Reis e Rainhas da Inglaterra /Os Anglo-Saxões

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Anglo-Saxões entre os anos 500 e 1000A.D.

Os Anglo-Saxões (871-1016)[editar | editar código-fonte]

Nossa história dos Reis da Inglaterra começa com os Anglo-Saxões, no inicio do século 9. As datas e talvez até os anos podem não ser muito corretos, porque isso foi há muito tempo.

Nessa época, a Inglaterra, como você conhece, ainda não existia. A terra era dividida em vários pequenos reinos, e as pessoas que ali viviam eram chamadas de Anglo-Saxões.

Foi durante essa época, por volta do ano 830, que os Vikings perceberam que a Inglaterra era um país muito interessante para pilhar e saquear. Entre os anos 830 e 865 eles vieram mais e mais vezes, para o desespero das pessoas que lá viviam.

Em 865 esses Vikings formaram um Grande Exército. Enquanto que as incursões anteriores visavam os saques e pilhagens, o Grande Exército estava chegando para conquistar a Inglaterra.

Eles eram surpreendentemente bons nisso – em apenas três anos já haviam conquistado o norte e o leste da Inglaterra. Mesmo no oeste, um por um, os pequenos reinos caíram, apenas um se manteve independente. Era o reino de Wessex.

É aqui que vamos encontrar Alfredo o Grande (Alfred the Great), o primeiro dos Reis e Rainhas da Inglaterra.

Alfredo o Grande (871-899) (Alfred the Great)[editar | editar código-fonte]

Rei Alfredo, o Grande

Alfredo o Grande nasceu por volta de 850 em Wantage, onde hoje é Oxfordshire. Ele era o quarto filho do Rei Etelvulfo de Wessex e de sua primeira esposa, Osburga.

Em 23 de abril de 871, ele se tornou rei de Wessex , que era um reino Anglo-Saxão do sul em 871, quando seu irmão Etelredo I morreu.

Quando os Vikings Dinamarqueses, que já tinham conquistado a maior parte da Inglaterra, chegaram finalmente a Wessex, Alfredo tinha acabado de ser coroado, e já precisava enfrentar os invasores em suas fronteiras.

Durante uma série de batalhas ferozes, ele conseguiu empurrá-los para fora de suas fronteiras. Derrotados, os Vikings bateram em retirada.

No entanto, sete anos mais tarde eles retornaram com toda sua força. Em maio de 878, Alfredo teve que enfrentar seus inimigos mais uma vez e derrotou-os de forma esmagadora perto de Edington em Wiltshire.

Com essa vitória ele mereceu o apelido de o Grande e se tornou o único monarca inglês a ser chamado assim.

Com os Dinamarqueses derrotados, estava aberto o caminho para unir a Inglaterra. Construindo um sistema de fortificações, o reino de Wessex foi expandindo suas fronteiras.

Alfredo estimulou a educação, ele mesmo sendo educado, e melhorou as leis do reino. Assim, sob a sua liderança o reino começou a prosperar.

Vida Pública[editar | editar código-fonte]

Muito pouco se sabe sobre os feitos de Alfredo durante o pequeno reinado de seus dois irmãos mais velhos, mas quando seu terceiro irmão, Etelredo se tornou rei em 866, Alfredo se tornou ativo na vida pública.

Em especial, ele trabalhou duro para livrar a Inglaterra da influência dos Dinamarqueses, e Alfredo foi escolhido como sucessor de Etelredo.

Em 868, Alfredo tentou sem sucesso, resgatar o reino central de Mércia da influência dos Dinamarqueses. Durante mais ou menos dois anos depois disso, os Dinamarqueses não atacaram Wessex, terra natal de Alfredo.

No final de 870 acabou essa era de paz, e o próximo período ficou conhecido como os anos de batalhas de Alfredo.

Entre 870 e 871 o Reino de Wessex lutou nove batalhas, ganhando algumas e perdendo outras.

Em abril de 871, Etelredo morreu, e Alfredo se tornou rei.

Enquanto Alfredo estava fora, sepultando seu irmão, o antigo rei, os Dinamarqueses derrotaram os Ingleses numa batalha. Depois, novamente em maio, os Ingleses foram vencidos sob o comando de Alfredo.

