, tanto para suprir a joalheria como a escultura, na verdade, foi tempo de grande prosperidade e estabilidade.

raro pilar do faraó Senusret I

Através de cartas de um velho fazendeiro chamado Hekanakhte e de uma inscrição na tumba de um nomarca chamado Amenemhat (em Beni Hassan) ficamos sabendo que houve fome em alguma época no reinado de Senusret I.

O faraó prosseguiu a política de expansionismo como havia feito seu pai, na Núbia. Chegando até a Segunda Catarata, estabeleceu a fronteira do Egito na fortaleza de Buhen, onde colocou uma guarnição militar e uma estela da vitória. Parece que muitas dessas expedições militares eram lideradas pelo próprio faraó.

Seu controle sobre a Núbia, na verdade, ia até a Terceira Catarata porque inscrições atribuídas a Senusret I foram encontradas na ilha de Argo, ao norte da atual Dongola.

Agora já havia pelo menos treze fortificações protegendo as fronteiras do Egito até Buhen ao sul. No norte, ele protegeu a região do Delta dos invasores líbios e estabeleceu o controle sobre os oásis no deserto Líbio.

Com a Síria e a Palestina ele estabeleceu uma política de diplomacia e comércio.

Senusret I também deu muita atenção ao culto de Osíris que floresceu no país. Osíris era um deus popular e assim parece que o faraó chegou mais perto do povo. Como grande construtor que foi, ele embelezou os maiores templos, fundou o templo de Ipet sut (Karnak) e reconstruiu o templo de Aton-Ra em Heliópolis. Nesse último mandou erguer dois obeliscos por ocasião de seu jubileu, e um deles permanece como o mais velho obelisco de pé no Egito. Também construiu o templo chamado Capela Branca (que foi reconstruído em Karnak no museu a céu aberto). Remodelou o templo de Khenti-amentiu-Osiris em Abydos. Mandou erguer estelas memoriais, templos e cenotáfios.

Mesmo com toda essa construção e remodelação de templos, o faraó não descuidou da política de seu pai, que era consolidar e centralizar o poder, assim foi construindo templos para cada culto por toda a terra do Egito.

Precisando de matéria prima para construção, ele mandou expedições em busca de pedras e alabastro ao Sinai, Hatnub e Wadi el Hudi. Uma delas extraiu tanto que deu para fazer sessenta esfinges e cento e cinqüenta estátuas. No Museu Egípcio de Antiguidades há uma coleção das que sobreviveram.

Em Lisht, perto de Tjtawyamenemhet ele construiu seu monumento funerário, uma pirâmide chamada Senusret Olha para as Duas Terras, próximo à pirâmide de seu pai.

Há dez pirâmides auxiliares, nove das quais são tumbas de suas esposas. Uma delas é para a Rainha Nofret I cujo nome aparece num cartucho – é a primeira vez que um não-faraó traz seu nome inscrito num cartucho. Toda essa construção hoje está abaixo do lençol d´água e nunca foi investigada por métodos modernos de pesquisa arqueológica.

  • Amenemhet II Nubkaure (Hórus aquele que está honrado com Maat)
  • Mâneton o chama Ammanemes, Ammanemes
  • Lista de reis -

Filho de Senusret I com uma de suas esposas principais Nofret I. Como fizeram seu avô e seu pai, ele foi co-regente durante uma parte do reinado de seu pai.

Não há certeza mas parece que Amenemhet II casou com Mereret I.

O conhecimento sobre o reinado de Amenemhet II vem dos documentos encontrados sobre ele, inclusive os, já comentados acima, textos do Genut, ou O Livro dos Dias encontrados em construções pertencentes ao faraó. Parece que ele governou junto com seu pai por pouco tempo mas dirigiu uma expedição à Núbia nessa época.

Seu reinado é conhecido por consolidar a política de seus antecessores fazendo diplomacia e comércio com outros povos. Foram encontradas jóias com seu nome em Biblos, no Líbano e em compensação os governantes de Biblos deixaram inscrições em hieróglifos fazendo referências aos deuses egípcios.

Amenemhet II, Louvre

Também foram encontrados, no templo de Montu em Tod, quatro caixas de bronze com o nome de Amenemhet II que estavam cheias de taças de prata do Levante e do Egeu. Também havia selos cilíndricos e amuletos de lápis lazuli vindos da Mesopotâmia.

Também é do reinado de Amenemhet II o conto O marinheiro do navio naufragado, uma história muito interessante que menciona o faraó.

A grande falha do seu governo foi permitir que os nomarcas voltassem a herdar seus nomos, coisa que seus antecessores haviam impedido, eles mesmos indicando os nomarcas para seus postos, para manter a centralização do governo e despojá-los de seus poderes. Amenemhet II permitiu que os nomarcas se aproveitassem para usar títulos e para agirem como se fizessem parte da corte. Em troca, eles deveriam proteger as fronteiras, acompanhar o rei nas expedições e agir como seus enviados.

Parece que Amenemhet II já usava a tática de enviar os filhos dos nomarcas para fazer treinamento com o pessoal do próprio faraó, antes de serem mandadas a diversos postos para servirem ao Egito. Isso tirava muito do poder dos governadores locais, pois os filhos já não eram criados dentro de uma política local e sim do país.

Não se sabe quase nada sobre obras feitas por Amenemhet II, exceto sua pirâmide, pode ser que alguns projetos seus tenham sido usurpados.

A pirâmide foi construída em Dashur, os dois faraós que o antecederam construíram suas pirâmides em Lisht perto do Fayum. Ele também tem seu nome numa estela encontrada em Wadi Um Balad, num portal em Hermópolis e numa grande esfinge que hoje está no Museu do Louvre. Também é mencionado em diversas inscrições perto de Assuã junto com seu filho.

  • Senusret II Khakheperre (Hórus que lidera as Duas Terras)
  • Mâneton o chama Sesostris
  • Lista de reis -

Senusret II ou Sesóstris II seu nome grego, sucedeu seu pai após uma breve co-regência e parece que fez o mesmo com seu filho, uma breve co-regência e parece que fez o mesmo com seu filho, uma vez que era bem mais fácil a sucessão dessa forma.

Senusret II alargou as fronteiras do Egito profundamente dentro da Núbia com muitas campanhas militares. Manteve relações de comércio com a Ásia, mineração e extração de pedras na Núbia e no Sinai.

peitoral de SenusretII

Politicamente seu maior feito foi criar bases para uma economia estável e forte no país. Seus conflitos com nomarcas quase sempre eram resolvidos diplomaticamente.

Sua pirâmide foi construída em Lahun ao sul do Fayum. Mais tarde a pirâmide de Senusret II foi destruída por Ramsés II (19ª Dinastia).

O mais interessante é que foi encontrada pelos arqueólogos a vila habitada pelos artesãos e suas famílias, que eram os responsáveis pelas obras da pirâmide. Foi a primeira vez que houve esse tipo de descoberta.

No complexo pertencente à família do faraó nada foi encontrado, com certeza todas as tumbas já haviam sido roubadas, exceto a de uma filha do rei, chamada Sit-Hathor-Unut onde havia um tesouro em jóias. Mais de dez mil contas, centenas de anéis, braceletes, tornozeleiras de ouro, uma coroa e outros artigos de toalete.

Também foi descoberto um grupo de estátuas, usurpado por Ramsés II,que mostra Senusret II forte e vigoroso com um rosto firme e ombros musculosos. Esse foi um período em que a arte da estatuária alcançou um nível muito alto e isso é observado inclusive nas estátuas encontradas em tumbas não pertencentes à família real.

A esposa principal de Senusret II era Khnumetneferhedjetweret (Weret), cujo corpo foi encontrado numa tumba sob a pirâmide de seu filho Senusret III em Dashur.

  • Senusret III Khakaure (Hórus figura divina)
  • Mâneton o chama Sesostris
  • Lista de reis -

Senusret III foi certamente o filho de Senusret II e sua mãe foi Khnumetneferhedjetweret (Khanumet, Weret), cuja múmia foi encontrada numa tumba próxima a pirâmide de Dashur. Sua esposa principal tinha por nome Mereret e seu filho foi Amenemhet III.

Militarmente, Senusret III liderou uma campanha contra a Palestina e foram encontrados textos chamados Textos de Execração.

perfil de três estátuas do faraó Senusret III, Deir el-Bahri

Esses textos foram encontrados na Núbia e no Egito, inscritos em figurinhas mágicas ou em argila e se referiam aos inimigos do Egito. Esses objetos eram em geral, esmagados de maneira ritual e os fragmentos colocados sob as fundações de uma nova construção. Talvez para simbolicamente destruir o objeto da maldição, em geral os asiáticos, assim descobrimos que esse faraó tinha uma política violentamente anti-asiática.

Durante seu reinado houve quatro campanhas militares contra a Núbia, que foram brutais, muitos homens mortos, mulheres e crianças escravizadas, poços envenenados e campos queimados. Ele reforçou também as fortificações ao sul da fronteira. Foi o faraó que estendeu as fronteiras do Egito mais para o sul. Está documentado também, que o faraó liderou pessoalmente a campanha da Síria.

Senusret III foi um rei que se preocupou com a classe média, a quem procurou dar boas condições de vida, os fazendeiros, mercadores, artesãos e comerciantes foram contemplados com sua atenção e viram sua influência aumentar neste reinado. Isso era bom porque eles saíam da esfera de influência dos nomarcas, e assim o faraó finalmente conseguiu tirar dos nomarcas o poder que ainda retinham. Ele dividiu o país em três regiões administrativas, especialmente criadas para limitar os poderes individuais e fortalecer o governo central.

Fisicamente Senusret III deve ter sido uma figura impressionante, com mais de 1,80 metro de altura, assim Mâneton o descreve, e um grande guerreiro.

Antes de Senusret III, os faraós eram mostrados em estátuas, como homens jovens e fortes, a versão do rei idealizado. Esse faraó quebrou as regras e é mostrado como um homem idoso, pelo menos, seu rosto é de um homem idoso, com rugas e bolsas sob os olhos. O corpo ainda é de um jovem, mas pelo rosto podemos ter uma amostra do verdadeiro rei. Talvez isso mostre que houve mudanças, tanto na arte, evitando as representações rígidas da figura real, como ideológicas, humanizando a figura do faraó. Nas estátuas observamos que o faraó deus já não existe e sim o faraó como um líder, com qualidades humanas.

Suas obras foram muitas, em Abidos ele reformou o templo de Osíris, adornou o templo de Mentuhotep II com seis estátuas em tamanho real de granito, de si mesmo usando o nemes. Embora seus interesses maiores estivessem ao norte do Egito, ele ajudou a manter muitos sacerdotes de Amon no Alto Egito, em Tebas. Também construiu um grande templo para Montu, o antigo deus da guerra tebano.

A pirâmide de Senusret III foi construida em Dashur. Nas escavações foram encontradas as tumbas da rainha Mereret sua esposa, da princesa Sit-Hathor sua irmã e de sua mãe. De toda forma, os egiptólogos não acreditam que Senusret III tenha sido sepultado nessa pirâmide.

Ele construiu também um complexo mortuário em ao sul de Abidos, com uma tumba subterrânea enorme, cujo nome era Duradouros são os lugares de Khakaure demonstrados em Abidos.

  • Amenemhet III Nimaatre (Hórus Grande Poderoso)
  • Mâneton o chama Lachares, Lamares, Lamaris, Lampares
  • Lista de reis Nimaatre


Este foi o último dos grandes faraós do Médio Império. Ele dividiu o trono com seu pai como co-regente pelo menos por algum tempo antes da morte de Senusret III.

Amenemhet III construiu sua pirâmide em Dashur, mas ela começou a ruir logo que foi terminada, então ele mandou construir outra perto do Fayum, em Hawara.

Em Hawara, o esplendor e a complexidade de seu templo mortuário o tornaram conhecido como Labirinto. Os grandes, Heródoto (que visitou o local no século 5 a.C), Diodorus Siculus, Strabo e Plínio, todos fazem referência a essa estrutura.

Amenemhet III

A câmara funerária central da pirâmide, feita em um único bloco de granito, deve ter pesado 110 toneladas. Essa pirâmide foi uma das maravilhas da antiguidade e um dos locais mais visitados no mundo antigo. Heródoto afirma que contou 3 000 câmaras no complexo funerário da pirâmide.

O historiador Strabo conta que as ante salas da pirâmide eram tantas quantas as províncias do Egito (42) e cada uma homenageava seu deus principal. Também são mencionadas as galerias subterrâneas para o deus local, o crocodilo Sobek, mas nunca foram encontradas.

De acordo com Diodorus, Dédalo ficou tão impressionado pelo templo, que construiu seu próprio labirinto para Minos em Creta, baseado no templo de Amenemhet III.

A região do Fayum teve muito a agradecer pelo desastre da primeira pirâmide, porque o faraó voltou sua atenção para a parte da agricultura e economia locais. Fundou templos e construiu estátuas.

As construções nessa região, além de sua pirâmide, incluem o Templo de Sobek (o principal deus do local), a capela para Renenutet (deusa das colheitas) em Medinet Maadi. Ele também construiu uma barragem para regular a vazão de água no grande lago Birket Qarun e para comemorar mandou erguer duas estátuas suas, colossais, como se estivesse olhando para o lago.

Esse faraó era tão ligado à região do Fayum que é provável que durante a era greco-romana, quando houve uma reativação na área, Amenemhet III fosse adorado como um deus de nome Lamares.

Fora da região do Fayum, ele construiu o templo de Quban na Núbia e expandiu o templo de Ptah em Mênfis.

Amenemhet comandou muitas escavações em busca de pedras, teve especial interesse nas minas de turquesa no Sinai, em Wadi Hammamat, onde há alabastro, na Núbia em busca de diorito, em Tura, por causa de sua pedra calcária especial.

No seu reinado, Amenemhet III teve paz, graças às atividades militares de seus antecessores, portanto, a não ser reforçando as fronteiras, não houve campanhas militares. Esse faraó construiu muito, foi grande político e organizou a administração do país, seguindo as bases de seu pai.

Havia toda uma burocracia que impedia que os governantes locais possuíssem muito poder. Ele prosseguiu as relações diplomáticas com outros povos, dizem que era muito respeitado de Kerma até Biblos. Durante seu reinado, muitos trabalhadores, incluindo camponeses, soldados, artesãos, vieram para o Egito trabalhar nas construções.

É possivel que a economia tenha declinado no final do seu reinado, devido a essa febre de construções aliada às baixas enchentes do Nilo. Pode ser também, que muitos desses trabalhadores estrangeiros fossem os asiáticos e tenham encorajado os chamados hiksos a se estabelecerem no Delta.

O faraó deve ter sido sepultado em sua segunda pirâmide, em Hawara.

  • Amenemhet IV Maakherure (Hórus, múltiplas transformações)
sarcófago em Mazghouna 1911, Petrie
  • Mâneton o chama Amemmenes
  • Lista de reis

Provavelmente foi o filho de Amenemhet III e foi co-regente junto com o pai. O templo de Medinet Madi no Fayum foi construído provavelmente pelo pai e o filho juntos.

Seu pai teve um longo reinado, portanto quando Amenemhet IV assumiu já era um homem de meia idade.

Não teve herdeiros e foi sucedido no trono por sua irmã Neferusobek e é possível que fosse casado com ela e não tenham tido herdeiros.

Pelas inscrições encontradas, acredita-se que ele manteve forças egípcias na Núbia, pelo menos para proteger as fronteiras.

Não se sabe quase nada sobre esse faraó. É possível que ele tenha construído o complexo de Mazghuna, onde foi encontrado um sarcófago de quartzito, mas não foram encontradas inscrições e até agora (2009) não temos nenhuma nova descoberta.

  • Neferusobek Sobekkare (Hórus, amado de Ra)
  • Mâneton a chama Scemiophris
  • Lista de reis Sobeneferure
Neferusobek

Ou Sobekneferu depende de como são lidos os hieróglifos, foi uma das poucas rainhas que reinou no Egito e acredita-se que ela reinou por quatro anos.

Não se conhece o local onde foi sepultada, embora muitos acreditem que foi em Mazghouna, numa pirâmide parcialmente construída próxima a de seu marido e irmão Amenemhet IV.

Ela provavelmente era filha de Amenemhet III e deve ter se casado com seu irmão (ou sobrinho) Amenemhet IV. Após a morte do marido, sem herdeiros para ocupar o trono, ela se tornou rainha.

Seu nome consta da lista de reis de Karnak, Saqqara e Abidos. Esse fato nos dá uma pista para entender que ela não foi considerada apenas regente ou usurpadora. Ela é reconhecida como rei por direito. É a primeira mulher a usar o título de faraó.

Neferusobek combina a representação masculina do faraó, com detalhes que a definem como uma mulher. Nas estátuas onde usa o nemes (touca formal dos faraós) ela usa também o vestido tradicional das mulheres.

Esta rainha deve ter sido a responsável pela criação do centro religioso no Fayum, chamado Shedet, em honra do deus crocodilo Sobek, por isso, se acredita que os sacerdotes de Sobek tenham apoiado sua ascensão ao trono.

Parte de um colar ritual na forma do deus crocodilo Sobek

O centro de seu governo foi nas cidades de Mênfis e Heliópolis. Temos o registro de seu nome em monumentos e fragmentos relacionados ao templo mortuário de Amenemhet III em Hawara. Há cinco estátuas, três delas sem a cabeça que foram descobertas no Fayum bem como outros itens com seu nome, escaravelhos, selos e contas.

Também há uma inscrição que registra a inundação do Nilo numa fortaleza da Núbia em Kumma, há o registro de 1.83 metros (o que é muito pouco), no último ano de reinado de Neferusobek.

Ela é conhecida como o ultimo faraó do Médio Império antes da agitação que marca o segundo período intermediário. É a última a aparecer na lista de Abidos e de Saqqara, não se sabe porque ela ficou separada dos reis que a seguiram com pequenos reinados.

Médio Império/Dinastias do Médio Império 13ª dinastia

Dinastia 13

Décima-Terceira Dinastia[editar | editar código-fonte]

A 13ª dinastia está dentro do Médio Império mas também poderia pertencer ao Segundo Período Intermediário, porque foi uma fase em que o governo centralizado se despedaçou.

Esta não é uma dinastia tradicional, uma vez que houve diversos reis cada qual governando de um local. Assim também houve muita rivalidade e disputas pelo trono do Egito.

Novamente o poder estava rompido.

A 13ª dinastia durou por volta de 150 anos mas nela houve por volta de 65 reis ou mais. A capital política permaneceu em Itj-tawy mas o governo propriamente dito, estava espalhado por todo lado.

A maior parte dos reis dessa dinastia não está devidamente registrado, alguns podem ter sido estrangeiros ou pessoas sem sangue real. Apenas temos Neferhotep I, seu filho Sit Hathor e seu irmão Sebekhotep IV como reis registrados.

A cronologia desse período é uma mistura difícil de organizar, dezenas de reis são colocados em ordens variadas de acordo com cada tipo de documentação. Muitos são desconhecidos embora seu nome conste do Cânone de Turim.

O Cânone de Turim possui 57 fileiras com nomes e fragmentos de 50 governantes mais 12 possíveis de serem colocados nas fileiras 15-19 e 49-55. A duração para essa dinastia é estimada em 150 anos, de modo que cada reinado teria durado por volta de três anos.

Faraós da Décima-Terceira Dinastia[editar | editar código-fonte]

Conhecidos apenas no Alto Egito e que não estão presentes no Cânone de Turim são:

  • Mentuhotep VI
  • Djehuty
  • Neferhotep III
peitoral feito de ouro, electrum, cornalina e vidro, 13ª dinastia
  • Nebiryraw I
  • Smenre
  • Bebiankh
  • Snaaib
  • Monthemsaf
  • Senwosret IV
  • Nebmaatre
  • Dedumose I-II
  • Wepwawemsaf
  • Pantjeny

Baseado no Cânone de Turim e em outros documentos, o egiptólogo dinamarquês Kim Ryholt publicou em 1997 a sugestão abaixo para a cronologia desta dinastia.

cartucho de Sobekhotep I, Abidos
  • Sobekhotep I

O fundador da dinastia, está registrado como o primeiro rei do sexo masculino a incluir o deus crocodilo no seu nome. Deve ter sido o filho de Amenemhet IV da 12ª dinastia embora no Cânone de Turim conste na 19ª posição.

Seu nome está presente em inscrições em papiros, em algumas pedras de construções e na lâmina de um machado cuja proveniência se desconhece.

  • Sekhemkare Sonbef

É possivel que tenha sido filho de Amenemhet III e existe uma confusão entre ele e Amenhemhet V. São reis efêmeros.

  • Amenemhet Sonbef

Este rei é o número dois do Cânone de Turim e possivelmente sucedeu seu irmão Sobekhotep I.

Foi encontrada uma estela com seus nomes e o deus do Nilo, Hapi. Um cilindro com o selo trazendo seu nome também foi usado durante seu pequeno reinado.

  • Amenemhet V

Existe uma confusão entre esse rei e Sekhemkare Sonbef. De acordo com o Cânone de Turim ele foi o terceiro rei dessa dinastia.

Do período em que reinou não há nada, nem selos, nem monumentos, a única coisa que restou foi o seu nome escrito num papiro e uma estátua quebrada em duas partes, feita de uma pedra dura cinza esverdeada. Ela foi encontrada na área do templo de um antigo forte em Elefantina, Assuã. A identificação positiva foi feita no final dos anos 1990 quando o nome do rei foi descoberto, inscrito em alguns dos muitos fragmentos do corpo da estátua que combinava perfeitamente com a outra parte.

O estilo artístico remonta à 12ª dinastia e sua expressão parece mais alegre do que os rostos de alguns faraós da dinastia anterior.

  • Amenyqemau

Até 1957 este era um rei totalmente desconhecido até que uma equipe americana trabalhando em Dashur, encontrou uma estrutura de tijolos baixa e bastante cheia de entulhos.

Embaixo havia uma outra estrutura que determinava que ali havia uma pirâmide ainda desconhecida. O proprietário era o rei Ameny Kemau identificado pelos fragmentos de seus jarros canopos, um ilustre desconhecido da 13ª dinastia e difícil de ser colocado na longa lista de reis efêmeros deste inicio do segundo período intermediário.

No Cânone de Turim aparece um rei cujo nome Se-hotep-ib-Re, que reinou durante um ano, pode ser este rei de que tratamos. Há também a possibilidade que seja o filho de Amenemhet V.

Em 1968 houve outras escavações para melhor documentar essa pirâmide, mas hoje ela está completamente destruída e os visitantes de Dashur sequer se dão conta de que ali houve uma pirâmide.

Nota - descoberta maio 2017

  • Sobekhotep II

Talvez tenha sido o filho de Sobekhotep I. Ele foi o segundo homem de uma lista de sete reis a usar o nome Sobekhotep, homenageando o deus crocodilo.

Sobekhotep II é identificado no Cânone de Turim entre o pouco conhecido Amenemhet VII (Sedjefkare) e o mais conhecido Khendjer.

Em seu governo, fez acréscimos no templo de Mentuhotep I em Tebas e Medamud. Há uma estátua de granito vermelho, que o mostra sentado no trono. Seu nome também foi registrado num bloco de pedra do altar de uma capela em Abidos e numa coluna que está no Museu Petrie. Nada se sabe sobre sua tumba.

  • Hor I
estátua de Hor

Este é um rei bastante registrado. Em Hawara, no lado norte da pirâmide de Amenemhat III existe uma pequena tumba onde Hor I foi sepultado.

Entre outras coisas foi encontrada uma estátua de madeira do rei em tamanho natural. Hoje ela está no Museu do Cairo e é considerada uma obra prima.

Esta estátua representa o Ka do rei, um companheiro invisível que caminha com cada ser humano durante a vida assim como na morte. Acredita-se que tomava posse do corpo mumificado e era simbolizado como nos hieróglifos, dois braços erguidos sobre a cabeça.

Os olhos são feitos de vidro branco e azul, uma cor rara para os olhos dos egípcios.

A tumba estava intocada e continha a múmia com o sarcófago de madeira e alguns equipamentos funerários, incluindo uma arca também de madeira.

  • Wegaf

Em algumas listas este rei consta como o primeiro da dinastia, o Cânone de Turim diz que ele reinou durante dois anos, três meses e vinte e sete dias.

Wegaf deve ter reinado a partir de Itj-tawy e foi um dos primeiros de uns dez reis a tentar estabelecer regras para governar o país.

Poucas coisas sobraram de Wegaf e apenas um selo escaravelho, registra esse rei como comandante do exército do Egito antes de governar. Há também duas estelas em Karnak e na Núbia perto da segunda catarata, uma estatueta e uma estela no Museu de Kartum no Sudão.

Uma ostraca da ilha de Elefantina em Assuã mostra o nome de Wegaf junto do nome do rei Senwosret (não se sabe de qual deles) além disso há uma estátua do rei no Museu do Cairo.

  • Khendjer
reconstrução livre do complexo de Khendjer

Seu complexo mortuário com a pirâmide foi descoberto bem ao sul da necrópole de Saqqara em 1929 mas só foi identificado dois anos depois. Não fosse isso nada mais se saberia sobre este rei.

Quando seu nome foi encontrado numa estela houve uma confusão acerca do seu nome, pois foi usado outro nome de trono. Depois os estudiosos chegaram a conclusão de que ambos os nomes, pertenciam ao mesmo rei da estela encontrada em Saqqara e mencionado no Cânone de Turim.

Do seu templo mortuário restam partes de relevos e do piso da entrada. Felizmente fragmentos de colunas inscritos com seu nome permitiram identificar o dono da construção.

Muitos pedaços de granito negro que formavam o piramidion (topo da pirâmide) foram encontrados razoavelmente preservados e foram reconstruídos. Estão inscritos com o nome de trono do rei, Userkare.

Há também uma capela na parte norte construída contra a lateral da pirâmide, onde há fragmentos de relevos, cenas de oferendas e outras. A noroeste há restos de uma pequena pirâmide auxiliar subterrânea talvez construída para sua primeira rainha, além de outras tumbas para membros da família.

Tudo isso foi encontrado interminado em finais de 1920, talvez esse local nunca tenha sido usado para sepultamentos.

Uma inscrição no sarcófago encontrado na tumba abaixo da pirâmide da rainha indica a duração do pequeno reinado de Khendjer – quatro anos.

Além de sua tumba o que sobrou deste rei foram três estatuetas, três selos cilíndricos com seu nome, alguns selos escaravelhos e uma estela.

coluna papiriforme com o nome de Sobekhotep III, templo de Montu, Medamud

Se conforme seu nome indica, Khendjer veio de fora do Egito (seu nome é semítico), ele talvez tenha sido reconhecido como o primeiro rei de origem não-egípcia.

  • Sobekhotep III

Este rei está listado no Cânone de Turim no número 19 de uma grande lista de governantes.

Ele não tinha sangue real e seus pais (registrados numa inscrição num templo) eram pessoas comuns.

Embora tenha governado por pouco tempo existem muitos artefatos de seu reinado, entre eles mais de 30 selos escaravelhos.

Sua família ficou registrada embora não fosse real e os nomes de duas de suas rainhas são conhecidos, Senebhenas e Neni. Mais tarde ele teve uma filha de nome Jewetibaw cujo nome foi encontrado num cartucho.

Restos de seus monumentos foram encontrados em el Kab e Lisht. Há um altar na ilha Sehel em Assuã com seu nome, também um cabo de machado e uma pequenina conta de ouro. Há uma representação de Sobekhotep III como esfinge de pedra (Museu Egípcio) e uma estátua dedicada ao deus criador Khnum no Museu de Estocolmo.

Neferhotep I, Museu de Bolonha
  • Neferhotep I

É o primeiro rei de uma série de muitos usando esse nome que significa beleza e satisfação. Ele era o irmão mais velho do próximo rei, Sobekhotep IV.

O hieróglifo que significa satisfação é um pedaço de pão sobre uma esteira o que indica a seriedade com que os egípcios viam sua comida.

Ele está listado como número 27 no Cânone de Turim.

Neferhotep I descendia de uma família de militares sem nenhum sangue real e possivelmente originária de Tebas. O nome de sua rainha era Senebsen e parece que eles moravam na capital de onde o rei governava o país, Itjtawy perto de Lisht, no Fayum, médio Egito.

Na ilha de Sehel, Assuã, o nome de Neferhotep I foi gravado na rocha em sete oportunidades. Ele deixou duas estelas em Abidos e outra foi encontrada em Biblos, Líbano. Seus selos escaravelhos são mais de 60 e há também dois selos cilíndricos.

Deste rei temos três estátuas, uma em Elefantina, Assuã e duas no templo de Karnak, Tebas.

Seu sucessor foi o irmão mais novo Sobekhotep IV e talvez eles tenham governado juntos por um período, porque há muitos monumentos trazendo inscritos os nomes dos dois.

estátua de Sobekhotep IV, Louvre
  • Sobekhotep IV

No Cânone de Turim ele está colocado na posição 21.

Sobekhotep IV foi um dos reis mais poderosos desta dinastia e é conhecido por ter enviado tropas para a Núbia a fim de proteger as fronteiras ao sul.

Do seu reinado existe uma bela estátua em que se pode observar a aparência de Sobekhotep IV, no estilo do Império Médio, com orelhas grandes, está hoje no Museu do Louvre.

Diz a história que ele era o irmão mais novo de Neferhotep I ao qual ele sucedeu. Talvez seu pai fosse um sacerdote e há uma chance de que sua mãe fosse neta de Amenemhet III da 12ª dinastia.

Sua rainha era Tjan e após a morte de Sobekhotep IV, ela deixou uma inscrição onde conta como foi para Heliópolis e estudou os velhos textos e como levou a estátua do deus Osíris numa procissão. A história termina na antiga capital, em Abidos, na chamada Tumba de Osíris onde os sacerdotes fizeram uma encenação religiosa.

Importante citar que foi durante o reinado de Sobekhotep IV que os hicsos aparecem na história, tomando o controle de Avaris, no Delta. A partir daí eles conquistam o trono e despedaçam o país.

Sobekhotep V
  • Sobekhotep V

Este rei era um governante de Tebas e provavelmente filho do rei anterior, usando o mesmo nome (e o número 5). É dito que ele teve um filho que também usou o mesmo nome.

O Cânone de Turim o registra como número 25, reinando um período de quatro anos.

Praticamente nada se sabe sobre Sobekhotep V e o que sobrou foram 10 selos escaravelhos e um cilindro e uma estatueta encontrada em Kerma, na Núbia hoje no Museu de Berlim. Isso indica que embora o Egito estivesse enfraquecido, ainda possuía influencia e talvez o controle sobre regiões remotas da Núbia.

  • Wahibre

Temos para este rei dois outros nomes, Iaib ou Ib-iaw, como foi encontrado em seu cartucho.

No Cânone de Turim ele está em 29ª posição, e existe uma parte muito estragada do papiro, que poderia conter outros quatro reis antes dele. Pode ser que ele tenha reinado como o número 33.

Wahibre e seu sucessor são os últimos reis que são bem registrados e reinaram durante um certo tempo.

O que restou para confirmar a existência desse rei foram nove selos escaravelhos, um dos quais encontrado em Biblos no Líbano; três selos cilíndricos; uma conta e um selo com seu nome encontrados em Lisht; uma caneca de Kahun e uma estela que está hoje no Museu Britânico.

estátua do portador do selo real, Gebu, 13ª dinastia
  • Aya (Ay, Ai)

Nos cartuchos esse rei aparece com o nome Merneferre . No Cânone de Turim ele está na posição 33 e foi o rei cujo governo foi mais longo, é citado como 24 anos.

A história conta que os governantes hicsos começaram a se expandir em direção ao sul e tomaram Mênfis. Assim, Aya fugiu de sua capital Itj-twy em direção ao sul. Ainda hoje (2009) não foi encontrada com certeza a cidade de Itj-twy.

Aya deixou muitos registros, mais de 60 selos escaravelhos, um selo cilindrico, uma jarra de pedra com seu nome e a ponta de sua pirâmide (piramidion) que foi encontrada em Khatana (a nordeste do Delta).

Não se sabe o local de sua tumba, só existem suposições.

  • Dedumose I

No cartucho temos seu nome Djedhotep-Re.

Sua fama não é agradável e nos vem através do trabalho histórico de Mâneton. Em sua crônica ele conta que foi esse rei quem entregou o país aos hicsos e o cita com seu nome grego, Totemaios.

Não se sabe o motivo de seu nome não constar no Cânone de Turim e apenas estar registrado em fragmentos do Alto Egito.

O egiptólogo Kim Ryholt em 1997 o colocou na 16ª dinastia. Mas, a dificuldade de situar esses reis, se deve ao fato de haver pelo menos três (alguns dizem que foram cinco) dinastias governando ao mesmo tempo, num Egito despedaçado.

É possível que Dedumose tenha se rendido aos hicsos e a partir daí seus seguidores foram marionetes, reis apenas no titulo, sem nenhum poder.

De Dedumose, foram encontradas apenas inscrições com seus nomes e títulos, uma estela foi descoberta em Edfu erigida por um oficial que se intitula filho do rei e manda gravar todos os títulos de Dedumose inclusive seu nome de Hórus dentro de um serekh. Essa estela está no Museu do Cairo.

A verdade é que o Egito enfrenta de agora em diante um período politicamente conturbado, que vamos ver no próximo capítulo.

Outra lista de reis da 13ª dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Wegaf
  • Amenemhet-senebef
  • Sekhemre-Khutawi
  • Amenemhet V
  • Sehetepibre I
  • Iufni
  • Amenemhat VI
  • Semenkare
  • Sehetepibre II
mesa de oferendas, 13ª dinastia
  • Sweadjkare
  • Nedjemibre
  • Sobekhotep I
  • Reniseneb
  • Hor I
  • Amenemhet VII
  • Sobekhotep II
  • Khendjer
  • Imira-mesha
  • Inyotef IV
  • Seth
  • Sobekhotep III
  • Neferhotep I
  • Sihathor
  • Sobekhotep IV
  • Sobekhotep V
  • Iaib
  • Ay
  • Sewadjtu
  • Ined
  • Hori
  • Sobekhotep VI
  • Neferhotep II
  • Sobekhotep VII
  • Senwosret IV
  • Montuhotep V
  • Mentuemsaf
  • Dedumes I
  • Neferhotep III
  • Sobekhotep VIII
  • Ibi II
  • Hor II
  • Senebmiu
  • Sekhanre I
  • Merkheperre
  • Merikare

Segundo período intermediário

Segundo Período Intermediário
1650-1550 a.C
Egito

Atenção para um link sobre novas descobertas (2014)[editar | editar código-fonte]

Dinastias 14-17[editar | editar código-fonte]

Como já vimos no final do Médio Império, na 13ª Dinastia o Egito foi novamente dividido.

Um dos grandes motivos para o fim do Médio Império, foi a imigração dos asiáticos que começou a tomar grande vulto, ameaçando a estabilidade do país, uma vez que esses estrangeiros viviam sob suas próprias leis.

Assim, a monarquia ameaçada, dividida em diversas dinastias e diversos locais, lançou o país no caos, situação que os estrangeiros trataram de aproveitar.

Com relação às dinastias existem tantas dúvidas que não temos como dizer qual é a lista mais ou menos correta.

A lista de Abidos, pula direto de Ammenemes IV para o primeiro rei da 18ª Dinastia.

Aceita-se que a data do reinado de Ahmose I (fundador da 18ª Dinastia) esteja acurada e portanto assim é fixada a duração do Segundo Período Intermediário.

Na verdade não há uma data ou fato determinado para marcar um período. Tanto o primeiro como o segundo períodos intermediários, foram períodos de transição que envolveram a ruptura de um governo estabelecido, a dissolução do poder centralizado com o surgimento de uma série de insignificantes governantes regionais.

Período do governo estrangeiro[editar | editar código-fonte]

O período que agora focalizamos é muitas vezes chamado de período do governo dos hicsos ou da invasão dos hicsos.

Na verdade, não houve propriamente uma invasão. O povo chamado de hicso já vivia no Baixo Egito, no Delta, há algum tempo.

O Delta era um verdadeiro paraíso para o pastoreio, para a agricultura e os povos vindos das agruras do deserto encontraram ali fartura, paz e um povo desenvolvido que lhes permitia uma grande liberdade e assim assimilaram a cultura e os costumes dos egípcios.

O que ocorreu foi que, com a dissolução do poder central, havia reis egípcios estabelecidos em Tebas e os hicsos se aproveitaram da confusão política se fortaleceram no Delta e de lá começaram a formar um governo, como veremos adiante.

As dinastias[editar | editar código-fonte]

De acordo com a história do Egito, podemos observar que os reinados prolongados eram uma indicação de prosperidade do país, de modo que os períodos em que podemos contar muitos reis com reinados curtos, indicam fases de convulsão social, política e econômica.

Há uma grande dificuldade para se organizar os reis que governaram esse período. De acordo com Mâneton, a 14ª Dinastia consistiu de setenta e seis reis de Xois (hoje Dakha no Delta).

Africanus conta que a 15ª Dinastia consistia de seis reis estrangeiros que chamavam a si mesmos de pastores ou hicsos.

A 16ª Dinastia foi novamente de reis pastores, em número de trinta e dois.

Papiro de Turim

Na 17ª Dinastia reinaram paralelamente os reis pastores e os reis tebanos, quarenta e três reis em cada linhagem durante cento e cinqüenta e um anos.

Com relação ao tempo de duração existem tantas discrepâncias que não o temos praticamente mencionado.

Das listas de reis, apenas a de Karnak enumera os governantes deste período. Ela menciona mais ou menos, trinta reis e a metade deles foram confirmados por objetos, blocos de construção inscritos, estelas e outros tipos, na sua maior parte pertencentes aos reis da área de Tebas.

Infelizmente na lista de Karnak os nomes estão de tal forma misturados, que é impossível seguir uma seqüência confiável.

Já o Cânone de Turim , embora esteja muito fragmentado, distribui os reis a partir da 13ª Dinastia até a 18ª Dinastia. Porém não mais de sessenta nomes estão preservados o suficiente para se atestar sua veracidade e, apenas um terço deles foram confirmados em fragmentos, monumentos ou inscrições.

