A cultura da manga/Irrigação, floração e poda

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O manejo cultural da manga é feito principalmente através do controle sistemático da irrigação, realização de podas corretas e da adoção de técnicas de indução floral, além do controle de pagas e doenças.

Irrigação[editar | editar código-fonte]

A técnica de irrigação compreende duas etapas: 1) a engenharia da irrigação, isto é, como aplicar água, qual sistema de irrigação utilizar; e 2) o manejo da irrigação, ou seja, quando irrigar e qual quantidade de água utilizar. Essas etapas são definidas em função de vários fatores, entre os quais a época do ano, a temperatura atmosférica, a radiação solar, maior ou menor disponibilidade de água, de características do solo (umidade, densidade, capacidade de campo, ponto de murcha permanente, etc) e da cultura a ser irrigada, como espécie cultivada e seu etágio de desenvolvimento.

O consumo de água de determinada cultura (e, consequentemente, a lâmina de água ser aplicada pelo sistema de irrigação) é determinado pela soma da evaporação do solo e da transpiração da planta, chamada evapotranspiração, que obviamente depende das características da cultura e das condições climáticas. A FAO-Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação definiu, utilizando uma equação padrão (Penman-Monteith) e com base numa cultura hipotética, uma evapotranspiração de referência. Essa evapotranspiração de referência (ETo) multiplicada pelo coeficiente da cultura (Kc) resulta na evapotranspiração de uma cultura (ETc). O Kc - coeficiente da cultura varia de acordo com as fases de desenvolvimento da planta.

  • Assim, a fase 1 inicial abrange desde o plantio até a cultura cobrir 10% do terreno ou atingir 10 a 15% do crescimento. Kc = 0,2 a 0,8.
  • A fase 2 Desenvolvimento vai do final da fase Inicial até o início do florescimento. Kc = entre os valores da fase 1 e os da fase 3.
  • A fase 3 Produção vai do início do florescimento até o início da maturação. Kc = 0,8 a 1,3.
  • E a fase 4 final vai do início da maturação até a colheita. Kc = valor da fase 3 e valores de 0,3 a 1,0.

No caso da mangueira, como coeficiente de cultura varia de cultura para cultura e durante o ciclo produtivo, recomenda-se a utilização do coeficiente de cultura de 0,75. A época de maior demanda hídrica ocorre no inicio da floração até a colheita, principalmente entre a quarta e a sexta semana após o pegamento do frutos.

Os sistemas de irrigação mais adequados são a microaspersão e o gotejamento, sendo que o mais usado é o de microaspersão. Deve-se dar preferencia aos microaspersores que conservam a vazão constante, superior a 40 litros por hora, num raio superior a 2,5 metros.

Pode-se usar também duas linhas de gotejadores por fileiras de plantas.

Indução floral[editar | editar código-fonte]

A indução floral é a técnica utilizada pelos produtores de manga visando produzir frutos em qualquer época do ano.

É feita utilizando-se o regulador de crescimento vegetal PBZ (Paclobutrazol) e adotando controles fitossanitários.

Na etapa de indução floral recomenda-se a técnica do estresse hídrico, que consiste em suspender a irrigação na fase de diferenciação do broto floral. Quando surgir as primeiras panículas deve-se retomar a irrigação.

Poda[editar | editar código-fonte]

A poda da mangueira pode ser na planta jovem, poda de formação, e na planta adulta, chamada poda de produção.

Poda de formação[editar | editar código-fonte]

A poda de formação visa principalmente modelar a mangueira de modo que ela cresça com características desejáveis, com a copa aberta, de boa aeração e luminosidade, o que vai favorecer inclusive os futuros tratos culturais. Essa fase se compõe de cinco ou seis podas até de 2,5 a 4 anos de idade da planta. Na primeira poda, corta-se as brotações enre 60 e 80 cm do solo, deixando apenas três ramos. E a partir da quarta poda, também deve-se deixar de três em três ramos voltados para a parte externa da copa.

Poda de produção[editar | editar código-fonte]

Realizada obviamente na fase produtiva da mangueira, a poda deve ocorrer sempre após a colheita, com o objetivo de limpar e arejar a mangueira, levantar a copa, corrigir eventuais defeitos em sua arquitetura, dando-lhe mais equilíbrio.

  • Poda de limpeza - realizada um vez por ano, consiste no corte de galhos secos e doentes, contaminados principalmente com o Fusarium e Lasiodiploidia, e também colher material reprodutivo (ramos mais sadios das pontas, com boa exposição ao sol).
  • Poda de levantamento da copa - Esse poda evita que as mangas mais baixas encostem no solo. Para isso, os ramos abaixo de 70 cm devem ser eliminados,
  • Poda de abertura central - Os galhos que tenham angulo menor que 45˚ em relação ao tronco devem ser eliminados para aumentar a luminosidade no interior da copa da mangueira, Nessa poda também deve ser aplicada água com cal nos galhos mais grossos voltados para o poente logo após a poda, com objetivo de evitar rachaduras.
  • Poda lateral - A poda lateral é útil para manter o espaçamento entre linhas de plantio, permitir a passagem fácil das máquinas de pulverização e colhedoras. Geralmente indica-se deixar 45% do espaçamento livre, ou seja, numa plantação com 8 metros de espaçamento entre as linhas de plantio, deve ficar 3,6 m livres. Nesse caso, a copa das mangueiras não deve ser maior que 2,20 m de tamanho horizontal.
  • Poda de topo - Visa manter a altura da planta limite de 55% do espaçamento entre as linhas de plantio, ou seja, numa plantação com 8 metros de espaçamento, a altura máxima da mangueira deve ser 4,4 m. Isso facilita a condução do pomar em vários aspectos fitossanitários e produtivos.
  • Poda de equilíbrio - Essa poda visa estabelecer um equilíbrio entre a produção de frutos e folhas da mangueira. Quando a mangueira é nova, há um certa proporcão entre a folhagem e a produção de frutos, e a poda de limpeza já dá conta de deixar uma boa iluminação e aeração. Mas a medida que a mangueira vai ficando mais velha, ela produz mais folhas a ponto de "roubar" energia para a produção de frutos. O mais indicado é, depois da colheita, fazer uma operação de raleio, deixando os novos ramos que têm geralmente 3 a 5 folhas com apenas uma ou duas folhas sadias.
  • Poda arquitetural - Visa dotar a mangueira de forma piramidal ou de vaso aberto.
    • Piramidal. Depois que a árvore atingiu seu tamanho ideal (4,4 m de altura e 2,2 m de diâmetro, num espaçamento de 8 m), recomenda-se mantê-la com a máxima superfície produtiva possível. Para dotar a mangueira de uma forma piramidal, deve-se cortar os brotos novos verticais de alto do pé até em baixo, na primeira forquilha.
    • Vaso aberto. Semelhante à poda de abertura central, a poda de vaso aberto visa eliminar todos ramos que tenham ângulo menor que 45˚ com o tronco, melhorando a aeração e a penetração da luz.