Depois de tudo isso, Alfredo aceitou fazer a paz, e durante os cinco anos seguintes, os Dinamarqueses ficaram ocupados em outros locais da Inglaterra.

Mas, em 876, os Dinamarqueses, sob o comando de um novo líder, Guthrum, atacaram Wareham e depois se dirigiram para Exeter. Ali, Alfredo os bloqueou e, após um temporal ter destruído muitos navios dos Dinamarqueses, eles se retiraram para o reino da Mércia.

Então, em janeiro de 878, subitamente eles atacaram Chippenham, onde Alfredo estava. O próprio Alfredo recuou até Athelney em Somerset.

Diz a lenda que, enquanto estava escondido nos pântanos de Athelney, Alfredo recebeu abrigo de uma camponesa idosa que não tinha reconhecido o rei. Ela pediu que ele tomasse conta dos bolos que tinha deixado para assar sobre o fogo. Preocupado com os problemas do reino e com a guerra contra os Vikings, Alfredo se distraiu e deixou os bolos queimarem. Quando a camponesa voltou, reclamou demais e até bateu nele. Logo, alguns cavaleiros chegaram e o chamaram de “Sua Majestade” então ela percebeu quem era Alfredo e pediu perdão, mas Alfredo disse que ele era culpado e portanto era ele quem tinha que pedir desculpas.

Essa história mostra que Alfredo não era apenas um herói, mas também era humilde e como todo mundo cometia erros.

Em meados de maio, Alfredo e os Dinamarqueses se enfrentaram na Batalha de Edington em Wiltshire, e Alfredo foi vitorioso.

A Inglaterra ficou dividida em duas, o sudoeste ficou sendo controlado pelos Saxões sob o Rei Alfredo, e o resto da Inglaterra, incluindo Londres, ficou sob o controle dos Dinamarqueses. Essa parte ficou conhecida como Danelaw (onde predominavam as leis dos Dinamarqueses ou Danes).

Por volta de 879, os Dinamarqueses foram expulsos de Wessex e da maior parte da Mércia. Durante os anos seguintes houve paz, até porque os Dinamarqueses estavam ocupados na Europa.

Então, após uma revolta dinamarquesa no Reino da Ânglia Oriental, que Alfredo derrotou, ele partiu para tomar Londres de volta em 885 ou 886.

Depois, em 892 ou 893, os Dinamarqueses atacaram a Inglaterra novamente, mas foram finalmente rechaçados em 896 ou 897, e somente os Dinamarqueses ligados à Inglaterra puderam permanecer na Ânglia Oriental e em Northumberland.

Casamento e filhos[editar | editar código-fonte]

Em 868 Alfredo casou com Ealhswith, filha de Aethelred Mucill, que ocupava o cargo de ealdorman (significa uma espécie de chefe num distrito na Inglaterra Anglo-Saxônica) de Gaini, um povo que vivia em Lincolnshire próximo da cidade de Gainsborough.

Ela era a neta de um ex rei da Mercia, e eles tiveram cinco ou seis filhos, uma das quais foi Ethelfleda, que mais tarde se tornou rainha da Mercia.

Morte e seu legado[editar | editar código-fonte]

Depois que os Dinamarqueses bateram em retirada, Alfredo voltou sua atenção para a marinha real e os navios foram construídos de acordo com os projetos do próprio rei.

Esse não foi, como dizem alguns, o nascimento da marinha Inglesa. Embora tanto a Marinha Real com a Marinha dos Estados Unidos creditem a Alfredo a fundação de suas tradições navais.

Alfredo provavelmente faleceu em 899, embora o ano não seja confirmado. Também não se sabe como ele faleceu. O Rei foi originalmente sepultado no Old Minster (catedral Anglo-Saxônica da diocese de Wessex). Depois foi transferido para New Minster (uma abadia dos Beneditinos em Winchester) e finalmente foi sepultado em Hyde Abbey (um monastério Beneditino em Hampshire) no ano 1110.