Os estudiosos chegaram a conclusão, que o Cânone de Turim enumera muitos reis que governaram simultaneamente, possivelmente de partes distantes do país. Inclusive Mâneton, ao mencionar os reis de Xois, parece ter consciência do fato, mas, os registrou como dinastias consecutivas.

Procuramos anotar o que foi possível sobre cada rei das dinastias desse período, na página dedicada apenas as dinastias.

Os Hicsos[editar | editar código-fonte]

hicso por Lepsius

O historiador judeu Josephus, usa aqui as palavras de Mâneton (se é que se pode confiar nisso), para falar sobre esses estrangeiros.

Ele os chama de invasores de uma raça obscura, que venceram usando a força, queimaram cidades, destruíram templos e massacraram o povo. Se estabeleceram em Mênfis, deixando guarnições em pontos importantes, até escolher um dos seus membros para governar o país.

O nome deste governante era Salitis e ele escolheu um dos nomos com o local ideal, uma cidade chamada Avaris, que fortificou com muralhas e dela fez sua capital.

Os egípcios envergonhados e irritados com o domínio estrangeiro, chamavam os reis estrangeiros de Heka-Khaswt ou seja governantes de terras estrangeiras. Os gregos modificaram a palavra, que virou Hicsos.

Josephus os chama de pastores cativos, porque em egípcio hyk significa cativo. Mas este é um ponto discutível porque se atém a religião e nosso objetivo é a história.

Na realidade, existem muitas versões e uma delas, bastante interessante, diz que a palavra hicso deriva da expressão Hikkhase, que significa chefe de um país estrangeiro nas colinas. Essa palavra, no Médio Império, era usada para designar os sheiks beduínos.

Foram encontrados com os reis hicsos, diversos escaravelhos com esse título, mas a palavra para país, estava no plural. Isso combina com o Cânone de Turim.

Josephus acreditava que a palavra hicso se referia a toda uma raça, mas estava errado. O termo se refere apenas ao rei.

Por outro lado, muitos estudiosos concluíram que os hicsos eram uma raça de invasores, um povo semita que pode ter vindo do sul de Canaã ou da Síria.

Hoje, se acredita que a invasão do Delta por outro povo não se mantém, não foi propriamente uma invasão. Apenas se admite a infiltração dos palestinos, que buscavam refúgio num local fértil e pacífico.

Escaravelhos do período mencionam chefes chamados Anat-her e Yakob-her, o que nos faz deduzir que eram semitas.

afresco minoano encontrado em Avaris

Hoje é praticamente impossível mudar o hábito de se ver os hicsos como uma raça específica, quando hicso deve ter sido apenas o chefe.

Os egípcios usavam a palavra aamu para se referir aos detestados intrusos, que significa asiáticos e era a principio usada apenas para nomear os prisioneiros palestinos que viviam como servos no Egito.

Ao examinarmos o governo do faraó Amenemhet III da 12ª Dinastia, vamos ver que ele foi um grande promotor de obras. Então, temos a hipótese de que esse povo chamado de hicso, pode ter chegado ao Egito em busca de trabalho, nas inúmeras construções.

Aos poucos eles subiram na escala social e se adaptaram aos usos e costumes egípcios. Na verdade, no Médio Império houve um aumento muito grande da imigração. No final da 13ª Dinastia a região do Delta tinha uma grande população de origem asiática.

Com o caos que reinava na época, foi fácil para esse povo entrar no Egito apoiado pelos seus membros que já viviam lá, trazendo armamentos desconhecidos pelos donos da terra. Além disso, em Avaris eles mantinham comércio com outros povos e seus gostos artísticos eram diferentes dos egípcios.

Os chamados hicsos possuíam armaduras, cimitarras, bons punhais, arcos feitos de madeira e chifre e o mais importante, usavam carros de guerra puxados por cavalos (animal desconhecido no Egito). Eles utilizavam o bronze ao invés do cobre para forjar armas.

Além disso, introduziram o tear vertical, instrumentos e estilos musicais, alimentos como a azeitona e a romã, novas raças de animais e novas técnicas de fazer a colheita.

O governo dos hicsos ficou restrito ao Baixo Egito, ainda que o Alto Egito pagasse tributos aos reis estrangeiros. Embora eles tivessem adotado os costumes do país, o sonho de se tornarem verdadeiramente egípcios morreu em um século.

Tebas, a resistente[editar | editar código-fonte]

Tebas

Na realidade por mais força e poder que os estrangeiros tivessem, jamais foram capazes de subjugar o governo tebano, herdeiro de direito do orgulhoso sangue real dos faraós.

Uma família de príncipes tebanos reagiu de maneira brilhante e feroz contra a dominação estrangeira.

Em Tebas ficava uma espécie de governo paralelo dos egípcios, que junto com os poderosos sacerdotes planejavam expulsar de seu país, os estrangeiros.

Durante o tempo de dominação de parte do país pelos chamados hicsos, os egípcios aprenderam a manejar suas armas, aprenderam suas táticas e mantiveram seu orgulho e a resistência aos invasores.

Como ocorreu na 11ª Dinastia, também originaria de Tebas, a qual pertencia Mentuhotep II que reunificou o Egito após o primeiro período intermediário, vamos ver a região de Tebas novamente ser o foco da resistência.

Após uma guerra sangrenta começada por Tao II, seguido por seu filho Kamose um príncipe de grande coragem e determinação e terminada por seu irmão Ahmose que expulsou os hicsos para sempre do Egito.

A história dos hipopótamos[editar | editar código-fonte]

O décimo quarto rei da dinastia tebana que governava paralela à dos estrangeiros, era Tao II (Sekenenre), filho de Tao I e da rainha Tetisheri.

Conta a lenda que Tao II recebeu um aviso de Apophis, rei hicso, que vivia na capital Avaris, no Delta, dizendo que os hipopótamos do lago sagrado de Tebas não o deixavam dormir com seus roncos.

Ele queria que Tao II mandasse matar os hipopótamos.

Tao tomou isso como um insulto, afinal os hipopótamos ficavam a quatrocentas milhas do quarto de Apophis!

Caso essa lenda tenha um fundo de realidade, e é bem possível que tenha, o que se pode presumir é que os príncipes tebanos estavam incomodando os hicsos.

O que Apophis realmente queria era deixar bem claro quem mandava no Egito. O problema é que vivendo em sua cidade fortaleza no Delta, ele não se deu conta da capacidade de reação dos egípcios.

infantaria egípcia

Tao II, descendente dos grandes faraós, imediatamente declarou guerra aos governantes estrangeiros. Acompanhado de seu filho Kamose, sua pretensão era juntar exércitos a medida que marchava até o Delta.

Tao II deve ter sido morto no primeiro ano da luta. Sua múmia foi recuperada e mostra claramente os ferimentos dos golpes recebidos por machados, lanças e outras armas.

Seu filho e herdeiro Kamose (Wadjkheperre) tomou as rédeas da rebelião e foi a luta comandando seu povo e contando com as forças núbias como aliadas.

Os núbios eram guerreiros temíveis e ferozes que lutavam na linha de frente, eram os assustadores medjai, arqueiros imbatíveis e donos de uma coragem sem limites.

O chefe hicso teve que recuar com seus exércitos perante Kamose, até a cidade fortaleza de Avaris onde se escondeu.

O hicso quis negociar a rendição mantendo Avaris e a maior parte do Delta, mas Kamose não negociou e prosseguiu na luta, mantendo os estrangeiros sob pressão constante e sitiando a cidade.

Kamose levou os egípcios à vitória e assumiu o trono, abrindo caminho para o Novo Império.

Quando Kamose morreu, não se sabe se de causas naturais ou por ferimentos em batalha, sem deixar herdeiros, seu irmão Ahmose I assumiu o trono e se tornou o primeiro faraó do Novo Império.

Uma pequena nota[editar | editar código-fonte]

A história que conta a querela entre o rei hicso Apophis e seu opositor tebano Seqenenre foi encontrada no Papiro Sallier I da coleção do British Museum, onde possui o número 10185. Foi escrito em hierático e está datado do reinado de Merenptah, o quarto rei da 19ª dinastia.

Infelizmente o papiro está bastante estragado e existem muitas lacunas, antes que ele termine abruptamente na terceira linha da terceira página. De qualquer maneira, a história é muito interessante do ponto de vista histórico.

As grandes rainhas[editar | editar código-fonte]

sarcófago de Aahotep

É importante frisar aqui o papel das rainhas nessa época, que foi crucial para o sucesso dos tebanos. Elas não foram apenas esposas e mães dos futuros reis, mas muitas vezes lideraram os exércitos em caso de morte do marido.

A esposa do rei Senachtenre Tao I da 17ª Dinastia de Tebas, Tetisheri, ficou conhecida como a mãe do Novo Império, por causa de sua influência sobre seus fundadores. Ela foi a mãe de Sekenere Tao II e seus netos foram Kamose e Ahmose I. Embora não fosse de sangue real, existe uma estatueta dela no Museu Britânico onde se observa que era muito bela e usava a coroa do abutre.

Ela viveu por setenta anos e criou os guerreiros que iriam expulsar os asiáticos do Delta. Embora seu marido não tenha sido faraó, ela era uma mulher que viveu para servir ao Egito.

Seu neto Ahmose I mandou construir para ela uma tumba e um cenotáfio em Abidos.

A rainha Aahotep possuía o título de Senhora das Terras (Alto e Baixo Egito) e Senhora das Ilhas do Norte. Ela foi esposa de Sekenenre Tao II e uma inscrição em Buhen sugere que ela foi regente junto com os filhos Kamose e Ahmose I.

Seu papel foi importante protegendo o reino na região sul, enquanto seus filhos estavam lutando contra os estrangeiros no norte.

Ahmose-Nefertari por Lepsius

Uma estela no Templo de Karnak a homenageia com as seguintes palavras:

Ela foi aquela que seguiu os ritos e cuidou do Egito;
ela cuidou das tropas egípcias e as protegeu;
ela trouxe os fugitivos de volta e recolheu os desertores;
ela pacificou o Alto Egito e expulsou os rebeldes.

Na tumba da rainha Aahotep, havia muitas armas e três moscas de ouro que eram um prêmio por bravura na luta contra os estrangeiros.

A filha de Aahotep e Sekenenre Tao II, Ahmose-Nefertari, também parece ter sido muito influente durante o reinado de seu esposo e irmão Ahmose e após a morte do faraó, se tornou regente de seu filho Amenhotep I e mais tarde de seu neto Tutmose.

Ela é descrita como uma mulher negra, até mesmo por causa dos afrescos e das estátuas que mostram sua figura como negra. É complicado explicar isso, até porque ela e Ahmose eram irmãos e como se vê nos afrescos, ele tem a mesma cor dos outros egípcios.

Seu nome está registrado no Sinai e numa inscrição na ilha de Sais.

Ahmose-Nefertari recebeu cultos após sua morte e foi a primeira rainha conhecida como Esposa do Deus Amon. Também usava os títulos de Senhora das Terras, Senhora dos Países Estrangeiros, Senhora das Duas Terras.

Segundo período intermediário/Dinastias do segundo período intermediário

Pirâmides Meroe Sudão/Núbia
Dinastias 14-17

Faraós da Décima Quarta Dinastia[editar | editar código-fonte]

O Cânone de Turim começa com Nehesi, mas provavelmente outros reis governaram antes dele e não estão registrados no papiro. A 14ª Dinastia, conviveu com a 13ª e possivelmente com a 15ª, na confusão que foi o segundo período intermediário.

  • Nehesi

Parece ser o único rei dessa dinastia que foi registrado.

Existem alguns artefatos que datam de seu reinado, incluindo um obelisco no templo de Seth a nordeste da cidade de Raahu, duas estelas em Tel Habwe, uma coluna em Tanis com o nome de sua mãe e um certo número de selos escaravelhos com seu nome.

Não se entende porque o nome Nehesi significa Núbio na língua egípcia. Talvez ele fosse nascido na Núbia, e isso não seria de se estranhar porque no exército egípcio havia um grande contingente de núbios.

Na verdade, embora os faraós de dinastias anteriores vivessem lutando contra o povo núbio, os homens núbios que se engajaram no exército egípcio eram guerreiros fortes e corajosos, chamados Medjay ou Medjai eram arqueiros temíveis, sempre lutando na linha de frente das batalhas.

Além disso, os núbios tinham grande admiração pela civilização egípcia e a preservaram dentro do possível, como vamos ver bem mais tarde.

  • Khatire
Paletas de escriba de alguns períodos
  • Nebfaure
  • Sehabre
  • Meridjefare
  • Sewadjkare
  • Heribre
  • Sankhibre
  • Kanefertemre
  • Neferibre
  • Ankhkare, ...

Faraós da Décima Quinta Dinastia[editar | editar código-fonte]

Essa dinastia deve ter existido paralelamente à 14ª e é a dinastia dos Hicsos, os reis estrangeiros.

  • Salitis

Foi o primeiro rei da 15ª Dinastia. Ele também foi chamado de Shaek ou Sultão.

Foi ele o fundador das dinastias governadas pelos estrangeiros ou hicsos. Mâneton diz que durante a 13ª Dinastia esse hicso já vinha conquistando nomos e estabelecendo seu poder no Delta, ainda que seu povo fosse apenas visto como uns nômades se estabelecendo nas terras férteis do Egito.

O fato é que Salitis capturou Mênfis e se estabeleceu como um poderoso governante. Ele escolheu Avaris como sua capital e seu povo reinou no Egito por mais de um século.

Existem poucos registros de seu reinado, apenas três blocos de pedra tirados de monumentos maiores, onde seu nome está inscrito, associado ao seu nome de trono que era Se-kha-en-Re.

  • Bnon ou Sheshi

Esse foi um rei obscuro e há dúvidas de onde colocá-lo, alguns egiptólogos preferem que ele fique na 14ª Dinastia. Mas, nada comprova quando e quanto tempo governou.

Hicsos

Foram encontrados centenas de selos com o nome desse rei e isso é tudo o que se sabe dele.

  • Apachnan ou Yakubher

É outro rei obscuro que pode pertencer ou não a essa dinastia.

Seu nome parece aramaico e relacionado a Jacob, com esse nome foram encontrados alguns selos escaravelhos no Egito, uns poucos foram encontrados na Palestina e apenas um na Núbia.

A única menção a seu nome é uma lista de reis escrita mais de um milênio depois de sua morte.

  • Khyan

Como os outros reis, esse também está colocado nessa dinastia mas, isso é discutível.

Ele parece ter sido um grande governante, talvez um dos maiores entre os estrangeiros, porque seu nome foi encontrado nas costas do Mar Mediterrâneo e em Creta.

Artefatos e selos com seu nome foram achados em Knossos (Creta), em Bogaskoi (capital do reino Hitita) e nas montanhas ao norte da atual Turquia.

Em geral o titulo que acompanha seu nome é Governante das terras estrangeiras.

Escaravelho com o nome de Apophis
  • Apophis(Auserre Apepi)

O nome deste rei é mais conhecido em sua forma grega Apophis.

Parece que esse nome foi tirado do deus Apep ou Apófis (que era a serpente poderosa e indestrutível e representa as forças do mal).

Consta que ele era um homem bem educado e muito envolvido com os costumes egípcios.

Apophis reinou durante o mesmo período que os reis de Tebas.

Conta a lenda que foi ele quem provocou a guerra com o Príncipe de Tebas, Tao II, escrevendo uma carta em que reclamava que ronco dos hipopótamos do lago sagrado de Tao não o deixavam dormir (há muitas milhas de distância).

Insultado, o Príncipe tebano imediatamente partiu para a guerra. E esse foi o inicio da luta sem tréguas para expulsão dos estrangeiros.

Se isto é verdade, provavelmente Apophis não desejava chegar a tal ponto. Ele certamente desejava impor sua autoridade aos orgulhosos tebanos, descendentes diretos da linhagem real.

Essa história foi encontrada no Papiro Sallier I da coleção do Museu Britânico, que leva o número 10185. Foi escrito em hierático e está datada do reinado de Merenptah, o quarto rei da 19ª dinastia.

Infelizmente o papiro está muito estragado e há muitas lacunas até que termina repentinamente na terceira linha da terceira página. De qualquer maneira a história é muito interessante do ponto de vista histórico.

Hipopótamos

Também no Museu Britânico há o chamado Rhind Mathematical Papyrus, onde o copista anota que está escrevendo no ano 33 do reinado de Apophis, e está fazendo uma cópia de um original da 12ª Dinastia.

Do outro lado do Papiro ele menciona o ano 11 com uma referência da tomada de algumas cidades egípcias. Provavelmente se refere ao inicio da guerra entre egípcios e hicsos antes do começo do Novo Império. Mas isso não é uma certeza,

Esse papiro foi adquirido pelo advogado escocês A.H.Rhind durante sua estada em Tebas em 1850.

  • Khamudi

Foi o último dos grandes reis hicsos.

Ahmose atacou o Delta mais ou menos no ano 11 do reinado de Khamudi e capturou a cidade de Iunu ou Iunet Mehet O Pilar ou Pilar do Norte (Heliópolis).

No ano seguinte o rei hicso tentou negociar a retirada de Avaris, mas o exército egípcio tendo à frente Ahmose (filho de Tao II e irmão de Kamose) os expulsou do Egito, através do Delta.

Khamudi se deslocou com seu povo para a costa da Palestina tentando fugir dos egípcios. Mas, o exército egípcio os perseguiu através da Estrada Hórus (Horus Road), que era o caminho para a Palestina e a Síria.

Os egípcios mantiveram as batalhas na área para evitar a volta dos estrangeiros. Isso continuou até a 18ª Dinastia, porque seu primeiro faraó foi justamente Ahmose que ao final expulsou definitivamente os hicsos e deles não mais se ouviu falar.

Khamudi é mencionado no Cânone de Turim e deixou um obelisco em Avaris.

Faraós da Décima Sexta Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Anat-Her

O nome deste rei parece ser de origem canaanita.

Nada se sabe sobre ele, nem mesmo em que dinastia colocá-lo. É provável que ele ocupe a falha que existe no Cânone de Turim, onde há nomes parecidos como Yakim e Aper-Anati.

  • User-anat

Anat é poderoso. É possível que fosse um príncipe do sul da Palestina.

amuletos diversos em faiança
  • Semqen
  • Zaket
  • Wasa
  • Qar
  • Pepi III
  • Bebankh
  • Nebmaatre
  • Nikare II
  • Aahotepre
  • Aaneterire
  • Nubankhre
  • Nubuserre
  • Khauserre
  • Khamure
  • Jacob-Baal
  • Yakbam

Este é outro rei com um nome que não é egípcio. Parece um nome amorita.

Embora não esteja na lista de Mâneton, seu nome de trono era Sekhaenre e existem algumas centenas de selos escaravelhos com seu nome.

Talvez ele caiba na falha do papiro de Turim entre outros cinco reis, sendo que três estão faltando.

  • Yoam
  • Amu, ...

Faraós da Décima Sétima Dinastia[editar | editar código-fonte]

Tampa e sarcófago de um rei Inyotef da 17ª Dinastia
  • Inyotef V Nubkkheperre

Esse rei as vezes chamado Inyotef VI, é muito pouco conhecido exceto por ter deixado uma pirâmide na margem próxima ao templo de Karnak em Tebas.

Aliás dois reis Inyotef (Inyotef V e Inyotef VI) deixaram esse tipo de pirâmide, parecidas com as da 4ª Dinastia.

  • Rahotep
  • Sobekemsaf I
  • Djehuti
  • Mentuhotep VII
  • Nebirau I
  • Nebirau II
  • Semenenre
  • Suserenre
  • Sobekemsaf II

Esse rei deixou uma pequena estátua, muitas inscrições nas rochas, uma estela e dois pequenos obeliscos (um está desaparecido e o outro está no Museu do Cairo).

Sua tumba foi encontrada em Tebas e de acordo com os documentos da 20ª Dinastia, os ladrões de tumbas lá entraram e encontrando o túmulo intacto tudo roubaram e nada deixaram para trás.

Nome de Sobekemsaf I, do templo de Montu em Medamud, museu a céu aberto Karnak
  • Inyotef VI

Chamado Inyotef O velho. É conhecido apenas pelos itens encontrados em sua tumba, em Dra´a Abu el-Naga, Tebas, e que hoje estão no Museu Britânico.

A tumba foi cortada na rocha mas havia um pátio com uma pequena pirâmide. Dois obeliscos que pertenciam à tumba, foram perdidos no rio Nilo ao serem transportados.

Seu nome está registrado em diversas estruturas em Abidos.

  • Inyotef VII

Sucedeu Inyotef VI, talvez fosse seu irmão e governou por menos de um ano.

É possível que tenha sido assassinado durante seu reinado.

  • Tao I Seakhtre

Ele reinou por no máximo um ano e há muito pouco sobre ele. Somente uns poucos itens como um selo encontrado em Dra´a Abu el-Naga (provavelmente onde ele foi sepultado), seu nome de trono escrito em um cartucho numa mesa de oferendas, e um relevo do rei encontrado numa tumba em Tebas.

jóias e armas da rainha Aahotep

Sua esposa foi Tetisheri, uma das grandes mulheres do Egito, conhecida como a Mãe do Novo Império porque ela e seu marido foram os pais de Tao II e avós dos grandes guerreiros que livraram o Egito da dominação dos hicsos, Kamose e Ahmose.

  • Tao II Sekenenre

Tao II foi o príncipe que tomou a atitude de lutar contra o povo estrangeiro, os hicsos, que dominava parte do Egito.

É conhecido por se lançar na guerra por causa de um insulto do rei hicso. Apophis o hicso, reclamou dos roncos dos hipopótamos no lago sagrado de Tebas (há milhas de distância).

Tao II morreu em batalha e sua múmia foi encontrada em Tebas de modo que se pode observar os golpes que ele sofreu. Seu crânio, coluna e costelas estavam fraturados.

Sua rainha, Aahotep, também foi famosa e em sua tumba foram encontradas as moscas de ouro, prêmio por bravura em luta, e muitas armas.

bracelete com o nome de Ahmose encontrado na múmia de seu irmão Kamose
  • Kamose Wadjkheperre

Seu pai era Tao II e sua mãe a rainha Aahotep, seu irmão era Ahmose I.

Quando seu pai morreu na guerra, Kamose tomou as rédeas e comandou o exército sobre os estrangeiros fazendo com que eles recuassem.

Paralelamente à luta no norte, Kamose também lutou no sul contra os kushitas.

Duas inscrições em pedra encontradas na Núbia, trazem os nomes de Kamose e Ahmose lado a lado e com certeza foram escritas ao mesmo tempo e pela mesma pessoa. Podemos concluir que os irmãos reinaram juntos como co-regentes, pelo menos na época dessa inscrição.

Não se sabe se Kamose morreu em alguma das batalhas em que estava engajado, mas certamente não teve tempo de completar seu túmulo.

A múmia de Kamose é mencionada no Abbott Papyrus, que registra os roubos de tumbas, escrito durante o reinado de Ramsés IX.

Lá está que, a tumba de Kamose estava em bom estado mas a múmia tinha sido removida.

Barca votiva de Kamose

De fato ela foi descoberta em 1857 em Dra´a Abu Naga, num caixão pintado, aparentemente escondida numa pilha de escombros. Infelizmente parece que a múmia estava em mau estado, mas foi sepultada com uma adaga de ouro e prata, amuletos, um escaravelho,um bracelete, um espelho de bronze e um peitoral na forma de um cartucho com o nome de seu sucessor e irmão Ahmose.

O caixão ficou no Egito, a adaga em Bruxelas e o peitoral, o bracelete e o espelho estão no Louvre, Paris.

O nome do faraó inscrito no caixão só foi reconhecido cinqüenta anos após a descoberta, quando então, a múmia abandonada sob os escombros já tinha desaparecido.

Novo império

Novo Império
1550-1070 a.C.
Adaga de Ahmose I

Dinastias 18-20[editar | editar código-fonte]

O final do segundo período intermediário é marcado pela coragem dos tebanos, que unidos ao seu rei Sekenenre Tao II partiram para a luta contra os estrangeiros (hicsos) que dominavam parte do Egito.

Nessa luta, Tao II foi morto e embora o rei hicso tentasse um acordo, o filho de Tao II, Kamose prosseguiu a guerra fazendo com que os estrangeiros recuassem cada vez mais.

Kamose morreu, não se sabe se em batalha ou de forma natural, mas seu irmão Ahmose com a mesma coragem e determinação, prosseguiu a luta.

Ahmose foi um grande general e expulsou os estrangeiros para fora do Egito após uma vitória em Tanis que foi decisiva.

Na verdade, parece que o exército egípcio arrasou Avaris e perseguiu os estrangeiros até a Galiléia e só retornaram após exterminarem todo o povo, que foi chamado de hicos.

A era das conquistas[editar | editar código-fonte]

Com Ahmose I começa uma nova fase na história do Egito.

Ele é o fundador do Novo Império e reunificador do país, após a expulsão dos governantes hicsos.

Novamente unido o país, vamos ver que o domínio estrangeiro deixou marcas profundas porque os faraós do Novo Império tiveram como característica o ímpeto guerreiro.

Para assegurar proteção contra futuras possíveis invasões, Ahmose I prosseguiu nas campanhas militares, expandindo o território egípcio no norte, até a Síria-Palestina e no sul até a segunda catarata na Núbia.

Em pouco tempo o Egito voltava a ser a grande e poderosa nação do mundo antigo.

Tumba de Zenue, mercenários núbios, Thutmose IV

Agora, o país possuía um verdadeiro exército, dividido em pelotões, chefiado por comandantes e generais, sob a suprema autoridade do faraó. Nada mais de trabalhadores que só atendiam ao exército quando necessário.

Os soldados agora eram pagos e podiam se dedicar o ano todo aos treinamentos, quando não estavam em batalhas. Além disso o Egito continuava contando com os núbios que eram grandes arqueiros e ferozes guerreiros (os medjay)

Com os estrangeiros eles descobriram as bigas (carros de guerra) puxadas por cavalos, muitas armas e técnicas militares que foram absorvidas e postas em uso.

Outros faraós desse período foram grandes guerreiros como Thutmose I e o maior deles que foi Thutmose III.

Thutmose III foi aquele que levou as fronteiras do Egito até quase a quinta catarata do Nilo, na Núbia.

No forte Napata, fundado por ele entre a quarta e a quinta cataratas, foi estabelecida a Província Egípcia na Núbia. Dali sairia a base financeira para alimentar o expansionismo egípcio.

Seti também fez campanhas militares até mesmo para recuperar os territórios perdidos por seus antecessores.

Ramsés II foi muito famoso, mas talvez a verdade não corresponda à fama militar deste faraó.

Uma nova ordem[editar | editar código-fonte]

Agora definitivamente, o faraó não era mais apenas um deus. Ele era a suprema autoridade militar, civil e religiosa mas acima de tudo, era um homem (na maioria dos casos um guerreiro).

Com tantas campanhas militares que foram a marca desse período, era preciso mudar a administração, a burocracia era enorme e a extensão do país exigia muitos gastos com os exércitos e as obras.

Mapa do Egito no novo império

O principal funcionário ainda era o vizir que carregava dezenas de títulos e responsabilidades. Presidia o mais alto tribunal de justiça, era ministro da guerra além de uma variedade de outras funções.

No começo do Antigo Império o vizir era escolhido entre os príncipes reais, mas depois os faraós passaram a outorgar esse título pela capacidade da pessoa, independente de ser nobre ou pobre. Isso significava uma grande conquista social porque dava oportunidade para todos aqueles que tivessem capacidade e desejo de subir na vida sem importar sua origem.

O faraó não era mais o absoluto dono do poder. Havia nomarcas poderosos e os sacerdotes que governavam quase que junto com o faraó.

Na época do Novo Império, os sacerdotes de Amon dominavam um dos maiores latifúndios do mundo antigo, afinal, desde o ínicio da luta contra os hicsos foi Amon o deus que protegeu e guiou os exércitos para a vitória. Portanto, o deus de Tebas era agora o mais importante de todo o país e assim estavam ricos os templos e sacerdotes.

Thutmose II estabeleceu duas capitais para o país, uma religiosa e uma política. Foi assim que Mênfis voltou a ser capital (cidade provavelmente fundada pelo mítico Narmer, que desde o Antigo Império não era capital) do Egito.

Porém, Tebas, a gloriosa cidade das dinastias resistentes, continuou a ser o local onde os faraós eram coroados. No templo de Karnak, dedicado ao deus Amon, todos os faraós deveriam fazer obras de restauração e embelezamento.

Economia e expansão[editar | editar código-fonte]

Amenhotep I estendeu as fronteiras do país para o sul e iniciou uma nova era de prosperidade que iria durar cento e cinqüenta anos.

Tuthmose I ampliou mais ainda as fronteiras. Depois dele a expansão militar foi interrompida durante vinte anos por Hatshepsut.

No reinado dessa excepcional mulher faraó não houve guerras e o Egito viu a construção de grandes monumentos e o aumento do comércio com o exterior.

Hatshepsut

Com Tuthmose III o país volta às campanhas militares e à conquista de novas terras. Esse foi o faraó que criou o Império Egípcio.

Na Núbia, um vice-rei governava a região, onde os egípcios construíram fortes e templos e fundaram cidades. Na verdade, os núbios se tornaram bastante egípcios ou se egipcianizaram.

Já na Palestina e na Síria, o poder ficava na mão dos príncipes locais, que eram controlados por um alto comissário egípcio. As forças militares egípcias nesses locais eram pequenas, até porque, os príncipes do lugar tinham a exata noção da rapidez e da violência com que seriam esmagados caso não obedecessem.

Também é importante mencionar o hábito dos faraós de levar para o Egito os filhos ou irmãos dos príncipes dominados como uma espécie de reféns. Esses jovens muito bem educados e atendidos num ambiente egípcio, voltavam para sua terra sempre com boas lembranças e carinho pelo lar adotivo.

Todas as conquistas que transformaram o Egito num império, o tornaram também mais aberto ao contato com outros povos e também dependente economicamente. Afinal toda aquela pujança financeira era devida aos tributos dos países dominados, à exploração das riquezas nesses países e ao comércio exterior.

A grandiosidade desse império implicou no aumento da burocracia, no desenvolvimento do exército, no fortalecimento dos nobres e sacerdotes.

Religião[editar | editar código-fonte]

Sacerdote

Desde os primórdios, o povo egípcio teve uma profunda ligação com vários deuses e a religião foi a tônica dessa civilização estupenda.

Depois de passarem anos dominados pelos estrangeiros, o orgulhoso povo egípcio, agora livre, passou a demonstrar sua gratidão pela libertação, adorando os deuses com mais fé e maior dedicação.

O sacerdócio agora era hereditário e como os templos estavam mais ricos do que nunca, ser sacerdote era uma maneira cômoda de garantir a tranqüilidade financeira pelo resto da vida. Além, é claro de exercer poder.

No Novo Império, a autoridade divina do faraó foi muito diminuída e até ele estava sob o domínio dos sacerdotes (especialmente os de Amon).

Era esse o estado de coisas quando Amenhotep IV assumiu o trono e lançou uma reforma religiosa (mudando inclusive seu nome para Akhenaton) que fez estremecer o Império Egípcio.

Akhenaton e família adorando Aton

Ele tentou impor ao povo um novo deus, Aton. Assim um povo essencialmente politeísta teria que passar a ser monoteísta por decreto.

Sua religião era a adoração ao sol (Aton), o deus único, num Egito há milênios habituado a adorar uma diversidade enorme de deuses.

É bem certo que Akhenaton era um visionário e é possível que ele acreditasse de fato nesse deus único, mas não se pode deixar de mencionar que no contexto político, o Egito estava nas mãos dos sacerdotes. Certamente esse faraó viu ou foi aconselhado a mudar o estado de coisas e a mudança na religião seria uma forma de tirar dos sacerdotes o imenso poder que retinham.

Não é preciso frisar que eles não gostaram nem um pouco da situação.

Akhenaton construiu uma nova capital Akhetaton (hoje Tell el-Amarna) e para lá se mudou. Nessa cidade viveu sem dar muita atenção aos afazeres do estado, preocupado apenas com a religião e as artes.

É natural que essa revolução não tenha resultado em nada (apenas em enfraquecimento do país) e com a morte do faraó tudo tenha voltado ao que era antes. Apenas deve ser notado que, depois de Akhenaton, a relação entre os homens e os deuses mudou.

Antes dele, os deuses eram adorados, mas não eram relacionados com as necessidades humanas. Depois de Akhenaton a ligação entre deuses e homens ficou diferente, os deuses passam a ser vistos como responsáveis pelo bem estar de suas criaturas. Os fiéis passam a dirigir a eles seus pedidos.

Após essa revolução religiosa, os sacerdotes foram os responsáveis pela subida ao trono de Tuthankamon, que deveria ser Tuthankaton. O fato é que o rei menino foi dirigido pelos sacerdotes de Amon, que daí em diante viram seu poder aumentar ainda mais.

Nos templos, as perguntas deviam ser feitas aos deuses que, por intermédio dos sacerdotes, respondiam sim ou não. Os exemplos estão nos textos desse período, que citam Amon inclinou a cabeça, para demonstrar concordância ou Amon recuou, para desaprovar a pergunta. Até o próprio faraó ia ao templo pedir a aprovação do deus.

Túmulo de Nebamun e Ipuki, jornada após a morte

Foi assim que diversos problemas de sucessão foram resolvidos, os sacerdotes tratavam de abençoar o escolhido pelo deus, que era levado ao trono sem maiores contestações. Foi nessa fase que os sepultamentos passaram a ser feitos no Vale dos Reis. No árido deserto ocidental, onde os egípcios acreditavam que o sol começava sua viagem pelo mundo dos mortos, os túmulos eram escavados nas rochas.

Hoje é um dos locais que já foi mais estudado e ainda guarda surpresas. Com toda certeza poucos locais no mundo encerraram tanta riqueza quanto o Vale dos Reis. Infelizmente os ladrões de túmulos, desde sempre saquearam e destruíram tudo o que puderam de modo que pouco sobrou para estudos. Ou melhor, parece pouco, ao se avaliar as riquezas que foram encontradas na tumba do rei Tut, um faraó que pouco governou e não teve grande importância. Diz o Dr. Zahi Hawass que 70% da história do Egito ainda está enterrada.

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

As construções colossais do Novo Império foram inúmeras e dentre os faraós, sem dúvida ficou gravado o nome de Ramsés II. Ele foi certamente um grande governante e sua obras ficaram na história, mas houve muitos grandes faraós nesse período.

Obras características desse período são os templos mortuários e os templos dos deuses.

Dos templos mortuários, com certeza, o mais belo é o de Hatshepsut em Deir el-Bahari. Planejado e executado como um todo por Senmut, o arquiteto da faraó, é uma obra que deslumbra pela escolha acertada do local (parece sair de dentro dos penhascos) e pela disposição das colunas, das estátuas, dos relevos, pelo bom gosto em geral.

sala hipostila, atenção à pessoa ao fundo

Dos templos dos deuses vamos citar o templo de Amon em Karnak, que começou como um pequeno santuário na 12ª Dinastia e a partir da 18ª Dinastia com o culto a Amon fortalecido, só aumentou em tamanho e beleza.

Foi construído em pedra como os palácios dos faraós e a cada governo era ampliado. Na Sala Hipostila havia cento e trinta e quatro colunas com cenas de devoção do faraó a Amon.

Para ter uma idéia das dimensões dos capitéis de Karnak, basta pensar que em cada um deles podem estar cem pessoas de pé. Esta sala representa simbolicamente uma gigantesca floresta de papiro.

Amenhotep III também foi responsável por grandes obras, como o seu grande templo funerário em Tebas, cujas colunas graciosas refletem o gosto apurado do faraó e a habilidade dos construtores.

Também ele mandou erguer duas estátuas suas, conhecidas como Colossos de Mêmnon, cada um com dezoito metros de altura e cerca de setecentas toneladas. Infelizmente o templo que havia no local foi destruído. Esse o faraó também foi o responsável pelo Vale das Esfinges, entre os templos de Tebas e Karnak, além de outras obras.

Ramsés II foi o faraó das construções colossais como o Ramesseum, seu templo mortuário em Tebas, onde mandou colocar uma estátua sua com mais de dezessete metros de altura feita em granito vermelho. A cabeça da estátua mede, de uma orelha a outra mais de um metro e oitenta centímetros.

O templo que mandou erguer em Abu Simbel na Núbia, é tão gigantesco, que na sua frente há quatro estátuas do faraó cada qual com dezenove metros e meio de altura.

É preciso citar, que de acordo com estudiosos, Ramsés II usou pedras das construções de outros faraós e usurpou monumentos, mandando gravar neles seu próprio nome e isso foi feito em grande escala.

Nesse capítulo que fala da arquitetura, não podemos deixar de mencionar Akhenaton, o faraó que mandou erguer uma cidade inteira para homenagear seu deus, Aton.

Para que as obras fossem rápidas e pelo próprio fato de se adorar Aton a céu aberto, as paredes eram finas já que os templos não tinham teto. Infelizmente devido à fragilidade das obras e a raiva dos seguidores de outros deuses, quase nada sobrou da cidade de Akhetaton.

Nefertite

Artes[editar | editar código-fonte]

No Novo Império o Egito foi governado por faraós de gosto refinado, que souberam usar a riqueza disponível em prol das artes em geral.

Através das manifestações artísticas podemos observar as mudanças no comportamento da sociedade. Embora a arte egípcia tenha características aparentemente imutáveis, o que a torna reconhecível em qualquer fase da história do país.

Nesse período a escultura se torna mais apurada no governo dos primeiros faraós, e se torna colossal na fase de Ramsés II.

A pintura agora é uma arte independente, com o uso de cores muito variadas e trabalhos com linhas curvas, sugerindo movimento

dançarinos

Devido as conquistas militares havia um conhecimento maior de outras culturas, o que trazia novas idéias. O Egito respirava ares novos e estava mais aberto a outros costumes.

A grande mudança na arte egípcia ficou por conta de Akhenaton. Junto com sua reforma religiosa, ele se dispôs a promover uma reforma artística. Uma das peças mais famosas e sem dúvida das mais belas produzidas no Egito, é a cabeça de Nefertiti, esculpida pelo artesão Tutmés (Museu de Berlim).

O reinado de Akhenaton é ainda um mistério em diversos sentidos. A representação artística nos mostra um faraó magro, barrigudo, com características femininas e um crânio alongado.

