Civilizações da Antiguidade/Os minoicos

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Os Minoicos
mapa da Creta minoica

A descoberta[editar | editar código-fonte]

Mencionada por Homero, essa civilização foi completamente esquecida até que Arthur Evans, um dos mais famosos arqueólogos da História, acreditou na sua existência e se dedicou a buscá-la.

Ele usou as pistas dadas pelos mitos e lendas a respeito do fabuloso rei Minos (do labirinto do minotauro) para encontrar a história real. A civilização minoica de Creta estava lá, aguardando seu descobridor.

Em 1900, Arthur Evans desenterrou a construção que chamou de Palácio de Minos, hoje chamado Palácio de Cnossos, e daí começou a reconstruir essa cultura tão interessante.

Na realidade o que temos para estudar são poucas peças de um enorme quebra-cabeças, portanto são conclusões sobre o que já foi encontrado e como se presume que a história aconteceu.


Localização geográfica[editar | editar código-fonte]

Creta é a maior ilha da Grécia. É uma ilha longa e estreita, que se estende pela entrada sul do mar Egeu. Sua posição geográfica é privilegiada para manter contatos com o Egito e o Levante. É a segunda maior ilha do Mediterrâneo oriental e a quinta maior de todo aquele mar.

Mapa das Cíclades

É preciso mencionar a ilha de Thera, que hoje é chamada de Santorini e possivelmente teve um papel importante no final dessa história.

Essa é uma ilha vulcânica que fica no extremo sul do grupo das Cíclades, no mar Egeu. Hoje ela tem além da ilha principal, um grupo quase circular de ilhas que são vestígios da grande erupção que despedaçou a ilha original e são as partes de uma cratera.

Origem[editar | editar código-fonte]

Foi a primeira civilização que surgiu na Europa, ao lado dos micênicos. A civilização conhecida como minoica, não foi importada mas se desenvolveu na própria ilha com o decorrer do tempo.

Pré-história[editar | editar código-fonte]

A ilha foi ocupada a partir de 6000 a.C. por povos neolíticos, como evidenciado por figuras antropomórficas de argila. As primeiras peças de cerâmica surgiram por volta de 5700 a.C. A arquitetura é semelhante às presentes no Egito e no Oriente Médio, deste período e de períodos posteriores, com tijolos queimados sobre fundação de pedra, cobertos por barro, o que pode ligá-los aos povos daquelas regiões e não aos povos europeus como se costuma pensar.

Esse povo cultivava trigo, lentilhas, criava bois e cabras. O terreno montanhoso e acidentado dava lugar a profundos vales férteis, onde era praticada a agricultura. A pesca também era um importante elemento na obtenção de alimentos.

Por volta de 3800 a.C. o cobre substituiu as pedras em utensílios como machados, e a ilha toda passou a ser ocupada por esta cultura.


Idade do Bronze[editar | editar código-fonte]

Foi neste período que a civilização minoica, de fato, floresceu. Nesta época o papel da ilha de Creta era comparável ao das grandes potências como o Egito, a Mesopotâmia e a Anatólia, por exemplo.

A economia sofreu uma grande mudança deixando de ser rural e passando a ser comercial.

Por volta de 3000 a.C. são encontrados vestígios de utensílios de bronze e fornos para fundição. Neste período, a ocupação do litoral tornou-se importante, com vilas costeiras e ancoradouros.

Tabletes em Linear A

Surgiu ainda, um sistema de escrita chamado linear A, ainda sem tradução.

O fato da Ilha de Creta estar localizada entre o Egito, a Ásia e a Grécia continental, foi o grande impulsionador do comércio e da economia. Creta era a ponte entre as diversas civilizações da época, ajudando a disseminar o conhecimento entre povos de culturas tão variadas quanto os que viviam no antigo oriente e os ocidentais.

Graças aos excedentes de produção e a difusão do uso do bronze, houve todo um processo que fez mover a economia, no sentido de ocupar a mão-de-obra em atividades diversas.

Era necessário uma organização social e política para gerir essa nova economia e os palácios se encaixavam de maneira perfeita no caso. Portanto se presume que todas as atividades econômicas estavam ligadas ao poder político que emanava do palácio.

Os palácios[editar | editar código-fonte]

A civilização minoica é chamada também de Civilização de Palácio. Através dos estudos se pode deduzir que o palácio era o centro do poder real, era o local de onde se administrava e distribuía as riquezas.

Sala do trono no palácio de Cnossos

Não se conhece os nomes dos reis de Creta, até porque a escrita não foi decifrada, então a importância dos palácios se torna mais evidente.