Eduardo o Velho (899-924) (Edward the Elder)[editar | editar código-fonte]

o desenho de um artista mostrando Eduardo o Velho

Eduardo o Velho foi rei da Inglaterra após Alfredo. Ele reinou de 899 até sua morte em 924. Eduardo o Velho era filho de Alfredo. Eduardo nasceu entre os anos 868 e 877.

Ele casou com Ecgwynn por volta de 893, e tiveram um filho, Athelstan e uma filha que casou com Sihtric, o Rei Dinamarquês de York.

No entanto sua esposa, Ecgwynn's não pertencia a realeza e então, quando se tornou rei em 899, Eduardo abandonou Ecgwynn e casou com Elflaed, filha do ealdorman (significa uma espécie de chefe num distrito na Inglaterra Anglo-Saxônica) de Wiltshire.

O filho deles se tornou o futuro rei Ethelweard.

Eles tiveram seis filhas e possivelmente um filho, Eadwine, que morreu afogado em 933. Duas filhas se tornaram freiras e as outras casaram-se bem.

Eadgifu casou com Carlos III (Charles III), O Simples, que era Rei da França.

Eadhild casou com Hugo O Grande (Hugh The Great) Duque de Paris.

Eadgyth casou com Imperador do Sacro Império Romano, Otto I.

Aelfgifu se tornou esposa de Conrado, (Conrad) Reid a Burgúndia.

Eduardo se casou uma terceira vez, por volta de 919 com Eadgifu, filha do ealdorman (significa uma espécie de chefe num distrito na Inglaterra Anglo-Saxônica) de Kent.

Eles tiveram três filhos e duas filhas. No total Eduardo teve uns quinze filhos dos três casamentos, e talvez tenha tido algum filho ilegítimo.

Como rei, Eduardo passou o inicio do seu reinado lutando contra seu primo Aethelwald, filho de Ethelred I. Ele também se livrou do Danelaw (leis dos Dinamarqueses).

Ele faleceu em 924 e foi sepultado em Winchester.


Ethelweard (924)[editar | editar código-fonte]

Ethelweard nasceu em Wessex por volta do ano 904. Ele não reinou por muitos anos.

De acordo com uma versão de Anglo-Saxon chronicle, Ethelweard foi coroado rei em 17 de julho de 924 após a morte de seu pai, Eduardo o Velho. Ethelweard morreu dezesseis dias depois em 2 de agosto de 924.

Alguns dizem que ele foi assassinado por ordem de seu meio irmão Athelstan, que se tornou o próximo rei.

Ethelweard não se casou e foi sepultado em Winchester.

Athelstan (924-939)[editar | editar código-fonte]

a tumba do rei Athelstan na Abadia de Malmesbury.

Observação: não há nada dentro da tumba sob a estátua. As relíquias do rei foram perdidas com a Dissolução dos Monastérios em 1539

Athelstan nasceu por volta do ano 895 e se tornou rei, primeiro de Mercia, em 924 e depois de Wessex em 925.

Ele era filho do Rei Eduardo o Velho.

Athelstan tinha interesse especial em fazer alianças políticas.

Um ano após se tornar rei, já havia preparado o casamento de uma irmã com Sihtric, o Rei Viking de York. Sihtric morreu um ano mais tarde, e Athelstan aproveitou a chance para capturar a Northumbria.

Isso foi um golpe de mestre e tornou Athelstan rei de um grande território, o maior que qualquer rei Anglo-Saxão teve antes dele. Seria do tamanho da atual Inglaterra, menos Cornwall.

Parece que os governantes dos territórios vizinhos de Athelstan aceitaram sua liderança em Bamburgh.

A Anglo-Saxon Chronicle anota os nomes dos governantes: " Hywel, Rei de West Welsh [que é, da Cornualha], e Constantine II, Rei da Escócia, e Owain, Rei do povo de Gwent, e Ealdred... de Bamburgh". Owain, Rei de Strathclyde, talvez também estivesse presente.

Eventos semelhantes aconteceram por todas as partes ocidentais dos domínios de Athelstan.

Seu reino cobria a maior parte daquilo que hoje em dia é a Inglaterra, exceto pela Cornualha, por causa disso, Athelstan é visto geralmente como o primeiro rei da Inglaterra.

