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* E. BADIAN, Publicans and sinners. Private Entreprise in the Service of the Roman Republic: Oxford, 1972;
* E. BADIAN, Publicans and sinners. Private Entreprise in the Service of the Roman Republic: Oxford, 1972;
* STANLEY F. BONNER, Education in Ancient Rome, Londres 1977.
* STANLEY F. BONNER, Education in Ancient Rome, Londres 1977.
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Revisão das 03h13min de 6 de março de 2012

A educação romana

Apesar de todos os seus defeitos e até, por vezes, dos vícios, da cobardia, da complacência para com os Príncipes (mas que fazer contra um senhor que dispõe de toda a forca?), o Senado, no Império, contribuiu para manter os antigos valores morais. Mesmo depois de a aristocracia verdadeiramente romana ter desaparecido, as elites provinciais que a substituíram empenharam-se em perpetuar um ideal que, para elas, era inseparável do nome romano. No tempo de Domiciano e de Trajano, os dois novos-ricos Plinio, o Moço, e Tácito, dois cisalpinos (a origem do primeiro é conhecida, a do segundo é apenas objeto de conjectura), mostravam-se mais intransigentes no respeito pela tradição do que os últimos representantes das famílias celebres desde o tempo de Aníbal. Este sentimento decorria sem dúvida da admiração que lhes inspiravam o passado de Roma e as tradições provinciais da sua pequena cidade, muitas vezes assentes num ideal próximo do dos Romanos, mas também ihes era transmitido pelo ensino dos retóricos e dos filósofos. Jovens, tinham celebrado nas suas declamações as virtudes de Fabrício, de Fabio, o Temporizador, de Cipião, amaldiçoando os Gracos, acusando Catilina.

Os antigos valores morais impuseram-se-lhes no tempo da escola e o ensino dos filósofos veio confirmar aquilo que se tinham habituado a considerar um ideal natural do homem. A influência do ensino foi certamente um dos fatores que mais contribuíram para estabilizar e conservar o espírito romano tradicional. Dirigindo-se sobretudo aos filhos das classes "esclarecidas", formava os futuros governadores de província, os grandes administradores, os chefes militares, os juízes, todos os homens que um dia entrariam no Senado para representarem a elite do Império. Os senadores, impregnados de Tito Livio, de Virgilio, para quem o ideal romano tradicional se aliava à espiritualidade helênica, não podiam deixar de traduzir na prática - isto é, na própria administração do mundo - esse humanismo iluminado que acabara, lentamente, por se libertar dos antigos constrangimentos da cidade e que se perpetuou até aos nossos dias.

Para este escol do humanismo romano, o fim essencial do homem era a sabedoria, o aperfeiçoamento interior que conduzia à pratica das grandes virtudes de justiça, de energia, de coragem perante a morte - e não nos faltam exemplos comprovativos de que foram efetivamente praticadas. O lugar dos deuses, neste ideal, e o que lhes é apontado pelos filósofos: a minúcia das práticas religiosas é respeitável na medida em que cabe a ordem da cidade e contribui para manter a coesão social; algumas delas possuem um valor inegável porque respondem a determinadas exigências divinas, como a oração, "proferida de coração puro", o sacrifício, que é a oferta voluntária, a homenagem livremente prestada pela criatura ao Criador. De resto, este racionalismo moral na o exclui a crença no sobrenatural: Plinio, o Moço, conta imperturbavelmente as mais incríveis histórias de fantasmas, cita coincidências fantásticas e bons espíritos acreditam firmemente na influência dos astros sobre os destinos e as almas dos seres humanos. Estoicismo e platonismo estão de acordo em estabelecer constantemente trocas entre o divino e o humano. As divindades da religião oficial são aceitas a titulo de símbolos ou de aproximações. Os próprios epicuristas, indevidamente acusados de ateismo, apresentam-nas como símbolos da felicidade suprema e pensam que a suã contemplação serena pode contribuir para conduzir a alma à felicidade. Quanto ao resto daquilo que, boje, e considerado a força da religião, o problema da sobrevivência e do além, fica ao cuidado de cada um: o reconhecimento do divino não implica então, de modo algum, que se acredite na persistência da pessoa depois da dissolução do corpo. As doutrinas mais espiritualistas aceitam a divinização da alma liberta do invólucro terrestre: a alma suficientemente purificada pela prática da virtude, suficientemente disciplinada para ter distinguido e desenvolvido dentro de si os germes do divino, voara para as altas esferas do céu e contemplará as verdades eternas. Veja mais...

Referências Bibliográficas

  • A. GWYNN, Roman Education from Cicero to Quintilian, Oxford, 1926;
  • A. M. DUFF, Freedmen in the Early Roman Empire: Oxford, 1928;
  • E. BADIAN, Publicans and sinners. Private Entreprise in the Service of the Roman Republic: Oxford, 1972;
  • STANLEY F. BONNER, Education in Ancient Rome, Londres 1977.