Nepal/História

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Estupa de Swayambhunath
Festa típica dos descendentes dos quirates, que até hoje habitam o leste do Nepal
Estátua de Sidarta menino em Lumbini
Fundações da antiga cidade de Capilavastu, local onde cresceu Sidarta Gautama

Segundo uma lenda, o atual Vale de Catmandu, na região central do Nepal, era um imenso lago antigamente. O lago teria sido destruído quando o bodisatva Manjushri, discípulo de Buda, rompeu, com uma espada, o dique que retinha a água. Manjushri teria, então, construído a Estupa de Swayambhunath e a aldeia de Manjupatan no local anteriormente inundado pelo lago. Concretamente, sabe-se que o povo quirate invadiu a região, vindo do leste, no século VIII a.C. e impôs uma longa sucessão de governantes, o mais famoso dos quais tendo sido o rei Yalambar, que é citado no épico hindu Mahabharata.

Por volta do século V a.C., em Lumbini, localidade no sul do atual território nepalês, nasceu Sidarta Gautama, príncipe do clã Shakya. Quando adulto, Sidarta tornou-se monge errante e foi para a Índia, onde passou a pregar suas ideias religiosas sob a alcunha de Buda, ou "Desperto", que o povo lhe havia conferido. Suas ideias baseavam-se na extinção do desejo como meio para se atingir a felicidade e sobreviveram até os dias de hoje sob a denominação de budismo. Consta que Buda retornou à sua terra natal para pregar sua filosofia e para converter sua família, inclusive sua esposa e seu filho, os quais havia abandonado quando iniciou sua jornada em busca da verdade. No século III a.C., o sul do Nepal ficou sob influência do Império Mauria, o primeiro império a unificar a Índia. O criador do império, Asoca, foi um patrocinador do budismo, tendo visitado o local de nascimento de Buda e dado a mão de sua filha em casamento a um príncipe local.

A partir daí, ocorreu uma sucessão de impérios na região. As dinastias indianas dos Lichávis, Tacuris e Malas sucederam-se no controle da região até que, por volta do século XIV, o Nepal ficou dividido sob a influência de três cidades-estados: Catmandu, Patan e Badgaon. A região somente foi unificada com a invasão dos gurcas, povo mongol procedente da Índia, em 1769. Os gurcas fundaram uma dinastia que permaneceu no poder até o século XXI. Em sua extensão máxima, o Reino do Nepal se estendeu desde o Punjabe até o Siquim. Entre os séculos XVII e XVIII, os xerpas migraram do Tibete para o norte do Nepal. No fim do século XVIII e início do século XIX, a política expansionista do Reino do Nepal se chocou contra o Império Chinês, ao norte e contra a Companhia Britânica das Índias Orientais, ao sul, leste e oeste. Os nepaleses foram derrotados pelos chineses e forçados a abrir mão de seus interesses no Tibete.

Foram também derrotados pelos britânicos nas chamadas Guerras Anglo-nepalesas ou Guerras Gurcas, sendo forçados a ceder as regiões do Siquim, do Terai, de Cumaon e de Garval. Em 1846, a família Rana assumiu hereditariamente o cargo de primeiro-ministro, concentrando ditatorialmente todos os poderes. O rei passou a ocupar uma posição meramente decorativa. Em 1924, a escravidão foi abolida. Em 1951, sob pressão indiana, o rei retomou o poder, acabando com a hegemonia dos Ranas. Em 29 de maio de 1953, o neozelandês Edmund Hillary e o xerpa nepalês Tenzing Norgay escalaram, pela primeira vez, o Monte Evereste, ponto culminante do planeta, na fronteira sino-nepalesa. Em 1989, pressões populares pró-democracia forçaram o rei a criar, dois anos depois, um parlamento multipartidário. A partir de 1996, o Nepal enfrentou uma guerra civil contra rebeldes maoistas, o que acabou se convertendo em um dos fatores que enfraqueceram a monarquia. Em 2001, outro acontecimento enfraqueceu ainda mais a monarquia: o príncipe herdeiro Dipendra, alcoolizado, matou seus pais por esses não concordarem com seu casamento.

Grande parte da família real morreu na ocasião e o tio de Dipendra, Gyanendra, acabou assumindo a coroa. Em 2005, o rei dissolveu o parlamento a pretexto de obter maior poder para combater a guerrilha. Mas o fracasso militar, a inflação e os protestos populares resultantes forçaram o rei a convocar o parlamento. O país passou a ser governado por uma coalizão de sete partidos, que criou um novo brasão nacional, tirou os poderes do rei e declarou a intenção de substituir a monarquia pelo regime republicano. No ano seguinte, os rebeldes maoistas aceitaram abandonar a luta armada[1].

Em 2007, a Organização das Nações Unidas instalou uma missão de paz no país para supervisionar o processo de reforma política no país. Em 2008, a monarquia foi finalmente substituída pela república. Em 2010, os soldados nepaleses da missão de paz da Organização das Nações Unidas no Haiti foram acusados pela população local de causar uma epidemia de cólera no país, o que levou os soldados a serem atacados pela população[2].

Referências