Ele alcançou um sucesso military considerável sobre seus inimigos, incluindo os Vikings, e aumentou seus domínios sobre partes de Gales e da Cornualha.

Embora tenha estabelecido muitas alianças dentro de sua família, Athelstan jamais se casou e nem teve filhos. Ele adotou Hakon, que mais tarde se tornou Hakon o Bom, Rei da Noruega.

Athelstan era religioso e foi muito generoso em doações à Igreja. Quando ele morreu em 939 em Gloucester, foi sepultado na Abadia de Malmesbury, ao invés de sê-lo onde estava sua família, em Winchester.

Quem sucedeu Athelstan foi seu meio irmão mais jovem Rei Edmundo I (Edmund I).


Edmundo o Magnífico 939-946 (Edmund the Magnificent)[editar | editar código-fonte]

Edmundo I, também conhecido como Edmundo o Magnifico ou Edmund o Justo, nasceu em 921 em Wessex.

Era filho de Eduardo o Velho e meio irmão de Athelstan, subiu ao trono com a morte de Athelstan, em 27 de outubro de 939.

Edmundo I, O Magnífico

Logo após sua proclamação, o rei foi obrigado a enfrentar diversas ameaças militares.

O Rei Olavo I (Olaf I) [de Dublin] conquistou a Northumbria e invadiu as Midlands. No entanto, quando Olavo faleceu em 942, Edmundo reconquistou as Midlands e também Northumberland em 944.

Em 945 Edmundo conquistou Strathclyde na Escócia, mas abriu mão de seus direitos em favor do Rei Malcolm I da Escócia em troca de um tratado de mútuo apoio militar. Isso lhe deu a certeza de que as fronteiras do norte ficariam seguras.

Durante o reinado de Edmundo houve uma recuperação dos monastérios na Inglaterra.

Edmundo foi assassinado em 26 de maio de 946 por Leofa, um ladrão exilado.

O Rei estava numa festa em Pucklechurch, quando percebeu Leofa no meio da multidão. Quando Leofa se recusou a sair, o rei e seus conselheiros lutaram com Leofa. Tanto o rei quanto Leofa foram mortos.

Ele foi sepultado em Glastonbury.

Edmundo foi sucedido por seu irmão Edred. Mais tarde dois dos filhos de Edmundo se tornaram reis da Inglaterra– Edwy e Edgar – como vocês vão ler abaixo.

Edred (946-955)[editar | editar código-fonte]

Rei Edred ou Eadred nasceu em Wessex por volta do ano 923 e se tornou Rei da Inglaterra em 946.

Ele era filho de Eduardo o Velho. Como ambos os seus irmãos mais velhos, Edred teve grande sucesso militar sobre os Vikings.

Ele foi um homem religioso, mas sua saúde era frágil e ele mal conseguia comer.

O Rei Edred morreu em 23 de novembro de 955 em Frome, Somerset, e foi sepultado na Catedral de Winchester. Ele nunca se casou e foi seu sobrinho Edwy quem o sucedeu.

Edwy o Formoso (955-959) (Edwy All Fair)[editar | editar código-fonte]

Edwy, O Formoso

Edwy o Formoso ou Eadwig nasceu em Wessex por volta do ano 941 e se tornou Rei da Inglaterra em 955, quando os nobres o escolheram para suceder a seu tio Rei Edred.

Edwy era o filho mais velho do Rei Edmundo I. Seu reinado foi pequeno e foi marcado por brigas com sua família; com os Thanes (esse termo thegn ou thane ou thayn significa ”aqueles que servem”) que eram os partidários do rei; e com a Igreja Católica Romana.

Frustrados pelas imposições do rei e apoiados por Odo, Arcebispo de Canterbury, os Thanes de Mercia e da Northumbria mudaram sua aliança e passaram a apoiar o irmão de Edwy, Edgar em 957.

Edwy foi derrotado na batalha em Gloucester, mas para evitar que o país se afundasse numa guerra civil, os nobres concordaram em fazer um acordo. O reino seria dividido entre os Thanes, com Edwy mantendo Wessex e Kent no sul, e Edgar governando no norte.

