Civilização Egípcia/Período dinástico antigo: diferenças entre revisões

Origem: Wikilivros, livros abertos por um mundo aberto.
[edição não verificada][edição não verificada]
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
→‎Faraós da primeira dinastia: Refazendo falta acabar...
Linha 171: Linha 171:
*Mâneton o chama de Athothis (embora alguns digam que ele era Kentekenes)
*Mâneton o chama de Athothis (embora alguns digam que ele era Kentekenes)
*Listas de reis – Meni, Teti, Iti.
*Listas de reis – Meni, Teti, Iti.
[[Image:Egypte louvre 290.jpg|thumb|100px|left|Estela de Djet no Louvre]]
*Nome – Iti
'''*Djet (Hórus cobra ou Hórus que ataca)'''
É muito provável que fosse o filho de Djer, embora não existam evidencias de que a rainha Merneith tenha sido sua esposa, é praticamente certo que ela foi a mãe de seu sucessor, Den. <br>
Este faraó deixou poucos registros de sua existência, a não ser por sua tumba em Abidos, onde foi encontrado um belo serekh trazendo o nome do rei. Parece que sua tumba (juntamente com outras da mesma dinastia) foi queimada intencionalmente em algum ponto da história do Egito e mais tarde foi recuperada por causa da associação ao culto de Osíris. <br>
'''Nomes:''' <br>
*Mâneton o chama Wenefes
*Listas de reis – Itiu, Itiui, Ata, Iti


-------------


''*Rainha Merneith (a amada de Neith)'' <br>
Uma das personagens mais discutidas do período dinástico antigo. De certo ela foi a mãe de Hórus Den, conforme se vê num selo encontrado na tumba T de Umm El Qa´ab. Seu nome está ao lado do nome de Den e é possível que ela fosse a esposa de Djet. <br>
Sua tumba em Abidos (Y) fica perto da de Djet (Z), do lado de fora desta tumba foi encontrada uma estela, em 1900 por ''Fliders Petrie'', que, a principio se acreditou fosse de um governante masculino.<br>
A mastaba 3503 em Saqara é a única que pode ser, de fato, atribuída a ela, os selos trazem o nome de Den. <br>
Se de fato ela reinou, foi a primeira mulher a governar o Egito, não se sabe se governou sozinha ou se junto com Djet (caso ele fosse seu marido) e depois da morte dele ficou como regente do filho Den. <br>
Seu nome não consta das conhecidas listas de reis, além da lista de Den, mas Mâneton registra oito faraós na 1ª dinastia, o que confere se adicionarmos Merneith, mas não fica correto se Narmer for o primeiro rei da 1ª dinastia. <br>
De qualquer maneira não há um serekh que possa atestar sua posição como governante, se ela está na lista de Den, uma lista similar datada do reinado de Qa´a omite a rainha. <br>


'''*Den (Hórus que golpeia)'''


Foi um dos governantes mais importantes deste período. Seu reinado é marcado por um grande desenvolvimento na arquitetura funerária e pelo progresso do estado, na administração, economia, artesanato, religião. Mais de 30 mastabas foram erguidas em Saqara e Abu Rawash durante o seu reinado, por funcionários de todos os tipos, isso é sinal de uma administração próspera e forte. <br>
[[File:IvoryLabelOfDen-BritishMuseum-August19-08.jpg|thumb|150px|right|Hórus Den]]
Assim como Djer, parece que Den também foi médico e um dos estudos que se acredita seja de sua autoria, versa sobre o tratamento de fraturas. <br>
Den está registrado em numerosos objetos e fragmentos. Um selo de marfim encontrado em Abidos, mostra Den atacando um prisioneiro asiático. Seu nome aparece no serekh encimado por Hórus, mas há na frente da cena a representação de Seth como animal (chacal). <br>
Este faraó foi o primeiro de uma série de eventos como, o primeiro a adotar o nome ''Nebty'' ou Duas Senhoras, o primeiro a ser representado usando a coroa dupla, o primeiro a incorporar uma longa escadaria em sua tumba e foi o criador da posição de vizir para o Baixo Egito (ocupada por um homem de nome Hemaka, cuja tumba, muito rica, está em Saqara). Também é creditado a ele o primeiro censo no Egito, ''contando todas as pessoas do norte, leste e oeste'' para determinar os impostos. <br>
'''Nomes:'''
*Mâneton o chama Usaphaidos
*Listas de reis - Septi, Semti, Kenti, Udimu
*Nome Nebty - Nebty Khasti, Nebty Chasti, ''Nebty, o homem do deserto''


'''*Anedjib (valente é o seu coração)'''


Assim como seu pai, Den, este faraó também usou a coroa dupla que representa o poder sobre as duas terras, o Alto e o Baixo Egito. Porém, há dúvidas se ele de fato controlou o norte do país, há evidencias de rebeliões. <br>
Como maneira de legitimar seu poder, ele começou a usar o título '''Os Dois Senhores''', talvez para reforçar o fato de reinar sobre todo país ainda que o povo se dividisse entre Hórus e Seth. Esse título reúne os dois antagonistas na pessoa do rei. <br>
Anedjib casou com a rainha Betrest que era descendente da linha de reis menfitas, o que deu a ele a legitimidade. Pode ser que ele não fosse filho legítimo de Den, então precisasse casar com uma princesa de sangue real. Há teorias de que ele foi um usurpador e por esse motivo, seus monumentos tiveram seus títulos e nome raspados pelo seu sucessor. <br>
'''Nomes:'''
*Mâneton o chama Meibidos, Neibais, Miebis, Miebidos
*Listas de reis – Merbap, Mer-bja-pen, Mer-bja-pe
*Nome Nebty - Nebty Mer... ou Mer-spt-bja


[[File:SemerkhetIvoryLabel-BritishMuseum-August19-08.jpg|thumb |left |150px | selo em marfim de Semerkhet]]
'''*Semerkhet (amigo considerado ou companheiro dos deuses)'''


