Logística/Técnicas de previsão/Opinião de peritos/Método Delphi

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Segundo DeLurgio (1998, p. 636), o método Delphi é aplicável quando se pretende prever a probabilidade e a data de acontecimentos futuros. Para fazer essas previsões, junta-se um grupo de peritos de modo a identificar acontecimentos emergentes, a sua probabilidade e quando é que ocorrerão. Os principais objectivos deste método inclui a criação de consensos e a identificação de opiniões opostas relativamente a futuros alternativos. Na maioria dos casos, chega-se a uma previsão consensual no final do processo. O método Delphi, sendo um dos métodos qualitativos mais conhecidos, é eficaz, uma vez que as sondagens estruturadas e independentes dos peritos fornecem estimativas não enviesadas de futuros alternativos.

Desde que foi desenvolvido na RAND Corporation, na década de 50, o método Delphi tem sido utilizado para facilitar a elaboração de previsões assim como a tomada de decisões. Este método foi inicialmente criado como um procedimento capaz de ajudar peritos a obterem melhores previsões, do que poderiam obter através de reuniões de grupo tradicionais. A sua estrutura foi criada de forma a ter acesso aos atributos positivos de grupos em interacção, como, por exemplo, o conhecimento de várias fontes e sínteses criativas. Ao mesmo tempo, o método Delphi permite contornar os aspectos negativos que muitas vezes levam a desempenhos sub-óptimos dos grupos, tais como os resultantes de conflitos sociais, pessoais ou políticos (Rowe, 2001, p. 126).

Na primeira ronda os peritos têm que responder por escrito a questões apresentadas, separadamente uns dos outros, ou seja, estes são respondidos independentemente. As respostas de cada perito são resumidas e devolvidas aos mesmos, com o objectivo de estes analisarem os resultados e modificarem os seus comentários para a ronda seguinte. De seguida, realizam-se três ou mais rondas da mesma forma. Assim que os administradores acharem que os peritos desenvolveram adequadamente as suas posições, estes podem trabalhar em conjunto para aperfeiçoar as suas respostas e projeções. Após a conclusão do processo, os patrocinadores devem conhecer as probabilidades de acontecimentos futuros de forma a aperfeiçoar o planeamento organizacional. A principal vantagem desta técnica de previsão assenta na imparcialidade com que os peritos por todo o mundo podem partilhar ideias e suposições (DeLurgio, 1998, p. 636).

O método Delphi possui quatro características fundamentais, nomeadamente o anonimato, a iteração, feedback controlado das opiniões dos peritos e agregação estatística das respostas dos membros do grupo. Para alcançar o anonimato devem-se utilizar questionários, nos quais os membros do grupo podem expressar as suas ideias individualmente, diminuindo, deste modo, os efeitos de pressões pessoais, a presença de indivíduos dogmáticos ou dominantes ou o efeito da maioria. Através das iterações dos questionários ao longo de várias rondas, os peritos têm a possibilidade de mudarem de opinião sem receio da opinião dos outros elementos anónimos do grupo. É de notar que o administrador informa os participantes das opiniões dos colegas anónimos entre cada iteração de um questionário. Este feedback é apresentado como um sumário estatístico da resposta do grupo, como por exemplo, a estimativa da média de quando um acontecimento futuro irá ter lugar. No final do processo, o administrador determina a opinião final do grupo, que é baseada na média estatística das opiniões da última ronda (Rowe, 2001, p. 126).

O método Delphi torna-se particularmente vantajoso em determinadas situações, como por exemplo, quando os peritos se encontram geograficamente dispersos e impossibilitados de se reunirem em grupo. Neste caso, esta técnica possibilita aos membros de diferentes organizações debaterem problemas e elaborarem previsões à distância. Outro caso onde a utilização deste método se torna útil, é quando existem desacordos entre indivíduos, os quais podem ser influenciados por conflitos de motivações, choques de personalidade ou jogos de poder. A gestão do processo de grupo e a garantia do anonimato são factores que devem ser tidos em conta para garantir o sucesso deste último caso. É de notar que peritos de diversas origens sem um historial de comunicação, são mais susceptíveis de terem diferentes perspectivas, terminologias e referenciais, podendo facilmente contribuir para que haja problemas na comunicação (Rowe 2001, p. 138).