Nos últimos anos de seu reinado, Edwy se tornou um rei melhor e fez doações significativas para a Igreja.

Ele morreu jovem, com 18 ou 19 anos em 1 de outubro de 959.

Edwy foi casado com Elgiva, mas o casamento foi anulado.

Foi sucedido por seu irmão e rival, Edgar, que reuniu o reino.

Edwy foi sepultado na Catedral de Winchester.


Edgar o Pacífico (959-975) (Edgar the Peaceable)[editar | editar código-fonte]

O Rei Edgar nasceu por volta de 942 em Wessex. Ele era o filho mais novo do Rei Edmundo I.

Seu reinado foi de paz e por isso Edgar ficou conhecido como o Pacífico.

Ele foi um rei mais forte do que seu irmão mais velho, Edwy, de quem tomou os reinos de Northumbria e Mercia em 958.

Edgar foi chamado de Rei da Inglaterra do norte do Tâmisa, por um grupo de nobres da Mercia em 958, mas oficialmente se tornou rei quando Edwy morreu, em outubro de 959.

A coroação de Edgar foi em Bath, mas não o início do seu reinado. Sua coroação foi em 973, e foi planejada para ser o ponto alto do seu reinado. A coroação simbólica era um passo importante, e seis outros reis da Grã Bretanha, incluindo os reis da Escócia e de Strathclyde, participaram e juraram aliança a Edgar logo depois, em Chester.

Edgar casou-se duas vezes, primeiro com Ethelfled e depois com Elfrida. Desses casamentos teve muitos filhos.

Quando faleceu em 8 de julho de 975 em Winchester, deixou dois filhos que se tornaram ambos, reis da Inglaterra.

Seu filho mais velho, Eduardo, de sua primeira esposa sucedeu Edgar quando ele faleceu. Um segundo filho, chamado Ethelred, de sua segunda esposa, sucedeu seu meio irmão.

O Rei Edgar foi sepultado na Abadia de Glastonbury.

Existem histórias que dizem que Edgar casou com sua amante Wulfryth, entre suas duas outras esposas e que ela lhe deu uma filha, Eadgyth que se tornou Abadessa em Wilton.

Eduardo o Mártir (975-978) (Edward the Martyr)[editar | editar código-fonte]

O Rei Eduardo o Mártir nasceu por volta do ano 962 em Wessex.

Ele sucedeu seu pai, Edgar como Rei da Inglaterra em 975, mas foi assassinado após um reinado de poucos anos, em 978.

O crime foi atribuído a inimigos “sem religião”, e como o próprio Eduardo era considerado um bom Cristão, ele foi, mais tarde, canonizado Santo e se tornou Santo Eduardo o Mártir, em 1001.

Eduardo nunca se casou.

O reinado de Eduardo foi contestado por um grupo de nobres liderados por sua madrasta a Rainha Elfrida, que desejava o trono para seu filho ainda criança, Ethelred.

De fato ele mais tarde se tornou rei e ficou conhecido como Ethelred o Imprudente.

No entanto, Eduardo foi confirmado rei por um conselho de nobres conhecido como Witan.

Eduardo o Mártir

Nessa época uma grande fome devastava o país e os monastérios sofriam ataques violentos dos nobres, que tentavam manter o controle de suas terras. Essas terras haviam sido doadas a eles pelo pai de Eduardo, o Rei Edgar.

Muitos desses monastérios foram destruídos e os monges tiveram que fugir, mas o Rei Eduardo se manteve firme ao lado do arcebispo Dunstan, na defesa da Igreja e dos monastérios.

Esse foi o grande motivo pelo qual os nobres decidiram removê-lo do trono e lá colocar Ethelred.

Morte e legado[editar | editar código-fonte]

Em 18 de março de 978 o rei estava caçando com seus cães e seus cavaleiros perto de Wareham em Dorset. Durante essa jornada, o rei decidiu visitar Ethelred que estava com sua mãe Elfrida na casa dela no Castelo de Corfe, próximo dali.

O Rei Eduardo foi sozinho. Enquanto ainda estava montado em seu cavalo no pátio do castelo, sua madrasta Elfrida ofereceu a ele, um copo de cerveja. Enquanto o rei bebia, alguém do grupo da rainha o esfaqueou pelas costas.