De acordo com as anotações de Mâneton, Semerkhet deve ter enfrentado muitos problemas, mas ele alega que isso ocorreu porque este faraó era um usurpador. Não existem indícios de que isso seja verdade porque ele consta da lista de reis, mas o certo é que ele raspou nomes anteriores e mandou inscrever seu próprio nome no lugar. <br>
'''Hórus Djet'''- Hórus Cobra, seu nome aparece numa estela, hoje no Museu do Louvre, que mostra uma serpente erguida no céu sobre muralhas fortificadas. <br>
Sua tumba é bem maior que a de seu antecessor, Anedjib, e é o único dos primeiros reis que não tem uma mastaba correspondente em Saqara (ou pelo menos ela ainda não foi encontrada), pode ser porque seus ministros e oficiais sobreviveram a ele e permaneceram servindo ao faraó seguinte. <br>
[[Image:Egypte louvre 290.jpg|thumb|100px|left|Estela de Djet no Louvre]]
'''Nomes:'''
Não se sabe muito a seu respeito, apenas que fez uma expedição ao Mar Vermelho e talvez até mais longe. <br>
*Mâneton o chama Semempses, Mempses
A tumba em Abydos que se acredita seja desse faraó ainda é motivo de controvérsia entre pesquisadores.
*Listas de reis - Semsem, Hu, Semsu

*Nome Nebty – Iri (não confirmado) um símbolo que pode ser lido como ''Aquele que guarda'' ou ainda ''Aquele a quem as duas senhoras guardam'' (ele pode ter sido sacerdote antes de ser faraó).
'''Hórus Den'''- seu nome significa o ''Hórus que golpeia'', também chamado Udimu. <br>
No seu reinado, pela primeira vez, o faraó é mostrado usando a Coroa Dupla, ou seja, a Coroa Vermelha e a Branca juntas. <br>
Assim como Djer, parece que Den também foi médico e um dos estudos que se acredita seja de sua autoria, versa sobre o tratamento de fraturas. <br>
Em seu túmulo foi usado granito no chão e blocos também de granito para apoiar o teto de madeira. O túmulo de seu chanceler, Hemaka, também foi encontrado e era muito rico.


'''Hórus Anedjib'''- Anedjib ou ''Seguro é seu coração'', deve ter enfrentado alguma convulsão entre norte e sul por causa da sucessão dinástica, porque de acordo com a lista de reis de Saqara, seu nome consta como o primeiro rei a unir o Egito. Anedjib adotou o título ''Os dois Senhores''. <br>
Sua tumba era modesta comparada às de Den e Djet. Havia sessenta e quatro sepulturas para os servos, mas seu nome foi raspado dos vasos de pedra, talvez por seu sucessor.
'''Hórus Semerkhet'''- o nome Semerkhet significa ''Amigo Considerado'' e segundo Maneton (que já foi citado acima), no reinado deste faraó ocorreu uma calamidade no Egito. Não se conhece muito a respeito de seu reinado e não deve ser levado em consideração o fato de vasos inscritos com o nome do faraó predecessor terem sido reinscritos com seu nome. Isso era muito comum e o que se pode afirmar é que em vasos encontrados na pirâmide de Djoser (terceira dinastia) constava o nome de Semerkhet, coisa que não ocorreu com Merneith ou com Hatshepsut. <br>
[[Image:StelaOfQaa.JPG|thumb|100px|right|Estela de Qaa]]
[[Image:StelaOfQaa.JPG|thumb|100px|right|Estela de Qaa]]
Seu túmulo está em Abydos.
'''*Qa´a (seu braço está erguido)'''


É considerado o último rei da 1ª dinastia e como já se sabe existem poucas informações a seu respeito. O que temos vem de sua tumba em Abidos e sepultamentos em Saqara. Um selo com uma lista de todos os reis da 1ª dinastia (não consta Merneith) foi encontrado em 1990 e ajudou a ratificar os reis desta dinastia. <br>
'''Hórus Qaa'''- seu nome significa ''Seu braço está erguido'', e ele foi o último rei da primeira dinastia.<br>
As escavações feitas por alemães em 1990 também foram bem sucedidas em encontrar objetos que haviam passado despercebidos pelas buscas mais antigas. Na tumba havia duas estelas funerárias com o nome do rei. Dentro da tumba encontraram o nome de Hotepsekhemwy o rei seguinte, de modo que, se acredita que tenha sido ele a terminar o túmulo após a morte de Qa´a. <br>
As informações sobre seu reinado são poucas, ele é mencionado em inscrições em vasos e numa estela danificada onde aparece usando a Coroa Branca do Alto Egito e sendo abraçado pelo deus Horus.<br>
Este faraó foi o último a ser sepultado junto com serviçais, em sepultamentos conjuntos. <br>
Provavelmente foi sepultado em Abydos, na tumba Q. Nesta mesma tumba foram encontrados selos e artefatos com o nome de Hetepsekhemwy, o primeiro faraó da segunda dinastia. Isso sugere que não houve um período vazio entre as duas dinastias.
'''Nomes:'''
*Mâneton o chama Bieneches
*Listas de reis - ...beh (incompleto), Qebeh, Qebehu
*Nome Nebty – sn nb.tj, Sen-Nebti, ''Irmão das Duas Senhoras''.


==Faraós da Segunda Dinastia==
==Faraós da Segunda Dinastia==

Revisão das 17h51min de 24 de janeiro de 2009

Civilização Egípcia/Índice

Período dinástico antigo


3000-2650 a.C


É um período marcado por muitas dúvidas, por ser muito remoto e por não haver textos escritos ou povoamentos preservados, os estudiosos se debatem em teses e aguardam escavações que possam servir para adicionar algumas peças ao quebra-cabeças. Não há consenso, inclusive, com relação ao primeiro rei, àquele que deu inicio a 1ª dinastia.
Demarcar um período histórico é complexo e nesse caso, a única fonte de estudo são as necrópoles, infelizmente saqueadas durante incontáveis milênios, ainda são o que resta para estudo do período.
Para início do período dinástico antigo vamos partir da 1ª dinastia que tem como marcos a difusão da escrita e a fundação da cidade de Mênfis.