Há diversas hipóteses, uns dizem que ele sofreria de alguma disfunção física, mas o fato é que tanto sua família como outras figuras são mostradas dessa mesma forma, que beira a caricatura.

Portanto este deveria ser o padrão artístico, naturalista como queria o faraó, talvez até mesmo para romper com os padrões tradicionais da arte egípcia. Nessa fase são representados plantas, flores e pássaros.

A arte da fase de Akhenaton é chamada estilo amarniano (do nome da atual Tell el-Amarna antiga Akhetaton).

Nos relevos, os artistas mostram o faraó e sua família em cenas corriqueiras, à mesa, com uma filha no colo, cenas que descreviam com fidelidade a vida na corte. Nelas o faraó e sua família são vistos em grandes paredes e não apenas em faixas.

Essas cenas juntavam figuras no fundo, paisagens naturais ou não. Esse foi um dos maiores saltos na arte egípcia, a oportunidade dos artistas reproduzirem o que viam de maneira mais natural com liberdade de expressão.

Há um relevo do faraó Smenkhkare no Museu de Berlim onde se pode admirar a leveza das roupas e a naturalidade do estilo amarniano.

coroa de princesa desconhecida, encontrada próximo a Avaris, não parece egípcia

Na fase de Ramsés II a arte voltou a se inspirar no passado de glórias do país. Portanto podemos dizer que os egípcios, embora não tivessem perdido suas habilidades artísticas, passaram a imitar mais do que criar.

Com a descoberta do túmulo intocado do faraó Tuthankamon, tivemos a oportunidade única de ver a arte egípcia em todo o seu esplendor e variedade. Os móveis, as jóias, os vasos, punhais, carros de guerra, as esculturas do faraó e de animais, em tudo uma amostra da arte refinada do Novo Império.

Na literatura, os exemplos não são muitos, até porque poucos papiros escaparam do estrago feito pelo tempo.

Aqui novamente, Akhenaton e sua revolução, que abriram caminho para o naturalismo nas artes deixaram sua marca. Ainda que após a sua morte os textos retornassem ao clássico, a linguagem comum, adotada no período de Amarna permaneceu de alguma forma ligada ao estilo dos escritores. Um dos mais belos exemplos de poesia lírica da época é o Hino a Aton criado por Akhenaton.

O desenho satírico foi popular também nessa época e através dele os artistas faziam comentários zombeteiros e crítica social. Podemos dizer que seriam como tiras de quadrinhos atuais.

Papiro Ebers

Medicina no Egito[editar | editar código-fonte]

Os médicos egípcios, na visão de Heródoto, eram altamente especializados e muito avançados. Como já vimos em outras fases da história egípcia, a medicina era uma área de interesse e estudos na medida em que havia necessidade de curar doenças, feridas (e os egípcios lutaram muitas guerras), de resolver problemas físicos, era um estudo prático.

Graças à mumificação e a oportunidade que a dissecação proporcionava, eles puderam estudar profundamente a anatomia humana.

curando dor de cabeça usando um crocodilo de barro com a boca cheia de ervas amarrado na cabeça do paciente

Um dos maiores médicos da antiguidade egípcia foi Imhotep, sacerdote e arquiteto que serviu ao faráo Djoser, da terceira dinastia.

Ele foi também o grande arquiteto, construtor da primeira pirâmide em degraus, em Saqara.

Imhotep, cujo nome significa Aquele que veio em paz, após a sua morte foi adorado como um deus. Ele fundou uma escola de medicina em Mênfis chamada Asclépion e isso ocorreu dois mil e duzentos anos antes que o pai da medicina ocidental, Hipócrates, aparecesse.

A fama dos médicos egípcios se deve à atitude racional deles e aos estudos minuciosos, como se pode ver no Papiro Cirúrgico de Edwin Smith encontrado em Tebas.

Segundo esse papiro, Imhotep parece ser o autor de noventa termos anatômicos e da descrição de quarenta e oito casos de lesões, ferimentos, fraturas e deslocamentos. Hoje esse papiro se encontra na Sociedade de História de Nova Iorque.

Outra obra famosa é o Papiro Médico de Ebbers que é um manual de ensino para clínicos, foi encontrado em Tebas em 1862. Atualmente, encontra-se no Museu de Leipzig na Alemanha.

pintura encontrada na tumba de Ankhmahor, conhecida como a tumba dos médicos

Também vamos citar os dois Papiros Médicos de Berlim que foram descobertos em 1853 em Saqqara. Estão no Museu de Berlim e tratam de ginecologia, obstetrícia, anticoncepcionais, urologia, malária e muitas outras doenças.

Em Copenhague, na Biblioteca do Museu de Ny, encontramos o Papiro Médico de Carlsberg que tem a descrição de um caso de AVC entre outras doenças. E em Tebas, no Ramesseum, foram descobertos os Papiros Médicos do Ramesseum que tratam de ginecologia e obstetrícia.

Sabe-se que os médicos egípcios eram freqüentemente enviados à Síria e à Assíria e os reis da Pérsia também empregavam médicos egípcios. Isto está gravado nas lâminas de barro encontradas na cidade de Tell el-Amarna.

As receitas de ervas dos medicamentos egípcios se espalharam por todo o Mediterrâneo.

Fim da Era Imperial[editar | editar código-fonte]

O auge do Novo Império foi a época de Ramsés II e suas obras colossais. Mas, muito mais do que isso, foi um período de grandes governantes, mudanças históricas e expansão territorial que começou pela expulsão do povo estrangeiro e início da 18ª dinastia com Ahmose.

KV43, tumba de Thutmose IV

Pela espada e pela fé os egípcios formaram um império que, após milênios deixou provas palpáveis da grandeza de seu povo.

Infelizmente a situação do governo de Ramsés II, o último grande faraó egípcio, já era muito difícil. Embora seja simples, hoje, constatar isso, na época não era possível prever o que viria.

Os povos do mar estavam tomando as cidades da Síria, destruindo os hititas e se tornando uma terrível ameaça.

Além disso, o clero estava mais rico e poderoso do que os faraós. A corrupção (mal antigo) tomava conta da sociedade e aí, registra-se a primeira greve de trabalhadores (registrada num papiro que está no Museu de Turim, Itália).

A fome voltava a apavorar o povo, sem emprego e com o país pobre, o roubo de túmulos foi comum nessa época. Para aumentar sua renda os funcionários do governo aceitavam suborno. Ramsés II foi assassinado e, embora outros faraós ocupassem o trono até o final da vigésima dinastia, o Egito já estava entrando numa decadência irreversível.

Novo império/Dinastias do Novo Império

Dinastias 18 a 20

Faraós da Décima Oitava Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Ahmose (Nebpehtyre)
  • Amenhotep I (Djeserkare)
  • Thutmose I (Akheperkare)
Túmulo de Nacht, escriba
  • Thutmose II (Akheperenre)
  • Hatshepsut (Maatkare)
  • Thutmose III (Menkheperre)
  • Amenhotep II (Akheperure)
  • Thutmose IV (Menkheperure)
  • Amenhotep III (Nebmaatre)
  • Amenhotep IV / Akhenaten
  • Smenkhkare (Ankhkheperure)
  • Tutankhamun (Nebkheperure)
  • Ay (Kheperkheperure)
  • Horemheb (Djeserkheperure)

Faraós da Décima Nona Dinastia[editar | editar código-fonte]

vista da tumba TT3, pertenceu a Pashedu, sob o faraó Seti I
  • Ramesses I (Menpehtyre)
  • Seti I (Menmaatre)
  • Ramesses II (Usermaatresetepenre)
  • Merenptah (Baenrehotephirmaat)
  • Amenmesse (Menmire)
  • Seti II (Userkheperuresetepenre)
  • Siptah (Akhenresetepenre)
  • Tausert (Sitremeritamun)

Faraós da Vigésima Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Setakht (Userkhauremeryamun)
Tumba de Ramsés VII
  • Ramesses III (Usermaatremeryamun)
  • Ramesses IV (Hekamaatresetepenamun)
  • Ramesses V (Usermaatresekheperenre)
  • Ramesses VI (Nebmaatremeryamun)
  • Ramesses VII (Usermaatresetepenre)
  • Ramesses VIII (Usermaatreakhenamun)
  • Ramesses IX (Neferkaresetepenre)
  • Ramesses X (Khepermaatresetepenre)
  • Ramesses XI (Menmaatresetepenptah)

Novo império/Dinastias do Novo Império/18ª Dinastia (primeira parte)

Dinastia 18

Primeira parte da 18ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

fragmento de rosto em madeira, 18ª dinastia
  • Ahmose (Nebpehtyre)
  • Amenhotep I (Djeserkare)
  • Thutmose I (Akheperkare)
  • Thutmose II (Akheperenre)
  • Hatshepsut (Maatkare)
  • Thutmose III (Menkheperre)
  • Amenhotep II (Akheperure)
  • Ahmose Nebpehtyre

O fundador da 18ª Dinastia, que libertou o Egito dos estrangeiros chamados hicsos. Também conhecido pelo seu nome grego Amósis.

Seu nome de nascimento Ah-mose significa A lua nasceu. e seu nome de trono Neb-pehty-re, O Senhor da força é Ra.

Provavelmente, Ahmose era criança ao assumir o trono porque seu pai Sekenenre Tao II faleceu na guerra contra os estrangeiros e seu irmão, Kamose, também morreu cedo, não se sabe se na guerra. Sua mãe era a poderosa rainha Aahotep, que deve ter sido a regente enquanto ele era criança.

Ahmose I casou com sua irmã Ahmose-Nefertari e teve muitos filhos, entre eles, o próximo faraó Amenhotep I.

Ele era criança quando seu pai (Tao II) começou a luta pela libertação do país e talvez por isso, tenha sido um grande guerreiro, decidido a por fim à dominação estrangeira e ampliar e assegurar as fronteiras do Egito.

Existem relatos em tumbas de soldados, das campanhas que Ahmose comandou contra o povo estrangeiro e provavelmente ele foi realmente vitorioso expulsando para sempre o chefe hicso e seu povo, quando já reinava há mais ou menos quinze anos.

Depois ele se dedicou às campanhas na Núbia e levou as fronteiras do Egito até a Segunda Catarata.

Múmia de Ahmose

Enquanto Ahmose estava na Núbia parece que os hicsos começaram a se organizar e voltaram a atentar contra o Egito. A grande rainha Aahotep (mãe do faraó) foi a responsável por acabar com a tentativa de invasão e por isso ganhou três moscas de ouro, prêmio pela sua bravura, que foram encontradas junto com muitas armas, em seu túmulo em Tebas.

Ahmose I deixou alguns monumentos que registram seu reinado e seu titulo de único faraó do Egito. Um cenotáfio e um templo em Abidos e uma pirâmide que acompanha o templo e é a última pirâmide que foi construída no Egito ao que se sabe, pelo menos, a última que pode ter sido usada como túmulo real.

Essa pirâmide foi estudada em 1899 e 1902 mas não foi completamente mapeada, nela estão as primeiras representações de cavalos no Egito. Muitos fragmentos atestam o reinado do faraó e também de Apophis o chefe hicso.

Esse grande faraó foi sepultado na área de Dra´a Abu el-Naga, mas sua tumba não foi encontrada. Sua múmia, bem conservada foi encontrada no cache de Deir el-Bahari.

  • Amenhotep I Djeserkare

Seu nome de nascimento significa Amon está satisfeito e seu nome de trono Djeserkare, Sagrada é a alma de Ra.

Também é conhecido pelo seu nome grego Amenofis.

Amenhotep I era filho de Ahmose I e da rainha Ahmose-Nefertari.

Deve ter subido ao trono muito jovem e ter sido co-regente de seu pai, porque prosseguiu com muitas das práticas dele. Sua mãe também foi uma grande rainha e deve ter sido regente do filho.

Este faraó deu continuidade ao trabalho de seu pai, consolidando o estado egípcio, desenvolvendo a política, a economia e usando a diplomacia. Paralelamente, ele fez também campanhas militares, pelo menos uma contra a Núbia é registrada.

Amenhotep I deixou obras em Abidos, Elefantina, Saqqara, Kom Ombo e as maiores em Tebas. Fez melhorias em muitos templos, especialmente em Karnak.

No Museu a céu aberto de Karnak podemos ver hoje, reconstruído, o templo de alabastro chamado Menmenu, feito por Amenhotep I.

Na época do seu reinado, os ladrões de tumbas já eram bem conhecidos, uma verdadeira praga, de modo que, ele construiu sua tumba em algum lugar bem longe de seu templo mortuário. Até hoje (2009) sua tumba não foi identificada, pode ser em Medinet Habu, pode ser a tumba número 39 do Vale dos Reis, também pode estar em Dra´a Abu el-Naga.

Amenhotep I e sua mãe Ahmose-Nefertari

A múmia do faraó foi encontrada junto com a de seu pai e muitas outras, em boas condições no cachê de Deir el-Bahari.

A filha de Amenhotep I, Satamun ficou conhecida porque seu sarcófago foi encontrado num túmulo real, assim como duas estátuas suas em Karnak.

Após sua morte, Amenhotep foi declarado deus patrono da necrópole de Tebas pelos sacerdotes, junto com sua mãe, que era mais renomada ainda do que o filho e foram reverenciados no local.

Com relação ao sucessor de Amenhotep I existem muitas contradições. Alguns dizem que ele não teve filhos, outros que seu sucessor foi seu comandante militar, há ainda a possibilidade de Thutmose I ser filho de Ahmose, o pai de Amenhotep I com outra esposa.

  • Thutmose I Akheperkare

Existem pelos menos duas teorias sobre as origens desse faraó, ele pode ter sido apenas o comandante militar de Amenhotep I ou pode ter sido filho de Ahmose (pai de Amenhotep I) com outra esposa.

Sem dúvida ele deve ter sido co-regente do faraó Amenhotep I, de modo que pode ter sido designado como seu sucessor. De qualquer maneira ele deve ter sido um grande comandante militar.

Thutmose casou com Ahmose (irmã de Amenhotep I e filha do faraó Ahmose I), sua esposa principal e possivelmente sua outra esposa era Mutnofret irmã da esposa principal.

Sua mãe deve ter sido Semiseneb (um nome bastante comum na época).

Seu nome de nascimento Thutmose significa Nascido do deus Thot. Seu nome de trono era A-Kheper-ka-re (Aakheperkara) que significa Grande é a alma de Ra.

cabeça colossal de Thutmose I

Thutmose I fez muitas campanhas militares na Ásia e na Núbia, provavelmente prosseguindo os planos de Amenhotep I. Nessas campanhas ele levou as fronteiras do Egito até a Terceira Catarata na Núbia.

Conta a lenda (ou será a verdade?) que o faraó derrotou o chefe núbio num combate homem a homem e retornou a Tebas com o corpo do chefe núbio preso à proa do seu barco. No Delta ele prosseguiu a luta contra os hicsos e lutou contra os sírios, alcançando até o rio Eufrates.

Thutmose I trouxe ao Egito uma certeza de estabilidade e um novo orgulho especialmente aos tebanos.

Através da Estela de Abidos ficamos sabendo das suas obras em Tebas. Como construtor Thutmose entregou suas obras ao arquiteto Ineni, que aumentou bastante o templo de Amon em Karnak, adicionando pilares, estátuas e um dos maiores obeliscos do Egito, além de outras obras.

Embelezou o templo de Osíris e fez obras em Gizé, há inúmeras outras obras deixadas por ele em Elefantina, Armant, el-Hiba, Mênfis e Edfu. Na alta e baixa Núbia, na Quarta Catarata e em Napata, em Semna, Buhen, Aniba também há traços de suas obras. No Sinai há objetos com seu nome em Serabit el-Khadim.

Seu herdeiro foi o filho da segunda esposa, Mutnofret (irmã da esposa principal), Thutmose II. Mas, na verdade, o herdeiro mais famoso foi uma filha, a rainha faraó Hatshepsut filha da esposa principal Ahmose.

Há dúvidas sobre a localização do túmulo de Thutmose I. Sua tumba pode ter sido a de número 20 no Vale dos Reis feita para ele e para sua filha Hatshepsut e que contém dois sarcófagos de quartzito amarelo, um com seu nome inscrito e outro com o de sua filha.

Na tumba de número 38, investigada por Victor Loret em 1899, foi encontrado um sarcófago do rei também. É possível que essa tumba tenha sido preparada para o faraó por seu neto Thutmose III. O arquiteto Ineni foi o responsável pela construção.

Ineni foi sepultado no Vale dos Nobres e também prestou serviços à Hatshepsut.

A múmia de Thutmose I foi encontrada junto de outras no cache de Deir el-Bahari.

o nome de trono Akheperenre gravado num obelisco no último piso do templo de Hatshepsut
  • Thutmose II Akheperenre

Seu nome de nascimento Thutmose significa Nascido do deus Thot. Seu nome de trono era Akheperenre Grande é a figura de Ra.

Seu pai foi o faraó Thutmose I e sua mãe Mutnofret (irmã de Ahmose, esposa principal de Thutmose I).

Sua esposa foi a rainha Hatshepsut, sua meia irmã e prima, e ele teve um filho que foi seu herdeiro de nome Thutmose III com uma mulher do harém chamada Iset. Com Hatshepsut teve duas filhas, Neferure e Neferubity (Merire-Hatshepsut?).

Thutmose II deixou poucos registros, poucos monumentos e parece que apenas prosseguiu a política de seu pai. Fez campanhas militares na Palestina e na Núbia.

Ele casou com Hatshepsut para legitimar sua ascensão ao trono e antes de morrer deve ter designado seu filho pequeno, Thutmose como herdeiro, pois sabia que sua esposa era ambiciosa e decidida.

Mas nada disso funcionou como sabemos, porque ela reinou como faraó. É possível, que devido ao fato do faraó ter saúde frágil Hatshepsut já fosse o verdadeiro poder por trás do trono. As obras que ficaram registradas de Thutmose II foram ruínas de um templo em Medinet Habu, que foi terminado por seu filho, um pórtico de pedra calcária no Templo de Karnak que também foi terminado por Thutmose III. Esse pórtico hoje está no Museu a céu aberto de Karnak, nele podemos ver cenas de Thutmose II com Hatshepsut e também Hatshepsut sozinha. Num dos lados do pórtico, Thutmose II é mostrado recebendo coroas, enquanto outras cenas mostram sua filha Neferure com Hatshepsut recebendo o sopro vital dos deuses.

Houve construções na Núbia em Semna e Kumma, sobreviveram blocos de obras em Elefantina e uma estátua do faraó.

Sua tumba não foi identificada com certeza, mas pode ser a número 42 do Vale dos Reis ou a tumba 358 do Vale dos Nobres (o que não seria natural por ele ser o faraó) embora seja pequena para um faraó. Sua múmia foi encontrada no cache de Deir el-Bahari junto com outras múmias reais.

  • Hatshepsut Maatkare

Seu nome de trono Maatkare significa A verdade é a alma de Ra. Seu nome de nascimento Hatshepsut significa Aquela que ama Amon, A mais nobre das senhoras.

Estatueta de Hatshepsut

Seu pai era o faraó Thutmose I e sua mãe a rainha Ahmose. Casou com seu irmão Thutmose II e teve duas filhas com ele. Uma delas Merire-Hatshepsut foi esposa de Thutmose III possivelmente mãe de Amenhotep II.

Hatshepsut é uma das grandes rainhas que governaram o Egito e talvez a única que foi realmente um faraó.

Alguns historiadores a definem como uma mulher ambiciosa. Evidentemente, ambiciosa não pode ser uma característica ruim, ela fez parte de uma elite de governantes e portanto, ambiciosa deveria ser uma qualidade. Ela era uma mulher forte e inteligente.

Aliás excepcionalmente forte e inteligente, porque conseguiu impedir aquele que seria no futuro um dos maiores faraós do Novo Império, de assumir seu trono durante um longo tempo.

Quando seu marido morreu, ela se tornou regente do filho dele com uma das mulheres do harém. No segundo ano de sua regência, ela tomou o poder e reinou durante os vinte anos seguintes.

Hatshepsut reinou como faraó e se vestia como uma mulher faraó (titulo inexistente no Egito), nas suas estátuas ela às vezes aparece na forma feminina, às vezes na forma masculina. Ela foi muito bem sucedida no papel, inclusive com a aprovação do Alto Sacerdote de Amon, Hapuseneb.

No seu sétimo ano de governo, ela foi oficialmente coroada e passou a ser a rainha e o rei ao mesmo tempo. No oitavo ano ela ficou apenas com o título masculino e nunca mais foi vista em roupas femininas, a não ser em pequenos túmulos privativos e pequenos altares aos quais o povo não tinha acesso.

Ela abdicou dos títulos femininos e passou a usar apenas os exclusivos de um faraó, o nemes e o uraeus além da barba falsa. Ela inclusive tirava a terminação t (feminina) de seu nome e se tornava Sua Majestade Hatshepsu.

Templo de Hatshepsut

Hatshepsut manteve poucas campanhas militares fora do Egito, foi um reinado de paz e a economia floresceu. O país se dedicou ao comércio e à diplomacia além das artes.

Hatshepsut provavelmente é mais conhecida, além de ter sido mulher e faraó, pelo seu magnífico templo mortuário em Deir el-Bahari que é chamado de Djeser Djeseru ou o Esplendor dos Esplendores.

Foi obra de seu arquiteto Senmut, que teve a felicidade de escolher um local admirável, parece que o templo, na curva dos penhascos está saindo da paisagem, como mágica. Esse templo é considerado uma das obras primas da arquitetura egípcia.

O arquiteto Senmut também fez ampliações no Templo de Amon em Karnak e possivelmente muitas outras obras que foram desfiguradas, tendo o nome de Hatshepsut sido apagado.

Após sua morte, seu enteado Thutmose III apagou seu nome, destruiu suas estátuas e assumiu os monumentos feitos por ela, apagando seu nome também das listas de reis (a de Seti II em Abidos e a de Ramsés II no Ramesseum) e de todos os lugares possíveis.

Felizmente ele não foi totalmente bem sucedido, de modo que muitas obras restaram. Por isso, ela foi esquecida durante muito tempo e apenas durante o século dezenove, com os estudos no templo de Deir el-Bahari a rainha faraó foi redescoberta.

Mâneton registra Hatshepsut como Amenses.

Hatshepsut desaparece da história quando Thutmose III reclama o trono. Não se sabe se ela foi assassinada, se morreu naturalmente ou afastou-se para que sua filha reinasse ao lado de Thutmose III.

Provavelmente sua tumba é a número 20 do Vale dos Reis, que deve ter sido iniciada por Thutmose I e seu arquiteto Ineni e terminada por Hatshepsut. Não foram achadas as múmias, apenas dois sarcófagos inscritos para ela e para seu pai Thutmose I.

Nota - Em programa especial de televisão no mês de julho de 2007, o arqueólogo Zahi Hawass, Chefe de Antiguidades do Egito, relatou a descoberta da múmia da faraó Hatshepsut.

Caso seja mesmo a múmia da faraó, hoje está em exposição no Museu do Cairo e dizem os egiptólogos, que Thutmose III mandou apagar suas inscrições e figuras apenas para não haver hiatos no poder. A dinastia seguiria com seu pai, ele e seu filho, sem a interrupção causada por Hatshepsut.

  • Thutmose III Menkheperre

Seu nome significa Nascido do deus Thot. Seu nome de trono Menkheperre significa Duradouras são as manifestações de Ra.

Thutmose III

Thutmose III foi um dos grandes faraós do Egito e é espantoso que sua tia e regente Hatshepsut tenha conseguido dominá-lo durante mais de vinte anos, impedindo-o de reinar.

Evidentemente, desde que Hatshepsut reinou em seu lugar, Thutmose III após tomar o trono, fez o possível para apagar todos os vestígios do reinado dela. Apagou imagens, nomes, destruiu as estátuas e removeu todas as referências àquela que, para ele, foi a usurpadora de seu trono.

Os estudiosos ainda discutem se Hatshepsut foi uma usurpadora mesmo ou se tomou o poder pensando em preservar o país e o trono. Parece que durante seu reinado, Hatshepsut nada fez para diminuir o papel de seu sobrinho, inclusive o representando sempre nos murais.

E Thutmose talvez tenha servido no exército durante o tempo em que ela reinou, se preparando para assumir o trono, porque tudo indica que ele foi um grande guerreiro.

Thutmose III foi um grande faraó e um grande líder militar que comandou muitas campanhas. Como a história é escrita através textos encontrados, e como nunca, um faraó iria descrever suas derrotas, parece que ele foi um grande vencedor, chegando às margens do rio Eufrates nas campanhas no norte e também no sul entrando pela Núbia onde construiu templos.

Todos esses eventos estão inscritos, especialmente em Karnak, porque o exército egípcio marchava com seu comandante Thutmose III sob a bandeira do deus Amon (e o templo enriquecia com os espólios de guerra).

tumba de Thutmose III

Esse faraó deixou muitas obras, templos em Kom Ombo, Edfu, Eklab, Tod, Amant, Akhmin, Hermópolis, Heliópolis e como todos os outros faraós aumentou o Templo de Amon em Karnak, onde estão descritos os presentes valiosos que ele deu ao templo trazidos das campanhas militares.

Thutmose III também mandou erguer dois obeliscos no templo, que hoje estão em Istambul. Além disso, construiu um templo em Karnak em que há uma sala com representações de animais e plantas que ele trouxe da Síria. Essa sala é chamada de Jardim Botânico.

Em 1898 foi descoberto seu túmulo no Vale dos Reis, por Victor Loret, é o número 34. É uma tumba profunda, decorada com figurinhas de deuses, mas estava muito danificada pois já havia sido saqueada pelos ladrões de túmulos.

Ele encontrou apenas o sarcófago, restos de mobília destruídos e estátuas de madeira. A múmia de Thutmose III não estava lá, ela já tinha sido encontrada em 1881 no cache de Deir el-Bahari.

O faraó também ergueu uma tumba para sua esposa Hatshepsut-Maeryetra (filha de Hatshepsut) no número 42 do Vale dos Reis. Ela sobreviveu a ele e foi honrada como Rainha Mãe durante o governo de seu filho Amenhotep II. Para seu pai, o faraó fez um novo sarcófago e um novo funeral no número 38 do mesmo Vale dos Reis.

Os nobres e oficiais de sua corte foram sepultados no Vale dos Nobres, onde foram descobertos túmulos fabulosos com trabalhos artísticos surpreendentes que atestam a riqueza do Egito no reinado de Thutmose.

Seu vizir Rekhmire foi sepultado na tumba de número 100, uma das mais belas, com muitas cenas da vida diária e inscrições contando o trabalho do vizir.

  • Amenhotep II Aakheperure

Seu nome significa Amon está satisfeito, seu nome de trono, Aakheperure significa Grandes são as manifestações de Ra. A versão grega de seu nome é Amenophis II.

Seu pai foi Thutmose III e Amenhotep prosseguiu as campanhas militares feitas por ele.

Quando jovem foi criado para ser um guerreiro, porque pelas representações (se exprimirem a vida real) ele foi um homem atlético, cavaleiro, arqueiro e durante o reinado de seu pai, vivia perto de Mênfis, onde treinava cavalos e era famoso por suas habilidades físicas.

Amenhotep II

Amenhotep II lutou em diversas campanhas na Síria e parece ter sido um grande faraó, pois além das campanhas militares, em seu governo, o país prosperou em todos os sentidos.

Muito ele fez pela paz na Núbia e com outros antigos inimigos do Egito, portanto parece que em seu reinado a diplomacia funcionou muito bem, ao lado da espada.

Deixou diversas obras, inclusive, é claro, acréscimos no Templo de Amon em Karnak. Construiu um templo em Gizé e existem monumentos, desde o Delta até a Núbia, com seu nome inscrito.

A múmia do faraó foi encontrada e mostra sinais de doença, talvez tenha sido essa a causa de sua morte.

Sua tumba fica no Vale dos Reis, número 35, e é a única (além da de Tutankhamon) em que o faraó foi encontrado em seu próprio sarcófago, em sua própria tumba, quando foi aberta em 1898.

Esta é a tumba mais profunda do Vale e a câmara funerária é enorme. Como todas as outras, essa tumba já havia sido saqueada pelos ladrões mas não estava muito danificada. A múmia do faraó permaneceu lá até 1928, quando foi removida para o Museu Egípcio.

Essa tumba foi usada para guardar as múmias de outros faraós como Thutmose IV, Amenhotep III, Merneptah, Seti II, Siptah, Setenakhte, Ramsés IV, Ramsés V e Ramsés VI.

A esposa de Amenhotep II era filha de Yuya e Thuya e eles ficaram conhecidos porque o conteúdo de sua tumba foi encontrado e está exposto no Museu Egípcio. A múmia de Tiye, esposa de Amenhotep II pode ser a chamada Senhora Mais Velha (Elder Lady) que foi encontrada no Vale dos Reis na tumba número 35.

Novo império/Dinastias do Novo Império/18ª Dinastia (segunda parte)

Dinastia 18

Segunda parte da 18ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

jogo de Senet da tumba de Amenhotep III
  • Thutmose IV (Menkheperure)
  • Amenhotep III (Nebmaatre)
  • Amenhotep IV / Akhenaten
  • Smenkhkare (Ankhkheperure)
  • Tutankhamun (Nebkheperure)
  • Ay (Kheperkheperure)
  • Horemheb (Djeserkheperure)
  • Thutmose IV Menkheperure

Seu nome de nascimento significa Nascido do deus Thot, o nome de trono Menkheperure significa Eternas são as manifestações de Ra.

Existe uma lenda sobre esse faraó que o tornou famoso assim como ficou famosa a Estela do Sonho, que está entre as patas da Grande Esfinge em Gizé.

Thutmose IV acreditava que estava destinado a se tornar faraó por causa de um sonho que teve e os sonhos eram considerados palavras do deus no Antigo Egito.

A Estela do Sonho conta que, quando o jovem Thutmose estava numa caçada, muito cansado ele dormiu sob a sombra da esfinge (provavelmente da cabeça da esfinge). Então, ele sonhou que o deus sol Ra-Harakhte, na forma da esfinge lhe prometia que, se ele limpasse toda a areia que cobria o monumento, se tornaria faraó do Egito.

E foi exatamente o que aconteceu, ele se tornou o oitavo governante da 18ª Dinastia.

É bem provável que Thutmose IV seja o filho de Amenhotep II com Tiye sua esposa, mas egiptólogos especulam se a Estela do Sonho não seria uma maneira de legitimar sua subida ao trono. Não temos provas de que seu pai, Amenhotep II o tivesse reconhecido como herdeiro ou que ele tivesse sido co-regente do pai.

Objetos da tumba de Thutmose IV

Sabemos que Thutmose IV provavelmente casou-se com Mutemwiya, mãe de seu herdeiro Amenhotep III. Alguns estudiosos acham que essa esposa pode ter sido filha do rei Artatama de Mitani (um reino a nordeste da Mesopotâmia). Ele teve também outras esposas mas não se sabe se alguma era a primeira e principal.

Ao contrário de seu pai e de seu avô, Thutmose IV não possuía o estofo de líder militar e em seu reinado houve poucas campanhas do tipo, houve sim muita burocracia tanto religiosa quanto civil.

Quanto às construções, ele se dedicou muito mais a aumentar e decorar os templos e monumentos já existentes do que propriamente construir novos. Terminou um obelisco começado por Thutmose III em Karnak, fez pequenas obras em Alexandria, Heliópolis, Gizé, Abusir, Saqqara, Mênfis, Crocodilópolis, Hermópolis, Abidos, Amarna, Dendera, Karnak, Luxor, Tod, El kab, Edfu e Elefantina.

Sabe-se que Thutmose IV mandou erigir um templo para si próprio ao sul do Ramesseum e um santuário em alabastro em Karnak.

Sua tumba é a número 43 no Vale dos Reis e foi encontrada por Howard Carter (o mesmo que descobriu a tumba de Tutankhamon). Claro que já tinha sido saqueada pelos ladrões, mas também parecia inacabada quando da morte do faraó.

A decoração ao sul da câmara mortuária foi feita por Horemheb e mostra o roubo da tumba e os esforços feitos pelo próprio Horemheb para consertar tudo.

A múmia de Thutmose IV já havia sido encontrada junto com outras múmias na tumba de Amenhotep II.

Do reinado de Thutmose IV, foram encontradas as tumbas de Yuya e Thuya, Nakht e Menna no Vale dos Nobres. Os dois primeiros foram pais de sua mãe (seus avós maternos), Nakht era o fiscal dos vinhedos e celeiros e Menna era o Escriba dos Campos do Senhor das Duas Terras (como está inscrito em sua tumba).

  • Amenhotep III Nebmaatre

Seu nome significa Amon está satisfeito. O nome de trono Nebmaatre significa O senhor da verdade é Ra

Amenhotep III reinou sobre um país em paz. Houve pouca atividade militar em seu governo, seu pai já havia reduzido as campanhas militares e ele continuou sua política, aumentando o poder administrativo.

estudo da cabeça do faraó Amenhotep III pelo escultor real Thutmose encontrado em seu atelier em Amarna

Como estava gastando pouco com a máquina militar, Amenhotep III se dedicou às artes, em seu governo houve muitas obras, muitos monumentos.

Alguns deles foram, a tumba de Yuya e Thuya no Vale dos Nobres em Tebas, o templo leste e o prédio Festival em Karnak, o terceiro pilono e um santuário para Maat, o templo de Maat em Luxor, seu templo mortuário, os Colossos de Memnon e o palácio Malkata.

Muito dos recursos para essas construções vinham do comércio exterior (ele casou-se com filhas de reis estrangeiros o que solidificou as ligações comerciais) e da mineração de ouro na Núbia. A agricultura também teve um grande desenvolvimento neste reinado.

A obra mais espetacular do faraó Amenhotep III deve ter sido seu templo em Kawn el-Hitan na margem oeste do Nilo. As duas estátuas conhecidas como Colossos de Memnon ficavam na entrada do templo, medem vinte metros e nos dão uma idéia do tamanho que esse templo deveria ter, talvez fosse a maior construção do Egito.

Infelizmente o templo foi destruído por completo e restam apenas as fundações. A construção foi feita de modo que as águas da enchente do Nilo entrassem por dentro do templo deixando de fora apenas o santuário sobre as águas. Deve ter sido alguma coisa de espetacular, mas parece que o templo não resistiu à ação das águas e ao fato do solo ser muito movediço para suportar os pesados pilares.

Este faraó teve muitas esposas e muitos filhos e filhas documentados - pelo menos dois filhos e quatro filhas. É provável que seu filho mais velho tenha morrido jovem deixando como herdeiro do trono Amenhotep IV, que ficou conhecido como Akhenaton.

Amenhotep III foi sepultado no Vale dos Reis na tumba número 22 que é uma das tumbas mais antigas do vale. Foi descoberta em 1915 por Howard Carter (descobridor da tumba de Tutankhamon), originalmente entalhada na rocha por Thutmose IV, foi usada para o funeral de Amenhotep III.

  • Amenhotep IV Akhenaten

Seu nome foi mudado no sexto ano do seu reinado de Amenhotep IV para Akhenaton. O nome Akhenaton significa Glória ao disco solar.

Amenhotep IV deve ter sido o filho mais jovem de Amenhotep III e herdou o trono devido a morte do filho mais velho do faraó. Esse filho mais velho deveria ser um Thutmose e estranhamente, na tumba de Tutankhamon, foi encontrado um chicote com o nome desse príncipe.

Akhenaton

Talvez o jovem Amenhotep tenha participado do governo do pai como co-regente, mas isso não está provado, há prós e contras.

No sexto ano de seu reinado, o faraó não só trocou seu nome como criou um novo culto, uma nova religião que tinha um único deus, Aton. Para homenagear seu deus, Akhenaton construiu toda uma cidade Akhet-Aton para onde se mudou junto com sua família e a corte. Hoje essa cidade, entre Mênfis e Tebas é chamada Tell el-Amarna.

Parece que além da própria fé, o faraó estava profundamente incomodado com o poder dos sacerdotes de Amon e esta era a oportunidade de lhes dar uma lição. Ele mandou apagar os nomes e imagens de Amon pelo Egito afora. É possível que esse tenha sido o primeiro exemplo de monoteísmo documentado.

É possível que Amenhotep III seu pai, já estivesse promovendo, aos poucos, alguns cultos solares, na tentativa de diminuir o poder dos sacerdotes de Amon e Akhenaton deve ter participado disso.

Na verdade, quando ele chegou ao trono, tomou a religião como foco principal e tentou obrigar o povo, acostumado há milênios a adorar diversos deuses, a se tornar monoteísta por decreto. É evidente que o povo continuou adorando seus deuses, apenas os sacerdotes perderam o poder.

Os templos construídos por Akhenaton para adorar seu deus, foram diferentes de tudo que já tinha sido construído no Egito até então. Os templos não possuíam teto (portanto não eram escuros), as paredes eram decoradas com cenas da vida diária em pedra calcária branca. A visão deveria ser maravilhosa, um complexo de paredes brilhantes sob a luz do sol e o céu azul do Egito.

A arte no período de Akhenaton, é chamada amarniana e é completamente diferente do estilo habitual egípcio. É uma arte tão naturalista a ponto de as figuras parecerem caricaturas.

É espantosa a maneira como o faraó é retratado, pernas e braços finos, barriga proeminente, rosto pontudo e o crânio alongado. É recorrente a pergunta se o faraó sofria de algum tipo de doença que causaria essa deformidade.

Akhenaton e familia

Na verdade, as figuras em geral são retratadas dessa forma, até mesmo a família do faraó, inclusive a rainha Nefertiti que, a julgar pelo busto que hoje está no Museu de Berlim, era belíssima.

O busto de Nefertiti é talvez a mais bela obra da arte egípcia e o escultor preferiu retratar a rainha da maneira tradicional.

Praticamente todos relevos de Akhenaton foram desfigurados após a sua morte e as estátuas mostram uma figura definitivamente grotesca.

Akhenaton casou com Nefertiti, filha de Ay que foi vizir de seu pai. Quando o faraó mudou seu nome, sua esposa passou a chamar-se Nefer-Nefru-Aten, Bela é a beleza de Aton. Existe uma corrente de estudiosos que defende a tese de que quando Akhenaton morreu, o faraó que lhe sucedeu, o quase desconhecido Smenkhare, na verdade foi Nefertiti (ou Nefernefruaten), que reinou para manter o poder do novo deus.