Ethelred na verdade, não participou do assassinato até porque só tinha dez anos nessa altura.

Há uma outra opinião que afirma que a própria Elfrida cometeu o crime.

No momento do assassinato, o corpo do rei escorregou da sela e ficou preso pelo pé ao seu cavalo. Assim ele foi arrastado pela floresta até cair num riacho na base da colina onde ficava o Castelo de Corfe.

Mais tarde descobriram que as águas do riacho tinham propriedades curativas, especialmente para os cegos. A igreja de Santo Eduardo no vilarejo do Castelo de Corfe fica justamente no local do milagre.

Aconteceu assim: a rainha mandou rapidamente que escondessem o corpo do rei numa cabana próxima.

Quem morava nessa cabana era uma mulher cega de nascença. Durante aquela noite, ela recebeu subitamente a visão.

Quando amanheceu, a rainha ordenou que sepultassem o Rei Eduardo num pântano próximo de Wareham.

Um ano após o assassinato, no entanto, um pilar de fogo apareceu sobre o local onde o corpo foi escondido, iluminando toda a área.

Isso foi observado por alguns moradores de Wareham, que descobriram o corpo. Imediatamente uma fonte de água clara e curativa surgiu nesse local.

Acompanhado agora por uma enorme multidão de pessoas de luto, o corpo foi levado para a igreja da Mais Santa Mãe de Deus em Wareham e sepultado na extremidade leste da igreja.

Isso ocorreu em 13 de fevereiro de 980. Outros milagres também foram atribuídos ao Rei Eduardo.

Eduardo foi oficialmente canonizado pelo Conselho All-English de 1008, presidido pelo Arcebispo de Canterbury.

O Rei Ethelred ordenou que três dias de festa para o santo deveriam ser celebrados através de toda Inglaterra.

A Abadia Shaftesbury foi rededicada à Mãe de Deus e Santo Eduardo. Shaftesbury foi renomeada como "Edwardstowe" e somente retornou ao seu nome original após a Reforma dos Monastérios sob o reinado do Rei Henrique VIII, muitos séculos depois.

Muitos milagres foram registrados na tumba de Santo Eduardo incluindo a cura dos leprosos e dos cegos.

Durante o século dezesseis, os restos mortais de Santo Eduardo foram escondidos para evitar profanação durante a Reforma.

Em 1931 eles foram descobertos e repousam numa igreja, no Cemitério de Brookwood, em Woking, Surrey. Essa igreja agora é chamada de Igreja Ortodoxa Santo Eduardo o Mártir.

Ethelred o Imprudente (978-1013, 1014-1016) (Ethelred the Unready)[editar | editar código-fonte]

Ethelred o Imprudente

Ethelred o Imprudente nasceu por volta do ano 968 em Wessex e morreu em 1016.

Ele foi Rei da Inglaterra entre 978 e 1013, e depois foi rei novamente entre 1014 e 1016. Ele também pode ser conhecido como Rei Ethelred II.

Seu apelido “o Imprudente” não significa que ele fosse mal preparado, mas deriva do Anglo-Saxão unræd que significa “sem conselho” ou “indeciso”. Também pode ser interpretado como um trocadilho com o seu nome Æðelræd, que pode significar “nobre conselho”.

Ethelred se tornou rei quando tinha por volta de 10 anos de idade, após a morte de seu pai, Rei Edgar, e o assassinato de seu meio-irmão Rei Eduardo.

Conflitos com os Dinamarqueses[editar | editar código-fonte]

A Inglaterra experimentou um longo período de paz após a reconquista do Danelaw (onde predominavam as leis dos Dinamarqueses ou Danes).

Ainda assim, em 991 Ethelred teve que encarar uma frota Viking maior do que a de Guthrum, no século anterior.

Essa frota era comandada por Olaf Trygvasson, um Norueguês que desejava recuperar o país do domínio dos Dinamarqueses. Após os iniciais revezes militares, Ethelred e Olaf fizeram acordo e Olaf retornou para a Noruega sem um completo sucesso.