tumba de Narmer

As dinastias

Existem muitas controvérsias a respeito do fato de Narmer ter sido o rei que unindo os nomos fez do Egito um só país. É provável que Menés e Narmer tenham sido a mesma pessoa, as dúvidas que persistem são relacionadas às escavações feitas nas necrópoles U e B em Abidos.
Também existe a possibilidade de que esse faraó, chamado Menés ou Meni, ou Narmer, possa ter sido o rei Aha. É preciso que se entenda que os reis eram, sobretudo, conhecidos pelos seus nomes de Hórus e não pelos nomes de nascimento (que são utilizados nas listas de governantes, todas feitas posteriormente).
Como o solo, fértil em história, do Egito ainda poderá nos surpreender com novos conhecimentos, devemos apenas citar que é possível que antes de Narmer, algum outro rei possa ter sido soberano de um Egito unido. Mas, enquanto isso, o que temos é baseado num dos mais velhos registros conhecidos do Egito antigo, chamado Paleta de Narmer, mostra o Rei Narmer usando a coroa do Alto Egito de um dos lados (sujeitando um vencido ao que parece) e do lado oposto o mesmo rei marcha, em triunfo, portando a coroa do Baixo Egito. De onde se presume que é ele o unificador.

Paleta de Narmer,parte de trás
Paleta de Narmer,frente

Esse período engloba as duas primeiras dinastias, cujos reis veremos mais adiante, e foi para o antigo Egito uma fase de grandes conquistas, onde o país se afirma e adquire sua face conhecida através dos tempos.

Cidades importantes

Como já foi mencionado, a história egípcia é mais facilmente estudada através de seus túmulos, suas necrópoles. Assim pela riqueza e beleza das tumbas, se pode deduzir quais as cidades importantes em cada período, assim como inferir em que fase começou a decadência de um local e o crescimento de outro.
Não há consenso entre os historiadores a respeito do faraó que seria o responsável pela transferência da capital para Mênfis, mas independente da cidade de onde eles governavam , o fato é que após a unificação, nos primeiros séculos, o crescimento do Egito foi espantoso.
Mênfis, tenha sido ou não, fundada por Menés (Meni, Narmer, Aha), foi uma idéia inteligente porque foi construída no vértice do delta, próximo ao ponto onde o Baixo Egito e o Alto Egito se encontram. A partir dessa cidade, uns dezoito reis de duas dinastias consecutivas governaram, por cerca de quatrocentos anos.

Estátua do faraó Khasekhemwy
  • Naqada - Era a necrópole da cidade de Nubt, a cidade do ouro, assim chamada porque Nub deriva do termo egípcio para ouro e a cidade ficava próxima das minas de ouro.

Sua localização permite deduzir que era uma cidade importante pelo fato de ficar no final da rota de comércio do deserto oriental. Através do estudo de suas sepulturas é possível perceber que a cidade entrou em decadência mais tarde perdendo seu posto para Nekhen.
A cidade era devotada ao deus Seth de Nubt, nos Textos das Pirâmides inscritos nos blocos encontrados em Naqada, ele é chamado Nubty. O povo acreditava que Seth havia nascido em Naqada e estava ligado aos reis do período antigo, aparecendo inclusive na cabeça da maça do rei Escorpião. As rainhas da primeira dinastia recebiam o titulo de aquela que vê Hórus e Seth e o rei Peribsen da segunda dinastia enfatizou que Seth era seu protetor.
Foi ao norte da aldeia de Naqada que foi encontrada em 1895, uma mastaba primitiva, uma grande estrutura de tijolos que trazia em cada lado, uma fachada de palácio (como um serekh). Ali foram encontradas tabuinhas de marfim, selos de argila com os nomes dos reis Aha e da rainha Neithotepe.
Através do estudo dessas tumbas é possível saber o nível sócio econômico da cidade. Devemos acrescentar a descoberta de um fragmento, que hoje está no Ashmolean Museum de Oxford, que mostra o que foi interpretado como a representação da coroa vermelha do rei. O fragmento foi encontrado em Naqada e é um pedaço de um vaso grande vermelho com o acabamento superior em preto. Vermelho era a cor associada a Seth, o desenho lembra muito a representação da coroa vermelha que Narmer usa, tanto em sua maça como na paleta.

  • Buto – originalmente era duas cidades, Pe e Dep, que se transformaram numa só, a qual os egípcios deram o nome de Per-Wadjet.

A deusa Wadjet, protetora local, era representada por uma serpente e considerada padroeira de todo o Baixo Egito.

Serpente Wadjet

Desde o período paleolítico foi uma cidade muito importante e só começou a decair lentamente depois da unificação do país. As evidências arqueológicas mostram que a cultura do Alto Egito foi substituindo a cultura de Buto no Delta e isso é uma prova importante da unificação das duas terras formando uma só entidade, um só país.
Nessa fase, Wadjet se juntou a Nekhbet, que era representada como um abutre branco e tinha a posição de padroeira no Alto Egito, assim, juntas, elas se tornaram as padroeiras do Egito unificado. A imagem de Nekhbet se juntou à de Wadjet no Uraeus que circunda a coroa dos faraós do Egito unificado.
O templo de Wadjet, o Per-nu ou Per-neser significa Casa da Chama e a cidade ficou conhecida como Per-Wadjet que significa Casa de Wadjet (Uto) de onde deriva o nome Buto. (grego).

Hórus
  • Nekhen e Nekheb – Em geral essa área é chamada El Kab, mas na verdade são duas cidades muito antigas, Nekheb ou El Kab na margem leste do Nilo, e a velha Nekhen, agora chamada Kom El Ahmar (o Monte Vermelho) na margem oposta.

Nekhen, que ficou conhecida como Hieracômpolis seu nome grego, fica no Alto Egito, é a Cidade do Falcão. O deus principal da cidade era Nekheny, um falcão com duas grandes plumas na cabeça, que mais tarde foi assimilado a Hórus. As imagens mais antigas de Hórus (Her ou Har em egípcio) vêm dos hieroglifos e serekhs do período pré-dinástico.