Enquanto o faraó se dedicava à religião e as artes, o império egípcio ficou nas mãos de dois homens fortes, Ay, que devia ser o sogro de Akhenaton e o general Horemheb que era casado com outra filha de Ay, Mutnodjme (irmã de Nefertiti).

Ambos se tornaram faraós e graças a eles o Egito permaneceu sob controle enquanto Akhenaton se entregava a seus interesses filosóficos e religiosos.

Após a morte de Akhenaton, houve um movimento sistemático no sentido de apagar todo e qualquer vestígio de sua presença na história do Egito. Seus monumentos foram demolidos, seu nome foi apagado, suas estátuas quebradas e nos afrescos ele foi desfigurado.

O culto a Aton acabou de imediato após a morte do faraó e os sacerdotes de Amon voltaram ao poder como antes. Um túmulo na rocha foi preparado para Akhenaton em Amarna, mas parece nunca ter sido usado. Em Tebas não há tumba com seu nome e não se sabe aonde ele foi sepultado. Seus oficiais e outros nobres foram sepultados nas tumbas em Amarna, onde existem restos do estilo amarniano de arte.

  • Smenkhkare Ankkheperure-Merywaenre

Seu nome Semenkhkare-Djeserkheperu significa Aquele a quem o espírito de Ra enobreceu ou Vigorosa é a alma de Ra, Manifestações sagradas. Seu nome de trono Ankkheperure-Merywaenre significa Vivas são as manifestações de Ra.

Este foi um faraó que até hoje gera controvérsias. Alguns acreditam que Smenkhkare era Nefertiti, esposa de Akhenaton. Isso, porque, o nome Ankhkheperure é muito parecido com o nome Nefernefruaton, que era o nome de Nefertiti.

Ataúde encontrado na KV55, pode ser de Smenkare ou Akhenaton

Outros acham que Smenkhkare era o irmão mais novo de Tutankhamon que reinou apenas durante pouco tempo. Também pode ter sido o irmão mais novo de Akhenaton, ou até mesmo um filho dele. Pode ter sido outra pessoa que tenha se casado com uma das filhas de Akhenaton.

O sarcófago da foto é o mais misterioso dos que estão no Museu do Cairo, foi encontrado em janeiro de 1907 na tumba KV55 por Theodore Davis e Edward Ayrton. Pode ter pertencido a Smenkare ou a Akhenaton por causa dos objetos de Amarna encontrados nesta tumba. Os cartuchos do sarcófago foram apagados e ele foi bastante castigado.

Seu reinado foi de apenas três anos, mas, foi o suficiente para abandonar a nova religião de Aton, voltando o centro do poder para Tebas e para os sacerdotes de Amon.

Vamos às teorias, se ele fosse filho de Akhenaton, não seria filho de Nefertiti, acredita-se que ela teve apenas filhas. Ele teria sido talvez, filho de uma das esposas menores, talvez de Kiya (que se acredita era a mãe de Tutankhamon). Smenkare deve ter reinado logo após a morte de Akhenaton e por muito pouco tempo, sendo logo sucedido por Tutankhamon.

Continuando nas hipóteses, ele teria se casado com Merytaton que era a filha mais velha, herdeira da linhagem, mas ela deve ter morrido cedo. Assim quem passou a herdeira oficial foi Ankhesenpaton que casou com o jovem Tutankhamon.

Smenkhkare e Merytaton são mostrados juntos na tumba de Meryre II em Amarna e também num relevo em Mênfis.

Ainda no campo das hipóteses, caso depois da morte de Akhenaton, Nefertiti tivesse assumido como co-regente, a Estela de Co-regência, um fragmento encontrado em Amarna, poderia atestar a credibilidade dessa hipótese.

Originalmente, a Estela mostra três figuras, identificadas como Akhenaton, Nefertiti e a princesa Merytaton. Porém mais tarde, o nome de Nefertiti foi arrancado e no lugar foi colocado o nome do Faraó Ankhkheperure Neferneferuaton, e o nome da princesa foi trocado pelo da terceira filha de Akhenaton e Nefertiti, Ankhesenpaaton.

A troca do nome da filha sugere que Merytaton faleceu antes do final do reinado de Akhenaton.

Outra das controvérsias diz respeito à crença de que Merytaton não morreu jovem e sim que sobreviveu ao seu marido e foi co-regente dele sob o nome de Ankhetkheperure, que é o último nome de trono do seu marido na forma feminina.

Acredita-se que Smenkhkare faleceu por volta dos vinte e cinco anos de causas desconhecidas. Na tumba de número 55 do Vale dos Reis havia a múmia de um homem falecido por volta de vinte e seis anos, que mostrava sinais de hidrocefalia e poderia ser a múmia de Akhenaton (que nunca foi encontrada).

Apesar das evidências o Museu do Cairo insiste em que essa múmia é Smenkhkare. Na verdade, Akhenaton reinou pelo menos por dezessete anos e não poderia ter morrido tão jovem, se é verdade que a múmia possuía apenas vinte e seis anos quando morreu.

  • Tutankhamun Nebkheperure

Seu nome significa Imagem viva de Amon. Seu nome de trono Nebkheperure O senhor das manifestações é Ra.

Esse faraó dispensa apresentações porque é o mais famoso de todos os tempos, desde que Howard Carter encontrou sua tumba em 1922. Nunca antes ou depois deste, foi encontrado tamanho tesouro, em todos os sentidos. Não só pelos valores materiais, mas principalmente porque através dos objetos encontrados se pode ter uma visão de todos os aspectos da vida na época.

Além de tudo isso, é quase impossível imaginar o que um faraó de grande importância teria levado para sua tumba, porque afinal, Tutankhamon reinou por apenas nove anos e ninguém ia perceber sua falta se não fosse encontrado intacto seu túmulo.

Na realidade esse foi um faraó pouco conhecido que era apenas um menino ao assumir o trono e jovem ainda quando faleceu. Tutankhamon é mais conhecido por ter retomado o culto a Amon e conseqüentemente ter dado novamente grande poder aos sacerdotes. Ele reabriu os templos de Amon e as suas obras que conhecemos, foram adições aos templos de Luxor e de Karnak.

As relações entre Akhenaton, Smenkhkare e o faraó Tutankhamon são desconhecidas. É possível que Tutankhamon fosse filho de Akhenaton e Nefertiti ou talvez irmão de Akhenaton, pode ter sido um parente ou sobrinho, pode ter sido filho de Smenkhkare. Enfim há muitas possibilidades e nenhuma certeza.

Tutankhamon criança

Originalmente seu nome era Tutankhaton e ele deve ter sido criado em Amarna. Após a morte de Akhenaton, ele mudou seu nome para Tutankhamon. Evidentemente ele mesmo não tomou essa atitude e sim seus conselheiros, porque ele era uma criança que foi coroada aos nove anos de idade.

Portanto, se assume que quem governou o Egito nessa época foram provavelmente Ay e Horemheb, como conselheiros do faraó menino. Talvez seja por esse motivo que o faraó Tutankhamon não está registrado nas listas de reis. Horemheb usurpou a maior parte do que havia em nome do faraó, inclusive a Estela da Restauração (sobre a restauração da antiga religião).

Tutankhamon morreu com dezesseis ou dezessete anos e dizem que foi assassinado. Nada disso está provado e portanto tudo é especulação.

A famosa tumba de Tutankhamon a de número 62 no Vale dos Reis que foi encontrada cheia de maravilhosos tesouros além da múmia do faraó, não era sua tumba original. A original era a de número 23, mas não estava pronta quando ele morreu, então ele foi sepultado na 62, que era antes, um local para armazenamento.

Entre as coisas encontradas na sua tumba havia dois pequeninos caixões contendo dois fetos mumificados que se presume fossem filhos do faraó nascidos prematuros. Ele não deixou herdeiros.

O que ocorreu de muito estranho foi que, após a morte de Tutankhamon, sua esposa, Ankhesenamun escreveu ao rei dos Hititas pedindo que enviasse um filho seu para casar com ela. O rei não acreditou em coisa tão espantosa, e até averiguar a verdade e mandar o filho, a história já era conhecida, de modo que o rapaz foi morto logo na fronteira pois tanto Ay quanto Horemheb tinham todos os motivos para não desejarem esse casamento.

Parece que ela foi obrigada a casar-se com Ay (que já era bem velho, provavelmente era pai de Nefertiti) e logo depois não existe mais nada que fale sobre a rainha. Talvez pelo fato de ter escrito aos hititas ela tenha caído em desgraça com o novo faraó. Mas foi assim que Ay se tornou legalmente o faraó.

Possivelmente a figura de Ay
  • Ay Kheperkheperure-Irimaat

Seu nome Itinetjer-Aja significa Pai do deus, Ai. Seu nome de trono Kheperkheperure-Irimaat significa Eternas são as manifestações de Ra.

Quando Tutankhamon faleceu talvez com dezessete anos, um dos seus conselheiros, chamado Ay, casou-se com a jovem viúva do faraó menino o que tornou possível sua subida ao trono.

Existem muitas hipóteses e muitas suspeitas atuais de que esse senhor já idoso (deveria ter setenta anos), que talvez tenha sido tio de Tutankhamon, seja o responsável pela morte do jovem faraó. E, ainda que não tenha sido, pelo menos é muito suspeito o fato da viúva do rei Tut ter pedido um marido aos hititas e após o seu casamento com Ay, ter desaparecido da história.

Ay pode ter sido sem escrúpulos, pode ter sido o assassino do faraó Tut, pode ter obrigado sua viúva ainda menina a casar-se com ele, mas também pode ter sido dentre aqueles que disputavam o trono, o mais qualificado ou o mais esperto. Isso possivelmente jamais saberemos.

Ele era militar e foi vizir e chanceler de Akhenaton.

Sua tumba no Vale dos Reis, de número 23, descoberta por Belzoni em 1816, é parecida em tudo com a de Tutankhamon, inclusive a pintura dos 12 macacos (babuínos) simbolizando as horas noturnas, é igual.

A múmia de Ay não foi encontrada.

É muito possível que, tanto a tumba de Ay (cujo sarcófago estava destruído, sua imagem desfigurada e seu nome arrancado das paredes e dos textos) quanto seus outros monumentos tenham sido modificados por Horemheb que lhe sucedeu no trono.

  • Horemheb Djeserkheperure Setepenre

Seu nome significa Hórus está em júbilo. Seu nome de trono, Sagradas são as manifestações de Ra, Escolhido de Ra.

Sabe-se que ele era originário de Heracleópolis perto do Fayum. No reinado de Amenhotep III ele já era um oficial do exército e mais tarde, sob Akhenaton foi o Grande Comandante do Exército.

No reinado do faraó Tutankhamon ele foi regente e conselheiro e subiu ao trono após o breve reinado de Ay.

É possível que quando Ay subiu ao trono, Horemheb estivesse fora do país em alguma campanha militar e por isso não conseguiu se tornar faraó. Independente de o faraó Tut ter sido assassinado ou não, o fato é que a oportunidade de casar com a viúva do faraó interessava aos dois, tanto Ay quanto Horemheb desejavam o trono.

Horemheb deve ter sido um homem ambicioso e dedicado, porque assim que Ay faleceu ele se declarou faraó.

Sua estátua de coroação (em Turim) conta como o deus Hórus o elevou ao trono. Na Estela de Turim está registrado como ele se preparou para ser faraó, como conselheiro e príncipe regente de Tutankhamon.

Estátua de Horemheb com Amon em Turim

Seu objetivo como faraó foi colocar o país de volta nos trilhos após uma fase de governantes fracos que começou com Akhenaton.

Para isso ele devolveu as propriedades dos templos e as terras dos nobres, mas punia com a morte aqueles que roubassem dos pobres ou se apropriassem de suas terras.

Para consolidar seu poder, casou com Mutnodjmet, cantora de Amon e talvez irmã de Nefertiti.

Fez campanhas militares, ele era general desde que Tutankhamon era faraó, tanto na Núbia quanto na Síria.

Construiu alguns monumentos mas usurpou a maior parte, tanto de Tutankhamon como de faraós anteriores a ele. Parece que Horemheb se dedicou a destruir tudo aquilo que tivesse ligação com o período de Amarna e Akhenaton, destruindo os templos tanto do faraó quanto do deus Aton, assim como apagou os nomes de Akhenaton, Nefertiti e Tutankhamon de todos os lugares que pode. É possível que tenha sido ele também a apagar os nomes de Ay.

Horemheb não tinha herdeiros, portanto antes de falecer designou seu chefe militar, Paramessu como seu sucessor.

Quando foi conselheiro de Tutankhamon, Horemheb havia construído uma tumba em Saqqara, mas após sua coroação resolveu construir outra, no Vale dos Reis. Sua tumba tem o número 57 do Vale. Ele usurpou também o templo mortuário de Ay em Medinet Abu.

A tumba de Horemheb foi descoberta entre 1907/08 por Theodore Davis e embora algumas colunas estivessem quebradas, a decoração estava em boas condições. Havia ossos dentro da tumba e alguns ainda dentro do sarcófago, muitos foram jogados em outras câmaras. As múmias de Horemheb e de sua rainha não foram encontradas no cache junto com outros faraós, portanto é possível que os ossos pertençam aos donos da tumba.

Todo o equipamento mortuário que não foi roubado, estava destruído, quebrado e espalhado pela tumba.

Os restos de pedra e terra eram os originais de quando a tumba foi escavada, mas parece que quando Horemheb morreu ela não havia sido terminada. Grande parte da decoração está em esboços e a maior parte da tumba, os corredores foram apenas pintados de branco. A parte que foi terminada é de grande beleza.

Novo império/Dinastias do Novo Império/19ª Dinastia

Dinastia 19

Faraós da Décima Nona Dinastia[editar | editar código-fonte]

coluna e capitel do templo de Hathor em Mênfis
  • Ramesses I (Menpehtyre)
  • Seti I (Menmaatre)
  • Ramesses II (Usermaatresetepenre)
  • Merenptah (Baenrehotephirmaat)
  • Amenmesse (Menmire)
  • Seti II (Userkheperuresetepenre)
  • Siptah (Akhenresetepenre)
  • Tausert (Sitremeritamun)
  • Ramsés I Menpehtyre

Seu nome significa Ra o criou. Seu nome de trono Eterna é a força de Ra.

O último faraó da 18ª Dinastia foi Horemheb, que na verdade não possuía linhagem real e era um general do exército. Como ele não deixou herdeiros, designou para sucedê-lo seu comandante militar de nome Paramessu, que foi co-regente de Horemheb e com a morte deste se tornou Ramsés I.

Sua família era originária do Delta, de Avaris, que havia sido a capital dos invasores estrangeiros chamados de hicsos (quatrocentos anos antes). O pai de Ramsés I também era um oficial do exército de nome Seti e o faraó se casou com Sit-Re, que deveria ser filha de um militar. O casal teve um filho também chamado Seti que foi vizir do pai, comandante de tropas e co-regente. Portanto se vê que essa foi uma dinastia de militares.

Horemheb deve ter avaliado bem sua escolha ao deixar o trono para Paramessu, porque o agora chamado Ramsés se preocupou em restabelecer a ordem religiosa depois de toda a confusão do reinado de Akhenaton, seguindo os passos do próprio Horemheb.

Podemos dizer que este foi o fundador de uma das mais poderosas dinastias egípcias. Embora tenha reinado por apenas dois anos, Ramsés I procurou manter a estabilidade política do país e reabriu as rotas de caravanas de comércio com o Sinai.

Como os faraós anteriores, fez melhorias no Templo de Amon em Karnak e construiu uma capela e um templo em Abidos.

Sua tumba está no Vale dos Reis no número 16, uma pequena tumba, que como as outras também foi violada e saqueada.

Ela foi descoberta em 1817 por Belzoni e estava inacabada, como se fosse apenas uma antecâmara. Lá havia um grande sarcófago de granito, um par de estátuas do faraó que deveriam, um dia, ter sido cobertas de ouro. Havia muitas pequenas estátuas de deuses feitas em madeira e cabeças de animais.

A múmia do faraó ficou perdida durante muitos anos e alguns egiptólogos acreditam que foi encontrada no Canadá.

Em 1999 um lugar chamado Niagara Falls Museum and Daredevil Hall of Fame fechou e vendeu suas antiguidades que foram compradas pelo Carlos Museum, dentre elas uma múmia, muito bem conservada e cuja mumificação chamou atenção de estudiosos. Depois de uma cuidadosa análise eles concluíram que a múmia deveria ser Ramsés I.

O Museu então, gentilmente, resolveu devolver a múmia ao seu local de origem, o Egito.

A esposa de Ramsés I, Sit-Re sobreviveu ao marido e foi sepultada numa tumba inacabada, no Vale das Rainhas.

  • Seti I Menmaatre

Seu nome Sety Merenptah significa Ele que pertence ao deus Seth, Amado de Ptah. Seu nome de trono Menmaatre significa Eterna é a justiça de Ra.

Seu pai foi Ramsés I e sua mãe Sit-Re. Sua esposa foi Tuya, filha de um tenente do exército (condutor de bigas) e eles tiveram duas filhas e um filho, Ramsés II.

Seti foi co-regente de seu pai Ramsés I e um grande comandante militar, seguindo a tradição da família. Além de campanhas na Ásia, junto com seu filho Ramsés II lutou a batalha de Kadesh, e enfrentou lutas contra os beduínos e a captura de Gaza e Rafah.

Como governante, prosseguiu com a política diplomática e econômica de boas relações com outros países, além de ser dedicado às artes e à arquitetura. As manifestações artísticas em seu reinado jamais foram igualadas em qualidade e refinamento.

Tumba de Seti I Vale dos Reis

Seti I construiu vários monumentos incluindo um cenotáfio e um templo em Abidos. No templo de Seti I havia sete santuários: um para si próprio, um para cada deus, Ptah, Ra-Harakhte, Amon-Ra, Osíris, Isis e Hórus.

Nesse templo, existe uma parte chamada Sala dos Registros ou Galeria das Listas, (Lista de Abidos) em cujas paredes está gravada a lista oficial de faraós desde a primeira dinastia até o próprio Seti I. Esta lista é uma das que não registra os reis do período de Amarna, Akhenaton, Smenkhkare, Tutankhamon e Ay. Ela pula de Amenhotep III para Horemheb.

O cenotáfio para Osíris chamado Osireion fica próximo ao templo.

Como todos os faraós, Seti I é responsável por acréscimos no Templo de Amon em Karnak, sendo que ele fez um acréscimo notável, a grande sala hipostila, essa é a maior das estruturas religiosas já construída. Seu filho Ramsés II terminou a obra.

Seu túmulo foi escavado no Vale dos Reis e é o mais profundo e mais completo do vale. Ele é totalmente decorado, não apenas na câmara mortuária, e os faraós seguintes copiaram o estilo, decorando por completo seus túmulos. Na câmara mortuária foi encontrado um sarcófago de alabastro, vazio, que está no Museu de Londres.

A múmia de Seti I foi encontrada no cache de Deir el-Bahari em 1881 e hoje está na Sala das Múmias do Museu Egípcio do Cairo.

  • Ramsés II Usermaatresetepenre

Chamado Ramsés o Grande, ele foi de fato um grande faraó e vamos dizer que soube fazer seu marketing, colocando seu nome em todos os monumentos possíveis, até naqueles que não lhe pertenciam.

Seu nome Ramsés Meryamun, significa Nascido de Ra, Amado por Amon. Seu nome de trono Usermaatre-setepenre, A justiça de Ra é poderosa, Escolhido por Ra.

Seu pai foi Seti I e sua mãe a rainha Tuya. Esse faraó teve, pelo menos, duzentas esposas e concubinas, dentre elas temos três rainhas mais conhecidas, a favorita Nefertari, Istnofret, Maathornefrure (hitita) além de suas filhas e esposas Binthanath e Marytamon. Também é fato sempre mencionado que Ramsés II teve cerca de 96 filhos e 60 filhas.

Um de seus filhos Khaemwise era sacerdote de Ptah e governador de Mênfis, foi sepultado no Serapeum próximo aos sagrados Bois Ápis, o peitoral trazendo o nome de Ramsés II foi encontrado no túmulo de Khaemwise.

peitoral com o nome de Ramsés II, Serapeum de Mênfis

A rainha Nefertari também lhe deu um filho homem Amun-he-shepeshef que faleceu por volta dos quarenta anos. Ao todo Ramsés II sobreviveu a treze de seus filhos e foi o décimo quarto, Merenptah cuja mãe era Isnofret, quem herdou o trono.

Ramsés II assumiu o trono do Egito por volta dos vinte anos de idade e reinou durante uns sessenta e sete anos. Durante seu reinado ele foi responsável por inúmeras construções e seu nome está inscrito em outras que já existiam. Ele colocou seu nome em tudo, monumentos, estátuas e mandava inscrevê-lo tão profundamente de modo que ninguém mais pudesse inscrever por cima, como ele mesmo havia feito com os outros.

Dentre suas obras estão o Templo de Abu Simbel, Templo de Nefertari, a Sala Hipostila em Karnak, Templo em Abidos, Templo em Luxor, Ramesseum, a tumba de Nefertari (Vale das Rainhas) considerada a jóia do Vale, a tumba número 7 e a número 5 (que se acredita tenha sido construída para alguns de seus filhos e deve ser a maior tumba do vale) no Vale dos Reis, o Serapeum e outras. Também fundou a cidade de Pi-Ramsés no Delta.

Ramsés II acompanhou seu pai, Seti I em várias campanhas militares, como co-regente. Aos vinte e dois anos, liderou uma campanha à Núbia, junto com dois de seus filhos. Foi à guerra contra os hititas e lutou a famosa batalha de Kadesh.

Como chefe militar ele é muito questionado, mas sem dúvida, foi um gênio ao fazer sua propaganda, porque gastou muito tempo e espaço nas paredes alardeando suas vitórias. Parece que há diversas opiniões sobre Ramsés II. Alguns acreditam que ele foi mesmo o maior dos faraós, outros colocam dúvidas em tantas conquistas e feitos. Politicamente ele foi responsável por um tratado de paz entre o Egito e os Hititas.

Ramsés II foi sepultado no Vale dos Reis na tumba de número 7, mas sua múmia foi movida duas vezes e terminou no cache de Deir el-Bahari, onde foi encontrada.

Na verdade, os sacerdotes que moveram e reenfaixaram a múmia de Ramsés II, também o fizeram com as múmias de Ramsés I, Seti I e Amenhotep I. Eles alegavam que estavam retirando os amuletos, enfeites e jóias, para proteger os corpos dos ladrões de tumbas, mas o que estavam fazendo era saquear as múmias antes que outros o fizessem. O mais interessante é que os sacerdotes documentaram isso tudo nas faixas de linho que cobriam as múmias.

  • Merenptah Baenrehotephirmaat

Seu nome Merenptah Hetep-her-maat significa Amado por Ptah, Feliz é a Verdade. Seu nome de trono Baenre Mery-netjeru A alma de Ra, Amado dos deuses.

Foi o 13º ou 14º filho de Ramsés II e sua mãe era a rainha Istnofret (ele foi seu quarto filho). Suas esposas foram, Takhat e a irmã Istnofret II. Registram-se dois filhos, Amenmesse filho de Takhat (isso não é certo) e Seti-Merenptah que mais tarde foi Seti II.

KV8 Sarcófago do faraó Merenptah

Seu pai Ramsés II viveu e reinou durante muito tempo, portanto se presume que Menreptah tivesse por volta de sessenta anos quando subiu ao trono. Possivelmente ele governava por seu pai que já estava muito idoso.

Antes, ele foi general do exército e só se tornou herdeiro com uns quarenta e cinco anos de idade.

Durante seu reinado ele manteve a paz na Ásia e está registrado que mandou alimentos para os Hititas, que estavam morrendo de fome, conforme acordo feito com seu pai. Suas campanhas militares na Núbia e na Líbia estão gravadas em Karnak e em seu templo em Tebas.

Data do reinado de Merenptah a primeira referência não bíblica a Israel. Está na Estela da Vitória, que ele usurpou do templo mortuário de Amenhotep III em Tebas. Nela ele lista suas conquistas militares (fazendo um comentário sobre cada povo dominado) e há uma única referência a Israel - exterminada, vazia de sementes.

Por causa deste registro, acredita-se que se o êxodo for provado historicamente, ele poderia ter sido o faraó da época.

Merenptah também fez algumas obras, como adições aos templos como o Osireion em Abidos e ao templo que seu pai construiu em Dendera. Construiu seu templo funerário atrás dos Colossos de Memnon, usando as pedras do templo anterior. Construiu um palácio em Mênfis perto do templo de Ptah.

Há registros do faraó Merenptah em Estelas na Núbia, blocos em Elefantina, inscrições em diversos outros templos, uma coluna da vitória em Heliópolis e vários monumentos em Pi Ramsés.

Sua tumba é a de número 8 no Vale dos Reis, foi descoberta por Carter (o mesmo que descobriu a tumba de Tutankhamon) em 1903, próximo à tumba de Ramsés II. Quando foi aberta estava em escombros e trazia rabiscos da época dos gregos e romanos. O sarcófago em granito rosado evidentemente estava vazio. A múmia foi encontrada dentro da tumba de Amenhotep II (KV 35) entre outras dezoito múmias.

  • Amenmesse Menmire

Seu nome significa Nascido de Amon e o nome de trono Menmire-setepenre Eterno como Ra, Escolhido por Ra. Seu nome egípcio devia ser Heqa-waset, Criado por Amon, governante de Tebas.

Amenmese

Há muitas controvérsias a respeito desse faraó e de quando ele reinou. Não se sabe se ele reinou antes de Seti II legitimamente ou se usurpou o trono de seu irmão (se é que era irmão).

Na verdade, pelo fato das inscrições do nome de Seti II terem sido apagadas, se levanta a hipótese de Amenmesse ter sido usurpador.

Se de fato, Seti II reinou depois dele, pode ter sido o próprio Seti que apagou o nome desse faraó das construções usurpando-as.

Acreditava-se que Amenmesse fosse filho de Merenptah com a rainha Takhat e que teria se casado com uma mulher de nome Baktwerel. Mas, alguns estudiosos dizem que Takhat e Baktwerel foram a mãe e a esposa de Ramsés IX.

Como a maior parte das deduções, essa foi tirada das inscrições encontradas na tumba de Amenmesse, mas, parece que essa tumba na verdade, foi usurpada pelas mulheres mencionadas acima.

Há também a hipótese de ele ter sido um vizir do sul do Egito na época do reinado de Seti II, que se chamava Messiu e não um verdadeiro faraó.

A possibilidade de ele ter sido filho de Takhat (esposa de Merenptah) não parece muito lógica porque o nome dela foi inscrito na tumba deste faraó apenas na 20ª Dinastia.

Nada se sabe sobre o governo de Amenmesse, nem política nem militarmente. As construções atribuídas a ele foram alguns acréscimos a monumentos já existentes e algumas estátuas. Seis estátuas são atribuídas a ele na Sala Hipostila de Karnak, inclusive numa delas há a inscrição A Grande Esposa Real Takhat. Não se sabe se essa estátua é mesmo Amenmesse ou se foi usurpada e fica muito difícil saber quem construiu o que e quem usou apenas os monumentos alheios.

Sua tumba no Vale dos Reis, número 10, é bastante conhecida desde 1743 e muito da decoração foi destruída. Três múmias foram achadas na tumba, duas mulheres e um homem, que não foram identificados. Muitas das coisas que havia na tumba não pertenciam a ela, como ushabits de Seti I e restos do sarcófago de Ramsés VI entre outros itens.

Essa tumba continua sendo investigada em busca de respostas, se Amenmesse foi sepultado ali, qual seria a ligação dele com Takhat e Baketwerel para quem a tumba foi redecorada. É um túmulo muito simples e nos corredores ainda se podem ver cenas do faraó Amenmesse (talvez) em frente ao deus Ra-Harakhte, cenas da Litânia de Ra, o Amduat e cenas de Takhat fazendo oferendas aos deuses. Também há cenas de Baketwerel fazendo oferendas e do Livro dos Mortos.

  • Seti II Userkheperuresetepenre

Seu nome Seti Merenptah significa Aquele que pertence ao deus Seth, Amado de Ptah. Seu nome de trono Userkheperure Setepenre significa Poderosas são as manifestações de Ra, Escolhido de Ra.

Ele era filho de Merenptah e talvez meio irmão de Amenmesse, sua mãe era Istnofret. Suas esposas foram, Takhat II, Tausert e Tiaa. Tausert lhe deu um filho, Seti-Merenptah que faleceu antes de herdar o trono e Tiaa lhe deu Siptah.

Seti II

Seu reinado é um tanto confuso porque se sabe que ele era o filho mais velho de Merenptah e seu herdeiro, como também era o comandante militar no reinado de seu pai.

O problema é que Amenmesse (possivelmente) reinou por um tempo curto antes dele assumir o trono. Não se sabe se Amenmesse usurpou o trono ou se foi o sucessor legítimo de Merenptah.

O fato é que Seti II prosseguiu com as campanhas militares na Núbia e no Sinai onde seu nome foi encontrado, provavelmente por causa das minas de ouro. Mas, em termos gerais parece que seu governo foi pacífico.

Suas obras conhecidas são um templo em Hermópolis onde ele terminou o embelezamento começado por seu avô Ramsés II, adições ao Templo de Karnak e completou um templo para Mut.

Sua tumba é conhecida no Vale dos Reis no número 15, mas seu templo mortuário nunca foi encontrado. A tumba foi encontrada por Howard Carter em 1903 e foi usada como local de armazenamento enquanto Carter escavava a tumba de Tutankhamon.

A múmia de Seti II não foi encontrada em sua tumba e sim na de número 35, onde havia um depósito de múmias. Muitos acreditam que ele foi sepultado junto de sua esposa Tausert no túmulo da rainha e que sua tumba foi terminada para ser usada na dinastia seguinte por Sekhnakht.

  • Siptah Akhenresetepenre

Seu nome Siptah Merenptah significa Amado por Ptah, Filho de Ptah. Seu nome de trono Akhenre-setepenre significa Belo para Ra, Escolhido por Ra.

Seu pai foi Seti II e sua mãe a rainha Tiaa. Como seu pai faleceu e ele ainda era criança a regente foi a rainha Tausert.

Não se sabe se algum dia Siptah governou realmente o Egito. É possível que durante toda sua vida como faraó ele estivesse sob a tutela de sua regente a rainha Tausert (esposa principal de seu pai) e do vizir Bay.

Tampa do sarcófago de Siptah

Na realidade, os médicos chegaram à conclusão ao examinar sua múmia de que ele poderia ter sofrido de paralisia cerebral e seu pé esquerdo deformado indicava que talvez tivesse tido poliomielite.

Nada se sabe também sobre sua mãe, se faleceu antes ou depois dele, apenas se levanta a hipótese de que ela era Síria.

Siptah chegou ao trono quando seu irmão mais velho, filho da rainha Tausert, que era o herdeiro, faleceu, e ele tinha por volta de quatorze anos. Parece que Siptah, faleceu aos vinte anos.

Sua tumba é a número 47 do Vale dos Reis, mas sua múmia foi encontrada na de número 35 junto com outras, embora a 47 tenha sido decorada para ele.

Seu sarcófago de granito vermelho em forma de cartucho, decorado com passagens do Livro dos Portões, foi encontrado enterrado no chão. Havia ossos nele, mas eram provavelmente de alguém do Terceiro Período Intermediário. Na verdade essa tumba nunca foi completamente explorada até 1994, quando foi feito um trabalho de recuperação pelo Serviço de Antiguidades Egípcio.

As evidências são de que a mãe de Siptah, a rainha Tiaa foi sepultada também nesta tumba porque foram encontrados fragmentos de vasos canopos, um sarcófago e várias ostracas com o nome de Tiaa.

  • Rainha Tausert Sitremeritamun

Seu nome Towosret setep-en-mut significa Senhora poderosa, Escolhida por Mut. Seu nome de trono Site-re Mery-amun significa Filha de Ra, Amada por Amon. Seu nome também é escrito como Tawosret.

Ela foi a esposa de Seti II e mãe de seu herdeiro Seti-Merenptah que faleceu antes de herdar o trono. Quem herdou o trono de Seti II foi um filho dele com outra esposa, Tiaa (que talvez fosse descendente de sírios). Quando o faraó faleceu, Tausert assumiu a regência pelo menino herdeiro Siptah.

Existe a hipótese que o faraó herdeiro Siptah tivesse problemas de saúde, além de ser uma criança quando seu pai faleceu, portanto, se assim foi, Tausert governou o Egito a partir do momento em que seu marido Seti II faleceu.

Infelizmente pouco se sabe sobre a rainha que foi o último governante da décima nona dinastia.

Quando Siptah faleceu (por volta dos vinte anos de idade), Tausert assumiu o trono com o título de Rainha. Ela marcou a contagem dos anos começando do período de sua regência. Provavelmente o vizir Bay esteve ao lado dela desde a regência e continuou a governar a seu lado.

KV14, tumba de Tausert usurpada por Setnekht

Existem lendas que dizem que o vizir mandou executá-la depois que ela, totalmente apaixonada, lhe entregou o controle total do tesouro egípcio.

Há evidências de obras feitas pela rainha em Heliópolis onde foi encontrada uma estátua de Tausert, assim como houve obras em Tebas, Seu nome também foi encontrado em Abidos, Hermópolis, Mênfis e na Núbia.

Para ela foi feita uma tumba monumental no Vale dos Reis, a de número 14, onde ela é mostrada como a amada esposa de Seti II. Essa tumba foi construída em três etapas, quando ela foi a rainha de Seti II, quando foi regente para Siptah e quando assumiu o trono. Seu marido deve ter sido sepultado no mesmo local.

Sua múmia não foi devidamente identificada e é possível que seja a chamada romana desconhecida que estava armazenada na tumba 35.

O vizir Bay é uma figura pouco conhecida e talvez tenha reinado sozinho durante um ano mais ou menos, após a morte de Tausert. Muitos estudiosos acreditam que ele sempre governou por trás da figura da rainha. Ele tinha sido escriba real de Seti II e se acredita que era descendente de sírios.

Novo império/Dinastias do Novo Império/20ª Dinastia

Dinastia 20

Faraós da Vigésima Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Sethnakhte (Userkhauremeryamun)
O livro dos Mortos do escriba Ani
  • Ramesses III (Usermaatremeryamun)
  • Ramesses IV (Hekamaatresetepenamun)
  • Ramesses V (Usermaatresekheperenre)
  • Ramesses VI (Nebmaatremeryamun)
  • Ramesses VII (Usermaatresetepenre)
  • Ramesses VIII (Usermaatreakhenamun)
  • Ramesses IX (Neferkaresetepenre)
  • Ramesses X (Khepermaatresetepenre)
  • Ramesses XI (Menmaatresetepenptah)
  • Sethnakhte Userkhauremeryamun

Seu nome significa Seth é vitorioso que junto com o epíteto Mereramunre significa Amado de Amon. O nome de trono Userkhaure-setepenre, Poderosas são as manifestações de Ra. Também vemos o nome do faraó escrito como Setnakht e Sethnakht.

Seu pai era muito provavelmente Ramsés II e ele se casou com Tiy-Merenese (é a esposa conhecida) de quem teve Ramsés III seu herdeiro.

Ramsés III deve ter sido co-regente do pai por um curto espaço de tempo, uma vez que o reinado de Sethnakhte foi de uns três anos e ele já tinha alguma idade ao assumir o trono.

Antes de Sethnakhte reinaram juntos a rainha Tausert (Tawosret) e o vizir Bay e esse foi um período confuso para o Egito. Não se sabe se Sethnakhte tomou o poder direto de Tausert ou se reinou após o usurpador vizir Bay.

É bem possível que ele tenha assumido direto após Tausert porque o faraó proclama ter Rechaçado o usurpador e restaurado a lei e a ordem no Egito. Sethnakhte foi o primeiro faraó da última dinastia do Novo Império.

Sethnakhte aliás se recusou a reconhecer o reinado de Siptah, Tausert e do vizir Bay. Ele data seu reinado a partir de Seti II.

Tumba de Tausert e Sethnakht

Na verdade toda a informação que temos sobre esse faraó vem do Papiro Harris, que foi escrito pelo menos sessenta e cinco anos após sua morte. Também há uma Estela em Elefantina que deve ter sido erguida no segundo ano de seu reinado, porque o primeiro ano deve ter sido todo ocupado em colocar ordem no país.

Como Sethnakhte chegou ao trono não se sabe, embora digam que ele era neto de Ramsés II, seja como for, seu nome, Sethnakhte, faz referência ao deus Seth, que foi adorado pelos faraós da 19ª Dinastia, portanto pode haver sim, alguma ligação entre eles.

Através do Papiro Harris ficamos sabendo que o faraó colocou fim nas rebeliões dos asiáticos, libertou as cidades egípcias, trouxe de volta os desertores, reabriu os templos permitindo que voltassem a receber seus proventos.

Na Estela de Elefantina ele relata que expulsou os rebeldes, e na fuga estes abandonaram o ouro, a prata e o cobre que haviam roubado do Egito.

Sua tumba é a de número 14 no Vale dos Reis (originalmente construída para Tausert) e não se sabe o porque. Sua tumba original era a número 11, que foi abandonada quando os trabalhadores furaram a parede da tumba número 10 (de Amenmesse).

Após a sua morte, Sethnakhte, de acordo com o Papiro Harris, foi colocado em sua barca real sobre o rio (cruzou o Nilo para a margem oeste) e descansou em sua casa eterna a oeste de Tebas.

Em 1898 foi encontrada a múmia de um homem na tumba número 35 (de Amenhotep II), lá também havia um sarcófago com o nome de Sethnakhte e dentro de um barco de madeira uma múmia, que estava desenfaixada. Pode ser que fosse o faraó Sethnakhte.

  • Ramesses III Usermaatremeryamun

Seu nome Ramesses Heqaiunu significa Ra o criou, Aquele que governa Heliopólis. O nome de trono, Justiça de Ra, Amado de Amon.

Este é considerado o último dos grandes faraós, seu pai foi Sethnakhte e ele foi durante um tempo co-regente com o pai. Sua mãe foi a rainha Tiy-Merenese. O faraó Sethnakhte teve muitos filhos, dentre eles os próximos três faraós.