Os primeiros palácios, de Cnossos, Festos e Malia, foram destruídos por um grande terremoto, por volta de 1 700 a.C.

Mas outros foram construídos sobre as ruínas, palácios ainda mais sofisticados e complexos.

Acredita-se que a civilização minoica era constituída por cidades-estado, subordinadas em certo nível a uma cidade mais importante e seu rei. Assume-se que Cnossos era esta cidade. O palácio de Cnossos é o maior já encontrado na ilha, embora grandes palácios também ocorram em Festos e Malia. Associados ao palácio, estavam casas, lojas, banhos, oficinas e armazéns.

Portanto havia centros de poder do qual dependiam outras cidades e povoados.

Segunda época dos palácios[editar | editar código-fonte]

Essa foi a época áurea da civilização minoica.

O povo já conhecia e dominava a metalurgia do bronze, também eram agricultores produtivos e suas grandes riquezas eram o trigo, o azeite e o vinho. Os ferreiros trabalhavam o metal e os oleiros criavam belas vasilhas que eram decoradas pelos pintores. Sem esquecer da pesca, porque afinal estamos falando de uma ilha, e também da criação de animais.

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

O palácio centralizava a vida da civilização minoica. Então vamos ver como eram construídos.

Ruínas de escadaria Palácio de Cnossos

Em geral possuíam um pátio central, não tinham muralhas. Pelas ruínas se pode deduzir que havia um local de culto, as alas designadas ao rei e sua família e outros compartimentos que deveriam ser usados como armazéns e oficinas.

Os palácios típicos possuíam vários pisos e isso pode ser atestado pelas ruínas de grandes escadarias. Presume-se que o Palácio de Cnossos tivesse dois pisos na parte ocidental e quatro na oriental.

Nessa segunda fase dos palácios em especial, a arquitetura tomou grandes proporções, os ambientes recebiam a claridade graças ao uso de colunas e pilastras, todas decoradas com afrescos maravilhosos.

O palácio centralizava a vida econômica, porque era lá onde se davam as trocas, onde se recebiam os clientes e as encomendas, onde se produzia o vinho e se armazenava o excedente dos produtos.

A complexa construção do palácio deixa entrever um povo que vivia numa sociedade de alto nível.


Talassocracia[editar | editar código-fonte]

A civilização minoica é chamada de talassocracia, ou seja, possuía o domínio político do mar.

De fato, é dito historicamente, que o fabuloso rei Minos (rei de Knossos), seja isso lenda ou realidade conquistou as Cíclades e o mar circundante.

Fragmento de barco minoano

O que sabemos de real é o fato de não haver fortificações ou muralhas nas cidades minoicas, também nada foi encontrado sobre produção maciça de armas. Isso significa que o domínio de Creta, era de fato comercial, ao que parece ela dominava o Mediterrâneo Oriental.

A prosperidade da ilha se deveu basicamente à habilidade na construção de naus rápidas e resistentes, capazes de transpor o Mar Mediterrâneo. Desta forma, os minoóicos estabeleceram relações comerciais com as civilizações circundantes, exportando peças de metal, jóias, cerâmica, azeite, vinhos e também em busca de matéria-prima.

A frota minoica era formada por navios de transporte, feitos especificamente para o comércio e se compunha de embarcações que mediam entre 20 e 30 metros, com vela e remos.

Em se tratando de navegação, eles tinham perfeitas noções atmosféricas e náuticas e isso se deduz, tanto pela quantidade de mercadorias que transportavam quanto pelas distâncias que percorriam.

Cidade minoana de Akrotiri

Em inúmeros afrescos se pode observar a chegada de navios ao porto e se vê que a enseada possuía um cais artificial e um edifício com muitas aberturas na fachada, parecendo um estaleiro.

A expansão de Creta está documentada nos afrescos de Akrotiri, na Ilha de Thera (atual Santorini).

A ilha de Creta era um ponto chave no comércio do Mediterrâneo porque não era controlada pelo Egito e nem pela Mesopotâmia.

Na Síria, a cidade de Ugarite possuía uma base comercial minoica.

Ciências[editar | editar código-fonte]

É evidente que o desenvolvimento de técnicas científicas sempre está ligado àquilo que se faz necessário no momento vivido.

Armazém em Cnossos

Os minoicos desenvolveram fornos e instrumentos para trabalhar o metal, pinças, martelos e moldes de terracota.