Nekhen/Hieracompolis No local foram encontradas casas, templos, prédios administrativos e áreas dedicadas aos artesãos. Nekhen deve ter sido uma cidade muito importante nesse período e o local foi escavado por Quibell e Green de modo pouco adequado, afinal a arqueologia engatinhava. Não há grande documentação a respeito mas, eles encontraram uma espécie de sinal hieroglífico primordial com que se escrevia Nekhen.
Também foi em Nekhen que foram encontradas a Paleta de Narmer e a cabeça de maça, além da cabeça de maça do Escorpião. A maior parte dos artefatos foram descobertos num local chamado de Depósito Principal que deve ter sido um esconderijo, além dos objetos mencionados acima, havia paletas, objetos votivos, vasos de pedra.
Outro achado significativo e que depois foi perdido e até hoje não foi encontrado novamente é a Tumba 100 do cemitério pré-dinástico. Essa foi, ao que parece a primeira tumba egípcia a ser decorada com pinturas nas paredes mas sua localização hoje (2009) é desconhecida.
As escavações de 1970 e 1980 revelaram locais no deserto, fora da cidade inclusive um templo pré-dinástico.

As almas de Pe e Nekhen

As almas de Pe e Nekhen simbolizam as almas dos primeiros reis das duas cidades. São desenhados usando a máscara de Hórus por Nekhen e a máscara de Anubis por Pe. Eram venerados como espíritos ancestrais, possuindo grande poder. Ambos, Pe e Nekhen são respeitados como estrelas que, juntos formam uma escada que será usada pelo rei que acaba de falecer para subir aos céus.

Nekheb A deusa abutre Nekhbet pertencia a esta cidade e o seu templo era Per-wer, que significa Casa Grande. Provavelmente por causa da proximidade de Nekhen e sua ligação com o poder real, Nekhebet se tornou uma das deusas tutelares do Egito, junto com Wadjet. Ela passou a representar a Coroa Branca do Alto Egito, enquanto que Wadjet de Buto simbolizava a Coroa Vermelha do Baixo Egito. Não se sabe datar a origem desse conceito mas há evidências nos Textos das Pirâmides de que elas eram consideradas as mães do rei.

a deusa Nekhebet
  • Abidos ou Abedjou

Este local deve ter sido usado para agricultura e comércio no dinástico antigo, provavelmente a população era mais concentrada na parte norte e a fundação da cidade de Abedjou data de Naqada III.
É possível que houvesse vilas espalhadas pelo local e sua segurança e oferta de empregos, atraísse muita gente. A cidade se expandiu e se desenvolveu durante as primeiras seis dinastias.
A grande fama de Abidos vem do fato de ter sido a necrópole mais importante deste período e contem vestígios de todos os períodos da história do Egito. Foi o centro de culto de Osíris, senhor do mundo inferior. Na entrada do canyon em Abidos, que os egípcios acreditavam ser a entrada do submundo, uma das tumbas de um rei da 1ª dinastia foi confundida, milhares de anos mais tarde com a própria tumba de Osíris, e peregrinos deixaram ali suas oferendas para o deus durante outros milhares de anos. A área é chamada de Umm el Qa´ab, Mãe dos Potes.

porque Umm el-Qa´ab é chamada Mãe dos Potes

As necrópoles do pré-dinástico e do dinástico antigo estão localizadas no deserto e consistem de três partes: pré-dinástica cemitério U ao norte, cemitério B no meio, com as tumbas reais da dinastia 0 e do início da 1ª dinastia e ao sul o complexo de tumbas de seis reis e uma rainha da 1ª dinastia e dois reis da 2ª dinastia. Muitas tumbas da 1ª dinastia mostram as marcas de incêndios, outras foram saqueadas inúmeras vezes.
Em 1977 foi descoberto um pequeno selo de marfim que trazia a palavra nar, talvez o nome de Narmer.
As tumbas do período em questão, foram localizadas em Umm El Qa´ab, no total devem ter sido dez túmulos reais, mas apenas oito foram localizados, a saber: Djer, Djet, rainha-mãe Merneith são da 1ª dinastia; Den, Peribsen e Khasekhemwy são da 2ª dinastia.
A tumba do rei Khasekhemwy é dentre essas a mais elaborada, chamada Shunet Es-Zebib, também foram encontrados os restos de barcos ancestrais, datando da 1º dinastia.
Abidos foi usada como necrópole durante diversos períodos até mesmo no período Greco-romano.

mapa onde se vê Mênfis
  • Mênfis

Originalmente a cidade era chamada Ineb-Hedj, que significa Os muros brancos, Mênfis é seu nome grego. Durante o Médio Império foi chamada de Ankh-Tawy que significa Aquela que liga as duas terras.
No início Mênfis era uma fortaleza, de onde Menés (ou seja lá o rei que fundou a cidade) controlava as rotas terrestres e fluviais, entre o Alto Egito e o Delta. A história conta que Menés fundou Mênfis ao construir diques para proteger a área das enchentes do Nilo.
Os estudos sugerem que por volta da 3ª dinastia a cidade já era bastante grande. Ao longo da história do Egito, Mênfis se tornou centro administrativo e religioso, além de uma das cidades mais importantes do mundo antigo.
Hoje, é impossível imaginar como a cidade foi em tempos tão antigos, está completamente descaracterizada, talvez a antiga Mênfis esteja enterrada sob os campos cultivados, sob a lama do Nilo e as vilas que se espalham no local.
Através das necrópoles de Mênfis, textos e papiros de outras partes do Egito e mesmo relatos de Hérodoto que visitou a cidade, é que temos um pouco de uma história que deve ter sido muito rica. Como exemplo, os papiros do tempo de Akhenaton que relacionam Mênfis como local das padarias. Sabemos também que o decreto real rejeitando o culto de Akhenaton, editado por Tutankhamon, após a morte do primeiro, teve origem em Mênfis.
Na realidade a decadência da cidade que foi sempre tão importante para a história egípcia, se deu com a chegada dos gregos e com a crença no cristianismo.

Maat

Religiosidade e Poder

É importante compreender a base da religião egípcia para poder olhar com um olhar egípcio, toda a grandeza dessa civilização.
Quando o Ser Divino cria o universo, emite o primeiro raio solar que afasta as trevas. Essa força é o casal divino Shu (deus da luz, sopro da vida) e Tefnut (deusa que encarna o calor).
Shu e Tefnut tem dois filhos: Nut a deusa do céu e Geb o deus da terra.
Geb se torna o primeiro rei do Egito, engravida sua irmã e nascem: Osíris, Isis, Seth e Néftis.
Osíris se torna rei do Egito e tem um filho com sua irmã Isis, chamado Hórus.
Osíris é assassinado por seu irmão Seth. Hórus cresce e vinga a morte do pai, assassinando seu tio Seth e tomando o trono do Egito.