As esposas conhecidas de Ramsés III são Isis, Titi e Tiy.

Ramsés III fez campanhas militares contra os líbios e contra os chamados povos do mar. Durante o seu reinado o Egito recuperou sua força e poderio.

É interessante notar que Ramsés III copiou tudo de seu antepassado Ramsés II, o nome e os títulos, os nomes dos filhos, seu templo mortuário foi copiado do Rameseum, e ele construiu diversos templos desde o Delta até a Núbia.

Seu templo mortuário em Medinet Habu é uma enorme construção, ele mandou erguer três capelas no Templo de Amon em Karnak e também construiu um palácio em Leontópolis.

O reinado de Ramsés III está bem documentado no Papiro Harris porque ele dá detalhes da vida na época e registra todas as doações dos faraós para os templos, suas obras, faz inventários.

baixo relevo no templo mortuário de Ramsés III

Esta foi uma época de grande tumulto em todas as partes do Mediterrâneo, com a Guerra de Troia, a queda de Micenas e muita gente deslocada de suas terras a procura de um lugar para viver. Foi um tempo em que os antigos impérios estavam enfraquecidos e o Egito era uma terra de grandes promessas.

Ramsés III enfrentou muitas ondas de invasores tentando ocupar o solo egípcio. Libios, que entravam aos poucos, pacificamente e depois chegavam em bandos, os Hititas e os povos do mar.

Esses povos do mar não se sabe quem eram, certamente foram desalojados de suas terras por invasores e estavam fugindo, armados e desesperados, eram homens, mulheres e crianças que desejavam se estabelecer no Egito.

No reinado deste faraó houve fome e problemas com o pagamento de trabalhadores das obras reais em Deir el-Medina, que entraram em greve porque não recebiam. Foi uma greve geral, a primeira a ser registrada na história, no vigésimo nono ano do governo de Ramsés III.

É interessante observar que, com tudo isso acontecendo, Ramsés III ainda foi alvo de uma conspiração orquestrada por uma de suas esposas, a rainha Tiye, que queria ver seu filho como herdeiro.

Assim conta o Papiro da Conspiração do Harém, nele o filho de Tiye é chamado de Pentewere. Nessa conspiração estavam envolvidas pelo menos quarenta pessoas e embora a rainha Tiye assumisse sua identidade, outros usavam pseudônimos como Mesedsure que significa Ra o odeia.

Entre esse grande número de pessoas envolvido havia oficiais e pessoas próximas ao faraó que não só pretendiam matá-lo como também estavam incitando a revolta fora do palácio, de modo a poder dar um golpe de estado. Não se sabe se a conspiração atingiu seu alvo, mas é provável que não.

De acordo com o Papiro, os culpados foram acusados e levados a uma corte de justiça, dentre eles havia quatorze oficiais, incluindo sete mordomos reais (um alto cargo), dois tesoureiros, dois portadores de estandartes do exército, dois escribas e um arauto.

Parece que Ramsés III faleceu durante o julgamento, ainda que não por causa do atentado, mas estudiosos discordam em muitas coisas. Alguns acham que o faraó foi morto pelos conspiradores e que foi seu filho Ramsés IV quem presidiu ao julgamento. Outros dizem que a múmia do faraó não possui sinais de violência e, portanto não sofreu nada no atentado.

O fato é que, com certeza todos foram condenados a morte, inclusive a rainha Tiye. O registro do julgamento foi perdido e parece que houve muitas punições, inclusive o próprio filho do faraó com Tiye foi condenado a cometer suicídio. Dentre os condenados havia juízes e oficiais que participaram do julgamento. A leitura a esse respeito é bastante interessante.

Ramsés III mandou construir um grande túmulo no Vale dos Reis, é o número 11 anexo ao túmulo de Sethnakhte. Essa tumba ficou famosa por ter cenas diferentes das usadas nas tumbas reais, incluindo a pintura de dois harpistas cegos.

Sua múmia foi encontrada, bem preservada, em Deir el-Bahari armazenada com outras múmias reais e está no Museu do Cairo.

Nota - De acordo com Leslie D. Black da (revista) Nile Magazine (2017) a Conspiração do Harém hoje, é um caso resolvido.

Na verdade, quando a múmia foi desenrolada em 1886 não havia sinais do que poderia ter causado a morte, mas, o pescoço do faraó foi deixado enrolado num colar de bandagens de linho. Os documentos do julgamento já haviam descrito que Ramsés fora o alvo de um golpe no palácio. Esses mesmos documentos sugeriam que o faraó havia sobrevivido ao atentado, pelo menos por tempo suficiente para escolher os juízes para o julgamento da conspiração. Agora, sabemos que o ataque foi instantaneamente fatal.

Em 2005, foi criado o Egyptian Mummy Project, para passar no CT scan as mais famosas múmias do Museu Egípcio do Cairo. Um grupo de estudos Ítalo-Egípcio, logo percebeu que havia resolvido um crime de 3 100 anos. Os scans de Ramsés III revelaram que as bandagens em torno do pescoço do faraó escondiam um ferimento de faca, que era profundo o bastante a ponto de alcançar as vértebras. Todos os órgãos vitais nessa área – a traquéia, esôfago e as grandes veias – foram seccionados.

É claro que para Ramsés, a morte era apenas temporária, encontrado dentro da ferida havia um pequeno amuleto um “Olho Wedjat”, colocado lá pelos sacerdotes, para curar a ferida na vida do rei após a morte.

  • Ramesses IV Hekamaatresetepenamun

Seu nome Ramesses heqamaat-meryamun significa Nascido de Ra, Governante de Heliópolis. Seu nome de trono, Usermaatre Setepenamun, Poderosa é a justiça de Ra, Amado de Amon.

Seu pai foi Ramsés III e sua mãe possivelmente Isis ou Titi. Sua esposa principal foi Ta-Opet, que talvez tenha sido a mãe de seu herdeiro Ramsés V. (Se ele não teve filhos, o herdeiro pode ter sido seu irmão).

O Egito estava sofrendo com sérios problemas econômicos e sociais quando Ramsés IV subiu ao trono. Na época o faraó devia ter mais de quarenta anos e não há registros de que ele tenha conseguido reerguer o país.

O que se sabe é que ele ordenou que milhares de trabalhadores fossem para as pedreiras em Wadi Hammamat e junto com eles foram dois mil soldados, para controlá-los. Parece que desde o reinado de seu pai, quando houve fome e greves de trabalhadores, o povo continuava insatisfeito.

Anel de ouro cujo reverso indica ter pertencido a Ramsés IV

Mesmo assim ele é responsável pelo templo de Khonsu em Karnak, obelisco de Heliópolis, adições em Medinet Habu e um templo mortuário em Deir el-Bahari.

Alguns estudiosos acham que Ramsés IV foi o juiz da corte que julgou aqueles que foram responsáveis pela Conspiração do Harém, envolvendo seu pai. O pai do faraó pode ter sobrevivido à conspiração ou não, mas é claro que os conspiradores desejavam eliminar Ramsés IV, o príncipe herdeiro também e que obviamente não conseguiram.

Foi Ramsés IV quem colocou o Papiro Harris, que descreve os detalhes do reinado de seu pai, na tumba de Ramsés III.

No final do seu reinado, o faraó já governava junto com o Grande Sacerdote de Amon, Ramesesnakht. Este era um homem poderoso, cujo cargo era hereditário e que controlava uma grande parte das terras do Egito (pertencentes ao Templo) e muito dinheiro vindo da renda das terras além das doações e o fato de dividir o poder com o faraó marca o inicio da divisão no governo, entre os reis (não mais os poderosos faraós) e os altos sacerdotes de Tebas.

Ramsés IV foi sepultado no Vale dos Reis na tumba de número 2. Como outras, sua múmia foi encontrada na tumba número 35 (a de Amenhotep II) onde havia outras múmias reais. A descrição de Ramsés IV baseada em sua múmia diz que ele era baixo, careca, com um nariz grande e bons dentes. Sua múmia está no Museu Egípcio do Cairo.

Hórus e Amon na KV9
  • Ramesses V Usermaatresekheperenre

Seu nome Ramesses Amunherkhepeshef significa Nascido de Ra, Amon é sua força. Seu nome de trono, Usermaatre-sekheperenre, Poderosa é a justiça de Ra.

Seu pai pode ter sido Ramsés IV e sua mãe Ta-Opet.

Ramsés V é praticamente um desconhecido apesar do nome. Ele deve ter governado por pouco anos, não mais de quatro e apenas é registrado em raros objetos encontrados no Sinai e na Ásia ocidental.

Há uns poucos papiros do seu reinado que descrevem casos de corrupção e problemas econômicos. Parece que ele estimulou o comércio exterior, mas nada que tenha ficado registrado.

Tudo o que foi encontrado de seu reinado é uma Estela que foi descoberta em Gebel Silsilh.

Sua múmia foi encontrada na tumba do Vale dos Reis número 35, junto com outras múmias reais. Tendo por base os exames feitos em sua múmia, Ramsés V morreu de varíola por volta dos trinta e cinco anos.

A tumba de Ramsés V, de número 9 do Vale dos Reis foi usurpada por Ramsés VI. E a múmia do faraó está no Museu Egípcio do Cairo.

  • Ramesses VI Nebmaatremeryamun

Seu nome Ramesses Amenherkhepeshef significa Nascido de Ra, Pai de Amon, Deus governante de Heliópolis. Seu nome de trono Nebmaatre-meryamun, O senhor da Justiça é Ra, Amado de Amon.

Tumba de Ramsés VI

Esse faraó usurpou o trono de seu sobrinho Ramsés V e seu herdeiro foi seu filho Ramsés VII. Sua esposa era Nubchesbed.

Na época em que subiu ao trono, o Egito estava muito fraco política, econômica e administrativamente. A mineração havia sido abandonada, o Egito agora estava bem menor em extensão de terras. Os sacerdotes governavam também e com muito poder.

Na verdade Ramsés VI foi faraó só no nome. Ele não só usurpou o trono do sobrinho como também usurpou cartuchos de reis anteriores e tentou inserir seu nome na lista de faraós em Medinet Habu, para legitimar seu reinado.

Ramsés VI deixou estátuas em Heliópolis, Bubastis, Coptos, Karnak e na Núbia. Adicionou um pilono em Menfis, deixou uma Estela em Karnak.

Esse faraó foi sepultado na tumba de número 9 do Vale dos Reis, que usurpou de seu sobrinho Ramsés V e nela fez acréscimos.

Essa tumba foi destruída pelos ladrões de túmulos ainda na antiguidade. Quando os sacerdotes a descobriram, havia apenas ossos que eles juntaram e enfaixaram. O problema é mais tarde se descobriu que os ossos pertenciam a pessoas diferentes.

Tumba de Ramsés VII
  • Ramesses VII Usermaatresetepenre

Seu nome Ramesses It-amun-netjer-heqa-iunu significa Nascido de Ra, Pai de Amon, Governante de Heliópolis. Seu nome de trono, Usermaatre-setpenre-meryamun, Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Ra, Amado de Amon.

Praticamente nada se sabe sobre Ramsés VII. Ele deve ter governado por uns sete anos, durante um período de grandes problemas econômicos. Não deixou herdeiros.

Sua tumba é a de número 1 no Vale dos Reis embora a múmia não tenha sido encontrada. A tumba deve ter ficado aberta durante séculos porque está toda grafitada da época grega e romana. Foi reaberta em 1995 após ser restaurada.

Além dessa tumba mais nada foi encontrado para registrá-lo.

  • Ramesses VIII Usermaatreakhenamun

Seu nome Ramesses Sethherkhepeshef-meryamun, significa Aquele que foi criado por Ra, Seth é sua força, Amado de Amon. Seu nome de trono, Usermaatre-akhenamun, Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Ra, Amado de Amon.

Vale dos Reis

Ramsés VIII deve ter sido filho de Ramsés III ou filho de algum dos outros sete Ramsés anteriores a ele. Ele pode ser Sethherkhepeshef -meryamun, o filho de Ramsés III que está sepultado no Vale das Rainhas, no número 43.

Não foi encontrada tumba identificada para Ramsés VIII embora alguns egiptólogos acreditem que a número 19 do Vale dos Reis, usada para o sepultamento do príncipe Mentuherkhepeshef, tenha sido feita originalmente para Ramsés VIII.

Sua múmia nunca foi encontrada e tudo o que sobrou de seu governo é uma inscrição em Medinet Habu e algumas placas.

  • Ramesses IX Neferkaresetepenre

Seu nome Ramesses Khamwaset-mereramun significa Nascido de Ra, Aparece em Tebas, Amado de Amon. O nome de trono, Neferkare-setepenre, Bela é a alma de Ra, Escolhido de Ra.

De todos os Ramsés que vieram após o Ramsés III, este parece que teve um pouco mais de sucesso no governo. Ele fez muitas tentativas para recuperar o poder e a riqueza do país, reabrindo as rotas de comércio, viajando (campanhas militares?) para a Ásia e a Núbia.

Parece que no reinado de Ramsés IX, um alto sacerdote de Amon chamado Amenhotep já se colocava no mesmo patamar que o faraó. Ele está representado da mesma altura do faraó em dois relevos em Karnak e parece que ele volta a aparecer mais tarde nos outros governos, com muito poder.

Tumba de Ramsés IX

Ramsés IX fez obras no Templo de Karnak e em Heliópolis. Foi no seu reinado que os ladrões de tumbas fizeram horrores no Vale dos Reis, vandalizando os túmulos, isso está registrado no Papiro Abbot. Ramsés IX deixou documentos que registram sua imediata atitude, levando os vândalos a julgamento e protegendo as tumbas.

Foi nessa época que muitas das múmias foram removidas de seus túmulos e levadas para um local de armazenamento em Deir el-Bahari, onde foram encontradas no final do século dezenove.

O túmulo de Ramsés IX é o número 6 do Vale dos Reis e sua própria múmia sepultada lá, foi removida para Deir el-Bahari na 21ª Dinastia por Pinodjem II. Seu túmulo chama atenção pelas pinturas nas paredes, do Livro da Noite, em amarelo com fundo negro. Esse é o primeiro túmulo do Vale e ficou aberto desde a antiguidade, portanto foi grafitado em épocas antigas.

O filho de Ramsés IX, Montuherkhopshef, faleceu antes do pai e foi sepultado também no Vale dos Reis, numa tumba originalmente preparada para Ramsés VIII e descoberta em 1817.

  • Ramesses X Khepermaatresetepenre

Seu nome, Ramesses Amunherkhepeshef-meryamun significa Nascido de Ra, Amon é sua força, Amado de Amon. O nome de trono, Khepermaatre-setepenre, A justiça de Ra permanece, Escolhido de Ra.

Praticamente nada se sabe a respeito de Ramsés X, existem apenas poucas referências a ele no Templo de Karnak. Ele reinou durante pouco tempo e no seu governo houve greves por falta de pagamento.

Seu túmulo no Vale dos Reis é o número 18. O túmulo está aberto desde o século dezoito e estava inacabado, nada foi encontrado dentro.

  • Ramesses XI Menmaatresetepenptah

Seu nome Ramesses-Khamwaset-meryamun-netjerheqaiunu significa Aparece em Tebas, Amado de Amon, Deus, Governante de Heliópolis ou Nascido de Ra, Aparece em Waset, Escolhido de Ptah, Amado de Amon, Governante de Iunu.

No reinado deste faraó, os sacerdotes do Templo de Amon em Tebas, já controlavam toda a região. Ramsés XI governou da cidade de Tanis, no Delta e ele não tomou as rédeas do trono porque mandava seus generais ou vizires resolverem os problemas do país.

Tumbas do Vale dos Reis

Parece que ele não foi propriamente um faraó, porque não reinou sobre o Egito unido. O país estava dividido e muito empobrecido e ele deve ter dividido o poder com Herihor, filho do general Piankh.

O Egito sempre foi respeitado e atendido em qualquer pedido, quando mandava seus emissários a outros países. Através do Conto de Wenamun, que hoje está preservado em Moscou, podemos ter noção da queda do grande Egito.

Ele conta que Wenamun foi enviado por Ramsés XI a Biblos para assegurar o cedro para a nova barca de Amon em Tebas. Ele foi roubado durante a viagem. Na volta, no antigo porto, ele foi avisado que teria que pagar pela madeira, que antes era dada de presente. Mas ele não tinha dinheiro para pagar. Isso mostra a decadência do Egito, passada apenas uma dinastia do reinado de Ramsés, o Grande.

A crise que já fervilhava em Tebas piorou, os ataques dos líbios impediam o trabalho na margem oeste do Nilo, os roubos de tumbas, a fome (chamado o ano da hiena) e a guerra civil. A situação era péssima.

A guerra civil irrompeu no Egito por volta do 17º ou 19º ano de governo de Ramsés XI.

O vice-rei da Núbia, Panehsy, marchou para o norte com tropas núbias, provavelmente para pedir a Ramsés XI para restaurar a ordem em Tebas. Se ele fez isso por sua conta ou por ordem do rei, não se sabe. O fato é que o alto sacerdote de Amon, Amenhotep, detinha muito poder desde o reinado de Ramsés IX e controlava o país até mais do que Ramsés XI, então se pode presumir que talvez Panehsy estivesse sob as ordens do faraó, para desestabilizar o sacerdote.

Não se sabe se para poder alimentar seus homens, ou para limitar os poderes do alto sacerdote, Paneshy recebeu a ordem ou tomou por conta própria o escritório do administrador dos celeiros e todos os títulos possíveis.

Isso colocou os sacerdotes em pé de guerra, porque o Templo tinha os direitos sobre as terras e toda a sua produção. Por isso, os sacerdotes insuflaram a guerra civil que deve ter durado por oito ou nove meses.

Paneshy sitiou o alto sacerdote no templo fortaleza de Medinet Habu. Não sabemos se o alto sacerdote, Amenhotep sobreviveu ao ataque, mas parece que ele apelou para Ramsés XI, pedindo proteção.

A facilidade que Paneshy encontrou para tomar as cidades e as riquezas o animou a prosseguir. O exército de Paneshy se dirigiu para o norte, mas encontrando com o exército do rei teve que recuar voltando para a Núbia, onde parece que seu chefe continuou causando bastante confusão.

Nesse intervalo, o exército de Ramsés XI sob a liderança do general Herihor, se dirigiu para Tebas. O general se apossou dos títulos que Paneshy já havia usurpado e se nomeou vice-rei.

Esse general Herihor declarou que a partir de então começava um novo período no Egito, wehem mesut, ou seja, o renascimento. Essas palavras foram usadas pelos faraós da 12ª e da 19ª Dinastias para indicar que o império estava renascendo após um período de atribulação.

Agora, os documentos de Tebas começam a ser datados dos anos do renascimento ao invés de prosseguirem com a datação de Pi-ramsés, ficam com a datação de Ramsés XI. Assim foi que os estudiosos encontraram correspondência entre os anos um a dez do renascimento e os anos dezenove a vinte e oito do governo de Ramsés XI.

Após a morte de Herihor, seu genro chamado Piankh assumiu o controle do sul do país. Ao que parece Ramsés XI já não tinha mais força ou poder para impedir esse governo paralelo, então ambos mantiveram sua influência, cada um sobre parte do Egito.

Templo de Amon em Medinet Habu

Foi Herihor que construiu o templo de Khonsu, dedicado ao filho de Amon. Em suas paredes, há figuras de ambos, Herihor e Ramsés XI na mesma escala de tamanho, embora não nas mesmas cenas. Embora Herihor tenha mandado gravar seu nome num cartucho real nesse templo, parece que havia uma certa cooperação entre ele e o rei Ramsés XI.

Com a morte de Ramsés, quem herdou o trono no norte do país foi Smendes e foi então que começou o Terceiro Período Intermediário e terminou o período chamado Ramessida.

A tumba de Ramsés XI, número 4 do Vale dos Reis, não foi terminada e pode ter sido usada para guardar outras múmias durante o final da 20ª Dinastia, quando já estava sem controle a profanação e roubo de tumbas.

Essa tumba estava aberta desde a antiguidade e exibe grafitis em demótico, egípcio, grego, latim, copta, francês e inglês. Também foi usada como residência e estábulo durante o período cristão, como local de armazenamento por Howard Carter e como sala de jantar pelos trabalhadores que escavavam a tumba de Tutankhamon.

Esta foi a última tumba real a ser escavada no Vale dos Reis.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • [4]] notícia de 18/12/2012 sobre a conspiração do harém

Terceiro período intermediário

Terceiro Período Intermediário


1070-712 a.C.

Dinastias 21-25[editar | editar código-fonte]

estela de Takhenemet

Durante mais de 2 000 anos, o Egito se manteve como uma civilização adiantada e poderosa e um país a ser respeitado e temido, apesar dos muitos problemas que enfrentou ao longo de sua história.

O chamado Terceiro Período Intermediário começou na verdade, ainda no Novo Império na 20ª Dinastia, no reinado de Ramsés XI. Os faraós fracos, a corrupção generalizada, as greves dos trabalhadores, a fome, o empobrecimento do país, foram fatores importantes que levaram à divisão do Egito.

No final do Novo Império, os sacerdotes de Amon finalmente chegaram ao poder. Agora, eles possuíam dois terços de todas as terras pertencentes aos templos, noventa por cento de todos os navios, e oitenta por cento de todas as fábricas. Ao observar esses dados já podemos perceber que eram eles que controlavam a economia egípcia.

No final do reinado de Ramsés XI, o faraó já não tinha muito poder e os sacerdotes não tiveram grande trabalho para de fato governar, pelo menos o sul do Egito.

Além dos problemas internos, os povos vizinhos agora estavam em outro nível de desenvolvimento, eles usavam o ferro para fazer armas e escudos, enquanto os egípcios ainda usavam o cobre.

Durante muito tempo, o Egito empregou guerreiros estrangeiros como mercenários, especialmente nos postos de fronteira. Esses soldados eram recompensados com terras e, dessa forma, se estabeleciam com as famílias no Egito, reforçando o vínculo com o país. Foi assim que os líbios foram entrando pelo Delta, sempre apoiados pelos seus compatriotas, que já viviam no Egito.

Lista de Reis de Napata

A Núbia, tantas vezes atacada e sempre dominada e explorada também teve sua chance. Na verdade, os núbios, já eram meio egípcios, porque o país foi dominado (por Thutmose III) até a Quarta Catarata e Napata foi estabelecida como capital da Província Egípcia na Núbia.

Depois do final do Novo Império, quando a Núbia se tornou independente, seus governantes e seu povo continuaram a manter a religião e os hábitos de um Egito ainda rigoroso, dos tempos áureos do país dominador.

Agora, com o Egito entregue a tantos problemas, os núbios cruzaram a fronteira e dominaram quase todo país. É claro que devem ter ficado profundamente espantados e tristes com a decadência moral e dos costumes do país que havia sido líder e exemplo durante séculos.

Após o domínio dos núbios, chegaram os poderosos assírios e os babilônios para submeter o Egito. Além disso surgiam em cena os persas, que já haviam lutado contra os gregos e para eles o Egito não representava dificuldade.

A divisão[editar | editar código-fonte]

Durante esse período a capital do Egito se mudou de Tanis para a Líbia, para a Núbia, para Tebas, para Sais, de volta para a Núbia e para Tebas. O Egito estava dividido em seu ponto histórico entre Alto e Baixo Egito. A 21ª Dinastia reinava a partir de Tanis e uma linhagem de generais e sacerdotes de Amon controlava, a partir de Tebas, o sul do país. As relações entre esses governantes eram pacíficas e muitas vezes foram ligados por laços familiares, e de ambas as partes, não possuíam sangue real.

Ra com cabeça de falcão

Para quem via de fora, o Egito parecia estar unido e de certo modo, estava. Enquanto de fato estava dividido entre homens poderosos, na verdade era uma teocracia e a suprema autoridade política era o próprio deus Amon.

Num Hino a Amon, escrito num papiro encontrado em Deir el-Bahari, o nome do deus está inscrito num cartucho (como nome de faraó) e ele é chamado de supremo entre todos os deuses, a fonte da criação e verdadeiro rei do Egito.

A 21ª Dinastia foi estabelecida por Smendes enquanto no sul, governava Pinudjem I. O último governante da 21ª Dinastia Psusennes II, casou sua filha Maatkare, com Sheshonq I que estabeleceu a 22ª Dinastia em Tanis. Essa dinastia é conhecida como Líbia ou de Bubastis.

Seu fundador, Sheshonq I era líbio, militar no Egito, descendente de uma família de sacerdotes, que há muitas gerações vivia em Heracleópolis. Ele conseguiu reunir as facções de Tebas e Tanis e unificar o Egito. Sheshonq foi responsável por uma campanha militar contra os filhos de Salomão, coisa que não acontecia no Egito desde os tempos de Ramsés III.

Durante alguns anos o Egito recuperou a estabilidade, mas a guerra civil voltou a se alastrar pelo país durante o reinado de Takelot II.

Bem mais tarde, no reinado de Sheshonq III, um príncipe chamado Pedibastet inaugurou um novo reinado e fundou a 23ª Dinastia de Leontópolis.

Osorkon III sucedeu Pedibastet, governando também a partir de Leontópolis enquanto Sheshonq III continuava a reinar a partir de Tanis.

As dinastias - 22-24 – rivais, reinaram ao mesmo tempo em diferentes partes do país. Na região de Tebas, a 25ª Dinastia ganhava força enquanto a 24ª Dinastia ainda reinava em Sais. A 25ª Dinastia foi caracterizada pela dominação núbia e terminou com a invasão dos assírios.

Sarcófago de Tjesisetperet 23-26ª dinastia

Resumindo, durante o Terceiro Período não houve um faraó no Egito. Havia diversos reis que governavam a partir de uma determinada cidade e não tinham grande poder.

Então podemos dizer que esse período se caracteriza pela divisão do poder, antes mesmo do falecimento de Ramsés XI já governavam os Altos-Sacerdotes a partir de Tebas e depois temos:

  • 21ª Dinastia - governantes em Tanis
  • 22ª Dinastia - Líbia ou Bubastita a partir de Tanis<
  • 23ª Dinastia - Líbia, anarquia, a partir de Leontópolis
  • 24ª Dinastia - a partir de Sais
  • 25ª Dinastia - Núbia ou Kushita a partir do Alto Egito

Quando Psamético I se tornou rei, conseguiu controlar o Delta e dali reunificou o país, o Egito respirou novos ares nacionalistas. Assim começa a 26ª Dinastia e o chamado Último Período.

Terceiro Período Intermediário/Dinastias do Terceiro Período Intermediário

Dinastias 21-25
Templo de Amon em Karnak

Vigésima Primeira Dinastia[editar | editar código-fonte]

A 21ª Dinastia governou o Baixo Egito a partir de Tanis. São possivelmente os mais legítimos herdeiros dos faraós. Também os Altos-Sacerdotes governaram nesse período a partir de Tebas. Alguns deles usaram os títulos reais.

Governantes do Norte - Tanis

  • Smendes
  • Amenemnisu
general e alto sacerdote Wendjebauendjed
  • Psusennes I
  • Amenemope
  • Osorkon
  • Siamun
  • Psusennes II

Governantes do Sul - Tebas

  • Herihor
  • Piankh
  • Pinedjem I
  • Masaherta
  • Menkheperre
  • Smendes II
  • Pinedjem II
  • Psusennes III

Vigésima Segunda Dinastia[editar | editar código-fonte]

A 22ª Dinastia foi dividida entre Alto e Baixo Egito. O Alto era governado por Horsiese, um Alto-Sacerdote de Amon em Karnak. Ele foi escolhido por seu sobrinho Osorkon II e enquanto Osorkon reinava no norte, Horsiese controlava o sul do Egito.

O restante dessa dinastia foi uma série de reis líbios governando a partir de Tanis e Bubastis. Foram reconhecidos pelo Egito afora, até que surgiu uma dinastia rival em Tebas e Leontópolis.

Sacerdote Padjuiset queimando incenso

Reis da 22ª Dinastia

  • Shoshenq I
  • Osorkon I
  • Takelot
  • Shoshenq II
  • Osorkon II
  • Takelot II
  • Shoshenq III
  • Pami
  • Shoshenq IV
  • Osorkon IV

Vigésima Terceira e Vigésima Quarta Dinastias[editar | editar código-fonte]

A 23ª Dinastia começou em Tebas, mas depois passou a governar a partir de Heracleópolis, Tanis, Hermópolis e Leontópolis.

A 24ª Dinastia também pode ser incluída nessa fase de desmandos. O fato de espalhar o governo entre cidades enfraqueceu consideravelmente o poder.

peitoral com o deus Herichef sobre um buquê de lótus

Reis da 23ª Dinastia

de Tebas

  • Pedubastis I
  • Iuput I
  • Osorkon III
  • Takelot III
  • Osorkon IV
  • Iuput II
  • Rudamon

de Hermópolis

  • Thotemhat
  • Nimlot III
  • Djehutiemhat

de Heracleópolis

  • Peftjauwybast
Deusa leoa alada
  • Nakhke

de Tanis

  • Sekhemkare
  • Shepseskare-Imere
  • Neferkare-Pepi
  • Pedubastis II

Reis da 24ª Dinastia

  • Osorkon
  • Tefnakhte I
  • Bakenranef
  • Padinemti
  • Tefnakhte II

Vigésima Quinta Dinastia[editar | editar código-fonte]

Os Kushitas atacaram o Egito e tomaram o poder instituindo a 25ª Dinastia. Eram reis da Núbia, que na verdade tinham a cultura e os hábitos mais puros dos egípcios. Foi um período de florescimento cultural e artístico e da restauração do deus supremo Amon.

Arte da 25ª Dinastia

Reis da 25ª Dinastia

  • Alara
  • Kashta
  • Piye
  • Shebaka
  • Shebitku
  • Taharqa
  • Tantamani

Terceiro Período Intermediário/Dinastias do Terceiro Período Intermediário/21ª Dinastia

Dinastia 21

21ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

Reis do Norte

  • Smendes
  • Amenemnisu
colar de ouro e lapis lazuli encontrado na tumba de Psusennes I, Tanis
  • Psusennes I
  • Amenemope
  • Osorkon
  • Siamun
  • Psusennes II

Governantes do Sul - Tebas

  • Herihor
  • Piankh
  • Pinedjem I
  • Masaherta
  • Menkheperre
  • Smendes II
  • Pinedjem II
  • Psusennes III
  • Smendes

Seu nome Nesbanebdjed significa Ele que é do Carneiro (deus), O senhor de Mendes. Seu nome de trono Hedjkheperre-setpenre significa Brilhantes são as manifestações de Ra, Escolhido de Ra.

Smendes reinou sobre parte do Egito a partir de Tanis, ao mesmo tempo que Ramsés XI, enquanto no sul governava Herihor. Aparentemente Tanis se desenvolveu como irmã gêmea de Tebas e também como principal local de culto a Amon no norte do Egito.

Ele foi oficial do exército e depois vizir no final da 20ª Dinastia e não possuía nenhuma conexão com a família real exceto, talvez, por ter se casado com a filha de Ramsés XI, Tentamon. Acredita-se que ele foi o responsável pela reclusão de Ramsés XI.

fragmento de sarcófago 21ª dinastia

É possível que a divisão do país tenha sido feita em comum acordo, porque as famílias que governaram o norte e o sul estavam ligadas e isso ocorreu até que Sheshonq (fundador da 22ª Dinastia) unisse o país novamente.

Através do Conto de Wenamun, que hoje está preservado em Moscou, e data do ano cinco do Renascimento, durante a última década do reinado de Ramsés XI, ficamos sabendo um pouco sobre esse que seria o futuro rei.

Viajando para Biblos para assegurar o cedro para a nova barca de Amon-Ra, Wenamun parou em Tanis, que ele descreve como o local onde estão Smendes e Tentamon. Smendes é descrito como a pessoa a quem Wenamun entregou as credenciais dadas por Herihor, o Alto-Sacerdote de Amon e poderoso general do sul.

Wenamun foi enviado para Síria de barco, por Smendes. O futuro rei, Smendes, junto com Herihor e outros são citados porque colaboraram com o dinheiro para essa viagem.

Deve se considerar que, nessa época, Ramsés XI vivia em Pi-Ramsés, mais ou menos há uns vinte quilômetros do sul de Tanis, e mesmo assim Wenamun procurou Smendes ao invés de procurar o rei.

Em seu conto Wenamun se refere a Smendes e Tentamon como os pilares sobre os quais Amon se assenta no norte do país.

Como pouco se sabe sobre Smendes, existe a hipótese de que ele fosse o irmão de Nodjmet, a esposa de Herihor. Mas, também Nodjmet pode ter sido irmã de Ramsés XI.

Existem apenas dois registros conhecidos de Smendes como rei após a morte de Ramsés XI. Uma estela em Dibabia (Jebelein) que traz seu nome como faraó e uma descrição de Smendes no templo de Montu em Karnak. Provavelmente Smendes nunca reinou como faraó sobre um Egito unido.

Sua múmia e sua tumba não foram descobertas, alguns acreditam que possa ser a tumba NRT-I em Tanis, mas não há certeza.

Máscara funerária de Psusennes I
  • Amenemnisu

Seu nome significa Amon é o rei, o nome de trono Neferkare Heqawaset significa Bela é a alma de Ra, O senhor de Waset.

Filho de Smendes com Tentamon, foi co-regente de seu pai junto com Psusennes I (seu irmão).

Praticamente nada se sabe sobre Amenemnisu, alguns historiadores o colocam reinando após Psusennes I mas não se sabe quem seria o irmão mais velho. É possível que ele tenha ocupado o trono durante quatro anos.

  • Psusennes I

Seu nome Pasebakhenniut significa Uma estrela surge na cidade. O nome de trono, Aakheperre, Grandes são as manifestações de Ra.

Irmão de Amenemnisu, ele reinou antes ou depois de seu irmão (depende de quem era o mais velho). Aparentemente era filho de Pinedjem I governante e sacerdote do sul, em Tebas. Foi casado com a rainha Mutnojme. Foi co-regente junto com o irmão.

Psusennes I foi sepultado numa tumba em Tanis que continha uma segunda câmara para sua esposa e irmã. Mais tarde a múmia de Amenemope foi colocada lá, de modo que se acredita que fosse um local onde guardavam as múmias da 21ª Dinastia.

Um sarcófago com a múmia de um homem velho, que se acredita fosse o rei Psusennes I, foi encontrado na tumba, assim como o sarcófago feito de granito rosa que deveria pertencer ao faraó Merenptah. Muitos tesouros foram encontrados nessa tumba.

  • Amenemope

Seu nome Amenemipet significa Amon no festival Opet. O nome de trono, Usermaatre, Wesermaatre, Poderosa é a justiça de Ra, Meryamun Setepenanum, Amado de Amon, Escolhido de Amon.

Filho de Psusennes I com Mutnedjemet. Teve dois filhos Osorkon e Siamun.

Sua tumba foi encontrada em Tanis e dentro havia artefatos de ouro e prata, embora sua múmia tivesse sido movida para a tumba de Psusennes I.

máscara de Amenemope I

É provável que esse rei tenha escrito um dos mais famosos livros de sabedoria do Egito antigo, Instruções de Amenemope, que ele deu a seu filho (filhos).

No livro ele aconselha a ter integridade, honestidade, autocontrole e gentileza e como atingir aos objetivos desejados tendo muita fé nos deuses. Ele ensina que a confiança no deus traz tranqüilidade e assim a pessoa se liberta da ansiedade. Deve ter sido um dos primeiros livros de autoajuda da história.

  • Osorkon O Velho

Seu nome de trono Aakheperre Setepenre significa Maravilhosa é a alma de Ra, Escolhido de Ra. Seu pai foi Amenemope e sua mãe Mekhtenusekhet. Seu irmão foi Siamun.

A forma egípcia do nome Osorkon não é encontrada em registros atuais, mas pode se encontrar nas listas de reis tardios a forma Osochor. Esse nome parece de origem Líbia, de modo que alguns estudiosos acreditam que ele poderia ser filho do chefe líbio Sheshonq.

  • Siamun

Seu nome Saamun-meryamun significa Filho de Amon. O nome de trono, Netjerikheperre-setpenamun, Como um deus é a manifestação de Ra, Escolhido de Amon.

estatueta em bronze de Siamun

Foi Siamun o responsável por selar o local de armazenamento das múmias reais em Deir el-Bahari (cache de Deir el-Bahari). Essa foi uma contribuição inestimável para os estudos e conhecimento do Egito, o nome de Siamun deveria ser conhecido por todos aqueles que estudam e apreciam a história do antigo Egito.

Acredita-se que ele tenha feito algumas obras como acréscimos ao templo de Amon em Tanis, e tenha erguido um templo para Amon em Mênfis.

Também é possível que tenha feito campanhas militares contra a Palestina quando capturou a cidade de Gezer. Essa cidade foi usada como dote para sua filha, quando ela se casou com Salomão para consolidar as relações entre Egito e Israel.

  • Psusennes II

Seu nome, Pasebakhenniut-meriamun significa Uma estrela surge na cidade, Amado de Amon. O nome de trono Titkheperure-setepenamun, Imagem da transformação de Ra.

Sabemos que suas filhas foram: Tenetsepeh que casou com o Alto-Sacerdote de Ptah em Mênfis, Shedsunefertu e Maatkare que casou com Osorkon I. É possível que ele seja o mesmo Psusennes que foi Alto-Sacerdote de Amon, se assim for, seu reinado marca a junção dos governantes do Alto e Baixo Egito.

Algumas inscrições em monumentos em Mênfis e Tanis, são o único registro que temos desse rei.

Governantes do Sul - Tebas

vasos canopos da esposa de Pinedjem II
  • Herihor
  • Piankh
  • Pinedjem I
  • Masaherta
  • Menkheperre
  • Smendes II
  • Pinedjem II
  • Psusennes III

Herihor

Era general quando Paneshy, que era o vice-rei egípcio na Núbia, marchou sobre o Egito com seu exército. Paneshy, deveria colocar ordem em Tebas onde Amenhotep que era Alto-Sacerdote estava criando problemas. Só que ele sitiou o Alto-Sacerdote de Amon no templo de Medinet Habu, assumiu uma série de títulos e se estabeleceu no local. (Ramsés XI, 20ª dinastia)

O general Herihor foi enviado por Ramsés XI para resolver o problema de Paneshy e para lá marchou, despachou o rebelde de volta para a Núbia onde ele continuou a causar problemas.