Produziram armas em bronze como adagas com lâminas em forma de folha de louro, outras com nervura central e base arredondada. As espadas tinham nervura central e cabo para empunhadura, eram finamente decoradas e até mesmo revestidas em ouro. Eram armas de adorno e não de defesa ou ataque.

A técnica da olaria foi desenvolvida e hoje são famosos os vasos enormes, que eram utilizados para conservação de mercadorias no palácio ou transporte.

Nos primeiros tempos, a cerâmica, copos, taças e ânforas muito decoradas, eram exportadas e usadas em ambientes luxuosos.

Em termos de transporte terrestre, os minoicos usavam o carro de madeira com rodas presas por tiras de couro e puxado por animais.

Evidentemente, um povo cuja economia se baseava no comércio e a administração era feita no palácio, se dedicou também à matemática. Embora não fosse uma ciência muito desenvolvida, eles usavam uma numeração inteira e fracionária e possuíam um sistema de cálculo que era suficiente para sua contabilidade.

Artes[editar | editar código-fonte]

A arte minoica foi expressa a principio, pelos relevos, joalheria e cerâmica. Não foram encontradas grandes estátuas e esculturas. O que mais chama atenção é a qualidade e a técnica usada nos trabalhos de cerâmica.

Do período dos palácios ficaram os afrescos , baixos relevos e a decoração naturalista. A cor, as figuras elegantes e refinadas, os afrescos em relevo, tudo remete a uma civilização desenvolvida artisticamente.

Afresco em Akrotiri

As jóias demonstram a habilidade e bom gosto dos ourives minoicos. Também podemos supor que a música e a dança foram cultivadas na Creta minoica, temos representações de músicos com liras, harpas, címbalos e sistros.

Religião[editar | editar código-fonte]

As estatuetas encontradas nas escavações, em geral representam figuras femininas, o que nos leva a crer que eles veneravam uma deusa-mãe. Era uma divindade ligada a natureza e aos animais.

É possível que a característica principal da religião tenha sido o naturalismo.

Nos deuses minoicos são observados detalhes que mais tarde, vão aparecer nos deuses gregos. Da mesma forma era dado um valor sagrado às cavernas e grutas, como viria a ocorrer na Grécia. Com relação a crença na vida após a morte ou aos rituais que envolveriam um sepultamento, só temos especulações.

Sabemos que eles enterravam seus mortos em covas no principio, e mais tarde em túmulos.

Foi encontrado um sarcófago com pinturas mostrando que o defunto, no seu funeral, recebe tudo aquilo que poderá precisar para uma viagem, inclusive uma barca.

Declínio[editar | editar código-fonte]

Entre 1450 e 1400 a. C. houve nova destruição dos palácios. Ainda não se sabe ao certo o motivo. Alguns estudiosos acreditam que o estrago possa ter sido causado pela erupção na ilha de Thera ou até mesmo pelos grandes tremores e maremotos que se seguiram à erupção.

Deusa das serpentes

Outros acreditam que tudo isso coincidiu com a chegada dos micênicos, que teriam invadido Creta.

Seja como for, incapazes de estabelecer comércio com outras culturas e defender-se de invasões estrangeiras, a sociedade aparentemente entrou em colapso.

Ainda no século XV a.C. os dórios vindos do Peloponeso invadiram Creta, estabeleceram-se nas cidades abandonadas e construíram sobre cidades destruídas. Os minoicos migraram para o leste da ilha, mas foram finalmente assimilados por volta de 1380 a.C.

O poderoso Minos[editar | editar código-fonte]

Data: c. -400. Trecho do Livro I de Tucídides, também chamado de "Arqueologia", em que o autor descreve a história dos povos gregos anterior à Guerra do Peloponeso, que começou por volta de -431. A tradução é da Profa. Anna Lia A. de Almeida Prado (1999):

4. Minos foi, dentre os homens que conhecemos pela tradição, o que mais cedo adquiriu uma frota e dominou a maior extensão do mar que hoje se chama Helênico; exerceu a hegemonia sobre as ilhas Cícladas e foi quem primeiro instalou a maioria das colônias, depois de expulsar os cários e de entregar a chefia a seus filhos. E quanto à pirataria, como era natural, ele procurava na medida de suas forças eliminá-la do mar para aumentar seus lucros.

8. (...) [2] Depois que Minos constituiu sua frota, a navegação trouxe maior contato entre os povos (ele expulsou das ilhas os malfeitores à medida que colonizava a maior parte delas). (...) [Th. 1.4 e 1.8.2]

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]