Ficheiro:Seth horus.jpg
coroação do faraó por Seth e Hórus

Essa é a história dos reis divinos, depois dela, começa a história dos homens.
Dessa forma podemos compreender porque o rei do Egito é a encarnação do deus. Cabia a ele manter, no mundo real, o Maat, que são os princípios encarnados por Maat, a deusa da verdade e da justiça. Ela representava a harmonia do cosmos e da sociedade humana.
Portanto, sobre os ombros dos faraós, repousava a imensa responsabilidade de manter a prosperidade do país, protegê-lo dos perigos, zelar pelo bem estar e pela paz de seu povo, pois, ele era o deus!
Todas as artes e conquistas, em todos os aspectos da vida diária no Egito, temos bem marcada a ligação com os deuses. Na verdade, esses deuses eram muitos, tanto em forma de animais como uma mistura entre a forma humana e animal.
Com o advento da unificação dos nomos, alguns deuses prevaleceram sobre outros. Os sacerdotes tiveram que usar muita diplomacia e não se sabe que pressões mais, para agradar todas as tribos (isso não exclui guerras internas em alguns períodos).
É interessante notar que, embora Hórus e Seth sejam inimigos que lutam pela herança do país, o nome Hórus passou a ser o nome dos faraós, talvez apenas depois da segunda dinastia porque Peribsen usou em seu serekh o símbolo de Seth. Já o faraó Khasekhemwy se refere aos dois poderes, Hórus e Seth e usa os símbolos dos dois deuses com a inscrição Os dois senhores descansam nele. Poderia talvez significar um símbolo da paz entre os dois deuses.

deus Ra com cabeça de falcão

Para os egípcios, a morte significava um novo nascimento, mas não a reencarnação e sim uma nova vida num outro mundo, provavelmente celeste, onde o faraó seria recebido pelo deus sol depois de passar por certas provas. Assim também ocorria ao homem comum, que deveria cumprir uma série de condições para chegar à nova vida.
Considerado como criador do universo, o deus Ra talvez seja o deus mais famoso do panteão egípcio.Em algum momento houve uma sobreposição entre Ra e Hórus, de modo que temos incontáveis exemplos de Ra com cabeça de falcão.

hieroglifos, tumba de Seti I

Escrita

O fator primordial para o desenvolvimento de qualquer povo é a escrita, a criação de símbolos para registrar idéias.
A invenção da escrita deve ter ocorrido primeiro na Mesopotâmia, mas logo chegou ao Egito. A forma primitiva de escrita egípcia, o hieróglifo ou escrita sagrada, jamais foi abandonada.
É importante lembrar que os egípcios já possuíam um tesouro chamado papiro, planta que além de decorativa servia para fazer desde velas de barco até sandálias, e principalmente a folha de papiro, base da escrita. As hastes de papiro chegavam a 3 metros de altura e bastava cortá-las e prepará-las para obter a folha perfeita para escrever.
No inicio, quase toda escrita era entalhada nas pedras, especialmente nos templos. Depois, com o papiro, a cultura egípcia se expandiu dando vazão a uma rica literatura.
Havia duas formas mais fluentes de escrita:

Papiro Edwin Smith em hierático
  • hierática – era uma forma simplificada da escrita hieroglífica e podia ser feita com rapidez, usando um pincel sobre a madeira ou uma pena de junco sobre o papiro.
  • demótica – ou escrita popular, que é um aperfeiçoamento da escrita hierática e é apropriada para ser escrita sobre papiros. Essa forma surgiu por volta de 700 a.C.

Graças à escrita a história do Egito foi preservada e hoje, o grande tesouro, o mais esperado em qualquer escavação é a possibilidade de encontrar novos textos, novas pistas para aprimorar o conhecimento.

exemplo de escrita demótica numa réplica da Pedra de Roseta

Não é possível deixar de mencionar aqui a famosa Pedra de Roseta, que permitiu que os hieróglifos fossem finalmente decifrados. Essa Pedra, é um bloco de granito negro e foi encontrado por um soldado do exército francês, no Egito em 1799. Gravado no ano de 196 a.C., no bloco há uma homenagem emitida pelos sacerdotes egípcios ao faraó Ptolomeu V Epifanes. A grande importância da Pedra de Roseta, é o fato desta homenagem ter sido escrita em três escritas diferentes: na hieroglífica, em demótico e em grego. Mesmo assim, Jean François Champollion levou 23 anos ainda, para decifrar a escrita egípcia.

Artes

Todas as manifestações artísticas no Egito surgiram por causa da religião, e estavam a serviço do faraó e do estado.
Acredita-se que a escultura surgiu em decorrência da necessidade de representar o morto para a eternidade. Muitas estátuas foram encontradas nos túmulos diante de uma porta falsa na parede, talvez para dar passagem à alma do morto.
A escultura também foi usada para representar os deuses
É claro que com o decorrer do tempo, os egípcios foram aprimorando essa arte até construírem os colossos que veremos mais tarde.
Ainda na primeira dinastia os egípcios já dominavam a arte de trabalhar com madeira, fabricavam arcos, flechas, dardos, bengalas e cetros de toda espécie e ainda instrumentos musicais, o clima quente e seco do país preservou esses trabalhos para os estudos atuais.
O estilo artístico do povo egípcio sofreu muito poucas mudanças ao longo de mais de 3000 anos de história, possuíam um grande respeito pelo equilíbrio e pela ordem que podiam vislumbrar na natureza.

estela de Intef II

Alguns complexos funerários de Abidos e Saqara foram construídos durante as primeiras dinastias e os hieróglifos já os enfeitavam e contavam para a posteridade as histórias em que hoje os estudiosos se baseiam para estudar a civilização egípcia.
A pintura não tinha profundidade, o tronco da pessoa representada ficava sempre de frente para o observador enquanto a cabeça, as pernas e os pés eram vistos de perfil. Usavam cores e representavam as pessoas mais importantes em tamanho maior, as figuras iam diminuindo de acordo com a sua importância. As figuras femininas eram pintadas de ocre e as masculinas de vermelho.
Deste período temos poucos exemplos de jóias mas sabemos até mesmo pelos afrescos que a ourivesaria já era uma arte de muita importância. Na tumba de Khasemkhemwy foram encontrados potes para bálsamo com tampas de ouro trabalhadas, uma pulseira de ouro laminado e um cetro trabalhado de pedras e ouro.