Herihor

Herihor então, assumiu os títulos de Paneshy (vice-rei da Núbia e outros que ele usurpou) e foi apontado como Alto-Sacerdote de Amon.

Não se sabe porque o faraó Ramsés XI confiou nesse homem, se foi por estupidez, se foi porque talvez a esposa de Herihor, Nodjmet fosse irmã do faraó ou se ele foi forçado a isso.

O fato é que Herihor ficou com os rendimentos do templo que eram maiores do que os do faraó e estabeleceu um novo regime que ele chamou de renascimento. Isso ocorreu no décimo nono ano do governo de Ramsés XI.

Herihor tinha um epíteto que era Si-amun ou seja, Hórus me protege, Filho de Amon. Seu título ficou sendo Hem-netjer-tepy-en-amun, que significa O primeiro profeta (alto-sacerdote) de Amon.

Embora ele tivesse governado o sul do Egito, alguns dizem que ele não foi registrado como rei, mas o fato é que ele usou cartuchos, que só foram usados pelos reis. No templo de Khonsu em Karnak há obras que ele mandou erguer e ali pode ser visto seu cartucho.

Nodjmet esposa de Herihor

O famoso Conto de Wenamun (descrito no módulo Novo Império, 20ª Dinastia, Ramsés XI e também no tópico sobre Smendes) menciona que Herihor controlava o sul do país.

Foi encontrada a múmia de sua esposa junto com uma cópia lindamente ilustrada do Livro dos Mortos pertencente aos dois. Parece que os dois, marido e esposa, não foram sepultados juntos. De fato não se encontrou nada sobre o funeral de Herihor e pode ser que sua tumba ainda esteja intacta nas colinas de Tebas.

  • Piankh

Deve ter sido o filho de Herihor, e hoje praticamente se descarta a hipótese de que ele tenha sido o pai ou sogro de Herihor. Não há maiores informações e sua múmia não foi encontrada, nem sua tumba. Apenas temos, talvez, o nome de sua esposa Herere B cuja múmia e a tumba também não foram encontradas.

  • Pinedjem I

Herdou o governo do sul do país de seu pai, Alto-Sacerdote de Amon, Piankh, que governou por pouco tempo após a morte de Herihor.

Na realidade esse foi um estranho período para os historiadores, porque parece que os dois reis, Smendes no norte e Pinedjem no sul se ajudavam, embora o país estivesse dividido.

O governante oficial do Egito era o deus Amon, portanto estava em curso uma teocracia.

Chega-se à conclusão que os governantes do norte e do sul seriam parentes, fosse por casamento ou devido a seus ancestrais. Pinedjem deve ter sido casado com Henuttawy, talvez filha de Ramsés XI e a esposa de Smendes talvez fosse outra filha do mesmo faraó.

Ushabit de Pinudjem I

Pinedjem era o nome de nascimento do rei e seu epíteto mery-amun que significa Aquele que pertence ao Agradável (Hórus ou Ptah), Amado de Amon. Seu nome de trono, Kha-kheper-re Setep-en-amun significa A alma de Ra surge, Escolhido de Amon.

Talvez tenha ocorrido uma ruptura qualquer entre Tanis e Tebas por volta do ano dezesseis do governo de Smendes. E nesse tempo, Pinudjem usou apenas seus títulos militares e sacerdotais, mas mandou erguer monumentos onde era retratado usando os adereços que caracterizavam um faraó.

No ano dezesseis ele já aparece usando os títulos faraônicos. Seu nome Hórus era Touro poderoso, Coroado em Tebas e Amado de Amon e era inscrito num cartucho. Foi encontrado em Tebas, Coptos, Abidos e até em Tanis.

Pinudjem teve outras esposas além de Henuttawy e teve também muitos filhos. É interessante observar que um de seus filhos Psusennes I se tornou sucessor de Smendes no norte. Outros filhos seus Masaherta e Menkheppere, se tornaram sucessivamente, Altos-Sacerdotes de Amon em Tebas.

O nome de Pinedjem está gravado em diversos blocos no Templo de Amon em Tebas e parece que ele também usurpou uma enorme estátua de Ramsés II no mesmo templo.

A múmia de Pinedjem assim como belas figuras de faiança azul, foram encontradas em Deir el-Bahari (DB 320) num local onde havia outras múmias. Aparentemente sua múmia foi mudada de lugar assim como a da esposa de Herihor, Nodjmet. Não se sabe onde foi feito o sepultamento original do rei-sacerdote.

peitoral com o nome do rei e alto sacerdote de Amon Pinedjem
  • Masaherta

Filho de Pinudjem I e Isetemkhebjt A, se tornou Alto-Sacerdote de Amon, quando seu pai se intitulou rei.

Sua múmia, assim como a de sua esposa Tajheret, foram encontradas na tumba TT320, mas parece que esse não foi o local original do sepultamento.

As informações são de que a múmia de Masaherta está no Museu de Mumificação de Luxor e a de Tajheret está no Museu do Cairo CG61091.

Aparentemente ele faleceu de complicações devido a obesidade, dez anos antes de seu pai.

  • Menkheperre

Segundo filho de Pinedjem I, pai de Smendes II e de Pinedjem II.

São muito poucas as informações a seu respeito, parece que durante seu governo houve uma rebelião que foi dominada pelo sacerdote e os rebeldes foram exilados para o Oásis Kharga.

  • Smendes II

Filho de Menkheperre o irmão mais velho de Pinedjem II. Também não temos informações suficientes sobre ele. Sua múmia não foi encontrada.

  • Pinedjem II

Filho de Menkheperre e Isetemkhebjt C. Se tornou Alto-Sacerdote de Amon em Tebas depois da morte de seu irmão Smendes II. Faleceu no décimo ano de governo do rei tanita Siamun.

Uma de suas esposas, Neskhonsu, se tornou governadora de países estrangeiros e vice-rainha da Núbia. Ela foi sepultada junto de seu marido na TT320.

Pinedjem II foi sepultado em dois sarcófagos e foram encontrados seus quatro vasos canopos assim como placas de couro que ficavam no torso de sua múmia. Pedaços de panos de mumificação e um enfeite de couro foi encontrado no sarcófago de Neskhonsu. Sua múmia está no Museu do Cairo CG61094

  • Psusennes III
Tumba de Neskhonsu, Livro dos Mortos

Os historiadores colocam em dúvida sua identidade. Alguns acham que, Psusennes III e Psusennes II (o último governante da 21ª Dinastia), eram a mesma pessoa.

É possível que Psusennes, que era o Alto-Sacerdote de Amon em Tebas e governante da área de Abidos, tivesse ampliado sua autoridade até o Delta, adotando os títulos reais.

Numa inscrição em hierático no templo de Ptah em Abidos, ele é chamado de rei do Alto e Baixo Egito, Alto-Sacerdote de Amon-Ra e comandante do exército.

Uma de suas filhas, Tanetsepeh, era filha de Shedsunefertum, o Alto-Sacerdote de Ptah em Mênfis. A outra filha, Maatkare casou-se com Osorkon I.

Terceiro Período Intermediário/Dinastias do Terceiro Período Intermediário/22ª Dinastia

Dinastia 22

22ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Shoshenq I
Livro dos Mortos em hierático de Padiamenet, chefe cozinheiro dos domínios de Amon, 22ª dinastia
  • Osorkon I
  • Takelot
  • Shoshenq II
  • Osorkon II
  • Takelot II
  • Shoshenq III
  • Pami
  • Shoshenq IV
  • Osorkon IV
  • Shoshenq I

Os reis dessa dinastia foram listados por Mâneton como sendo de Bubastis, cidade localizada a nordeste do Delta. Pelo nome de seu fundador, Shoshenq parece claro que foram reis líbios.

Ocorre que, os líbios já faziam parte da população do Egito há muito tempo, inclusive na época do Novo Império, a maioria dos soldados do exército egípcio eram líbios. Eles ganharam terras e se adaptaram à vida no país, se tornando influentes e até mesmo, em algumas cidades, sendo maioria da população.

O fato é que certas famílias de origem líbia, já viviam no Egito durante muitas gerações e já se consideravam egípcias, até mesmo tendo muitos integrantes nascidos no país, embora respeitando suas raízes.

Shoshenq era parente de Psusennes II e sobrinho de Osorkon, o Velho. Antes mesmo de subir ao trono, ele era chefe de todos os exércitos e conselheiro de Psusennes II.


estátua de Sekhemet que traz o cartucho de Shoshenq I

Nos registros de Tebas, ele é mencionado como Grande Chefe do Meshwesh, que funcionava como uma força policial interna, sempre recrutada entre as tribos líbias.

Como os reis que governaram antes dele, Shoshenq adotou os títulos reais egípcios e decidiu se associar ao rei Smendes I, ao escolher seus títulos.

Seu nome de nascimento Shoshenq I, como epíteto meryamun, fica assim - Shoshenq Amado de Amon. Seu nome de trono era Hedj-kheper-re Setep-en-re, significando Brilhantes são as manifestações de Ra, Escolhido de Ra.

Este foi um governante forte em meio à fase um tanto confusa desse terceiro período intermediário. Ele conseguiu unir o Egito e colocou seus filhos em diversos cargos importantes para governar as regiões e assegurar o poder.

O filho Iuput se tornou governador do Alto Egito, Alto-Sacerdote de Amon e comandante-em-chefe do exército. O outro filho Djedptahaufankh se tornou Terceiro Profeta de Amon, enquanto o filho de nome Nimlot se tornou comandante militar de Heracleópolis. Um de seus bons aliados líbios, Nesy se tornou Quarto Profeta de Amon.

Essa foi uma maneira inteligente de assegurar lealdade ao trono.

Shoshenq I fez guerra contra Judá e Israel e é conhecido na Bíblia pelo nome Shishak. Desde Ramsés III não havia uma campanha militar vitoriosa como essa no Egito.

O rei capturou as principais cidades de Judá antes de chegar às muralhas de Jerusalém. Depois voltou sua atenção para Israel, forçando Jeroboão a fugir. Finalmente parou em Megido, que havia sido conquistada por Thutmose III, quinhentos anos antes. Ali erigiu uma Estela da vitória antes de marchar para o sul e retornar ao Egito por Ashkelon e Gaza.

Também mandou inscrever no Templo de Amon em Tebas, como os outros grandes faraós, suas vitórias. Reabriu as pedreiras de Gebel el-Silsila para que seu filho Iuput mandasse construir um portal em Karnak (o portal Bubastita). Pelas inscrições em Karnak se pode estudar toda a campanha militar de Shoshenq, pois ali constam os nomes das cidades no Levante.

Uma estátua de Shoshenq I foi encontrada no santuário da deusa Baalat-Gebal em Biblos. Isto é muito interessante porque prova que havia boas relações entre os dois povos. Aliás, parece que muito mais pelas relações comerciais e diplomáticas do que pelas guerras, o Egito fez boas ligações no Levante.

Infelizmente, logo após suas campanhas vitoriosas na Palestina, Shoshenq I faleceu.

As informações são de que sua múmia foi envolvida em cartonagem e colocada num sarcófago de prata, ambos contendo as cabeças do Hórus falcão, que identificavam o rei com o Osíris-Sokar.

Estátua com o cartucho do rei Osorkon I e uma inscrição fenícia com o nome Elibaal rei de Biblos

Há uma certa confusão sobre o local exato do sepultamento de Shoshenq I. O único item funerário encontrado foi uma arca para jarros canopos, que é o único exemplo desse tipo que data da 22ª Dinastia (outros reis desse período usaram arcas de madeira). Parece que ela foi modelada na 18ª ou 19ª Dinastia. Infelizmente essa arca apareceu no Mercado de Antiguidades e portanto não há pistas de onde ela foi encontrada primordialmente.

Na tumba de Shoshenq III, em Tanis há fragmentos de duas jarras canópicas que trazem o nome de Shoshenq I, o problema é que elas são muito grandes para caber na arca. Também não se sabe onde Shoshenq foi sepultado, pode ter sido em Tanis ou mesmo em Bubastis.

  • Osorkon I

Não sabemos muito sobre ele, apenas, parece que prosseguiu com a política de comércio e diplomacia de seu pai. Entre os reinados de Osorkon I e Takelot I, aparece um rei de nome Shoshenq II como co-regente por um breve período.

  • Takelot I

Foi o sucessor de Osorkon I mas, parece que teve como co-regente Shoshenq II durante um pequeno período antes do início de seu governo.

  • Shoshenq II

Com esse rei ocorreu algo parecido com o faraó Tutankhamon.

Shoshenq II foi um rei obscuro em termos históricos e só foi parar no imaginário popular por circunstâncias interessantes.

A Europa estava à beira da Segunda Guerra Mundial quando o egiptólogo Pierre Montet descobriu em Tanis, no Delta, uma série de tumbas reais muito ricas da 21ª e da 22ª Dinastias.

Por causa da situação política, o mundo não prestou atenção na incrível descoberta. Pierre Montet topou, sem querer, com uma necrópole dos reis do Terceiro Período Intermediário. Ele chamou o dia 17 de março de 1939, de um dia de maravilhas do quilate das Mil e Uma Noites.

máscara funerária do rei Shoshenq II

Ele entrou pelo teto da câmara decorada da tumba do rei Psusennes I. Lá dentro havia verdadeiros amontoados de equipamentos funerários, inclusive alguns com o nome de Heqakheperre Shoshenq (II).

Mesmo assim, pouco se sabe sobre esse rei, além de que foi membro da dinastia Líbia ou Bubastita, seu nome junto com o epíteto Shoshenq meryamun significa Amado de Amon, e seu nome de trono, Heqa-kheper-re Setep-en-re, Quem governa é a manifestação de Ra, Escolhido de Ra.

É dito que ele era filho de Osorkon I e portanto se tornou Alto-Sacerdote de Amon antes de ter se tornado co-regente de seu pai. Sua mãe talvez fosse Maatkare, de acordo com a Personificação da Inundação que foi dedicada a Shoshenq II.

Nesitanebetashru e Nesitaudjatakhet poderiam ter sido suas esposas. Ao que parece o filho deste rei foi Horsiese, embora alguns estudiosos acreditem que ele também teve um filho de nome Osorkon.

A múmia de Shoshenq II foi encontrada em sua tumba junto com relíquias maravilhosas, incluindo um sarcófago de prata, jóias, como belíssimos peitorais e alguns outros itens. (JE 72170 - JE 72172 - JE 72184 B - JE 72171 - Cairo Antiquities Museum).

O sarcófago era similar ao de Tutankhamon (o de ouro), mas ao invés do rosto do rei, trazia uma cabeça de falcão. Dentro do sarcófago, a múmia usava uma máscara de ouro. Havia também quatro sarcófagos de prata em miniatura para guardar os órgãos internos do rei.

A múmia estava em mau estado porque entrou água dentro do sarcófago. Parece que a causa da morte foi infecção generalizada, por causa de um ferimento na cabeça.

Infelizmente a umidade destruiu quase tudo que não fosse metal ou osso na tumba onde Shoshenq II foi encontrado.

  • Osorkon II

Também era líbio e se tornou o quinto governante da 22ª Dinastia, em Tanis. Osorkon era o nome de nascimento do rei que, junto com o epíteto meryamun, significa Osorkon, amado de Amon. Seu nome de trono era User-maaat-re Setepen-amun, que significa Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Amon.

É provável que Horsiese, filho do rei anterior e que poderia ter sido primo de Osorkon II, viria a causar problemas mais tarde. Este Horsiese se declarou rei do sul do Egito ele deve ter sido escolhido como Alto-Sacerdote de Amon por Osorkon II ou por seu pai anteriormente, uma má escolha.

Na verdade, se Shoshenq II tivesse tido tempo, é possível que Horsiese se tornasse mesmo o rei, mas não foi isso que ocorreu.

Pendante com o nome do rei Osorkon II

Embora sem muito poder, ele limitou o governo de Osorkon II, enquanto viveu embora fosse muito doente.

Após a morte de Horsiese é que Osorkon II consolidou seu reinado, declarando um de seus filhos Nimlot C, como Alto-Sacerdote de Amon em Karnak, outro, Shoshenq D como Alto-Sacerdote de Ptah em Mênfis e seu filho mais novo, com apenas dez anos Harnakhte, Alto-Sacerdote de Amon em Tanis, a capital da dinastia. Dessa forma, além dos títulos religiosos, seus filhos traziam outros títulos que confirmavam o poder da família.

Osorkon II fez muitas obras, como o templo da deusa gata Bastet em Bubastis, um belo salão monumental de granito que foi decorado com relevos seus e de sua esposa Karomama I. Também deixou obras em Mênfis, Tanis, Leontópolis e Tebas.

Não se sabe muito sobre o final de seu reinado, mas, parece que o Egito precisou mandar tropas para lutarem ao lado de Israel, Biblos e outros reinos vizinhos, contra a Assíria.

Durante os dois últimos anos de governo de Osorkon II houve nova tentativa dos tebanos de se tornarem independentes, na pessoa de Takelot II.

Osorkon II foi sepultado em Tanis, na tumba NRT 1, num pesado sarcófago cuja tampa foi entalhada com restos de estátuas do período ramessida. Em sua câmara mortuária estava também seu filho Harnakhte. Como tantos outros, seu túmulo foi saqueado e só sobraram pedaços do sarcófago com cabeça de falcão e vasos canopos.

  • Takelot II

Deve ter sido o sexto rei da 22ª Dinastia. Imagina-se que tenha sido o pai do Alto-Sacerdote de Amon, Osorkon. Este Osorkon foi o responsável por uma longa inscrição no Portão Bubastita.

Estela doando terras ao templo e amaldiçoando quem dessas terras se apossar

Ali ele conta que durante o décimo quinto ano do reinado de Takelot II, houve uma grande convulsão no Egito, possivelmente a guerra civil entre o norte e o sul.

De Takelot II foi encontrado o sarcófago usurpado do Médio Império em Tanis, assim como seus vasos canopos e ushabits.

Shoshenq III

Alguns historiadores dizem que Osorkon II foi sucedido por seu filho Shoshenq III mas não há evidências e entre os dois consta Takelot II.

Acredita-se que ele reinou por cinqüenta e dois anos. Durante o vigésimo oitavo ano de seu reinado, nasceu um boi Ápis. Um sacerdote de nome Pediese registrou isso numa Estela no Serapeum.

Escudo com cabeça de leão com o nome do rei Osorkon IV

A tumba de Shoshenq III foi encontrada em Tanis.

  • Pami

Seu nome Usermare-Setepenre Pimay significa Aquele que pertence a Bastet, a Gata. O nome de trono Usermaatre Setepenre Setepenamun, Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Amon.

Nada temos desse rei além de poucas estátuas de Sais, e notas registrando que ele era o Governador dos líbios - Meshwesh.

  • Shoshenq IV

No seu governo houve ataques dos assírios aos países vizinhos. O rei assírio tomou Damasco e muitas cidades ao norte de Israel. Parece que as tropas egípcias chegaram a se juntar às forças de Damasco e Israel, mas não há mais nenhuma indicação de que Shoshenq IV tenha feito maiores esforços em ajudar seus aliados.

  • Osorkon IV

Foi o último governante da 22ª Dinastia. Durante seu reinado, Hoshea o rei de Israel pediu ajuda contra o rei assírio Shalmaneser V, mas não foi atendido, os israelitas foram capturados. Osorkon IV preferiu mandar presentes para evitar ser atacado e parece que foi bem sucedido.

Terceiro Período Intermediário/Dinastias do Terceiro Período Intermediário/23ª Dinastia

Dinastia 23

23ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

sarcófago de Padiouf sacerdote de Amon

Essa dinastia foi dividida entre algumas cidades, assim apresentadas:

de Tebas

  • Pedubastis I
  • Iuput I
  • Osorkon III
  • Takelot III
  • Osorkon IV
  • Iuput II
  • Rudamon
  • Pedubastis I

Seu nome Pedibast significa O Sábio de Bastet. O nome de trono Usermaatre Setepanum significa Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Amon.

Este é o primeiro rei da 23ª Dinastia que é mencionado por diversas vezes em inscrições no Templo de Amon em Karnak.

É possível que ele fosse o filho do Alto-Sacerdote de Amon, Horsiese. Também é possível que fosse filho de Takelot II e irmão de Shoshenq III (22ª Dinastia).

Iuput I foi co-regente e Pedubastis apontou um de seus filhos Pediamon como sacerdote em Tebas e outro Pentiefankh como vizir.

  • Iuput I

Seu nome de trono Usermaatre Setepenamun significa Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Amon.

Foi co-regente com seu pai Pedubastis I e deve ter governado por uns dois anos, que estão registrados nas inscrições do Nilômetro de Karnak.

nilômetro
  • Shoshenq IV

Seu nome de trono Usermaatre Meriamun que significa Poderosa é a justiça de Ra, Amado de Amon.

Poucos egiptólogos acham que esse rei merece estar na lista porque a única prova de sua existência é uma inscrição no Nilômetro de Karnak ao lado de governantes dessa dinastia.

  • Osorkon III - seu nome Osorkon Meriamun Siset, significa Amado de Amon, Filho de Ísis. Seu nome de trono, Usermaatre Setepanamun, Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Amon.

Há diversos personagens com esse nome no terceiro período intermediário. Alguns acham que Osorkon III é o filho de Shoshenq IV ou de Takelot II, outros acreditam que ele era o Alto Sacerdote Osorkon, de Tebas.

Parente ou não, ele governou e apontou seu filho Takelot III como co-regente e Alto Sacerdote de Tebas. Além de colocar outros membros da família em cargos importantes. Sua filha Shapenaput era a Primeira Divina Adoradora de Amon também podendo ser chamada de Divina Esposa de Amon.

relevo representando Takelot III
  • Takelot III

Seu nome de trono era Usermmatre-setepenamun Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Amon.

Foi Alto Sacerdote de Amon em Tebas, escolhido por seu pai. Dois de seus filhos também foram escolhidos como Altos Sacerdotes, Djedptahiefankh e Osorkon. Takelot III escolheu seu irmão Rudamon como herdeiro.

  • Osorkon IV

Algumas cronologias incluem Osorkon IV como rei mas ele não está registrado em nenhum lugar definido.

  • Iuput II

Seu nome Meriamun Sibastet, Amado de Amon e Filho de Bastet. Nome de trono, Usermaatre, Poderosa é a justiça de Ra.

Iuput II reinou no Delta, a partir de Leontópolis. Pode ter sido aliado deste Osorkon IV e de Tefnachkt da 24ª Dinastia, contra Piankh, que governou pela 25ª Dinastia.

Nada mais são do que hipóteses. Esse período é muito confuso e muitos reis governaram regiões bem restritas. Talvez fossem muito pouco conhecidos além do alcance de suas cidades.

  • Rudamon

seu nome Rudamun-meryamun, Amado de Amon. Seu nome de trono, Usermaatre-Setepenamun, Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Amon.

vaso em cristal de rocha que traz o nome do rei Rudamon

Foi nomeado por Takelot III e provavelmente era seu irmão. Parece que ele e Piankh (da 25ª Dinastia) governaram o Egito ao mesmo tempo. Talvez até governassem de comum acordo.

de Hermópolis

  • Thotemhat
  • Nimlot III
  • Djehutiemhat
  • Thotemhat

Não temos informações.

  • Nimlot III

Foi provavelmente filho de Osorkon III (23ª Dinastia de Tebas). Deve ter sido escolhido para assumir o trono de Hermópolis. É possível que tenha se tornado vassalo de Piankh.

  • Djehutiemhat

Seu nome significa Amado de Thot e seu nome de trono, Neferkheperre, Belas são as manifestações de Ra.

Provavelmente sucedeu a Nimlot no trono de Hermópolis.

de Heracleópolis

  • Peftjauwybast
  • Nakhke
  • Peftjauwybast

Seu nome de trono, Sehetepibre Neferdare significa Bela é a alma de Ra. Também é chamado Pedibast ou Pedibastet que significa O sábio de Bastet.

Ele reinou ao mesmo tempo que os reis do final da 22ª Dinastia e que a 25ª Dinastia, a partir do Delta na cidade de Heracleópolis.

Como só possuía poder sobre uma pequena região, é provável que tenha aceitado Piankh como rei.

  • Nakhke

Esse rei é mencionado em textos acadianos como governante de Heracleópolis. Não existe mais nenhuma evidência dele.

amuleto de gato

de Tanis

  • Sekhemkare
  • Shepseskare-Imere
  • Neferkare-Pepi
  • Pedubastis II
  • Sekhemkare

Nada existe a respeito.

  • Shepseskare-Imere

Nada existe a respeito.

Neferkare-Pepi

Foi provavelmente um regente que governou a partir de Tanis. É mencionado em monumentos com Psamético I.

  • Pedubastis II

Seu nome de trono era Sehetepibenre. Ele foi sucessor de um regente chamado Gemnefkhosubak, no trono de Tanis. Em Mênfis existe uma estátua sua e seu nome consta em alguns blocos do templo de Amon em Heliópolis.

Terceiro Período Intermediário/Dinastias do Terceiro Período Intermediário/24ª Dinastia

deus Hórus 3º periodo intermediário
Dinastia 24

24ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

Essa dinastia reinou paralelamente à 23ª Dinastia em diversas regiões.

A maior pare dos reis da 24ª dinastia governou a partir de Sais. Foi uma dinastia de líbios, Grandes Chefes do Oeste.

  • Osorkon
  • Tefnakhte I
  • Bakenranef
  • Padinemti
  • Tefnakhte II

Essa é a cronologia geralmente aceita embora apenas dois desses reis Tefnakhte e Bakenranef sejam comprovados.

  • Osorkon

Não temos informações.

Líbio
  • Tefnakhte I

Seu nome de trono foi Shepsesre que significa Nobre como Ra.

Ele se outorgou os títulos reais e se chamou de profeta, é chamado Chefe do Oeste ou Chefe de Sais.

Tefnakhte I conseguiu unificar a maior parte dos nomos do Delta e foi um rei mais poderoso do que qualquer outro da 22ª Dinastia ou da 23ª Dinastia.

Ele liderou uma coalizão de príncipes do Delta (Osorkon IV, Iuput II, Sheshonq V) para atacar Hermópolis que estava sob o governo de Nimlot III.

Também tentou conquistar Heracleópolis e foi forçado a recuar frente a Piankh. De qualquer maneira, quando Piankh fugiu para Napata, Tefnakhte I se tornou governante de praticamente todo o Delta.

  • Bakenranef

Seu nome de trono Wakhare significa Estável é a alma de Ra.

Ele era filho de Tefnakhte I e embora quase nada se saiba sobre seu governo, deve ter reinado a partir de Sais.

Os gregos o mencionem como um grande legislador mas não se conhece nada sobre sua política e administração.

Tehennu, nome usado para os líbios

Seu nome foi encontrado num vaso, numa tumba etrusca, numa cidade que fica a uns cem quilômetros a noroeste de Roma. No Egito nada foi achado.

Mâneton não só o menciona como conta que ele foi feito prisioneiro por Shabaka (25ª Dinastia) e queimado numa estaca.

  • Padinemti

Provavelmente reinou a partir de Asiut. É mencionado em inscrições da 25ª Dinastia.

  • Tefnakhte II

Não temos informações.

Terceiro Período Intermediário/Dinastias do Terceiro Período Intermediário/25ª Dinastia

Dinastia 25

25ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

Jebel Barkal na antiga Núbia
  • Alara
  • Kashta
  • Piye
  • Shebaka
  • Shebitku
  • Taharqa
  • Tantamani
  • Alara

Não foi governante do Egito e sim governante de Napata (cidade da antiga Núbia hoje partilhada entre Egito e Sudão).

Está registrado na estela de Taharqa.

Alara é reconhecido como fundador da dinastia Kushita, O Príncipe Filho de Ra. Alara casou-se com Kasaka, conhecida através do templo de Kawa e de uma estela em Cartum e sua filha Tabiry, se tornou esposa do rei Piye (Piankh), ela foi sepultada numa pirâmide em el-Kurru.

De acordo com algumas fontes, o sucessor de Alara foi seu irmão Kashta.

  • Kashta

Seu nome era acompanhado do epíteto O Kushita. Seu nome de trono Nimaatre.

Irmão de Alara, Kashta também foi um governante regional. Provavelmente reinou na Núbia ao mesmo tempo que outros reis no Egito.

No seu governo, pela primeira vez, as regiões da Núbia foram reconhecidas politicamente. Há uma estela em Elefantina no templo de Khnum a respeito desse fato.

Amenirdis em Medinet Habu

Seu filho Piye (Piankh) governou a maior parte do Egito e durante seu governo, Kashta controlou uma boa parte do país até Tebas.

Kashta usou o título de Rei do Alto e Baixo Egito, Filho de Ra, Senhor das Duas Terras no fim do seu reinado.

Pelo menos dois dos reis desta dinastia foram seus filhos, Piye e Shabaka. Sua filha Amenirdis foi consagrada ao deus Amon em Tebas como Esposa de Amon.

Os núbios na verdade estavam trazendo de volta ao Egito os hábitos e costumes tradicionais, que haviam sido corrompidos mas que os núbios ainda conservavam puros.

Inscrições com o nome de Amenirdis foram encontradas no templo de Montu em Karnak e sua capela mortuária fica em Medinet Habu.

O local de sepultamento de Kashta é el-Kurru (que fica a mais ou menos treze quilômetros do templo de Amon em Gebel Barkal, na Núbia hoje Sudão), tumba 8, provavelmente uma pirâmide inacabada.

  • Piye (Piankh)

Algumas cronologias o assinalam como o fundador da 25ª Dinastia. Ele herdou o trono de seu pai Kashta, que era um rei Kushita e não um faraó do Egito. Piye adotou como nome de trono Men-kheper-re que significa A manifestação de Ra sobrevive.

Esse rei esteve envolvido em campanhas militares e sua maior campanha está inscrita na estela de Gebel-Barka.

cabeça de Shepenupet, filha do rei Piye com a coroa de Hathor

O príncipe líbio Tefnakhte (governante da 24ªDinastia a partir do Delta) tentou controlar as cidades de Mênfis e Lisht no sul. Piye então marchou para o norte para impedir essa invasão e tomou as terras controladas por Tefnakhte e por Nimlot I.

Piye prosseguiu sua marcha para o norte, tomando a cidade de Heracleópolis. É provável que ele tenha tomado Mênfis e feito refém o filho de Nimlot.

Quando Piye retornou à Núbia e deixou o controle das terras conquistadas com seus vassalos, elas foram retomadas por Tefnakhte.

Uma das filhas de Piye, Shepenupet II foi consagrada Divina Adoradora de Amon em Tebas e também usou os títulos de Campeã da beleza, Mut, Olho de Ra. Ela foi sepultada numa capela funerária próximo de Medinet Habu e seu nome foi encontrado num cartucho.

Piye provavelmente foi sepultado numa pequena pirâmide em el-Kurru.

  • Shebaka

Reinou após seu irmão Piye. Passou a governar a partir de Mênfis. Seu nome de trono era Nefer-ka-re que significa Bela é a alma de Ra.

Como Piye, ele continuou a luta contra os rebeldes de outras regiões do Egito, como Bakenranef de Sais. Mâneton conta que, feito prisioneiro, Bakenranef foi queimado numa estaca.

escaravelho comemorativo de vitória de Shebaka

Shebaka foi diplomata e incentivou o comércio com os povos do norte, além de manter alianças políticas.

Deixou uma estela em Sais, construiu capelas nos templos de Tebas, Mênfis, Abidos, Dendera, Esna e Edfu, como também deixou inscrições. Ampliou Medinet Habu e fez acréscimos nos templos de Luxor e Karnak.

A esposa de Shebaka, a rainha Qalhata tinha títulos como Irmã do Rei, Mãe do Rei, era sacerdotisa de Hathor e Senhora de Tepihu em Afroditópolis, sacerdotisa de Hathor em Dendera e sacerdotisa de Neith. Um de seus filhos foi Alto-Sacerdote de Amon e seu outro filho foi o rei Tantamani.

Shebaka foi sepultado numa pequena pirâmide em el-Kurru.

  • Shebitku

Possivelmente Shebitku era filho ou sobrinho de Shebaka. Seu nome de trono era Djed-ka-re que significa Duradoura é a alma de Ra.

Taharqa representado como uma esfinge

Enquanto Shebaka mantinha relações diplomáticas com os governantes assírios no norte em termos políticos e cooperativos, Shebitku pensava diferente. Ele pretendia aumentar seu poder e ao mesmo tempo evitar que os assírios avançassem mais para dentro do Egito.

Com a colaboração de seus irmãos, incluindo Taharqa, seus exércitos derrotaram os assírios na Palestina. Segundo Heródoto, os assírios foram derrotados porque uma praga de ratos roeu suas armas.

De suas obras temos registro de uma capela na beira do lago sagrado de Karnak e também adicionou relevos no templo de Luxor. Fez obras em Mênfis e Kava.

Seu local de sepultamento foi a pirâmide 18 em el-Kurru.

  • Taharqa

Este é considerado o mais importante dos reis núbios de Napata, no Egito. Seu nome de trono era Nefertem-khu-re, que significa Nefertem é seu protetor.

Taharqa fazendo oferenda a Amon

Ele sucedeu Shebitku, seu irmão, quando este faleceu. Nessa altura, Shebitku havia oposto forte resistência aos assírios no norte.

Durante o reinado de Taharqa, os assírios capturaram Mênfis e na batalha feriram Taharqa e seqüestraram sua família. O rei sobreviveu mas teve que fugir para a Núbia. Mais tarde ele recuperou o Delta.

Taharqa foi um grande construtor, ele é responsável pelo pátio de colunas no Templo de Amon em Karnak. Das colunas, resta apenas uma com vinte e um metros de altura. Construiu templos em Sanam, Kawa, Atribis, Pnubs, Semna, Kasr Ibrim e em Tebas.

Foi sepultado provavelmente em Nuri, numa pirâmide que tem seu nome inscrito. Dentro dela foi encontrada uma múmia de um homem com uns cinqüenta anos de idade.

cabeça do rei núbio Tantamani
  • Tantamani

Seu nome de trono era Ba-ka-re que significa Gloriosa é a alma de Ra. Ele era filho de Shebaka e da rainha Qalhata.

Esse rei trabalhou pela reconquista do Egito. Era necessário expulsar os assírios que haviam feito Taharqa recuar para Núbia.

Tantamani conseguiu levar a cabo uma campanha vitoriosa no Delta e inscreveu a estela do Sonho em Gebel Barkal, para contar a história. Porém, não conseguiu manter o controle sobre o país e Tebas foi dominada pelo exército de Assurbanipal.

Este foi o último rei de Napata (Núbia) a governar o Egito. Nunca mais os reis kushitas entraram no Egito. Tantamani continuou a governar o Kush e junto com o término da 25ª dinastia, chegou ao fim a cultura das antigas dinastias que os núbios tentaram restaurar.

Tantamani foi sepultado em el-Kurru.

Último período

A deusa gata Bastet
Último Período


712-332 a. C

Dinastias 26-31[editar | editar código-fonte]

A dinastia dos reis núbios havia trazido para o Egito valores perdidos e uma espécie de renascimento cultural e religioso. Tudo isso desapareceu num piscar de olhos diante da ferocidade com que os assírios atacaram, liderados pelo seu rei Assurbanipal.

A gloriosa e orgulhosa Tebas foi saqueada, invadida, seus belos templos, entre eles o templo mortuário de Ramsés II, foram destruídos.

Assurbanipal colocou no trono do Egito um novo rei, Psamético, um egípcio que havia sido capturado e doutrinado pelos assírios. Assim estabeleceu a 26ª Dinastia podendo se retirar e deixar um dos seus para governar o país.

Por mais de um século reinou a 26ª Dinastia até que os persas invadiram o Egito fundando a 27ª Dinastia que duraria também, mais de um século. Depois de uma breve pausa, com a 28ª, 29ª e 30ª Dinastias, o Egito enfrenta uma nova e terrível ocupação, o domínio persa.

relevo do palácio de Assurbanipal

Dinastia Saíta[editar | editar código-fonte]

A 26ª Dinastia, foi fundada por Psamético I sob a proteção dos assírios que controlavam mais da metade do Delta.

Esse rei, governou a partir de Sais com bases em Mênfis e Atribis. Embora a situação do Egito fosse caótica, Psamético I conseguiu consolidar seu poder e reinou por volta de cinqüenta anos, trazendo um pouco de estabilidade ao país.

Primeira ocupação persa[editar | editar código-fonte]

A invasão persa praticamente esmagou os governantes saítas. Psamético III que ocupava o trono da 26ª Dinastia, era muito jovem e não teve forças para lutar contra as tropas de Cambises, rei da Pérsia.

Na batalha de Pelusa, no Delta, o rei egípcio foi derrotado e morto e o Egito caiu em mãos estrangeiras de fato.

Os historiadores clássicos narram a ocupação persa de maneira muito desfavorável para o Egito, mas hoje já existe uma nova visão do ocorrido. É claro que nenhum povo poderia gostar de ter seu país invadido e dominado e vale lembrar que os egípcios eram um povo orgulhoso, acostumado a uma posição de comando, mesmo nessa época em que as glórias haviam ficado para trás.

esfinge de Dario

Na verdade parece que Cambises demonstrava um grande respeito pelo país e pelo povo egípcio. Escolheu cidadãos egípcios para ocupar postos importantes no governo. Ele se apresentava como faraó e respeitava a religião local e seus rituais, dos quais participava. Tanto assim, que quando Cambises faleceu, houve uma rebelião popular, mas seu sucessor Dario I recuperou o controle do país.

O fato é que, essa ocupação não parece ter sido uma fase difícil para o povo egípcio. Houve algumas revoltas populares, mas, temos a impressão de que os estrangeiros procuraram agir e governar ao modo egípcio.

Essa foi a 27ª Dinastia, que durou mais de cem anos e terminou com a morte de Dario II.

Período de Independência[editar | editar código-fonte]

A 27ª Dinastia termina com a morte de Dario II e com a tomada do poder pelo jovem Amyrtaios. Ele talvez fosse líbio e tentou restabelecer o poder tomando o governo das mãos dos persas e fundando a 28ª Dinastia.