Enquanto o acordo deu ao rei algum tempo para respirar, logo a Inglaterra estava enfrentando novamente ataques Vikings.

Ethelred lutou contra eles, mas em muitos casos, ele seguiu a prática dos primeiros reis, que era pagar pela paz. Esse pagamento se tornou conhecido como Danegeld.

Assim mesmo, em 13 de novembro de 1012, Ethelred ordenou um massacre dos Dinamarqueses que viviam na Inglaterra. Isso gerou uma resposta furiosa que levou Sweyn Haraldsson a liderar uma série de ataques para conquistar a Inglaterra. E ele conseguiu, depôs Ethelred que fugiu para a Normandia, buscando a proteção de seu cunhado, Roberto da Normandia (Robert of Normandy).

No entanto, Sweyn morreu logo depois, em fevereiro de 1014 e Ethelred voltou a assumir o trono.

Casamento e filhos[editar | editar código-fonte]

O primeiro casamento de Ethelred, foi com Ælflaed, filha de Thored, o ealdorman (significa uma espécie de chefe num distrito na Inglaterra Anglo-Saxônica) da Northumbria; ela foi mãe de quatro filhos, incluindo Edmundo o Costela de Ferro (Edmund Ironside) mais tarde Rei Edmundo II.

Em 997, ele casou-se com Ælfgifu, filha do ealdorman (significa uma espécie de chefe num distrito na Inglaterra Anglo-Saxônica) Aethelberht, que lhe deu dois filhos.

Seu terceiro e último casamento foi em 1002 com Emma da Normandia (Emma of Normandy), cujo sobrinho-neto, Guilherme I da Inglaterra (William I of England) mais tarde usaria esse vínculo familiar como base para reclamar o trono.

Edmundo o Costela de Ferro

Morte e legado[editar | editar código-fonte]

Ethelred morreu em 23 de abril de 1016, em Londres, onde foi sepultado.

Seu filho Edmundo o Costela de Ferro o sucedeu.

Apesar dos contínuos ataques dos Vikings, o reinado de Ethelred está longe de ter sido o desastre descrito por alguns cronistas que escreveram logo após os eventos.

Ethelred introduziu grandes reformas na máquina governamental da Inglaterra Anglo-Saxã, e foi responsável pela introdução dos Sheriffs (que são os oficiais dos condados). A qualidade da cunhagem das moedas, sempre um bom indicador das condições econômicas da época, permaneceu alta durante seu reinado.


Edmundo o Costela de Ferro (1016) (Edmund Ironside)[editar | editar código-fonte]

Edmundo II nasceu entre os anos 988 e 993. Ele foi Rei da Inglaterra de 23 de abril de 1016 até sua morte, mais tarde no mesmo ano em 30 de novembro.

Ele foi chamado “o Costela de Ferro” por causa dos seus esforços para impedir a invasão dos Dinamarqueses liderados pelo Rei Canuto (Canute). Mesmo tendo sucedido Ethelred o Imprudente, Edmundo teve muito pouco apoio da nobreza londrina, enquanto Canuto tinha enorme apoio, especialmente da nobreza de Southampton.

Quando Edmundo recuperou Wessex que tinha sido invadida por Canuto em 1015, Canuto respondeu fazendo um cerco a Londres. Cerco que foi vencido por Edmundo. Apesar da vitória, o conflitou continuou até que Edmundo foi derrotado em 18 de outubro por Canuto em Ashingdon em Essex.

Após a batalha os dois reis negociaram a paz. No acordo, Edmundo mantinha Wessex enquanto Canuto ficava com as terras ao norte do rio Tâmisa.

Além disso, eles concordaram que, quando um deles morresse, o reino do falecido ficaria para aquele que ainda estivesse vivo. Em 30 de novembro de 1016, o Rei Edmundo II morreu de causas naturais, talvez em Oxford ou em Londres.

Seu reino foi portanto, cedido a Canuto que então se tornou Rei da Inglaterra.

Edmundo foi sepultado na Abadia de Glastonbury em Somerset.

Os dois filhos de Edmundo com sua esposa Ældgyth, Eduardo (Edward) e Edmundo (Edmund), fugiram para a Hungria.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Wikipedia