Faraós da primeira dinastia

A lista abaixo certamente não está completa, nem da primeira nem das outras dinastias, longe disso, porque há muitas controvérsias a respeito.
Na listagem de faraós, Narmer, chamado o unificador do Egito, surge como rei do período pré-dinástico ou dinastia 0 ou dinastia de Naqada. Mas, ele também pode ser o primeiro rei da primeira dinastia. Vamos colocá-lo então na primeira dinastia, uma vez que, do período pré-dinástico não temos uma lista de reis confiável.
Muitas vezes a grafia dos nomes dos faraós é diferente, depende da fonte até mesmo pelo desconhecimento da pronúncia, alguns estudiosos usam os nomes gregos retirados da lista de Mâneton.

estátua de babuíno com o nome Narmer
  • Narmer
  • Aha
  • Hórus Djer
  • Hórus Djet
  • Hórus Den
  • Hórus Anedjib
  • Hórus Semerkhet
  • Hórus Qaa


*Narmer (Narmeru, Merunar, Meni)

Esse rei é tido como o unificador do Egito, se tornando o verdadeiro faraó. Também é possível que Narmer tenha começado a unificação e Menés (?) a tenha terminado. Para confundir mais um pouco, alguns estudiosos acreditam que o rei Escorpião pode ter sido Narmer, mas não há nenhuma evidência ou prova para essa teoria.
A teoria mais comum é de que Narmer na verdade, seria Hor-Aha, embora a lista de antigos reis encontrada nas tumbas dos faraós Den e Qa´a, da primeira dinastia registre Narmer como fundador da dinastia e registre também Hor-Aha. Menes não é mencionado em nenhuma lista.
Acredita-se que ele casou com uma princesa do Baixo Egito chamada Neithotep, cujo nome aparece em inscrições nas tumbas que se presume sejam de Hor-Aha e de Djer. De onde se deduz que ela poderia ser a mãe ou mesmo a esposa de Hor-Aha, nada está definido, até pela antiguidade e dificuldade de pesquisa.
Alguns objetos de seu reinado já foram encontrados, como fragmentos de cerâmica e selos na tumba de Den em Abidos. O nome de Narmer e do seu possível antecessor, Escorpião, foram encontrados em cerâmicas descobertas em Minshat Abu Omar ao leste do Delta. Também foi recuperada uma estátua de um babuíno com o nome nome de Narmer, a cabeça de maça e a paleta.
São atribuídas a esse faraó, as tumbas B17 e B18 (são ligadas entre si) em Umm El-Qa´ab, Abidos.
Heródoto o nomeia Min, mas isso é passível de dúvida.


Antes de falar sobre o faraó Aha vamos fazer um comentário sobre Menes:
Menes pode ter sido o próprio Narmer ou seu successor. Talvez filho da rainha Neithotep, que tomou como segundo nome real Men, que significa estabelecido, o que deu origem ao nome Menes. O fato é que existe um selo de marfim vindo da tumba da rainha Neithotep em Naqada, que mostra o nome Hor-Aha com o nome Men na frente. Afinal é impossível ter certeza porque se está discutindo o nome de um homem que viveu por volta de 5 000 anos atrás. É preciso ter em mente que a maior parte da história que sabemos a respeito de Menes foi escrita mais de 250 anos depois de sua morte.
Pode ser que novas descobertas nos permitam saber mais, porém é praticamente impossível acreditar que um dia, vamos descobrir quem foi, de fato, Menes.

fragmento de vasilha de faiança com o nome Aha

*Hor-Aha (o falcão lutador)

Pode ter sido o filho de Narmer e sua rainha Neithotep. Na tumba da rainha, ele está representado, num fragmento de marfim, fazendo a cerimonia de união do Alto e Baixo Egito.
Tomou o nome de trono de Men (estabelecido) e fragmentos encontrados em tumbas de reis do período, se referem a rebeldes na Núbia e campanhas militares fora do Egito.
É possível que tenha erigido o Templo da deusa Neith (parte do nome de Neithotep sua provável mãe) em Sais. Também pode ter sido ele quem fundou Mênfis (Men Nefer que significa estabelecida e bela).
Lendas contam que ele morreu atacado por um hipopótamo. Foram encontradas tumbas para o rei Hor-Aha tanto em Saqara quanto em Abidos e, embora não fossem decoradas e tivessem sido saqueadas e destruídas pelos ladrões e pelos escavadores (não havia ainda nada que lembrasse a arqueologia de hoje), alguns selos e fragmentos foram recuperados.
Acredita-se hoje que Hor-Aha foi sepultado em Abidos, que é considerado o local real. Numa pequena tumba próxima foram encontrados selos onde estava escrito Berner-ib (querida) que talvez fosse referência a sua rainha e que também aparecem na tumba da rainha Neithotep.
Alguns estudiosos sugerem que Neithotep poderia ter sido sua esposa, e que eles casaram para cimentar a aliança entre o Alto e Baixo Egito. Certamente Hor-Aha veio do Alto Egito e Neithotep veio do Baixo Egito, mas não há provas de seu relacionamento familiar. De qualquer maneira o filho desse faraó, seu sucessor, Djer, era filho de uma outra esposa secundária.
Nomes:

  • Mâneton o chama Menes o primeiro rei ou Athothis, na lista dele o segundo rei.
  • Heródoto o chama Min (há dúvidas)
  • Listas de reis – Men, Meni, Teti, Ity

*Djer (Hórus que socorre)