A principio esse período de independência durou por volta de sessenta anos, tempo em que os reis da 29ª e 30ª dinastias governaram o país e tentaram restabelecer as tradições.

anel egípcio usado para proteção, último período

Esse período foi registrado pelos historiadores gregos e portanto é visto através dos interesses e pontos de vista helênicos.

As marcas do período de independência foram, a instabilidade dos governos e o perigo constante representado pelos persas nas fronteiras. Ao que se sabe, a maioria dos governantes da 29ª Dinastia foi deposto ou assassinado.

Nectanebo, fundador da 30ª Dinastia parece ter chegado ao poder graças a um golpe de estado. A 30ª Dinastia é composta pelos últimos faraós nascidos no Egito.

Segunda Ocupação Persa[editar | editar código-fonte]

Durou por volta de dez anos mas é uma das páginas mais dolorosas da história do Egito antigo.

guerreiros persas

Os persas durante o reinado de Artaxerxes, com um exército poderoso, penetraram pelo norte do Egito massacrando os egípcios até dominarem as cidades do Delta.

O problema é que nessa invasão não havia um diplomata como Cambises (da primeira ocupação) e o que ocorreu foi violência contra o povo, sua religião e seus templos.

Ao invés de um regime organizado, o governo era corrupto, incompetente e cheio de vícios. Isso resultou em rebeliões armadas por parte do povo egípcio e muitas mortes.

Portanto, quando Alexandre Magno invadiu o Egito, o povo estava preparado para acolhê-lo como um libertador. Alexandre livrou o país do jugo dos persas e foi respeitado e adorado como o próprio filho do deus.

Último período/Dinastias do último período

Dinastias 26-31
trabalho em bronze, gata e seus filhotes, remete à deusa Bastet

Vigésima Sexta Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Psammetichus I (Psam-tik)
  • Nekau (Necho) II
  • Psammetichus II
  • Apries
  • Amasis
  • Psammetichus III
amuleto pendente 27ª dinastia

Vigésima Sétima Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Cambyses
  • Darius I
  • Xerxes I
  • Artaxerxes I
  • Darius II

Vigésima Oitava Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Amyrtaios

Vigésima Nona Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Nepherites I
  • Psammuthis
  • Hakoris
Busto de Alexandre Magno dito ser proveniente do Egito
  • Nepherites II

Trigésima Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Nectanebo I
  • Teos
  • Nectanebo II

Trigésima Primeira Dinastia[editar | editar código-fonte]

Essa dinastia é conhecida como Segunda Ocupação Persa e foi criada após a lista de reis de Mâneton.

  • Ochus (Artaxerxes III)
  • Arses
  • Darius III Codomannus

Último período/Dinastias do último período/26ª Dinastia

Dinastia 26

26ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

a divina adoradora Karomama, 26ª Dinastia
  • Nekau I (Necho I)
  • Psammetichus I (Psam-tik)
  • Nekau (Necho) II
  • Psammetichus II
  • Apries
  • Amasis
  • Psammetichus III
  • Nekau I (Necho I)

Ele era um príncipe ou governador da cidade de Sais.

Seu pai foi um príncipe assírio de Sais que governou na 24ª dinastia, chamado Bakenranef.

Nekau I foi casado com Istemabet e seu filho foi Psammetichus I.

Não sabemos quase nada a respeito do rei Nekau I, ele é registrado em documentos assírios e numa estela de doação.

Esse rei foi instalado no trono de Sais por Assurbanipal e foi morto pelos exércitos kushitas sob Tantamani pelo fato de ser aliado dos assírios.

A invasão dos núbios no Delta foi rechaçada pelos assírios que prosseguiram avançando sobre as terras do Egito até saquear Tebas.

Seu filho viria a ser o grande rei que deu nome ao período, Saíta e conseguiu dominar o Egito.

Psammetichus segurando uma estátua do deus Osíris
  • Psammetichus I (Psam-tik)

Seu nome de trono era Wah-ib-re, que significa Constante é o coração de Ra.

Ele é considerado como o primeiro governante da 26ª Dinastia e seu reinado se sobrepõe aos reis da 25ª Dinastia. Parece que no seu nono ano de reinado ele conseguiu controlar o país inteiro.

Esse período é chamado de Saíta porque o centro do poder estava em Sais, no Delta.

Seu nome era Psam-tik I mas ele ficou conhecido pelo nome grego Psammetichus I. O fato é que ele reinou durante uns cinqüenta anos, levando o Egito de volta a estabilidade depois de uma fase caótica de vários governantes.

Psammetichus I e seu pai, Nekau I de Sais, foram envolvidos numa confusão qualquer na época dos governantes Kushitas da 25ª Dinastia. O governante era Taharqa e alguma coisa ele fez que colocou Nekau e Psammetichus em maus lençóis com os assírios, que capturaram os dois e os fizeram prisioneiros. Durante esse tempo foram doutrinados pelos seus captores, inclusive recebendo nomes assírios, Psammetichus era Nabu-shezibanni.

O pai e o filho voltaram ao Egito, preparados para estar do lado dos assírios. O pai, Nekau I retomou o poder no Delta.

Quando Nekau I faleceu, morto pelas forças núbias por ser aliado dos assírios, Psammetichus foi reconhecido pelos Senhores Assírios como Rei do Egito, embora fosse apenas um título sem maiores poderes. Ele governava Mênfis e Sais e a maior parte do país era controlada ainda pelos vizires dos reis da Núbia (que já haviam voltado para o seu país).

Na verdade, Psammetichus soube preparar o caminho para o poder numa fase bem difícil, ele precisava controlar os príncipes rebeldes e os pequenos reis do Delta, mas principalmente era necessário recuperar o poder em Tebas. Para isso, ele se aliou à filha de um nobre tebano, chamado Mentuemhet. Essa moça era a Adoradora de Amon ou Esposa do deus Amon.

Assim, Psammetichus introduziu sua própria filha Nitokris no templo, criando laços religiosos e seculares de modo a fortalecer a união egípcia.

Afinal, Psammetichus I preparou seu exército, inclusive com mercenários estrangeiros (gregos e cários).

Estátua de Nekau ajoelhado

Além disso, casou-se com Mehtemweskhet, que era filha de Horsiese, Alto-Sacerdote de Heliópolis. Até então ele era aparentemente leal aos senhores assírios, mas assim que encontrou oportunidade, se libertou do comando externo e se tornou governante absoluto do Egito.

Finalmente o Egito tinha novamente um faraó, um governante do país unificado. Psammetichus I mandou construir fortalezas no Delta, em Naucrátis e Daphnae, assim como em Elefantina e ampliou o Serapeum em Saqqara.

Provavelmente para desencorajar os reis kushitas, Psammetichus voltou com as campanhas militares na Núbia. Também fez alianças com seus antigos senhores assírios para combater a Babilônia e controlou a costa palestina. Combateu os líbios na fronteira de modo que eles fugiram do Delta deixando o território livre.

Nas artes, o faraó recuperou as tendências das dinastias anteriores, tornando difícil hoje para os arqueólogos saber de que época são certas obras.

Acredita-se que tenha sido sepultado em Sais.

  • Nekau (Necho) II

Seu nome de trono foi Wah-em-ib-re que significa Sendo o portador dos desejos de Ra para sempre. Seu nome de nascimento era Nekau mas ele ficou conhecido pelo seu nome grego, Necho.

Sucedeu a seu pai Psammetichus I e prosseguiu com as conquistas paternas de modo que a Palestina se tornou outra vez possessão egípcia. Ele governou a Síria (pelo menos uma parte dela) e recebeu tributos de Jerusalém.

Mais tarde, Nekau II perdeu a Síria para os babilônios, que perseguiram os egípcios e os derrotaram.

Este faraó é conhecido pelos monumentos em homenagem ao Boi Ápis em Mênfis e inscrições nas pedreiras das colinas Mokattam .

Nekau II foi um visionário que mandou construir um canal navegável mais de 2500 anos antes do Canal de Suez. Esse canal ligava a margem do Nilo onde estava localizada a fortaleza de Pelusium e o Mar Vermelho. Isso criou uma grande cidade portuária, Per-Temu-Tjeku (a casa de Aton de Tjeku) hoje Tell el-Mashkuta.

Nekau também criou uma Marinha Egípcia, para aproveitar a expansão do comércio com a Grécia. Embora os egípcios não fossem muito chegados ao mar e essa marinha não fosse uma verdadeira força armada, ela trouxe benefícios como a criação de uma nova rota de comércio com a África, e isso foi algo revolucionário na época.

Acredita-se que Nekau II foi sepultado em Sais.

  • Psammetichus II

Seu nome de trono era Neferibre que significa Belo é o coração de Ra.

Era filho de Nekau II, possivelmente com a rainha Chedebnitjerbone I. Sabe-se que casou com a rainha Takhout ou Takhut de Atribis, que lhe deu uma filha chamada Ankhnesneferibre. De seus filhos também se conhece a princesa Herynebti Menekhoubaste e Apries que o sucedeu no trono.

É possível que ele tenha governado por um curto período de tempo, talvez seis anos mas no seu reinado, as pedreiras nas colinas Mokattam próximo ao Cairo foram exploradas.

Psammetichus II fundou o templo de Hibis no Oásis El-Kharga e talvez seja hoje a construção mais preservada do período, é o único situado nesse local. O templo foi decorado pelo conquistador persa Dario I e na 30ª dinastia foram feitos acréscimos.

Também, as ruínas mais antigas de Philae são de seu governo. É possível que Psammetichus II tenha feito adições ao templo de Neith em Sais, construído monumentos em Leontópolis e o templo de El-Mahalla el- Kubra. Blocos de seu reinado foram encontrados em Abidos, Karnak (onde ele usurpou o quiosque de Taharqa) e Elefantina.

O templo de Hibis

Seu monumento mais famoso foi um obelisco erigido em Heliopólis que foi levado por Augusto para Roma e hoje está na Piazza di Montecitorio.

Na Núbia foi encontrado um grafiti rabiscado na perna esquerda da colossal estátua de Ramsés II em Abu Simbel, que confirma que lá estiveram aqueles que navegaram junto com o rei Psammetichus quando ele foi a Elefantina.

Foi o primeiro confronto entre Egito e Núbia desde o reinado de Tantamani. Parece que foi uma campanha para desbaratar a rebelião núbia liderada por Anlamani um rei Kushita tentando reviver o reino de Napata.

O exército egípcio talvez tenha chegado até Napata, onde saquearam templos e destruíram as estátuas Kushitas. Parece que não conquistaram terras embora tenham obrigado os núbios a removerem sua capital mais para o sul e tenham acabado de vez com as idéias de conquistas dos núbios.

Psammetichus II deve ter sido sepultado em Sais.

  • Apries

Seu nome de nascimento era Wah-ib-re que significa Constante é o coração de Ra. Seu nome de trono, Haa-ib-re, Jubiloso é o coração de Ra para sempre.

Apries é seu nome grego pelo qual é mais conhecido. Seu pai era Psammetichus II e Heródoto conta que a esposa de Apries era Nitetis. Algumas fontes dizem que esse faraó é o Hophra da Bíblia.

Apries

Ele deixou obras como templos em Atribis (Tell Atrib) no Oásis Baharya, em Mênfis e Sais.

Apries prosseguiu com a política intervencionista de seu pai na Palestina, mas sofreu muitos reveses tanto em casa quanto fora. Ele sofreu uma invasão no Egito mas também liderou campanhas bem sucedidas contra Chipre e Fenícia.

Em seu reinado as tropas egípcias em Elefantina (hoje Assuã), se amotinaram mas foram contidas.

Apries ajudou os governantes do Levante contra o Império babilônico que estava cada vez mais forte. Foi durante o reinado de Apries que ocorreu o Cativeiro da Babilonia, com a deportação dos judeus após a captura de Jerusalém. Muitos judeus fugiram para o Egito, principalmente para Elefantina onde se fixaram.

Em 570 esse rei ajudou o governante de Cyrene contra os gregos, mandou seu general Amasis debelar uma revolta no exército egípcio e ele, liderando as tropas, se declarou rei. Apries foi para o exílio, mas voltou com o exército babilônio só que foi derrotado.

O rei Apries foi morto mas seu ex-general Amasis o sepultou com as honras de rei, em Sais. Portanto, Amasis se tornou o novo rei.

Apenas uma estátua de Apries sobreviveu, embora outras, que trazem o nome de Amasis podem ter sido usurpadas e terem pertencido a Apries.

  • Amasis

Seu nome de nascimento era Ahmose II que significa A lua nasceu, Filho de Neith. Seu nome de trono era Khnem-ib-re, Ele que abraça o coração de Ra. Amasis, nome pelo qual ficou conhecido, é grego.

Amasis deveria ser filho da Senhora Takheredeneset, e casou com duas esposas, Tentheta e Nakhtsebastetru. Talvez Khedebneithireretbeneret também fosse sua esposa, era ela filha de Apries.

Dessas duas esposas ele teve um grande número de filhos, incluindo seu sucessor Psammetichus III. Outro filho conhecido foi o general Ahmose, que foi sepultado junto com sua mãe Nakhtsebastetru, na tumba LG 83 em Gizé.

Através de Heródoto ficamos sabendo que ele foi um governante popular, querido pelo povo, Amasis gostava muito de beber, algumas vezes deixando os deveres em troca da bebida.

Amasis

Lendo a respeito de Apries, acima, ficamos sabendo que Amasis era general do exército egípcio e foi enviado pelo faraó para debelar a revolta dos soldados egípcios. Mas ele foi escolhido pelos próprios soldados para ser o governante, o faraó. Assim, marchou na frente do exército e destronou Apries.

Existem algumas versões do episódio, alguns dizem que Apries fugiu do país, outros que ele continuou a governar o sudeste do Egito a partir de Mênfis, outras dizem que ele foi morto.

Agora, Amasis era realmente o faraó, controlava todo o Egito. Mas, há uma outra história que conta, que em 567 Apries voltou ao Egito liderando um exército da Babilônia. Amasis novamente o derrotou e o capturou. Conta Heródoto que o faraó entregou Apries ao povo, que o estrangulou.

Seja como for, Amasis devia guardar respeito por aquele que um dia foi seu faraó e talvez ele fosse também seu sogro, e deu a Apries um funeral com todas as honras reais na necrópole de Sais.

Como faraó, Amasis mandou erguer dois colossos de granito e um templo para Isis em Philae, fez obras em Mênfis, Elefantina, Edfu, Abidos, Karnak, além de muitas outras incluindo locais do Delta e sua tumba em Sais.

Ainda que essa tumba nunca tenha sido descoberta, Heródoto conta que era uma grande construção isolada, feita de pedras, decorada com pilares esculpidos imitando folhas de palmeiras e outros enfeites caros. Havia uma câmara com portas duplas e atrás das portas ficava o sepulcro.

O reinado de Amasis foi muito próspero para o Egito, sabemos que a agricultura alcançou um nível espetacular de desenvolvimento e as cidades, de acordo ainda com Heródoto chegavam a ter mais de vinte mil habitantes.

Amasis consolidou a política de Psammetichus I ao encorajar os gregos mercadores a viverem no Egito, na cidade de Naucratis. Isso facilitava o controle sobre eles e criava taxas bem lucrativas para o tesouro.

Quando da morte de Amasis, depois de reinar por volta de quarenta e quatro anos, os persas já tinham conquistado a Babilônia e estavam nas fronteiras do Egito.

  • Psammetichus III

Seu nome era Psamtek que significa Marido de Metek e o nome de trono Ankhaenre, Ra dá vida a sua alma.

Ele foi o último rei da 26ª Dinastia, reinou apenas durante alguns meses antes de ser derrotado pelos persas e provavelmente morto pelo fundador da 27ª Dinastia, Cambises.

Conta a história que Psammetichus III foi inicialmente traido por seus aliados e forçado a se retirar para Mênfis. A cidade ficou sob o cerco dos persas durante alguns meses e finalmente se rendeu. Mas, Psammetichus III continuou a insuflar rebeliões contra os conquistadores, de modo que, Cambises mandou matá-lo.

Último período/Dinastias do último período/27ª Dinastia

Dinastia 27

27ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

Inscrição de Behistun, conta as conquistas de Darius I, Pérsia atual Irã
  • Cambyses
  • Darius I
  • Xerxes I
  • Artaxerxes I
  • Darius II
  • Cambyses

Depois de capturar o Egito, Cambises usou o nome de trono Mesut-i-re (Mesuti-Ra), Descendente de Ra.

Cambises era filho do imperador persa Ciro, o Grande que também nomeou seu filho rei da Babilônia, embora Cambises tenha abandonado esse título e após reinar um ano apenas, ele invadiu o Egito.

Derrubou o rei egípcio Psammetichus III e se tornou o primeiro governante da 27 ª Dinastia, Persa.

Não se sabe muito sobre Cambises e os textos de Heródoto, historiador grego fazem desse rei persa um retrato terrível. Segundo Heródoto, Cambises destruiu os templos egípcios, foi um déspota, um tirano cruel, um monstro de maldade.

Hoje sabemos que essa é uma visão grega da história, até porque os gregos não suportavam os persas.

De qualquer maneira, parece que Cambises entrou no Egito através do deserto com muita facilidade. Derrotou as forças egípcias em batalha e cercou Mênfis. Se Psammetichus III conseguiu escapar, logo foi capturado e preso.

pendente com o deus Bes, época aquemênida

Os estudiosos hoje em dia acreditam que o governo de Cambises no Egito não foi terrível como Heródoto contou, na realidade a dinastia Saíta já estava derrotada quando Cambises tomou o país. Aparentemente o Egito já tinha sido abandonado pelos seus aliados gregos, e as minorias como a comunidade judaica em Elefantina, assim como uma parte da aristocracia egípcia recebeu bem o governo de Cambises.

Uma evidência de que Cambises respeitava os costumes egípcios e procurava se apresentar como um rei egípcio é a inscrição numa estátua de Udjadhorresnet que era um sacerdote saíta, além de médico e oficial da marinha. Essa inscrição é uma autobiografia, que hoje está no Museu do Vaticano.

Através das palavras do sacerdote, ficamos sabendo que Cambises procurava promover os cidadãos nascidos no Egito dando-lhes trabalho no governo e que mostrava respeito pela religião egípcia. É muito provável que a história da destruição dos templos e pilhagem das cidades nunca tenha existido, sendo apenas uma história inventada pelos gregos.

Na Pérsia, os nobres estavam se alinhando ao lado do irmão de Cambises, Bardias (ou Esmerdis). O trono de Ciro, o Grande estava mudando de mãos e Cambises precisava retornar à Pérsia. Nessa altura parece que Cambises já estava apresentando problemas mentais. Ele abandona rapidamente o Egito deixando um sátrapa no governo.

detalhe da frisa de arqueiros no palácio de Dario em Susa

Existem muitas histórias com relação a morte de Cambises e a previsão dos sacerdotes de Buto sobre como seria essa morte. Mas, o fato é que Cambises morreu na Síria, quando voltava para casa, na Pérsia.

Embora ele tenha governado o Egito e tido seu nome inscrito num cartucho como os faraós, ele foi sepultado em Takht-i-Rustam (nagsh-e-rostam) perto de Persépolis.

  • Darius I

Após a morte de Cambises houve uma rápida revolta popular sufocada por Dario I, parente distante de Cambises e oficial do exército. Ele era filho de Hystaspes, membro da família de Ciro, o Grande.

Dario I servia no exército no Egito enquanto Cambises governava e quando o rei faleceu a caminho da Pérsia, ele tomou o trono. Mais tarde foi considerado o último grande legislador do Egito.

Dario I foi um rei generoso, tratou os egípcios com respeito por sua religião e seus costumes e foi responsável por muitas reformas sociais e políticas. Ele foi bem aceito pelo povo.

Xerxes no portal do seu palácio em Persépolis

Durante seu reinado houve muitos projetos de construção. Ele completou o canal do Delta ao Mar Vermelho, que havia sido iniciado por Nekau II (Necho). Aumentou o Serapeum e recuperou o templo de Ptah em Mênfis, também construiu no Fayum, el-Kab, Busiris e Sais.

Embora Dario fosse um bom rei, enfrentava revoltas constantes dos egípcios, especialmente depois que os persas foram derrotados em Maratona. Ficou claro então, que o grande império persa não era invencível e as rebeliões aumentaram.

  • Xerxes I

Filho de Dario I, ele é mais conhecido pelas suas tentativas frustradas de conquistar a Grécia, as Guerras Médicas seriam uma forma de vingar o pai pela derrota em Maratona.

Parece que passava a maior parte do tempo fora do Egito, deixando o governo entregue nas mãos dos regentes e sátrapas locais.

As revoltas que explodiram no final do reinado de Dario I foram debeladas por Xerxes durante o segundo ano de seu governo. Essa fase é bem documentada por Heródoto, embora vista pelo seu olhar grego.

Xerxes nunca deu muita importância ao Egito, que governou sempre a distância.

Ele foi assassinado junto com seu filho Dario, o herdeiro do trono em 465 a.C.

  • Artaxerxes I

Subiu ao trono quando seu irmão mais velho foi assassinado junto com seu pai, Xerxes.

Poucos meses após subir ao trono, um rebelde egípcio, Amyrtaios, que governava em Sais, se levantou contra ele. Artaxerxes conseguiu manter Mênfis e os egípcios e seus aliados gregos foram derrotados.

Tumba de um rei aquemênida, talvez Artaxerxes I

Na batalha de Papremis Artaxerxes foi morto e seu sátrapa Megabysos foi quem destruiu a frota grega e retomou Mênfis. O Alto Egito permaneceu sob o controle persa e Atenas alegou não ter tido nada a ver com o conflito.

O Baixo Egito e as cidades do Delta estavam em constante agitação.

  • Darius II

Parece que era um filho ilegítimo de Artaxerxes I.

Acredita-se que Dario II deu um pouco mais de atenção ao Egito, construindo, inclusive, um templo de Amon no Oásis de Kharga. Durante seu reinado, o Egito tinha uma grande população de judeus e de gregos, dizem que Dario II favorecia aos judeus de Elefantina.

Dario II estava muito envolvido numa aliança com Esparta para se fortalecer e fazer guerra contra Atenas. Enquanto isso no Egito, as rebeliões prosseguiam, o povo era liderado por Amyrtaios, um príncipe saíta.

Dario II faleceu em 404 a.C.

Último período/Dinastias do último período/28ª Dinastia

Dinastia 28

28ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Amyrtaios
  • Amyrtaios
Sarcófago e múmia do Último Período, Museu Nacional, Alexandria, Egito

Temos aqui uma dinastia totalmente diferente de todas as que já vimos e das que ainda vamos ver.

Essa é a dinastia de um só rei, Amyrtaios.

Ele reinou entre os poderosos reis persas e os últimos reis egípcios de fato. Sua dinastia durou apenas seis anos.

É possível que Amyrtaios fosse líbio, talvez um príncipe saíta. Ele governou o país a partir de Sais após a morte de Dario II, quando houve uma grande revolta no Egito.

Nos Papiros de Elefantina há um documento que é um contrato e foi escrito no quinto ano do reinado de Amyrtaios, donde se conclui que ele foi reconhecido de fato no Alto e Baixo Egito.

Ele deve ter sido deposto e provavelmente assassinado quando os persas invadiram o país.

Último período/Dinastias do último período/29ª Dinastia

Dinastia 29

29ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

Karnak, em primeiro plano a capela de Hakoris
  • Nepherites I
  • Psammuthis
  • Hakoris
  • Nepherites II
  • Nepherites I

Esse rei é mais conhecido pelo fato de se aliar à Esparta contra os persas. É sabido que ele presenteou Esparta com milho e equipamentos para cem navios em troca da aliança.

O que ele não esperava é que os presentes fossem interceptados em Rodes quando a frota egípcia passou por lá, porque o governo de Rodes já tinha se aliado aos persas.

Os registros sobre Nepherites são inscrições e construções em Buto, Sais, Mênfis e Karnak.

Seu sarcófago foi encontrado em 1869 junto com itens funerários em Mendes.

É possível que quando Nepherites faleceu ou foi assassinado, não se sabe nada a respeito, o trono tenha sido usurpado por Psammuthis que governou junto com Hernebkha Muthis filho de Nepherites.

esfinge originaria de Mênfis, encontrada em Roma, Nepherites I
  • Psammuthis

Pode ser que ele tenha usurpado o trono após a morte de Nepherites mas talvez Hernebkha Muthis (filho de Nepherites) tenha reinado junto com ele.

Mâneton o menciona entre Nepherites e Hakoris.

O nome de Psammuthis, Pasherienmut significa Filho da deusa Mut. Ele provavelmente reinou no Alto Egito durante um ano, mais ou menos. Logo a seguir, Hakoris recuperou o trono.

Seus registros são inscrições em Karnak e Saqqara.

  • Hakoris

É possível que Hakoris tenha governado ao mesmo tempo que o usurpador Psammuthis por um tempo muito curto. Logo ele retomou o trono e fez um bom governo.

Fragmento com os nomes de Psammuthis

Seu reinado foi marcado pela paz entre Pérsia e Esparta e isso foi um problema, porque sem maiores preocupações, a Pérsia voltou a se interessar pelo Egito.

Hakoris fez aliança com Chipre e formou um exército forte para repelir os invasores. Ele foi bem sucedido e o Egito voltou a ser independente politicamente.

Hakoris fez obras marcantes como uma capela em Karnak, a sala hipostila em el-Kaab, um quiosque em Medinet Habu e outras obras em Mendes, Saqqara e Elefantina. Parece que o rei Hakoris foi sepultado em Saqqara, mas sua tumba não foi encontrada.

  • Nepherites II

Filho de Hakoris, reinou apenas durante quatro meses, quando foi deposto e provavelmente assassinado por seu sucessor Nectanebo I (30ª Dinastia). Sabemos de sua existência por Mâneton e pela Crônica Demótica.

Último período/Dinastias do último período/30ª Dinastia

Dinastia 30


pássaro em faiança, 30ª dinastia

30ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

  • Nectanebo I
  • Teos (Djedher)
  • Nectanebo II
  • Nectanebo I

Seu nome egípcio era Nakhtnebef que significa Forte em seu Senhor. Seu nome de trono, Kheper-Ka-re, A alma de Ra sobrevive. Nectanebo foi o nome dado a ele pelos gregos.

Sua terra natal era Sebennytos que hoje é Sammanud, e talvez ele tenha sido parente de Nepherites II. Essa dinastia que Nectanebo fundou, a trigésima, é considerada a última em que reinaram verdadeiros egípcios, ou seja, reis considerados naturais do Egito.

Nectanebo I era o filho do general Djedhor, e provavelmente amigo do general ateniense Khabrias ou Chabrias, que comandou os mercenários gregos no reinado de Hakoris. É possível que esse general grego tenha ajudado Nectanebo a chegar ao poder, até porque logo depois ele foi chamado de volta a Atenas.

Nectanebo I segurando uma mesa de oferendas

Uma das esposas de Nectanebo era uma senhora de nome grego, Ptolemais que pode ter sido filha de Khabrias. Seu filho e herdeiro, Teos (Djedhor) era filho de outra esposa chamada Udjashu. Teos foi seu co-regente.

Em seu reinado, o exército persa tentou atacar o Egito mas ele estava pronto para defender seu país, embora o que de fato tenha feito os invasores recuarem, tenha sido a cheia do Nilo. Os persas demoraram tanto a decidir a tática de batalha que o rio encheu, o Delta ficou alagado e os persas tiveram que se retirar.

Seu reinado foi pacífico, ele fez obras e estimulou as artes. Restaurou os templos pelo país afora, são inúmeras suas obras, mas também cobrou taxas das instituições religiosas. Uma de suas construções mais importantes foi a parte mais antiga do Templo de Philae, que mais tarde, no período grego, se transformaria num dos lugares mais sagrados.

Perto do final de seu reinado, Nectanebo tentou refazer as alianças do Egito com Atenas e Esparta, porque sabia que os persas não tinham ainda abandonado a idéia de que o Egito era província sua e pretendiam retomá-la.

Provavelmente Nectanebo foi sepultado em Sebennytos mas até hoje não foi encontrado o local certo. Já foram achadas ushabits (pequenas figuras que são colocadas na tumba) suas e os restos do sarcófago que lhe pertenceu e que remete à arte da 18ª Dinastia.

tampa do sarcófago de Teos

Teos (Djedhor)

Era o filho e sucessor de Nectanebo I. Foi co-regente de seu pai e quando este morreu herdou o trono.

Decidiu que iria atacar os persas embora seus generais discordassem. Para juntar o dinheiro para essa campanha, ele confiscou os tesouros dos templos sofrendo a ira dos sacerdotes, que se tornaram seus inimigos.

Ao sair para a guerra, Teos, deixou no comando do Egito, Tjahapimu. Este era possivelmente um meio irmão mais velho de Teos, ou como alguns acham, Tjahapimu era filho de Teos, de modo que Nectanebo II seria seu neto.

Ele fez uma campanha vitoriosa sobre a Síria, mas seu ataque aos persas foi vergonhoso. Ele foi abandonado pelos seus mercenários gregos e também pelos próprios egípcios. Teos fugiu para a Pérsia onde Artaxerxes lhe deu asilo, embora fosse inimigo.

O regente do Egito, Tjahapimu, indicou então Nectanebo II para assumir o trono (fosse ele seu filho ou sobrinho).

Teos, viveu na Pérsia desde então e lá morreu.

Nectanebo II

Seu nome Nakhthorheb e o epíteto mery-hathor significa Forte é seu Senhor, Amado de Hathor. Seu nome de trono era Snedjem-ib-re Setep-en-inhur, que significa Agradável ao coração de Ra, Escolhido de Osíris.

Há diversas formas de contar a história e diversas fontes mas, parece que os sacerdotes estavam insuflando o povo contra o faraó Teos, por conta do dinheiro que ele levou dos templos para financiar a campanha militar.

Além disso, o provável filho de Tjahapimu (o regente), Nakhthorheb, servia no exército real que estava na Síria e era muito respeitado por seus comandados egípcios e pelos mercenários gregos.

Hórus falcão protegendo Nectanebo II

O fato é que, com a campanha vergonhosa de Teos e sua fuga para o lado dos inimigos, Tjahapimu instalou Nectanebo II no trono do Egito.

O reinado desse faraó foi um período de paz até porque, de guerra, ele já tinha visto o suficiente com a derrota de Teos para os persas.

Nectanebo II recuperou muitos templos e construiu outros tantos, deve haver mais de cem locais no Egito onde se pode encontrar seu nome. O rei também foi muito religioso e mandou construir uma grande estátua de pedra do deus Hórus falcão usando a coroa dupla. Entre as pernas do falcão está representado o rei Nectanebo II usando o nemes.

Durante seu reinado, o faraó sepultou Udjashu (que pode ter sido sua mãe) num belo sarcófago que hoje está no Museu do Cairo.

Mas os persas não haviam desistido do Egito. Pouco se sabe sobre a invasão, mas, parece que Nectanebo II tentou reagir e os persas comandados por Artaxerxes III entraram no Egito por diversos pontos além do Delta. O faraó recuou para Mênfis mas a cidade não conseguiu resistir e Nectanebo II fugiu, possivelmente para a Núbia onde ficou refugiado na corte dos reis Kushitas.

Seu sarcófago que nunca usado era feito em granito negro, lindamente decorado com os textos e as cenas do Livro Daquilo que Existe no Mundo Inferior.

Mais tarde o sarcófago foi usado em banhos rituais em Alexandria, de onde seguiu para o Museu Britânico.

Antes de terminar o tópico sobre Nectanebo II, existe uma história curiosa, uma lenda medieval sobre esse faraó. Ela está em Alexander Romance.

Essa lenda conta, que Nectanebo II fugiu dos persas para a corte Macedônia, lá foi reconhecido como um grande mago egípcio. Atraiu a atenção da esposa de Filipe II, Olympias, e se tornou pai (sem que ninguém soubesse) de Alexandre Magno. Essa era uma forma de dar continuidade à linhagem de sangue dos faraós. Evidentemente isso é apenas um romance, mas pode explicar porque o sarcófago de Nectanebo II foi usado para rituais.

Último período/Dinastias do último período/31ª Dinastia

Mapa do Império Persa em 490 a.C.
Dinastia 31

31ª Dinastia[editar | editar código-fonte]

A chamada 31ª Dinastia teve inicio após os exércitos persas derrotarem os egípcios.

  • Ochus (Artaxerxes III)
  • Arses
  • Darius III Codomannus
  • Ochus (Artaxerxes III)

Foi rei da Pérsia durante vinte anos e governou o Egito por pelo menos seis anos.

Houve duas campanas dos persas contra o Egito. Na primeira, os persas recuaram mas a segunda foi mais violenta.

Durante a ocupação do Egito, houve muita crueldade, massacres, os persas profanaram os templos e roubaram muitas obras de arte. Esta foi a segunda campanha de Artaxerxes III contra o Egito.

De acordo com o historiador grego, Diodoro de Sicília, o vizir Bagoas, (um eunuco, muito poderoso e violento) foi responsável pelo assassinato de Artaxerxes III.

arte aquemênida

Este Bagoas se tornou famoso por assassinar toda a família real, mas existe um tablete no Museu Britânico (BM 71537), escrito em caracteres cuneiformes, que registra o fato do rei Artaxerxes ter morrido de causas naturais.

  • Arses

O filho de Artaxerxes que o sucedeu no trono do Egito.

Pode ser que o vizir Bagoas tenha sido o responsável pela sua subida ao trono. Se foi isso que ocorreu, existe a possibilidade de Bagoas ter decidido manter Arses no trono como um fantoche.

É possível que um cidadão muito rico do Alto Egito, talvez mesmo fosse de origem líbia, Khabebesh, tenha se declarado faraó nessa mesma época. Ele foi apoiado pelo povo que sofria sob os persas e deve ter governado escondido, para não ser morto.

O fato é que seu nome com os títulos de faraó, foram encontrados em diversos locais, inclusive

Detalhe do mosaico que mostra o pavor nos olhos de Darius III na batalha com Alexandre

numa estela de Ptolomeu I, em papiros do primeiro ano de seu reinado e amuletos encontrados na tumba de Horemheb em Mênfis.

Existem fontes que afirmam que Bagoas assassinou o rei Arses.

  • Darius III Codomannus

Esse rei era sobrinho de Artaxerxes e ocupou o trono após Arses. Reinou durante seis anos até que o exército de Alexandre Magno entrou no Egito. Darius III foi derrotado na Batalha de Issus e fugiu.

Alexandre não o capturou, mas ele foi assassinado mais tarde, pelo seu próprio general, Bessus, o Sátrapa da Bactria.

Darius III foi o ultimo governante persa do Egito.

Período greco-romano

Período Greco-Romano
332 a.C. - 642d.C.
Império Macedônio

Alexandre Magno[editar | editar código-fonte]

Alexandre III da Macedônia já dominava todo o Crescente Fértil quando voltou seus olhos para o Egito.

Sem dúvida, em termos de expansão política e militar ele não poderia deixar de conquistar o Egito. Mas, também é de se imaginar que o filho de Filipe II, educado por Aristóteles, conhecesse e admirasse as tradições e a cultura egípcias.

O faraó era o único governante a ser visto como um deus vivo. Era sem a menor dúvida, uma conquista sem igual e uma legitimação da profecia (segundo Plutarco) que dizia ser Alexandre filho de um deus.

monumento a Alexandre em Shtip, Macedônia

Quando os exércitos de Alexandre Magno entraram no Egito, os persas que foram tão cruéis e opressores já estavam derrotados. Não se sabe se é a verdade, mas conta a história que o povo egípcio recebeu Alexandre de braços abertos.

Alexandre foi visitar o Oráculo de Amon e seja lenda ou verdade, o fato é que ele foi declarado filho de Amon. O grande guerreiro macedônio foi aceito no Egito como um verdadeiro faraó e reverenciado como o foram os faraós divinos das antigas dinastias.

Alexandre iniciou a construção da cidade de Alexandria, mas não viveu para vê-la pronta. Ele deixou no Egito como uma espécie de governador ou Sátrapa, Cleomenes, um banqueiro de Naucrátis e seguiu rumo a Ásia.

Esse Cleomenes parece que era um homem corrupto, culpado de toda a espécie de fraudes e portanto era preciso outra pessoa para ocupar esse cargo. Então, quem foi para o Egito organizar o governo foi Ptolomeu, o mais velho dos companheiros de Alexandre, no cargo de Sátrapa do Rei e Cleomenes foi condenado a morte.

Quando o Alexandre Magno morreu, seus três homens de confiança, Seleuco, Antipater e Ptolomeu dividiram entre si a administração do império que ele tinha conquistado.

Árvore genealógica dos Ptolomeus

Ptolomeu que já estava no Egito, acabou ficando com o governo do país e dando início a uma dinastia chamada de Ptolemaíca.

Os Ptolomeus[editar | editar código-fonte]

Na divisão do império, o Egito ficou com Ptolomeu que era filho de um macedônio de nome Lagos e deu início a uma dinastia de reis de origem grega.

Foi uma mudança radical para o povo do Egito, inclusive a língua oficial passou a ser o grego. Sem dúvida eles defenderam o país, mas esse era seu interesse primeiro, afinal eram os reis.

O povo egípcio foi tratado com dureza, viviam em sua maioria na pobreza, trabalhando na agricultura, morando em povoados e completamente afastados do poder. Os gregos eram obviamente os mais favorecidos, vivendo nas cidades, especialmente em Alexandria que era a bela capital.

Os Ptolomeus em geral, procuraram fixar os soldados estrangeiros no Egito, dando-lhes terras para cultivar em troca do serviço militar. Assim usando a estrutura dos macedônios no exército, conseguiram formar uma máquina militar de respeito e dessa forma conquistaram a Síria-Palestina.

Foi no tempo de Ptolomeu I que um sacerdote chamado Mâneton, escreveu toda a história do Egito, desde a época pré-dinástica até o reinado do próprio Ptolomeu. Mâneton, dividiu os faraós pelas dinastias e hoje é uma fonte indispensável de pesquisa para qualquer historiador.

Representação de Ptolomeu II imitando Alexandre Magno

Com relação a religião, os Ptolomeus introduziram novos deuses mas respeitavam os antigos cultos. Na verdade diversos desses reis construíram templos como os egípcios faziam e as terras dos templos continuaram a produzir para os sacerdotes, como era antes. Isso agradava ao povo e ao clero. Na verdade a população grega era mais influenciada pela religião egípcia do que o contrário. Os Ptolomeus ergueram templos em Edfu, Dendera, Philae, Kom Ombo e outros.