Era, provavelmente, o rei que Mâneton chama de Athothis e descreve como sendo um grande estudioso, porque escreveu textos de anatomia que ainda eram usados na época do domínio grego.
Fragmentos de selos em marfim vindos de Abidos relatam viagens a Sais e Buto, no Delta.
Presume-se que sua tumba seja a de número 0 em Abidos, que é uma das maiores e mais complexas da 1ª dinastia. No inicio do século XX, Flinders Petrie descobriu tumbas das primeiras dinastias e, na tumba de Djer foi encontrado um braço de mulher cortado e envolvido com panos de linho, decerto abandonado por um ladrão. Dentre as bandagens havia quatro pulseiras de ouro, ametista e turquesa, um magnífico trabalho de ourivesaria que deveriam pertencer a uma rainha ou princesa.
O faraó Djer também construiu duas mastabas em Saqara e um templo para a deusa Neith em Sais.
Inscrições em Wadi Halfa registram uma campanha military na Núbia e talvez ele tenha feito também campanhas na Libia e no Sinai. Talvez tenha feito até mais, militarmente pois um dos anos de seu reinado foi chamado de O Ano da Destruição da Terra de Setjet (Siria-Palestina). Essa atividade militar torna Djer, o primeiro faraó a registrar campanhas militares fora das fronteiras egípcias.
Poderoso e inteligente, Djer, infelizmente está ligado a sacrifícios humanos. Um selo de madeira encontrado em Saqara traz seu nome, junto de uma cerimônia que parece estar ligada a sacrifícios humanos e sua tumba em Abidos está rodeada de sepultamentos de trezentos serviçais que foram enterrados ao mesmo tempo que o faraó.
Não se pode afirmar mas também não há outras explicações para o fato.
Nomes:

  • Mâneton o chama de Athothis (embora alguns digam que ele era Kentekenes)
  • Listas de reis – Meni, Teti, Iti.
Estela de Djet no Louvre

*Djet (Hórus cobra ou Hórus que ataca) É muito provável que fosse o filho de Djer, embora não existam evidencias de que a rainha Merneith tenha sido sua esposa, é praticamente certo que ela foi a mãe de seu sucessor, Den.
Este faraó deixou poucos registros de sua existência, a não ser por sua tumba em Abidos, onde foi encontrado um belo serekh trazendo o nome do rei. Parece que sua tumba (juntamente com outras da mesma dinastia) foi queimada intencionalmente em algum ponto da história do Egito e mais tarde foi recuperada por causa da associação ao culto de Osíris.
Nomes:

  • Mâneton o chama Wenefes
  • Listas de reis – Itiu, Itiui, Ata, Iti


*Rainha Merneith (a amada de Neith)
Uma das personagens mais discutidas do período dinástico antigo. De certo ela foi a mãe de Hórus Den, conforme se vê num selo encontrado na tumba T de Umm El Qa´ab. Seu nome está ao lado do nome de Den e é possível que ela fosse a esposa de Djet.
Sua tumba em Abidos (Y) fica perto da de Djet (Z), do lado de fora desta tumba foi encontrada uma estela, em 1900 por Fliders Petrie, que, a principio se acreditou fosse de um governante masculino.
A mastaba 3503 em Saqara é a única que pode ser, de fato, atribuída a ela, os selos trazem o nome de Den.
Se de fato ela reinou, foi a primeira mulher a governar o Egito, não se sabe se governou sozinha ou se junto com Djet (caso ele fosse seu marido) e depois da morte dele ficou como regente do filho Den.
Seu nome não consta das conhecidas listas de reis, além da lista de Den, mas Mâneton registra oito faraós na 1ª dinastia, o que confere se adicionarmos Merneith, mas não fica correto se Narmer for o primeiro rei da 1ª dinastia.
De qualquer maneira não há um serekh que possa atestar sua posição como governante, se ela está na lista de Den, uma lista similar datada do reinado de Qa´a omite a rainha.

*Den (Hórus que golpeia)

Foi um dos governantes mais importantes deste período. Seu reinado é marcado por um grande desenvolvimento na arquitetura funerária e pelo progresso do estado, na administração, economia, artesanato, religião. Mais de 30 mastabas foram erguidas em Saqara e Abu Rawash durante o seu reinado, por funcionários de todos os tipos, isso é sinal de uma administração próspera e forte.

Hórus Den

Assim como Djer, parece que Den também foi médico e um dos estudos que se acredita seja de sua autoria, versa sobre o tratamento de fraturas.
Den está registrado em numerosos objetos e fragmentos. Um selo de marfim encontrado em Abidos, mostra Den atacando um prisioneiro asiático. Seu nome aparece no serekh encimado por Hórus, mas há na frente da cena a representação de Seth como animal (chacal).
Este faraó foi o primeiro de uma série de eventos como, o primeiro a adotar o nome Nebty ou Duas Senhoras, o primeiro a ser representado usando a coroa dupla, o primeiro a incorporar uma longa escadaria em sua tumba e foi o criador da posição de vizir para o Baixo Egito (ocupada por um homem de nome Hemaka, cuja tumba, muito rica, está em Saqara). Também é creditado a ele o primeiro censo no Egito, contando todas as pessoas do norte, leste e oeste para determinar os impostos.
Nomes:

  • Mâneton o chama Usaphaidos
  • Listas de reis - Septi, Semti, Kenti, Udimu
  • Nome Nebty - Nebty Khasti, Nebty Chasti, Nebty, o homem do deserto

*Anedjib (valente é o seu coração)

Assim como seu pai, Den, este faraó também usou a coroa dupla que representa o poder sobre as duas terras, o Alto e o Baixo Egito. Porém, há dúvidas se ele de fato controlou o norte do país, há evidencias de rebeliões.
Como maneira de legitimar seu poder, ele começou a usar o título Os Dois Senhores, talvez para reforçar o fato de reinar sobre todo país ainda que o povo se dividisse entre Hórus e Seth. Esse título reúne os dois antagonistas na pessoa do rei.
Anedjib casou com a rainha Betrest que era descendente da linha de reis menfitas, o que deu a ele a legitimidade. Pode ser que ele não fosse filho legítimo de Den, então precisasse casar com uma princesa de sangue real. Há teorias de que ele foi um usurpador e por esse motivo, seus monumentos tiveram seus títulos e nome raspados pelo seu sucessor.
Nomes:

  • Mâneton o chama Meibidos, Neibais, Miebis, Miebidos
  • Listas de reis – Merbap, Mer-bja-pen, Mer-bja-pe
  • Nome Nebty - Nebty Mer... ou Mer-spt-bja
selo em marfim de Semerkhet

*Semerkhet (amigo considerado ou companheiro dos deuses)

De acordo com as anotações de Mâneton, Semerkhet deve ter enfrentado muitos problemas, mas ele alega que isso ocorreu porque este faraó era um usurpador. Não existem indícios de que isso seja verdade porque ele consta da lista de reis, mas o certo é que ele raspou nomes anteriores e mandou inscrever seu próprio nome no lugar.
Sua tumba é bem maior que a de seu antecessor, Anedjib, e é o único dos primeiros reis que não tem uma mastaba correspondente em Saqara (ou pelo menos ela ainda não foi encontrada), pode ser porque seus ministros e oficiais sobreviveram a ele e permaneceram servindo ao faraó seguinte.
Nomes:

  • Mâneton o chama Semempses, Mempses
  • Listas de reis - Semsem, Hu, Semsu
  • Nome Nebty – Iri (não confirmado) um símbolo que pode ser lido como Aquele que guarda ou ainda Aquele a quem as duas senhoras guardam (ele pode ter sido sacerdote antes de ser faraó).
Estela de Qaa

*Qa´a (seu braço está erguido)

É considerado o último rei da 1ª dinastia e como já se sabe existem poucas informações a seu respeito. O que temos vem de sua tumba em Abidos e sepultamentos em Saqara. Um selo com uma lista de todos os reis da 1ª dinastia (não consta Merneith) foi encontrado em 1990 e ajudou a ratificar os reis desta dinastia.
As escavações feitas por alemães em 1990 também foram bem sucedidas em encontrar objetos que haviam passado despercebidos pelas buscas mais antigas. Na tumba havia duas estelas funerárias com o nome do rei. Dentro da tumba encontraram o nome de Hotepsekhemwy o rei seguinte, de modo que, se acredita que tenha sido ele a terminar o túmulo após a morte de Qa´a.
Este faraó foi o último a ser sepultado junto com serviçais, em sepultamentos conjuntos.
Nomes:

  • Mâneton o chama Bieneches
  • Listas de reis - ...beh (incompleto), Qebeh, Qebehu
  • Nome Nebty – sn nb.tj, Sen-Nebti, Irmão das Duas Senhoras.

Faraós da Segunda Dinastia

  • Hotepsekhemwy
  • Raneb
  • Nynetjer
  • Peribsen
  • Khasekhem (Khasekhemwy)

Provavelmente seis faraós reinaram na segunda dinastia que durou pouco mais de 200 anos.

Hórus Hetepsekhemwy – o significado de seu nome é Amável Poderoso. Selos com seu nome foram encontrados próximo da pirâmide de Unas em Saqara (quinta dinastia), mas, a tumba atribuída a ele estava vazia. Também foram encontrados outros selos com seu nome próximo da entrada da tumba de Qaa, isso talvez indique que este faraó inspecionou o funeral de seu antecessor.

Nebra em hieróglifo

Horus Raneb – significa Ra é o Senhor. Provavelmente esse faraó deve ser Hórus Nebra, uma estela de granito encontrada em Abydos traz um cartucho com o nome Nebra, que significa Senhor do Sol.
Selos com seu nome foram encontrados junto dos de Hetepsekhemwy na tumba em Saqara, de modo que, também Nebra (Raneb) deve ter supervisionado o funeral de seu antecessor.
O nome de Nebra também aparece gravado numa rocha perto de Armant, local de uma antiga rota de comércio.

Horus Nynetjer – seu nome significa Celeste. Este faraó está listado na Pedra de Palermo como tendo reinado pelo menos 35 anos. Um dos eventos marcados em seu reinado, foi o nascimento de Khasekhemwy (no décimo quinto ano) que foi o último faraó da segunda dinastia. A maior parte das festividades anotadas em seu reinado, o ligam à região de Mênfis, o que deve significar sua proximidade com o Baixo Egito (isso pode ter criado tensão).
Na Pedra de Palermo está marcado que, no 13º ano de seu reinado duas cidades foram atacadas. O nome de uma delas foi traduzido como terra do norte (talvez uma referência ao Baixo Egito).

o nome de Per-ib-sn em hieroglifo

Hórus Sekhemib/Set Peribsen – seu nome ao chegar ao trono foi Sekhemib e ele reinou por 17 anos.
Enquanto os outros faraós todos usaram o nome Hórus e a imagem de Hórus falcão em seus cartuchos reais, Sekhemib fez uma grande mudança. Ele trocou seu nome de Hórus Sekhemib que significa Coração Poderoso, para Set Peribsen que significa Esperança de todos os corações. Outra atitude sua foi usar também o animal símbolo de Set. Sua estela funerária de granito, em Abydos mostra a mudança no cartucho.

per-ib-sn com os dois animais

É lícito imaginar que no seu reinado estavam ocorrendo disputas internas ligadas à rivalidade entre o Alto e Baixo Egito. Pode até ser que a rivalidade mitológica entre Hórus e Set tenha surgido nessa época, porque os seguidores de cada deus lutavam pelo controle do trono.
Peribsen foi sepultado em Abydos e não em Saqara como os seus antecessores.

Hórus-Set Khasekhemwy– foi o último faraó da segunda dinastia. Presume-se que ele tenha posto fim às rebeliões internas unindo novamente o Egito. Seu nome deve ter sido Khasekhem, que ele mudou para Khasekhemwy, que significa Os dois poderosos estão em um só. No seu cartucho ele incluiu o animal de Hórus e o de Set e colocou nbwy -htp im=f, que significa as duas senhoras estão em paz com ele, talvez se referindo às deusas do Alto e do Baixo Egito, novamente sob um só faraó.
A tumba de Khasekhemwy em Abydos é bem diferente das outras, tem formato de trapézio com uma câmara funerária no centro.
Khasekhemwy casou com uma princesa do norte chamada Nimaathap, que foi chamada de Aquela que gesta o rei, num selo em um vaso. Ela é tida como a ancestral da terceira dinastia.