O norte do Egito sofreu a forte influencia da cultura grega e Alexandria era uma das mais belas e impressionantes cidades do mundo na época. Os Ptolomeus cuidaram de embelezá-la e como típicos gregos cuidaram das atividades do espírito. O museu e em especial a biblioteca de Alexandria (uma das sete maravilhas do mundo antigo) eram locais onde se reuniam os principais cientistas, poetas, artistas e sábios em geral.

O reinado dos Ptolomeus foi um período de grande desenvolvimento para o Egito, na agricultura, no comércio, na economia. Eles geriam o país como um negócio que deve dar lucro e realmente foi uma fase de prosperidade.

Para a população, os egípcios nativos, esses reis Ptolomeus eram muito mal vistos, a repressão era a política que eles usavam contra as rebeliões constantes. Durante o reinado de Ptolomeu V, uma dinastia egípcia tentou tomar o poder e as rebeliões foram violentas. Nos últimos anos da dinastia ptolemaíca, houve muitas lutas pelo poder entre os próprios governantes, de tal maneira que Roma precisou intervir para recolocar Ptolomeu XII Evergetes no trono. Daí em diante, os romanos passam a cumprir um papel cada vez mais importante na história do Egito.

No reinado de Cleópatra VII, filha de Ptolomeu XII se deu outra intervenção romana. Embora a rainha fosse uma governante capaz politicamente, ela foi envolvida na luta pelo poder entre os romanos Otavio Augusto e Marco Antonio e escolheu ficar do lado errado. Derrotada junto com Marco Antonio na batalha do Accio, Cleópatra cometeu suicídio.

Com a morte de Cleópatra o Egito também morreu, transformou-se em província romana.

Período Romano[editar | editar código-fonte]

Templo de Isis em Philae

O Egito, sob o imperador romano Augustus tornou-se um celeiro, um grande produtor de alimentos que servia Roma.

Sob os romanos, o Egito atravessou um dos períodos mais prósperos, em que foram construídas novas cidades e novos templos. Devido a amplitude do Império Romano, o Egito foi apresentado a novas culturas e novas influências.

O Egito faraônico já tinha desaparecido e o fato de ter se tornado província romana foi responsável pelo golpe final na antiga civilização egípcia. Foi de Roma que veio o catolicismo.

Historicamente, sem fazer juízos religiosos, o catolicismo foi o responsável pelo fechamento dos templos que se transformaram em monastérios ou igrejas. As imagens dos velhos deuses e faraós, consideradas demoníacas foram destruídas. Os papiros mantidos nas bibliotecas dos templos se tornaram combustível para a intolerância, foram queimados.

Quando o Império Romano foi dividido em duas partes, o Egito se tornou parte do Império Bizantino e a maior parte de sua população já estava convertida ao cristianismo.

O único templo que preservava o antigo culto era o Templo de Ísis na ilha de Philae. No inicio do século VI da era cristã, esse magnífico templo foi fechado pelo exército colocando um ponto final na antiga civilização egípcia.

O Egito vivo[editar | editar código-fonte]

Livro dos Mortos do escriba Hunefer 19ª dinastia

A civilização egípcia desde sempre se preocupou com a vida após a morte. Assim sendo, se tornou uma civilização que apesar de todas as invasões, opressões, religiões e principalmente apesar do tempo que tudo apaga e tudo destrói, permaneceu viva.

Essa história não terminou e não terminará, enquanto os arqueólogos forem capazes de encontrar novas peças que encaixem nos vazios que persistem.

Falar o nome do morto é fazê-lo viver de novo!

Era essa a ideia dos egípcios e assim, vivem os faraós e vive uma civilização que criou para a eternidade !

Período greco-romano/Dinastia do Período greco-romano/Dinastia Ptolemaica (primeira parte)

Dinastia Ptolemaica - Parte 1[editar | editar código-fonte]

Mosaico de Alexandria
  • Ptolomeu I Soter I
  • Ptolomeu II Philadelphus
  • Ptolomeu III Euergeter I
  • Ptolomeu IV Philopator
  • Ptolomeu V Epiphanes
  • Ptolomeu VI Philometor
  • Ptolomeu VII Neos Philopator
  • Ptolomeu VIII Euergetes II
  • Cleópatra III e Ptolomeu IX Soter II
  • Cleópatra III e Ptolomeu X Alexander I
Busto de Ptolomeu I Soter

Ptolomeu I Sóter I, Látero - acredita-se que ele era filho de Lagus, um nobre macedônio e sua mãe chamava-se Arsinoe. Ptolomeu foi amigo de infância de Alexandre Magno e mais tarde um de seus generais mais confiáveis além de ser membro da guarda pessoal de Alexandre.

Ele foi enviado ao Egito para colocar em ordem o governo e mesmo depois que Alexandre morreu, ele continuou a atuar como um Sátrapa sob os sucessores de Alexandre.

Quando o grande Império Persa começou a se dissolver, os generais de Alexandre dividiram entre eles os territórios conquistados. Ptolomeu ficou com o Egito, assumiu o governo e se declarou faraó.

Ptolomeu I Soter, usou o nome egípcio de Meryamun Setepenre que significa Amado de Amon, Escolhido de Ra. Alguns dizem que ele inclusive casou com uma filha de Nectanebo II, não se sabe se é verdade. Ptolomeu I teve algumas esposas e muitos filhos.

No governo do Egito, Ptolomeu I deu toda atenção aos sacerdotes, que mantinham o povo calmo e satisfeito. Através de negociações e casamentos, esse rei consolidou a posição política do Egito. Soube conquistar a simpatia do povo, mandando recuperar os templos destruídos pelos persas. No campo religioso, ele uniu as religiões egípcia e grega, instituindo um culto ao deus Serapis.

Começou a construção do Farol de Alexandria (embora tenha falecido antes que ficasse pronto) que foi uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Homem culto e sábio, ergueu o Mouseion, a antiga e famosa universidade de Alexandria. Também foi ele quem criou a Biblioteca de Alexandria, que obsessivamente encheu de manuscritos.

Ptolomeu I também é conhecido por ter traduzido uma Bíblia hebraica para o grego, além de ser, ele próprio um escritor, sendo o autor da história de Alexandre o Grande.

Contudo, Ptolomeu talvez não tenha percebido que estava segregando o povo egípcio, afinal, Alexandria era praticamente uma cidade grega e os egípcios viviam completamente afastados do poder.

Ptolomeu I Soter foi sepultado, provavelmente em Alexandria, mas não se sabe quase nada a respeito da necrópole da cidade.

Ptolomeu II e Arsinoe II como a deusa Isis

Ptolomeu II Philadelpho I - provavelmente foi co-regente de seu pai Ptolomeu I Soter. Escolheu o mesmo nome que seu pai, Meryamun Setepenre que significa Amado de Amon, Escolhido de Ra.

Seu reinado foi muito bem sucedido porque seu pai havia deixado o Egito, politicamente estável e expandido suas terras no Mediterrâneo. Além disso, seus projetos culturais, como a Universidade e Biblioteca de Alexandria foram complementados por Ptolomeu II, que convidou sábios de outras terras para ali ensinar. Este era o maior centro intelectual da antiguidade, com milhares de manuscritos, e era ao mesmo tempo local de ensino e pesquisa. O local ideal para os sábios trocarem suas experiências.

É dito que Ptolomeu II se portava como um mecenas para os professores, sábios, poetas e homens brilhantes em geral, mas em troca gostava de ser por eles glorificado e tratado como um deus. Foi Ptolomeu II quem pediu a Mâneton que escrevesse a história do Egito, e o escritor dedicou sua obra ao rei.

Ptolomeu II nasceu em Cós(uma ilha grega do Dodecaneso, próxima ao golfo de Cós). Ele teve os melhores tutores e a melhor educação possível, afinal seu pai aprendeu isso na Macedônia, onde o jovem Alexandre teve como tutor o famoso Aristóteles. Contudo, parece que os Ptolomeus possuíam uma habilidade inata para a ambição, a luxúria e a intriga.

No seu governo, a capital, Alexandria, cresceu tanto que foi dividida em três distritos, Rhakotis, o distrito dos egípcios, Bruchium distrito dos nobres greco-macedônios e o distrito judeu, que era tão grande quanto o dos gregos.

Infelizmente, no reinado dos Ptolomeus, o Egito sempre pareceu um país dividido. Afinal, a maioria dos gregos jamais se preocupou em aprender a língua do país, é dito que a mais famosa e última governante da linhagem, Cleópatra VII foi a única a aprender o egípcio. Portanto, embora usassem um exército de tradutores para se comunicar, o fato é que não havia ligações entre os governantes, os gregos e o povo egípcio.

Ptolomeu II completou o canal que foi iniciado por Necho e ampliado por Dario, ligando o Nilo ao Mar Vermelho, dotando o canal com uma comporta. Além disso, foi Ptolomeu quem importou os camelos que hoje são parte indissociável da paisagem egípcia.

Ele se tornou conhecido por casar com sua irmã Arsinoe, que procurou se mostrar como uma encarnação da deusa Isis.

Ptolomeu II faleceu e foi sepultado em Alexandria (provavelmente).

Octadracma com a efígie de Ptolomeu III

Ptolomeu III Euergeter I - conhecido como Benfeitor, era filho de Ptolomeu Philadelpho com Arsinoe sua primeira esposa. Ao subir ao trono, Ptolomeu III tomou o nome egípcio Iwaennetjerwysenwy Sekhemankhre Setepamun, que significa Herdeiro dos (dois) deuses benéficos, Escolhido de Ptah, Poderosa á alma de Ra, Imagem viva de Amon.

Ele casou com uma mulher chamada Berenice mas sua irmã também era chamada Berenice. Sua esposa Berenice ficou à frente do governo do Egito enquanto o rei foi para a guerra. Ela é conhecida como Berenice II filha do rei Magas de Cirene e era habituada às batalhas, ela comandava uma equipe na corrida de bigas (carruagem) vitoriosa em Neméia. Calimachus fez um poema a respeito The Lock of Berenike.

Berenice II

Ptolomeu III teve problemas no Egito mas, através do Decreto Canopus o clero egípcio faz uma homenagem ao rei e sua esposa por sua contribuição ao culto egípcio, especialmente àqueles que envolviam animais sagrados (como o Boi Ápis e Mnevis) e por manter a paz através de um sistema forte de defesa e pelo bom governo. Um exemplo do bom governo, foi a preocupação de Ptolomeu III em importar por conta do governo, os grãos para alimentar a população quando a fraca enchente do Nilo ameaçou o país com a fome. Esse decreto, assim como a Pedra de Rosetta está inscrito em hieróglifos, demótico e grego.

Como no reinado de seu pai, no governo de Ptolomeu III o Egito prosperou e se expandiu. Ele prosseguiu os trabalhos em Alexandria, ordenou que todos os manuscritos descarregados nas docas de Alexandria, fossem apreendidos para que fossem feitas cópias. A Biblioteca ficava com os originais (marcados dos navios) enquanto que os proprietários ficavam com as cópias. Ele também pegou emprestado em Atenas os originais dos três grandes escritores, Ésquilo, Sófocles e Eurípides, dizendo que era para corrigir os textos na Biblioteca. Para isso, teve que fazer um depósito de grande valor, mas uma vez que pegou os originais decidiu abandonar o depósito e ficar com os manuscritos.

Ao falecer deve ter sido sepultado em Alexandria, na necrópole real.

Cabeça de Ptolomeu IV, mármore

Ptolomeu IV Philopator I - ao assumir o trono, usou o nome egípcio Iwaennetjerwy-menkhwy Setepptah Userkare Sekhemankhamun, que significa Herdeiro dos (dois) deuses benéficos, Escolhido de Ptah, Poderosa é a alma de Ra, Imagem viva de Amon.

Os Ptolomeus governaram o Egito como se o país fosse sua propriedade privada, mas, mesmo assim conseguiram bons resultados, pelo menos em Alexandria. O povo egípcio os suportava porque não havia nada que pudessem fazer a respeito, embora quando sentiam alguma fraqueza, explodiam em rebeliões na tentativa de restabelecer as tradições e o governo sob um egípcio, mantendo o centro do poder em Mênfis.

Do governo de Ptolomeu IV em diante, podemos notar um declínio geral. Na administração, as intrigas, os reveses militares e as crises econômicas.

Este Ptolomeu levou uma vida dissoluta, seu cúmplice, Sosibius, se tornou indispensável. Talvez até influenciado por ele, Ptolomeu mandou envenenar e escaldar sua mãe e seu irmão Magus.

Ptolomeu teve problemas com os sírios, sob o comando de Antiochus III. Então, formou um grande exército de mercenários estrangeiros e acompanhado de sua irmã mais nova, Arsinoe, partiu para a guerra. Ptolomeu foi vitorioso mas na verdade, não ganhou muito com essa vitória, apenas, para o bem ou para o mal, um exército muito bem treinado.

Quando voltou ao Egito, Ptolomeu casou com sua irmã e após sete anos ela lhe deu um herdeiro para o trono egípcio. O problema é que nessa altura, Ptolomeu já estava apaixonado por outra, Agathoclea que se tornou sua amante. Ela e o irmão dela, Agathocles encorajavam os vícios do rei.

As tropas egípcias, bem treinadas agora, se rebelaram e conseguiram a libertação do sul do país, que pelo menos por algum tempo, foi governado por um rei nativo. Isso criou mais um problema para Ptolomeu IV, porque precisava dos mercenários para defendê-lo e para isso tinha que ter como pagá-los. A situação econômica estava cada vez pior.

No quesito artes, Ptolomeu IV não ficou atrás de seus antecessores, embora fosse um amador, ele escreveu uma tragédia chamada Adonis. Também fundou o Homereion, um templo em homenagem a Homero, em cujo interior havia uma estátua do poeta circundado por figuras que representavam as cidades que clamavam para si a honra de ter sido o local de nascimento de Homero.

Ele fez obras no Templo de Isis em Philae, em Tanis, no templo de Montu em Medamud, no templo ptolemaico de Hathor, no templo de Khonsu em Karnak e no templo de Hórus em Edfu.

Ptolomeu IV deve ter sido sepultado em Alexandria. Acredita-se que Arsinoe permaneceu sendo sua esposa e seu filho Ptolomeu V era uma criança. Ela queria o poder como regente do filho, mas, Sosibius e Agathocles também queriam. Eles provavelmente mataram Arsinoe e Sosibius desapareceu da história, não se sabe o que lhe aconteceu. Agathocles ficou sendo regente usando um testamento forjado de Ptolomeu IV.

De qualquer maneira o povo não aceitou a situação e ele foi linchado pela multidão, que estava mais politizada e foi atrás dos parentes e cúmplices de Agathocles.

Tetradracma com a efígie de Ptolomeu V

Ptolomeu V Epiphanes - sem dúvida a vida foi difícil para Ptolomeu V. Seu pai, Ptolomeu IV morreu aos 41 anos após uma vida dissoluta. Sua mãe foi assassinada pelos conselheiros de seu pai (Agathocles e Sosibius), que foram as pessoas designadas para cuidarem do herdeiro que tinha apenas cinco anos de idade.

O povo ao descobrir o assassinato de Arsinoe (mãe do herdeiro) linchou Agathocles, e Sosibius desapareceu não se sabe como. Acontece que o menino foi criado por um conselheiro ambicioso atrás do outro.

Ptolomeu IV já havia deixado como herança muitos problemas políticos e sociais e agora os problemas aumentavam, com o Alto Egito em plena ebulição. Com uma série de reis verdadeiramente egípcios, o Alto Egito já se portava como independente, impedindo o governo de Alexandria de receber tributos, que muito faziam falta para pagar os mercenários do exército que lutavam contra os rebeldes.

Foi por esse motivo que decidiram coroar o jovem herdeiro quando fizesse doze anos, em Mênfis. Ele foi o primeiro Ptolomeu a ser coroado em Mênfis e deu inicio à tradição.

Ptolomeu V usou o nome egípcio Iwaennetjerwy-merwyitu Setepptah Userkare Sekhem-ankhamun, o mesmo que seu pai e que significa Herdeiro dos (dois) deuses benéficos, Escolhido de Ptah, Poderosa é a alma de Ra, Imagem viva de Amon.

Tudo isso foi registrado pelos sacerdotes de Mênfis e inscrito em hieróglifos, demótico e grego numa pedra, a famosa Pedra de Rosetta encontrada em 1799 e que permitiu que Jean-François Champollion decifrasse a escrita hieroglífica.

Durante o governo de Ptolomeu V o Egito perdeu as terras conquistadas, enfrentou revoltas no sul e também fases de fome com baixa inundação do Nilo.

Ptolomeu V casou com a filha de Antiochus o Grande. Seu nome era Cleópatra (foi a primeira Cleópatra) e deu a ele dois filhos e uma filha.

Ptolomeu V faleceu com vinte e oito anos, muitos dizem que ele foi envenenado. Antes de sua morte ele conseguiu retomar o sul do Egito de Ankhwennefer e acabou com as rebeliões no Delta, deixando um governo fraco mas estável para sua esposa Cleópatra governar como regente de seu herdeiro Ptolomeu VI, Philometor.

O rei Ptolomeu V foi sepultado provavelmente em Alexandria, mas sua tumba nunca foi encontrada.

Fragmento de dedicatória a Ptolomeu VI encontrado em Horbeit 1907

Ptolomeu VI Philometor - após a morte de seu pai, Ptolomeu V, quem ficou como regente foi sua mãe Cleópatra filha de Antiochus III o Grande. Ptolomeu VI era muito criança ainda. Logo depois, sua mãe faleceu e dois espertos conselheiros, tomaram conta do herdeiro como aconteceu com seu pai quando criança. Um eunuco, Eulaeus e um ex-escravo sírio Lenaeus se apropriaram do governo e assumiram o lugar de regentes.

Quando de fato ocupou o trono, ele tomou o nome de Iwa-en-netjerwy-per Setep-en-Ptah-khepri Ir-maat-en-amun-re, que significa, Herdeiro das (duas) casas dos deuses, Escolhido de Ptah, A verdade é a forma de Amon-Ra.

Casou-se com sua irmã, outra Cleópatra (II) e tomou como co-regente, seu irmão, Ptolomeu VII Euergetes II.

Quando Antiochus IV entrou pelo Delta do Egito com suas tropas e cercou as muralhas de Alexandria, o jovem rei precisou pedir ajuda a Roma. Esse foi o primeiro passo dado para ficar sempre dependente. A partir desse momento, o Egito estava sujeito às ordens de Roma para, em troca poder contar com suporte militar.

Foi decidido que Ptolomeu Philometor reinaria na velha capital, Mênfis (protegido por Antiochus), enquanto que seu irmão Eugertes, pediu ajuda a Roma e passou a reinar em Alexandria ao lado de sua irmã. O fato é que a força de Antiochus ainda era grande dentro do Egito.

A situação já era insustentável quando Roma enviou os representantes do Senado para confrontar Antiochus IV. Mandaram-no abandonar o Egito e ele não teve saída senão concordar com as ordens, afinal Roma era a maior potência na época.

A situação entre os dois irmãos se tornou impossível, Ptolomeu VI não conseguia mais suportar as maquinações do irmão. Assim, ele foi para Chipre onde formou uma base, a espera de solução. Em Alexandria, pediam seu retorno.

Assim, com a mediação de Roma, os dois irmãos resolveram que Ptolomeu VI ficaria com o Egito enquanto seu irmão ficaria com a província da Cirenaica. Ainda assim as confusões entre os dois prosseguiram a ponto de Ptolomeu VI tentar assassinar o irmão, o que não conseguiu.

Finalmente, talvez com medo da reação de Roma, Ptolomeu VI ofereceu sua filha Cleópatra Thea como esposa para seu irmão.

Ptolomeu foi ferido numa batalha e faleceu dois dias depois. Provavelmente foi sepultado em Alexandria. Sua viúva Cleópatra II ficou em Alexandria como regente do herdeiro Ptolomeu VII Neos Philopator.

Ptolomeu VII Neos Philopator - filho de Ptolomeu VI e Cleópatra II. Quando seu pai morreu ele tinha por volta de dezesseis anos e tinha sido co-regente de seu pai no mesmo ano. > Seu grande problema era seu tio Ptolomeu VIII Eugergetes II (passou para Ptolomeu VIII porque o herdeiro ficou como Ptolomeu VII). Esse tio não só queria o trono como também tinha uma certa força. O problema é que ele não conseguiu tirar Cleópatra do caminho, então o melhor a fazer era casar-se com ela. Assim ele fez e na festa do casamento, o herdeiro do trono foi assassinado.

Estela de Ptolomeu VIII

Ptolomeu VIII Euergetes II - foi um rei aparentemente detestado, chamado de tirânico e repulsivo. Parte de sua história está contada no tópico relativo ao seu irmão Ptolomeu VI.

Ele se juntou a Demetrius II na Síria, com um exército de mercenários e viu a chance de retomar o Egito. Cleópatra, que protegia seu filho, o herdeiro, Ptolomeu VII, precisou fugir para Mênfis. Finalmente ela cedeu e aceitou casar-se com Ptolomeu VIII para proteger o filho. Alguns contam que Ptolomeu VIII mandou assassinar o filho de Cleópatra II na festa do casamento, outros, que assim que teve um herdeiro seu, ele mandou assassinar o sobrinho.

Ptolomeu VIII se apaixonou pela sobrinha chamada Cleópatra III, filha de Cleópatra II. A sobrinha aceitou a ligação com ele, desde que pudesse também ser rainha. Portanto, a mãe e a filha, irmã e sobrinha de Euergetes se tornaram as rainhas Cleópatra II e III ao mesmo tempo.

Pode se imaginar que Cleópatra II, que já o detestava pela morte do filho ficou mais furiosa ainda. O povo de Alexandria gostava de Cleópatra tanto quanto odiava Ptolomeu VIII e logo estava nas ruas em busca do sangue do rei.

Ptolomeu VIII fugiu para Chipre levando a jovem Cleópatra III, seus dois filhos e seu filho com Cleópatra II.

Cleópatra II reinava no Egito como Cleópatra Philometor Soteira. Ptolomeu, estava tão enlouquecido (no sentido médico da palavra) que, para se vingar da irmã e do povo de Alexandria, que destruiu suas estátuas e suas memórias, matou seu próprio filho Memphites (com Cleópatra II) e mandou o corpo desmembrado de presente para a mãe no dia do aniversário dela.

Uma parte do Egito era a favor de Ptolomeu VIII, enquanto Alexandria estava o lado de Cleópatra II. Isso deflagrou uma guerra civil e Cleópatra teve que fugir para Síria. Ptolomeu VIII então se vingou da cidade de Alexandria de maneira sangrenta.

Mais tarde Cleópatra II retornou ao Egito embora não se saiba o que aconteceu com ela. Talvez ela tenha morrido antes do rei, quem herdou o trono foi sua filha e esposa de Ptolomeu VIII Cleópatra III, cumprindo o desejo de seu marido, o rei.

Busto de Cleópatra II ou III

Ptolomeu IX ou Sóter II Látiro Cleópatra III e Ptolomeu IX Soter II (Lathyros)

Cleópatra III era sobrinha e esposa de Ptolomeu VIII e casou-se com ele quando ainda era casado com a mãe dela. Cleópatra III lhe deu dois filhos, Ptolomeu IX, Philometor Soter II e Ptolomeu X, Alexandre I, assim como três filhas - Cleópatra IV, Cleópatra Tryphaena, e Cleópatra Selene.

Ao falecer, Ptolomeu VIII deixou o trono para Cleópatra e o filho que ela preferisse. Ela detestava Látiro e escolheu o mais novo, Alexandre. O povo de Alexandria preferia Látiro, que era nessa altura, governador de Chipre.

Então, Látiro veio para o Egito e seu irmão, Alexandre foi mandado para Chipre para ocupar o lugar de governador.

Látiro se casou com sua irmã, Cleópatra IV mas, a mãe deles não aceitou o casamento e trocou as esposas. Substituiu Cleópatra IV por Cleópatra Selene, que era irmã de Cleópatra IV.

Cleópatra IV foi para Chipre e tentou casar com Ptolomeu Alexandre e formar um exército. O exército ela conseguiu mas não o casamento. Então, ela partiu para Síria onde usou seu exército como dote e casou com Antiochus IX Cyzicenus.

Cleópatra III, por sua vez, acusou seu filho Látiro de tentar matá-la e ele teve que fugir, deixando para trás sua esposa e dois filhos. Seu irmão Alexandre, voltou de Chipre e assumiu o trono. Látiro ficou em Chipre.

Após a morte de Alexandre numa batalha, Látiro (com mais de cinqüenta anos) voltou para Alexandria para manter o trono dos Ptolomeus.

Parece que ambos os seus filhos já haviam morrido e portanto ele não tinha herdeiros. Quando faleceu aos sessenta e dois anos, deixou apenas uma filha, Cleópatra Berenice que governou sozinha por um tempo.

Ptolomeu X Alexandre I Cleópatra III e Ptolomeu X Alexandre I

Ele governou quando sua mãe Cleópatra III (que o queria como rei) acusou seu filho mais velho Ptolomeu IX Soter II (Látiro) de tentar assassiná-la.

Isso obrigou Látiro a fugir para Chipre e seu irmão, que era o governador de Chipre voltou para o Egito para governar junto com sua mãe.

Cleópatra logo se cansou dele e o forçou a fugir de Alexandria. Alexandre depois voltou na intenção de uma fingida reconciliação e tratou de mandar assassinar a mãe.

Alexandre morreu numa batalha naval.

Período greco-romano/Dinastia do Período greco-romano/Dinastia Ptolemaica (segunda parte)

Dinastia Ptolemaica

Segunda parte da dinastia Ptolemaica[editar | editar código-fonte]

moeda com a efígie de Cleópatra VII
  • Cleópatra Berenice
  • Ptolomeu XI Alexander II
  • Ptolomeu XII Neos Dionysos
  • Berenice IV
  • Ptolomeu XIII
  • Ptolomeu XIV
  • Ptolomeu XV Cesarion
  • Cleópatra VII Philopátor
  • Cleópatra Berenice

Era filha de Látiro, Ptolomeu IX, Soter II e casada com Ptolomeu X Alexandre I. Após a morte de Alexandre ela governou o Egito durante um ano sozinha.

Foi forçada a casar com seu enteado ou possivelmente filho. Dezenove dias após o casamento, Ptolomeu XI assassinou a esposa.

  • Ptolomeu XI Alexandre II

Era filho de Ptolomeu X Alexandre I. Após a morte de seu tio Ptolomeu IX Soter II (Látiro), sua mãe ou mãe adotiva Cleópatra Berenice reinou sozinha por um ano.

Ptolomeu foi obrigado a casar com ela e após dezenove dias de casado, mandou assassiná-la.

Pelo crime ele foi linchado pelo povo de Alexandria que gostava muito de Cleópatra Berenice.

Ptolomeu XII
  • Ptolomeu XII Neos Dionysos

Esse Ptolomeu era filho ilegítimo de Látiro, Ptolomeu IX Soter II. Ele foi chamado de Bastardo ou Tocador de Flauta (Auletes).

O nome que ele mesmo escolheu era Theos Philopator Philadelphos Neos Dionysos. Apenas nos livros de História ele é chamado de Ptolomeu XII.

Casou com sua irmã Cleópatra V Tryphaena e foi o pai da mais famosa Cleópatra, a de número VII que é referencia para muitas pessoas que conhecem pouco a história do Egito.

Ele foi corajoso ou louco o bastante para enfrentar César que era o novo cônsul de Roma. Foi expulso de Alexandria e deixou como co-regentes, sua esposa Cleópatra V e a filha mais velha dos dois, Berenice IV.

Cleópatra V morreu um ano depois e Berenice IV governou sozinha. Ela foi obrigada a casar com Seleucus Kybiosaktes mas logo depois mandou estrangulá-lo.

Auletes ganhou o direito de retornar ao Egito pagando muito dinheiro a Roma e governou até sua morte. Ao morrer deixou o trono para sua filha Cleópatra VII.

  • Berenice IV

Era a filha mais velha de Ptolomeu XII Neos Dionysos, reinou durante três anos enquanto o pai esteve exilado. Primeiro foi co-regente com sua mãe Cleópatra V Tryphaena mas a mãe faleceu um ano depois.

Berenice reinou a partir de então sozinha. Casou-se obrigada com Seleucus Kybiosaktes, mas pouco tempo depois mandou estrangular o marido.

Templo de Dendera, Cleópatra e Cesarion

Seu segundo marido foi Archelaus, cujo exército foi derrotado por Pompeu. Por sugestão de Pompeu e muito dinheiro, Auletes conseguiu retornar ao Egito.

Um dos seus primeiros atos ao retornar ao país foi mandar executar a filha Berenice.

Os Ptolomeus abaixo estão todos relacionados a Cleópatra Philopator ou Cleópatra VII portanto há um adendo para ela.

  • Ptolomeu XIII Neo Dionísio
  • Cleópatra VII

Filho de Ptolomeu XII e casado com Cleópatra VII Philopator.

Na morte do pai ele se encontrava sob a tutela do general romano Pompeu e estava completamente obscurecido por sua célebre irmã e esposa, Cleópatra.

Ptolomeu XIII morreu afogado, acidentalmente, no Nilo quando em combate contra as tropas de Júlio César.

  • Ptolomeu XIV Theo Filopátor II
  • Cleópatra VII

Filho de Ptolomeu XII, conhecido como o Infante, que governou o Egito com Cleópatra VII Philopator .

Sua misteriosa morte deixou o trono para o filho de Cleópatra com Júlio César, Ptolomeu Cesarion.

  • Ptolomeu Philopátor Philométor Cesário, também chamado Cesarion ou Ptolomeu XV Cesário
  • Cleópatra VII

Filho de Júlio César e Cleópatra VII, com ela reinou durante pouco tempo no Egito. Foi morto por ordem de Augusto aos dezessete anos.

Antes de morrer Cleópatra tinha mandado o filho para Berenice, cidade portuária egípcia às margens do mar Vermelho. Otávio Augusto, no entanto, conseguiu atraí-lo para Alexandria, onde foi preso e executado no mesmo ano, assim o Egito se tornou definitivamente uma província do Império Romano.

Cleópatra VII
  • Cleópatra VII Philopátor

É a mais famosa rainha do Egito até porque foi personagem de filmes muito famosos e assim ficou na imaginação popular.

Mas, o fato é que foi uma mulher polêmica, aparentemente inteligente e corajosa e carrega o título de última rainha do Egito, embora o Egito já não fosse mais o mesmo dos tempos mais antigos. A dinastia dos Ptolomeus não lembra em nada as dinastias dos tempos áureos do Egito Antigo.

Quando Ptolomeu Auletes morreu, deixou o trono em testamento para sua filha de dezoito anos, Cleópatra VII junto com seu irmão Ptolomeu XIII que tinha então, doze anos.

Cleópatra tinha duas irmãs mais velhas Cleópatra VI e Berenice IV assim como uma irmã mais nova, Arsinoe IV. Também tinha dois irmãos mais novos, Ptolomeu XIII e Ptolomeu XIV. Acredita-se que Cleópatra VI morreu ainda criança.

Quando Ptolomeu Auletes faleceu quem ficou com guarda das crianças foi o general romano Pompeu.

De acordo com a lei, Cleópatra tinha que se casar com seu irmão. Assim ela o fez, casando com seu irmão mais novo Ptolomeu XIII, mas tão logo pode, tirou o nome dele de todos os documentos oficiais.

No momento histórico em que ela se transformou em co-regente do Egito, o país já estava em agonia. Já havia perdido suas possessões, havia anarquia e fome.

Os romanos preferiam que reinasse seu irmão porque além de mais jovem ele era mais fácil de ser dominado. Então, formaram um conselho de regência, mas Cleópatra fugiu de Alexandria.

Ela se juntou aos seus simpatizantes e começou a formar um exército com tribos árabes. Cleópatra junto com sua irmã Arsinoe foram para a Síria, presume-se que sua base era em Askelon.

O general Pompeu, naquela altura, tinha sido derrotado em batalha e procurou refúgio em Alexandria com Ptolomeu XIII, uma vez que havia sido seu tutor. Mas, ele não imaginava o que aconteceria. Assim que desembarcou foi assassinado e Ptolomeu XIII que estava nas docas, assistiu a tudo.

Foi esse o motivo que levou César a Alexandria. Cercado por soldados e cavalaria ele desembarcou. Houve rebeliões na cidade e Ptolomeu XIII fugiu para Pelusium, deixando o trono do Egito vazio.

Busto de Júlio César

César então se apossou do palácio e do trono passando a dar as ordens. O eunuco Pothinus trouxe Ptolomeu de volta para Alexandria para uma reunião com César. Cleópatra sabendo disso não queria ficar de fora.

É nessa altura que temos a famosa cena do tapete. Conta a história que Cleópatra se fez enrolar num tapete que foi enviado a César. Assim eles se conheceram e se tornaram amantes.

Ptolomeu XIII foi preso no palácio e César pretendia fazer de Cleópatra governante de Alexandria pensando que ela seria um fantoche de Roma.

Pothinus convocou o exército de Ptolomeu para cercar César em Alexandria e nessa guerra algumas partes da Biblioteca de Alexandria foram queimadas. César capturou o Farol de Alexandria e manteve o controle do porto.

A irmã de Cleópatra, Arsinoe, fugiu do palácio e foi encontrar com Achillas. Ela foi proclamada rainha da Macedônia pelo exército e pelo povo macedônio, Cleópatra jamais perdoou a irmã.

Durante essa guerra César matou Pothinus e Achillas foi morto por Ganimedes. Ptolomeu XIII se afogou no Nilo ao tentar fugir. Agora Cleópatra era a governante absoluta do Egito.

Nessa altura ela precisava casar com seu irmão Ptolomeu XIV que tinha apenas onze anos. Era importante agradar ao povo e aos sacerdotes e foi o que ela fez.

César talvez gostasse de Cleópatra, mas principalmente, estava extremamente interessado no Egito e suas vastas riquezas. De qualquer maneira Cleópatra logo ficou grávida e ele achou ótimo ter um filho para herdar o Egito.

O filho deles nasceu em Junho de 47 a.C. e foi chamado Ptolomeu Philopátor Philométor Cesário.

Ao voltar para Roma, César levou com ele Cleópatra e o filho dos dois. Os republicanos conservadores ficaram muito ofendidos com tal situação.

Havia um abismo entre os modos de Cleópatra e o que seria aceitável em Roma. Ela foi motivo de zombaria, mas César parecia não se importar e chamava Cesarion de filho abertamente. Muitos não aceitavam o fato de que ele planejava casar-se com Cleópatra embora as leis não aceitassem a bigamia e nem casamentos com estrangeiros.

Quando César foi assassinado, Cleópatra fugiu de Roma e retornou a Alexandria, nem ela e nem seu filho haviam sido mencionados no testamento de César e suas vidas estavam em perigo.

Em Alexandria, ela mandou assassinar Ptolomeu XIV e estabeleceu seu filho Cesarion como co-regente. Ele tinha apenas quatro anos. O Egito sofria com pragas e fome. As colheitas eram poucas e as inundações do Nilo baixas, os canais de irrigação estavam mal cuidados, praticamente abandonados.

Cleópatra ficou no governo do Egito observando o desenrolar da política romana. Precisava saber quem seria o próximo governante poderoso entre Marco Antonio, Otávio e Lépido, para poder fazer sua próxima jogada. O problema é que ela apostou no homem errado.

Busto de Marco Antonio

Marco Antonio era conhecido pelo seu gosto pelas mulheres e pela bebida e por sua vulgaridade e ambição. Foi nele que Cleópatra apostou. O Egito estava com a economia praticamente em colapso e ela foi convidada para se encontrar com Marco Antonio em Tarso. Assim mesmo fez uma chegada teatral cheia de pompa, vestida de Afrodite, a deusa do amor.

Marco Antonio logo foi atraído por ela, gostou da idéia de ter uma mulher de sangue real e assim se tornaram amantes. Depois que Marco Antonio retornou para Roma e sua esposa Fulvia faleceu, ele quis ajeitar as coisas com Otávio e casou com sua irmã, Otávia.

Nesse meio tempo, no Egito, Cleópatra teve gêmeos de Marco Antonio, um menino e uma menina. Em Roma, Otávia teve uma menina e Marco Antonio começou a avaliar a possibilidade de ter um herdeiro para o Egito dos Ptolomeus. Otávia teve outra menina e ele deixou-a em Roma e foi para o Egito.

Os gêmeos foram reconhecidos oficialmente por Marco Antonio e foram chamados Alexander Helios e Cleópatra Selene. Mais tarde os dois tiveram mais um filho e Cleópatra sempre lhe deu suporte ganhando ou perdendo as batalhas que lutou.

Otávia também sempre foi fiel a Marco Antonio mesmo passando por todos esses acontecimentos, mas em 31 a.C. ele pediu o divórcio e isso forçou o Ocidente a reconhecer seu relacionamento com Cleópatra. Foi dessa forma que sua aliança com Roma terminou oficialmente e esse fato permitiu que Otávio declarasse guerra a Cleópatra.

Em Accio, a frota de Otávio sofreu muitos danos, mas seu almirante Agripa conseguiu derrotar Marco Antonio. Após a derrota, Marco Antonio cometeu suicídio.

Cleópatra foi levada até Otávio que não estava nem um pouco interessado nela. Não tinha nenhum interesse em qualquer negociação, reconciliação ou qualquer outro relacionamento com a Rainha do Egito. Ela seria mostrada ao povo como escrava, como um troféu de batalha.

Ao perceber que não tinha saída, Cleópatra cometeu suicídio sendo picada por uma áspide ou uma naja, não se sabe ao certo. Estava com trinta e nove anos.

Após a morte de Cleópatra, Cesarion foi estrangulado e os outros filhos dela possivelmente foram criados por Otávia.

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • A Maldição dos Faraós - livro editado pela National Geographic – Zahi Hawass
  • O ouro dos faraós – Biblioteca Egito – Ed. Folio - H. W. Muller e E. Thiem (fotos de jóias de períodos variados inclusive das pulseiras da tumba de Djer)